ana.diz

No 11º episódio, presto-me a essa miscelânea a que habitualmente me vejo entregue durante o dia: reflexão solta e imprudente. Parto de um ensaio de Jean-Luc Nancy, Corpus, para chegar a uma topografia infinita do corpo: o corpo como espaço-fronteira, lugar transido pelo toque e pela imensidão da alteridade. 

Deixo-vos um excerto: 

"Hoc est enim: this world-here, stretched out here, with its chlorophyll, its solar galaxy, its metamorphic rocks, its protons, its deoxyribonucleic double helix, its Avogadro number, its continental drift, its dinosaurs, its ozone layer, the stripes of its zebra, its human beast, Cleopatra's nose, the number of petals on a daisy, the ghost of a rainbow, the style of Rubens, a python's skin, André's face in this photo taken on January 16, this blade of grass and the cow that grazes on it, the nuance of an iris in the eye of the one reading this very word, here and now? And why not senses, also, without names, senses we don't sense, or not as senses, like the sense of duration, or of time passing? Or even the sense of the spacing of senses? Or the sense of pure ex-tension? Of ex-istence?" (2008: 33)

Referência: 

Nancy, J-L. (2008). Corpus (R. Rand, trad.). New York: Fordham University Press.

Como circunscrever uma patologia e distingui-la de outras? Quais são as etapas na erupção e desenvolvimento de uma anorexia nervosa? Existem factores de risco? Existe uma correlação entre a anorexia e perturbações da personalidade? Que (novas) doenças do comportamento alimentar se têm presentificado, hoje, no espaço da cultura? A ortorexia é uma doença? Neste episódio, centramo-nos nas questões objectivas e explicamos a fundo o que diferencia uma anorexia nervosa de um contexto de emagrecimento excessivo. 

No 10º episódio do podcast ana.diz, converso com o Dr. Tiago Duarte. Médico psiquiatra no Hospital de Santa Maria, o Dr. Tiago Duarte dá também consultas numa equipa multidisciplinar em contexto de clínica privada. Tem formação específica em perturbações do comportamento alimentar pelo Maudsley Hospital (Londres) e experiência clínica no Maudsley Anorexia Treatment for Adults (MANTRA). Apresenta formação em Psicoterapia Cognitivo Comportamental e Interpessoal. É igualmente assistente convidado de Psiquiatria e Psicologia Médica na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa. Encontra-se ao dispor para ajudar quem apresente uma má relação com a comida ou perturbações do comportamento alimentar.

A quem sentir que está num momento determinante no seu trajecto de recuperação: procurem ajuda especializada. 

Deixo-vos os contactos do Dr. Tiago Duarte:

Contacto: 918512997

Instagram: @tiagoaduarte

"Uma origem emocional de fundo" que a paciente não consegue expor ou escolhe não encarar. No século XIX, Charles Ernst Lasègue intuía acerca das causas hipotéticas para a "anorexia histérica", um dos conceitos clínicos que faz parte da evolução nosológica da anorexia nervosa. Mantém-se actual esse desígnio atribuído às emoções veladas? 

Neste episódio, ouvimos a Sílvia Baptista, psicoterapeuta integrada no monumental edifício da Psicoterapia Psicanalítica e da Psicanálise. A Sílvia, ostentando orgulhosamente o bastião do estar sempre "em formação" e assumindo que se leva essa missão para a vida, trouxe-nos um olhar crítico, desafiante e capaz de desestruturar muitas das convicções enraizadas que construímos acerca das doenças do comportamento alimentar. Ponham o vosso "Freud de cabeceira" na gaveta e atrevam-se a perguntar pela anorexia tal qual surge ao Outro: na sua complexidade e ambivalência, reportando à estrutura dual do sujeito entre "consciente" e "inconsciente". Aqui, encarámos a anorexia nos seus próprios termos: como perturbações das relações primordiais. 

Obrigada, Sílvia, pelo teu contributo de excelência e pela possibilidade de espoletarmos todos, em conjunto, novas formulações e novas perguntas acerca da AN. Foi entusiasmante e muitíssimo enriquecedor partilhar, discutir e, acima de tudo, questionar. 

Link para a página da Sílva: https://www.instagram.com/silvia_baptista_psi/?hl=pt

No 8º episódio, conversamos entre nós: eu e vocês. Partilho convosco algumas impressões que me chegam das entrevistas que tenho conduzido. Trata-se de uma elaboração a partir da maturação dessas conversas e redunda na confirmação de que é possível recuperar e cultivar a alegria. 

A obra referida: "Going Hungry: Writers on Self-denial, and overcoming anorexia", Kate Taylor (ed.). Link: https://www.amazon.com/Going-Hungry-Self-Denial-Overcoming-Anorexia/dp/0307278344

A anorexia tem cura? Existe uma vida pós-doença? Como é viver com a memória da anorexia?

Neste episódio, conversei com a Telma Bicho, criadora da página “O peso que tens na minha vida”, espaço onde partilha o seu percurso de recuperação de uma doença do comportamento alimentar. A Telma propõe um caminho de esperança, marcado pela honestidade e pela responsabilidade. Na prossecução de uma vida enriquecida, o elemento mais importante da equipa multidisciplinar é, tal como a Telma sublinha, o próprio. 

Espero que este episódio possa inspirar-vos. 

Obrigada, Telma. Há sempre esperança, amor e cheesecake. 

