Antonio Melo

A máscara de muitos políticos alagoanos, até então tidos como probos, de caráter acima de qualquer suspeita e a esperança de um povo órfão de melhores representantes, caiu por terra.

O primeiro ato foi protagonizado pelo homem forte da segurança pública de Alagoas, Alfredo Gaspar de Mendonça, que após ser acolhido em todas as horas por Renan Calheiros e Renan Filho, deixou o MDB sem olhar para trás.

Sedento por um cargo político, após perder a eleição para prefeito de Maceió, Alfredo Gaspar, que poderia perder novamente a eleição, agora para deputado federal, por falta de quociente eleitoral no MDB, tinha outras opções amigas para ir. Porém preferiu o lado inimigo de quem lhe estendeu as mãos e foi para o União Brasil, que apoia, pelo menos em Alagoas, a reeleição do presidente Jair Bolsonaro.

Lembro que os Calheiros são eleitores antigos do ex-presidente Lula.

Bem, o segundo ato de sede pelo poder foi protagonizado pelo senador Rodrigo Cunha, que após passar uma longa temporada no PSDB abandonou o partido também sem olhar para trás, o que fez ou o que nunca concluiu.

Midiático, acusado de gastar cerca de R$ 100 mil de dinheiro público somente com pagamento de publicações em mídias sociais, conforme dados do Portal da Transparência, o senador alagoano também pode ser enquadrado no rol dos políticos de mandatos meteóricos, pois nunca fica neles até o final.

Agora Rodrigo Cunha jogou ao vento o que falou em 2018, quando desmentiu uma multidão que assistiu ele em uma passeata por uma Avenida em um dos bairros de Maceió, época em que era candidato ao senado. Em cima de um carro de som ele foi flagrado pedindo votos para Jair Bolsonaro, que naquele ano era candidato à presidente da república.

Atendendo ao recado do mensageiro mais fervoroso de Bolsonaro, o deputado federal por Alagoas Arthur Lira, Rodrigo Cunha esqueceu ou acredita que todos esqueceram o que viram em 2018, e foi de mala e cuia para o União Brasil, onde diz que é candidato a governador de Alagoas.

Desaparecido dos fiéis eleitores desde que foi eleito, o senador, que voltou agora divulgando que foi graças a ele que Arapiraca tem um moderno hospital, que conseguiu colocar internet grátis em quase todos os municípios e que é o “pai” do programa de limpar o nome de endividados, mantém seu discurso vitimador, o mesmo que o ajudou a ganhar a primeira eleição, quando deixou o comando do Procon de Alagoas para ser vereador por Maceió.

É fato que o senador saiu pequeno ao comandar as eleições dos vereadores de seu antigo partido, em 2020. No Sertão, por exemplo, gastou em demasia e não conseguiu eleger a maioria dos candidatos, muitos dos quais eleitores de Bolsonaro, que entraram num barco de sonhos e desempenhos, naufragando bem antes de chegarem as margens.

Já o terceiro ato dos discípulos de Judas Iscariote foi protagonizado pela deputada Jó Pereira. A parlamentar, que foi eleita pelo MDB dos Calheiros, que a acolheu quando nenhum outro acreditava nela, agora, sob as ordens do primo Arthur Lira, anuncia que é oposição e se abriga no ninho do PSDB. Jó, figura assídua do gabinete do presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Victor, onde lá, conforme o próprio Marcelo Victor não esconde, o persuadia por favores particulares, passou os dois mandatos de Renan Filho para, somente agora, quando o governador deixa o cargo, descobrir que quem lhe estendeu as mãos não era para estar ao seu lado.

Mês de março. Mês internacional da mulher. E aproveito para relembrar um tema, que já comentei aqui uma vez, mas merece ser repetido e cobrado das autoridades.

No mês delas, não me alegra relembrar que as agressões físicas, a violência sexual e outras modalidades de violência contra adolescentes e mulheres, sejam casadas ou não, aqui no Sertão de Alagoas, tem crescido a cada semana.

Os casos se acumulam e nas delegacias da Polícia Civil, onde as vítimas, após serem espancadas, humilhadas ou até estupradas, são atendidas por policiais homens e em termos práticos, também pouco tem resultado.

Seus algozes, que na maioria das vezes são seus próprios companheiros, ou pais ou padrastos ou outro parente, desfrutam da quase nenhuma medida em favor das vítimas.

Às vezes me pergunto se espancar mulher ou praticar violência sexual contra elas no Sertão é algo cultural ou a certeza da impunidade.

Prefeito nenhum em Alagoas pode reclamar que o ano passado foi de penúria. Pelo contrário. Dinheiro não faltou. Um dos exemplos foram os repasses mensais do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Todos os meses os valores eram depositados com aumento e continuaram sendo este ano.

Saúde e educação também tiveram cofres cheios.

O dinheiro foi tanto que muitos gestores inventaram pagar o décimo quarto salário e outros, como por exemplo o prefeito de São José da Tapera, tentou dá a ele e a vice, que é a própria irmã, um aumento no próprio salário de mais de 30%. Mas não funcionou porque a Justiça proibiu.

Nessa festa quem vive bem são os vices. Em sua quase que total maioria são figuras decorativas, que só servem para compor chapa, ganhar um bom salário e ainda conseguirem empregar alguns parentes e amigos. Apenas e nada mais que isso.

Bem, enquanto os quase perfeitos prefeitos não param de contar e recontar os saldos das contas e os servidores não tem 1% de reajuste nos salários, nos diversos municípios daqui do Sertão encontramos hospitais, maternidades, postos de saúde, escolas e creches, alguns fechados e outros funcionando capenga e lotados com pessoas acometidas de virose e Covid-19.

E após a revolucionária cura da Covid-19 na maioria das cidades de Alagoas, principalmente na maioria dos municípios do Sertão, a vida começa a se normalizar, se é que em algum dia esteve anormal.

Máscara é coisa do passado e álcool só tem servido para beber nos bares e festinhas.

Enquanto alguns prefeitos já anunciam shows para as emancipações e festejos de final de ano, pagos com dinheiro público, deixemos claro isso, ficaram para trás as investigações do Ministério Público – se é que houveram – sobre os frascos quebrados das vacinas da Covid, prefeitos, parentes, amigos e até amantes sendo vacinados até quatro vezes, defuntos vacinados, empreguismo, documentos apreendidos por vereadores eleitos para conseguirem os votos dos eleitores, troca de água por votos e muitos outros crimes.

A onda agora é divulgar pesquisas de popularidade, tirar fotos recebendo maquinário adquirido com o dinheiro do orçamento secreto, pousar nas ruas calçadas pelo governo do estado como se fossem obras dos municípios e não podemos esquecer das fotos de distribuição de cestas básicas.

Já notou que realmente estamos voltando ao normal? É minha gente, esquecemos que a carne e até os ovos estão pela “hora da morte” de tão caros, que o litro da gasolina caminha para os R$ 9 reais, que continuamos com os nossos hospitais e maternidades sem pediatras, sem exames de mamografia, sem equipamentos de ultrassom e tem cidade até sem ambulância do Samu.

Tenho acompanhado, com muita tristeza e atenção, os constantes e diários registros de mulheres vítimas de violência e até feminicidios aqui no Sertão.

Me desperta o fato que quase nada e muitas vezes nada é feito em defesa das vítimas de sexo frágil, em sua grande maioria desempregadas e sobreviventes do trabalho dos companheiros, que as mantém sob o perverso clima do medo.

A poucos dias, lá em Olivença, no ápice da violência, um homem que não aceitava o fim de um namoro atirou contra a ex-namorada no local onde ela trabalha, matando a mãe da jovem.

Me surpreendeu o fato que a jovem, de tanto ser ameaçada pelo ex-namorado, já havia procurado a polícia e a Justiça relatando o drama que enfrentava.

É lamentável quanto é demorada a ação da justiça e da polícia contra tais bandidos quando as vítimas, claro, são pessoas iguais a mim e a você. No caso especifico de Olivença e em outros milhares semelhantes, se a justiça tivesse agido em tempo hábil e se a polícia tivesse ao menos ido buscar o suspeito e adotado providências, é muito provável que pelo menos uma vida teria sido salva. E não adianta desculpas.

No Sertão não existe Delegacias de Defesa da Mulher, também não existe a Patrulha Maria da Penha, feita pela Polícia Militar (PM) e o pior, não querem resolver os diários casos de violência contra as mulheres. Problema da polícia? Não. Não é somente das autoridades policiais.

A Justiça tem sim responsabilidade nisso pois só acumula os processos e não procura revolver os casos na “fonte”, além de demorarem uma eternidade até para darem uma sentença de separação.

Para muita gente, adjetivando oposição na política no Brasil o que aparece são as minorias. Até pode ser, mas, nos interiores, principalmente em cidades do Sertão, oposição é no máximo um político que venceu apertado alguma eleição e que por diversos motivos não encontra ambientes para se articular e com pouca visão e estudo macro de como deve se comportar no atual contexto, da oposição não passa.