Link para a página "O peso que tens na minha vida": https://www.instagram.com/opesoquetensnaminhavida/?hl=pt

O corpo não é só o nosso espaço de individualidade: é também um lugar e uma ferramenta de luta. Enreda em si a complexidade das lutas por visibilidade, emancipação e é através dele que convocamos a transformação das circunstâncias em que nos inserimos. 

Neste episódio, converso com Danielle Miranda, investigadora e doutoranda no ICNOVA. A Danielle é autora de vários artigos centrados nas questões da subjectividade, da representatividade, dos ambientes que transem o corpo e fazem dele um instrumento de reivindicação. É sobre essas possibilidades de sinalização que nos chegam através do(s) corpo(s) e do sentir comum que este episódio incide. 

No dia mundial da consciencialização das doenças do comportamento alimentar (2 de Junho), deixo-vos um episódio que procura mostrar o que se condensa no corpo. 

Será que um professor é determinante na identificação de uma doença? Pode a sua intervenção constituir uma possibilidade de encorajamento e motivação dos alunos? O que é a alimentação equilibrada que a escola deve promover? Quem, na escola, deve estar atento?

No quinto episódio, trago-vos uma pessoa particularmente importante: Fernanda Paula Baptista, professora de Inglês há mais de 25 anos e minha mãe. É detentora de uma sensibilidade especial, capaz de nos inspirar a procurar a alegria no trabalho que dedicamos aos outros. Será aí que o professor pode ser decisivo na (re)condução das crianças e dos jovens ao lugar da harmonia, da estabilidade emocional e da esperança, sem esquecer que também o professor é uma pessoa e, por isso, sente.

Espero que se sintam enriquecidos com este episódio tão especial. 

Obrigada, mãe. 

Este episódio serve para agradecer e enaltecer a coragem das pessoas que têm participado na investigação. Será certo que o lugar solitário não é, agora, um refúgio único. A partilha mostra-nos que o mundo é esse lugar de abertura e de transformação. Também a recuperação é isso: disponibilidade. Por isso, obrigada!

Se conhecerem alguém que esteja disponível para participar na investigação, partilhem o link para o formulário de inscrição: 

https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSdx0IlhaMSsiK2najn19ErDZghT-IR_XTyAwM0GxFMLPfKpvg/viewform?vc=0&c=0&w=1&flr=0

No 3º episódio do podcast, converso com a professora Maria Augusta Babo acerca das dinâmicas de subjectivação, focadas na alimentação e no corpo, que perpassam e caracterizam a cultura (contemporânea). Passamos pelo universo da discursividade, da relação boca-falar-alimento e, claro, pela intersubjectividade enquanto possibilidade de transformação e de abertura ao Outro. 

A professora Maria Augusta Babo - orientadora científica deste projecto de investigação - é doutorada em Semiótica e Agregada em Teoria da Cultura. É professora aposentada na FCSH-UNL, no departamento de Ciências da Comunicação. É fundadora, juntamente com Jorge Lozano, da Associação Ibérica de Semiótica, de que é co-presidente. Em 2018, ganha o Prémio do CNC: Uma ideia para mudar o Mundo, com a proposta de construção de uma plataforma colaborativa, projecto de investigação do ICNOVA, agora com a designação We The Peoples.

Devo à professora a prossecução do meu trabalho académico na sua totalidade - o que findou e este em curso. Com muita estima e admiração, agradeço o seu contributo neste episódio, assim como a disponibilidade para enriquecer a plataforma ana.diz. 

Sentir-se-ão como eu: um grão de pó. Espero que fruam essa divisão do que são numa partícula imperceptível. 

Neste episódio, vamos ouvir Diogo Maia, jogador de Baseball nos White Sharks Almada, vencedores da IV Taça Cidade de Abrantes. Orgulhosamente detentor do número 22 da equipa sénior e MVP de 2021, o Diogo fala-nos do lugar que o desporto, a prática de exercício físico e a alimentação ocupam na estrutura da sua vida, mostrando-nos que a complexidade das escolhas alimentares se faz acompanhar de afecção, maturação pessoal e, sobretudo, comunicação com outros. 

Sigam o Diogo_

Instagram: @diogomaia22

Segundo Poste: https://www.youtube.com/c/SegundoPoste

Cérebros: https://open.spotify.com/show/0rltnuEVKSArdqaCS90LkF?si=85c21071257e40f9

Torradas com manteiga. Se os hidratos de carbono devem ser excluídos da alimentação, um nutricionista será um dos primeiros elementos na cadeia de decisores a recomendar essa restrição. Ou não.

 Há espaço para repensar a alimentação e encará-la de forma livre, autónoma e prazerosa. Neste episódio, conversei com a Drª Margarida Beja, nutricionista, criadora do podcast “Em Banho Maria” e autora do livro “Intestino Descomplicado: um guia prático sobre saúde intestinal, nutrição e comportamento alimentar”.

 https://www.instagram.com/embanhomaria/

"Intestino Descomplicado": https://www.clubedoautor.pt/livro/intestino-descomplicado

O podcast ana.diz desdobra-se em unidades temáticas diferentes: da semiótica à nutrição, percorreremos o universo da cultura nos seus modos de organização do corpo. De que forma constrange um atleta o seu corpo? Qual será a especificidade do comportamento de um anoréctico e o que é que partilha com todos os outros à sua volta? Ao longo dos próximos episódios, traremos especialistas cujo trabalho permitirá iluminar o imperceptível, revelando-o na sua inteireza.