Fazendo uma analogia, poderíamos dizer que tais opositores convivem com o princípio da paz perpetua Alcatiana da paz universal, do filosofo Kand e se você tiver algum interesse é bom pesquisar.

Verdadeiramente é de se espantar a timidez da oposição sertaneja e assim o mais próximo adjetivo que encontramos, principalmente, fazendo uma analogia aos integrantes da quase maioria das Câmaras de Vereadores, onde chega a ser cômico e pobre o papel dos “fiscais do povo” diante dos “chefes” prefeitos, os legisladores municipais deixam a desejar.

E o ex-prefeito de Olho D’Água das Flores, Carlos André Paes Barreto dos Anjos, o “Nen”, agora tem motivos de sobra para se preocupar.

Primo do atual prefeito, para quem perdeu a última eleição, “Nen” começou a colecionar problemas. Se não bastasse ter ficado sem o vice na reta final da campanha eleitoral ... o vice teve o nome impugnado pela Justiça, tornando-se fácil para o primo opositor, o ex-prefeito “Nen” vinha pensando em ser candidato a deputado no próximo ano para se livrar de outros embates com a justiça. É, mas os promotores de Justiça José Carlos Castro, coordenador do Núcleo de Defesa do Patrimônio Público; Dênis Guimarães e Paulo Zacarias agiram rápido e apreenderam documentos que podem incriminar “Nen” no escândalo de supostas licitações fraudulentas através do Consórcio Intermunicipal para Gestão de Resíduos Sólidos, que recebe o lixo de 17 cidades do Sertão. O Consócio era presidido por “Nen”.

Desde 1808 quando a Corte portuguesa chegou ao Brasil a função de vice – vice-rei, vice-presidente, vice-governador e vice-prefeito – se tornou uma questão emblemática.

Quem convida alguém para ser vice, na política, tem três objetivos certos. O primeiro que o convidado pague a conta da campanha, o segundo que o vice seja seu capacho e por fim, que o vice nunca lhe faça sombra.

É claro que em pouquíssimas situações isso não acontece e esse “não acontecer” se tornou, no Brasil, uma exceção.

Recentemente vimos o caso do vice-governador de Alagoas que entrou em rota de colisão com o próprio partido após decidir ser candidato a prefeito de Arapiraca. E mais recente o episódio envolvendo o prefeito e o vice da sertaneja Olho d’Água das Flores.

Lá, o vice, que desde antes das eleições todos sabiam que ele tem projetos políticos próprios e atende a outros caciques, quando teve o nome antecipadamente lançado para suceder o prefeito, foi, digamos, defenestrado dos sonhos e projetos do titular do cargo. É bem provável – e certamente existem – outros motivos para o rompimento, mas é mais certo ainda que tal situação deixou muitos vices sertanejos, que já estão na marca do penalty, com o coração na mão.

Vou melhor explicar. Mesmo vivendo a reboque do titular da chapa os vices ainda conseguem um empreguinho aqui e outro acula para seus parentes e amigos mais próximos. Outros até conseguem que o prefeito aceite que alguns órgãos do município funcionem em alguma casa de alguém ligado ao vice, claro, com o valor bem mais alto do que se fosse para um eleitor, entre outros mimos e ajudas. Literalmente é um toma lá, cala-se cá. Liberdade ampla, nunca. Vigiada, sempre.

Enfim, vida de vice não é fácil. Meu conselho é: se você tem dinheiro para pagar a campanha que quem lhe convida para ser vice, seja mais esperto e seja você mesmo o candidato. Agora, se você tiver o dinheiro e o povo não vota em você, paciência. Continue só sendo eleitor.

E com o retorno das aulas nas escolas municipais alguns prefeitos, em conluio com vereadores, ressuscitaram o tradicional esquema de compra, troca e negociatas de voto que vai muito além do que muitos possam imaginar. O criminoso esquema é incrementado nas mais diversas modalidades de crimes, como formação de quadrilha, contratações irregulares, falsidade ideológica e improbidade administrativa.

O esquema apelidado de “professor fantasma” envolve professores concursados e pessoas que na maioria das vezes nem sempre possuem habilitação para estarem numa sala de aula.

Justamente aproveitando a falta de professores, alguns prefeitos têm autorizado vereadores de confiança, os populares “vereadores da cozinha”, recrutarem pessoas de famílias numerosas – ou melhor, eleitores que também sejam de confiança – para trabalharem como professores.

Para isso os “eleitores” devem ter concluído o magistério, o que os torna teoricamente aptos para lecionarem no Ensino Infantil, ou seja, em creches e pré-escolas, embora a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) recomenda que a formação de professores seja em nível superior.

Outros “eleitores” convocados são os que concluíram pedagogia (creche, pré-escola e Fundamental I (1º a 5º Ano).

Após a certeza que tais “eleitores” estão aptos para o trabalho, começa aí o esquema do “professor fantasma”, que envolve diversas prefeituras alagoanas, muitas das quais no Sertão, onde a carência de professor é muito grande.

A segunda parte é convencer um professor concursado deixar de ensinar. Isso mesmo. Ao profissional é garantido que ele ficará em casa, recebendo o salário normalmente, sem nenhum desconto. Após o professor aceitar entrar no esquema, ele fica sabendo que sua carga horária, de 20 horas, passará para 40, se comprometendo no dia que receber o salário ter que dividir com o eleitor que ficou em seu lugar que por sua vez é obrigado dividir o dinheiro com o vereador que lhe indicou.

Mais em alguns municípios a metodologia do crime é quase imperceptível. Temendo serem descobertos, professores passaram a receber 40 horas trabalhando só a metade. O esquema é que parte do salário recebido é dividido com algum vereador que lhe concedeu a vantagem.

A Procuradoria da República em Alagoas vem analisando denúncias de um suposto esquema criminoso envolvendo representantes de uma editora de livros, localizada em Pernambuco em conluio com prefeitos alagoanos.

O esquema – novamente – visa o dinheiro – que não é pouco –

do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb).

Em Pernambuco, os bandidos entram em contato com os prefeitos daqui de Alagoas, previamente selecionados pela vida pregressa, e os convence fazerem parte do esquema.

A trama é bastante simples. Quase que imperceptível. Retido nas contas das prefeituras parte do dinheiro do Fundeb pode ser usado – com menos restrições – para compra de livros escolares. E é justamente aí que a bandidagem está de olho.

O plano é convencer os prefeitos comprarem livros – cada livro pelo valor de R$ 300 reais – a editora emitir uma nota fiscal e no final, a editora da quadrilha devolve 30% do valor para o prefeito e os cérebros da bandidagem ficam com os 70% restante.

E prefeitos alagoanos, de uma hora pra outra – o que já desejavam a muito tempo – resolveram mostrar que o decreto assinado pelo governador Renan Filho (MDB) que impõe restrições no combate a Covid-19, de nada serve. Pelo menos para eles.

Aqui mesmo no Sertão, no 7 de setembro, vários prefeitos afrontaram aos tementes da doença e a classe médica, promovendo espetáculos para todos os gostos.

Em Ouro Branco, por exemplo, a prefeita Tacia Denyse de Siqueira Nobre, mais conhecida por “Denyse de Dona Telma”, do PSB, usando dinheiro público, promoveu um show em praça pública. O evento, conforme a estimativa, tinha mais de 1200 pessoas, todas sem mascaras, inclusive a proporia prefeita e os artistas devidamente pagos com o dinheiro que bem que poderia ter sido usado em uma causa mais nobre.

Os vídeos da festança, que após serem publicados nas redes sociais da prefeita e da prefeitura, foram deletados, conseguiram chegar a tempo hábil ao Ministério Público que notificou “Denyse de Dona Telma” a se explicar. 

Só para lembrar, o decreto assinado pelo governador, diz textualmente que em eventos públicos o limite máximo de participantes não pode ultrapassar de 200. Mas pelo jeito isso só tá no papel.

Durante a pandemia da Covid-19, que chegou ao Brasil no ano passado e que aqui em Alagoas infectou cerca de 240 mil pessoas e matou mais de 6 mil, até agora, o governo federal não se eximiu – apesar de muitos erros – ajudou com a liberação do Auxílio Emergencial, com dinheiro para as prefeituras se precaverem contra a doença independente se apoiassem ou não o governo de Bolsonaro e com o dinheiro da Lei Aldir Blanc de incentivo à cultura.

É claro que muita gente usou da malandragem para receber o Auxílio e o dinheiro destinado as prefeituras nem sempre foram usados para o combate a pandemia. Em resumo, graças a malandragem de alguns, o dinheiro que era para ajudar os necessitados e as famílias que perderam algum parente, serviu para deixar uns poucos ainda mais ricos.

Bem, até aí nenhuma novidade. Até que surge a divulgação de dados de técnicos do Banco do Brasil (BB), do Controle Interno do Ministério do Turismo e da Secretaria Especial da Cultura que nos revelam o desprezo de alguns gestores para com os artistas da terra. O minucioso levantamento comprova que aqui em Alagoas – inacreditavelmente – 27 municípios não gastaram um só centavo com o pagamento do incentivo da Lei Aldir Blanc, que é uma ajuda para os artistas de todo o país tentarem sobreviver durante o tempo que ficaram impedidos de realizarem shows.

Na lista estão, só aqui do Sertão, Batalha, Canapi, Major Izidoro, Maravilha, Minador do Negrão, Olivença, Palestina e Piranhas. Todas essas prefeituras, embora tenham recebido o dinheiro, não pagaram a nenhum artista local.

A morte de uma cadela, esfaqueada por um vendedor de carnes no mercado público de Delmiro Gouveia, em plena luz do dia, na frente de pessoas que ficaram incrédulas com a monstruosidade do homem, reascende a discussão da falta de políticas pública nas cidades aqui do Sertão.

É certo que prefeitos alagoanos – a muito tempo – mantém os tais de consórcios que para o povo – é essa a explicação – servem para gerir a iluminação pública, o lixo e até as contratações. Mas não servem para cuidar dos animais das cidades, embora algumas aqui da região tenham criado campanhas para castração de cães e gatos. E só.

É inadmissível o que acontece com os animais. E mais inadmissível é saber que existe solução. Em pleno século 21 ainda assistimos – passivos – prefeitos daqui do Sertão usarem cavalos para recolherem o lixo das cidades. E com um detalhe: os animais são dos próprios servidores públicos, ou seja, o servidor recolhe o lixo, coloca na carroça e guia o animal pelas ruas.

Ande por onde andar, pelo comércio ou na área rural, encontramos animais sozinhos, muitas das vezes ameaçando a vida deles e da população, em mercados públicos, na frente de lojas, na frente das nossas casas, nas ruas, praças, nas avenidas, nas rodovias e até na frente de hospitais. E não são apenas cães e gatos. Temos porcos, cavalos, burros e só não temos elefantes e girafas soltos pelas ruas porque aqui não se cria.

A fauna nas ruas, pelo jeito, só não é vista por quem ganha as eleições. Nenhum prefeito tem a capacidade de criar um centro de zoonose ou se for caro – e acredito que é – convencer os colegas próximos para criarem uma espécie de consórcio que possa recolher e levar esses animais para um local com tratamento, alimentação e dignidade. É, mas isso não dá voto e então, resolver o problema não deve ser a solução.

Infelizmente convivemos com a malevolência de quem está no poder para resolver os problemas. É lógico que quando tal problema lhe dá votos ou resolve a situação de algum parente ou amiguinho que financiou a campanha, aí sim, não tem limites para os gastos e o dinheiro pode ser retirado dos recursos da Covid, da educação, da infraestrutura.

E o maior representante, hoje, do PSDB em Alagoas, continua gastando o salto dos sapatos.

O senador Rodrigo Cunha tem visto de perto que pecou bastante em ter se ausentado de Alagoas nos últimos anos, contrariando o que ele mesmo propôs em sua última campanha, quando “vendeu” que seria um “político diferente” e que estaria sempre junto do povo.

Fenômeno nas eleições de 2018, quando foi eleito com 895.738 votos, derrotando Benedito de Lira, que tentava sua reeleição e ficando bem à frente de Renan Calheiros, o arapiraquense Rodrigo Cunha é visto agora como o “mesmo dos mesmos”. Ágil em replicar seu nome nas redes sociais, que já o ajudou vencer outras eleições, principalmente com o eleitorado jovem, Cunha agora é criticado por sua cosmovisão de ver o povo.

Pesquisas encomendadas, que nem sempre são honestas, mostram que está difícil para o senador reconquistar parte de seu exigente eleitorado. E não é pra menos. Em muitos aspectos, fica-se com a impressão de que o eleitor está diante de um militante da causa e essa militância, consciente ou não, está gravada no que produz.

Rodrigo se aliou a candidatos inexpressíveis na eleição do ano passado e o resultado para o partido, pelo menos aqui no Sertão, foi pífio. É um político que gasta bastante dinheiro em comunicação a fim de que sejam divulgados o que ele gosta de ouvir, que de pouco são uteis para os assalariados, para a dona de casa que é capaz de enfartar com os preços – sempre aumentando – do pouco que compra para alimentar ela e os filhos, do servidor público que recebe um salário mínimo, da criança que vai à escola para comer biscoito mofado com k-suco ou água, enfim, para os milhares de alagoanos pobres e desempregados sem perspectivas.

E o senador Fernando Collor, ainda no PROS, Partido Republicano da Ordem Social, continua sem confirmar oficialmente se é ou não candidato a reeleição. Isso porque, Collor sabe que se o governador Renan Filho (MDB) realmente decidir ser candidato ao senado no próximo ano, justamente na única vaga ao senado, que é a vaga do próprio Collor, sua reeleição poderá não acontecer.

Mal-assombrado pelo fantasma da derrota, Collor tenta se livrar do mau pressagio visitando algumas cidades e prefeitos, a exemplo de Olho d’Água das Flores, onde anunciou recursos financeiros para a saúde do município, foi a Olivença, onde também fez seu “dever de casa”, esteve em Água Branca e conversou com os prefeitos de Pão de Açúcar e Jaramataia.

Sem sombra de dúvidas, o agora bolsonarista de carteirinha, Collor é candidato, mas só não sabemos a que.

Dono de midiáticas frases de efeito, como “sou caçador de marajás”; “tenho aquilo roxo” e “não me deixem só”, que nas décadas passadas lhe rendiam muitos votos, não podemos esquecer que Fernando Collor já ganhou eleições aqui em Alagoas se beneficiando da imagem do saudoso Frei Damião, hoje esquecido pelo senador, que em 2018, quando era filiado ao Partido Trabalhista Cristão (PTC), desistiu de última hora de sua candidatura ao governo de Alagoas, ficando fácil para Renan Filho.

Bem, mas se Collor não for candidato ao senado ele iria desistir da política? Claro que não. Na política sempre existem outras possibilidades. Collor sabe disso e não será surpresa ele ser candidato a deputado. Isso mesmo. Deputado federal, embora ele sonhe todos os dias que seus amigos e até os não amigos políticos, paguem sua campanha para retornar ao governo. Sonhar pode né?

Bem, você já percebeu que durante a pandemia tudo aumentou de preço. Na verdade, cada vez que voltamos a feira ou ao mercadinho, o que compramos antes, já está mais caro.

Até o ovo está absurdamente caro.

Porém, um item, aqui em Alagoas, diminuiu de preço ou pelo menos não aumentou. São as armas de fogo. Pasmem. O que serve para matar, está barato.

E essa situação é porque o nosso estado tem hoje o menor ICMS de armas de fogo do Brasil. Apenas 12%. A alíquota é menor do que se cobra nos preços das roupas, calçados, alimentos, combustíveis e por aí se vai.

Baratear os preços das armas de fogo em Alagoas só foi possível através de uma lei do deputado estadual e bolsonarista de carteirinha, o Cabo Bebeto (PTC). Como detalhe essa lei foi promulgada em dezembro de 2020 pelo presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Victor, ou seja, não precisou ir para o governador sancionar ou desaprovar.

E graças ao nosso deputado, Alagoas prepara-se, literalmente, para uma guerra. Pelo menos é o que parece.  No ano passado, aproveitando-se da queda nos preços das armas de fogo e enquanto a maioria lutava contra a Covid, muitos de nós alagoanos fomos às compras e nos armamos.

Enquanto eu e você, consumidores, pagamos 29% do imposto estadual (ICMS mais Fecoep) pela gasolina, 31% por cigarros ou joias, 27% por bebidas, inclusive aguardente e 30% por planos de celular, agora, para se comprar uma arma em nosso Estado só se paga 12% de ICMS.

E os números impressionam. Dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública comprovam que em Alagoas o registro de novas armas aumentou 691,3%. Foram 7,11 vezes mais do que a média do crescimento registrado em todo o Brasil.

Em 2019, foram feitos 1.114 registros de armas novas em nosso Estado e no ano passado foram 8.815 novos registros.

Em números absolutos, Alagoas foi o décimo Estado que mais registrou armas no Brasil, mesmo tendo uma das menores populações do Brasil. No Nordeste, só Bahia, que tem população 5 vezes maior, teve registro ligeiramente maior (8.845).

E a volta as aulas presenciais em Alagoas, ou seja, alunos, professores e outros servidores de escolas públicas, todos juntos, de novo, se aproxima.

Governo do estado e prefeituras pré-dataram para o próximo dia 16 de agosto o retorno ao convívio escolar diário após o epicentro da pandemia, provocada pela Covid-19, que matou milhões de pessoas em todo o mundo.

Mais alguns detalhes me chamam a atenção. As escolas estão realmente prontas para este reinicio? Pelas medidas sanitárias que devem ser adotadas e que em canto algum é divulgado para que a população saiba de seus direitos, as salas de aulas devem ter ventilação. Sala de aula fechada é proibido. Em cada sala apenas pode comportar a metade dos alunos, ou seja, se uma sala tem 50 alunos, a cada dia só podem comparecer 25. Aglomeração é proibida e o que fazer na hora do intervalo e nas entradas e saídas das crianças? Como será distribuída as merendas? E os transportes escolares, como serão readaptados? Haverá mascaras e álcool gel, todos os dias, para milhares de alunos?

E agora vou ser mais incisivo. As crianças do pré-escolar, com idades entre 4 e 5 anos, como serão tratadas nesse reinicio?

Eleito na eleição de 2018 com 38 mil 397 votos, o sertanejo e ex-prefeito de Batalha Paulo Dantas, proporcionalmente hoje, em seu primeiro mandato de deputado estadual, conseguiu mais força política que seu pai, que depois de ser deputado federal encerrou a vida pública como presidente da Assembleia Legislativa.

Paulo se cercou e se mantém líder entre diversos prefeitos, vices-prefeitos e vereadores eleitos ou reeleitos nas eleições do ano passado. Cito isso e acrescento dois detalhes. Muitos desses políticos de considerados “baixo clero” não são filiados ao mesmo partido do deputado e nem todos são da mesma região do Sertão.

No MDB, que para ele poderia ser qualquer um outro, pois não depende da sigla para se manter forte, Paulo Dantas, conforme as últimas conjecturas, já sabe que terá uma reeleição garantida, o que lhe empurrará para a presidência da Assembleia ou agora, ou depois e até por duas vezes.

Amigo pessoal do ainda presidente Marcelo Victor, que deve dividir o cargo de vice-governador e presidente da Assembleia, o sertanejo Paulo Dantas é consciente que com a possibilidade de dois terços dos atuais deputados serem reeleitos ele, Paulo Dantas, teria uma eleição fácil para a presidência do legislativo.

A muito tempo a maioria dos prefeitos de Alagoas não seguem a Lei nº 11.947, de 16 de junho de 2009, que determina que no mínimo 30% do valor repassado aos estados e municípios pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) para o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) seja utilizado na compra de alimentos da agricultura familiar.

Aqui pra nós. É um escândalo os valores que as prefeituras recebem e o valor usado por muitos dos prefeitos para as compras dos alimentos das crianças. E a pergunta é: o que fazem com o dinheiro restante?

Um levantamento feito em junho de 2018, por técnicos do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), ou seja, há três anos atrás, revelou que cerca de 52 prefeituras alagoanas e a própria Secretaria Estadual de Educação, que somente neste governo já mudou mais de duas vezes de secretário, não cumprem a Lei.

Chamo a atenção para o fato que a compra dos produtos da Agricultura Familiar é, do ponto de vista da burocracia, facilitada e deveria ser realizada através da Chamada Pública, não havendo necessidade de licitação.

Mas – e o problema é justamente esse “mas” – os prefeitos de outrora e a maioria dos de hoje e também quem assumi a Secretaria de Educação do Estado juram que são muitas as dificuldades para usar os 30% dos recursos para comprar os alimentos plantados e colhidos, nos próprios municípios, pelos agricultores, associações ou cooperativas.

No último dia 13, essa situação foi posta em discussão através de um debate promovido pela Associação dos Municípios Alagoanos (AMA). No evento, que teve a frente o presidente da AMA, o prefeito Hugo Wanderley, que defende com unhas e dentes que seus colegas gestores usem o valor determinado pela Lei para a compra dos alimentos da Agricultura Familiar, foi explicado em alto e bom som aos prefeitos que participaram de forma hibrida ao debate, como é fácil fazer a coisa certa.

Aqui no Sertão, onde temos uma rica Agricultura Familiar e uma paupérrima alimentação da merenda escolar, o que é feito com a pomposa fortuna do Programa Nacional de Alimentação Escolar, depositado nas contas das prefeituras, é um mistério. Certamente você nem sabia que esse dinheiro existia e pior, desconhecia para que servia.

No sentido prático, vou citar alguns valores recebidos por algumas prefeituras do Sertão há três anos atrás. Em Delmiro Gouveia, por exemplo, dos R$ 696.560,00 recebidos, o município só faz uso de 18,92%; Piranhas, que recebeu R$ 530.350,00 usou apenas 24,52%; em Olho d’Água das Flores, detentora do valor de R$ 406.339,00, fez uso apenas de 27,79%; em Pão de Açúcar, que recebeu R$ 731.120,40, só usou 22,86%.

Mais em outros municípios sertanejos a Lei foi sim cumprida. Por exemplo: Palestina, que recebeu R$ 199.898,00, destinou 52,93% do valor para a compra de produtos da Agricultura Familiar; São José da Tapera, que recebeu R$ 786.302,00, destinou 33,21% para a compra; em Pariconha, que recebeu R$ 315.712,00, usou 31,36%.

E de novo repito. Esses valores que acabei e citar são de três anos atrás. Os valores de hoje são bem maiores.

Primeiro foi a divulgação de uma reportagem do jornal Folha de São Paulo, que tem circulação nacional e é um dos jornais mais respeitados do mundo, que colocou em suspenção a idoneidade da vacinação contra a Covid em diversas cidades do Brasil, entre elas várias de Alagoas, inclusive algumas daqui do Sertão.

Diz a reportagem que diversas doses da vacina Astrazeneca foram aplicadas vencidas, sem que as pessoas que estavam tomando soubessem. E nem poderiam saber. Somente em Alagoas, foram aplicadas mais de 300 doses da Astrazeneca que estavam fora do prazo de validade, o que pode comprometer a eficácia e proteção contra a Covid-19.

As doses aplicadas depois de expirar a validade são de um lote do Instituto Serum que havia se vencido no último dia 14 de abril, mas continuaram sendo aplicadas depois da data, mesmo com o conhecimento de prefeitos, secretários de saúde, médicos e enfermeiros.

Na relação das cidades do Sertão que vacinaram as pessoas com o imunizante fora da validade estão Batalha, Major Isidoro, Santana do Ipanema, Palestina, São José da Tapera, Canapi e Delmiro Gouveia.

Bem, conspurcando a idoneidade, em São José da Tapera, por exemplo, que só no ano passado recebeu cerca de R$ 5 milhões de reais do Governo Federal para combate a pandemia, uma ampola da vacina contra a Covid foi quebrada e quem cuida da saúde dos taperenses não informou a nenhuma autoridade. É de um desprezo que aspira ao estado da arte.

Mas o absurdo não para aí. Agora, o grupo de estudo da Universidade Federal de Alagoas revelou que 463 alagoanos, em 83 cidades, tomaram todas as doses de alguma das vacinas aplicadas também com as datas fora da validade.

Se encaminhando para dois meses, moradores de Piranhas e de cidades vizinhas, até o momento aguardam que a prefeitura informe oficialmente o que aconteceu com a suposta seleção online de pessoal que deveria trabalhar em órgãos municipais do município. Assim era o que estava sendo divulgado.

A chamada foi feita por uma empresa que afirmava ter realizado convênio com a prefeitura. Mesmo oferecendo baixos salários, para diversas funções, a população sertaneja viu no anúncio uma esperança de emprego. Mas, o que era bom, ficou apenas na esperança.

Estranhamente a página que as pessoas fizeram as inscrições, repassando dados particulares, foi retirada do ar e ninguém foi informado de mais nada e o município mantém silêncio.

Alguém já precisou ir até uma agência bancária durante esses meses de pandemia?

Com certeza muitos de vocês já. Mesmo com decretos por cima de decretos, recomendações todos os dias para se evitar aglomerações, o que se encontra em qualquer agência bancária no Brasil – sim, aqui no Sertão também – são aglomerações, praticamente um no pescoço do outro e desrespeito aos clientes, acuados e obrigados a enfrentarem filas quilométricas, durante mais de três horas, para serem atendidos.

Em resposta às críticas, os bancários dizem que a maioria das agências são pequenas e não comportam todo mundo de uma só vez. Isso é certo. Eles também falam que a quantidade de funcionários é mínima, principalmente no Banco do Brasil e Caixa Econômica. Também isso é certo.

Mas vocês lembram como era antes da pandemia? É sim, tinham filas, mas o atendimento era mais rápido. Hoje, literalmente, quem é cliente de uma agência da Caixa, Banco do Brasil ou Bradesco é submetido a uma humilhação pública.

Todos os dias temos lido ou assistido que mais e mais pessoas com Covid tem ido parar nos hospitais ou, infelizmente, morrido. A doença, realmente não distingue sexo, idade, cor ou se é rico ou pobre. Felizes são os que conseguiram escapar.

Aqui em Alagoas a quantidade de leitos de UTIs ocupados, a muito tempo, passou dos 90%, ou seja, a qualquer momento Alagoas não terá como internar quem contrair a Covid, mesmo que seja rico ou, o pobre. E para piorar a situação são mais de 5 mil mortos e quando se trata de pessoas com mais de 60 anos, a questão é ainda mais grave.

Nos últimos dias o governador Renan Filho viu de perto o que a muito tempo ouvia ou lia nos comentários de suas redes sociais, que em muitas cidades os prefeitos, que desde o ano passado recebem dinheiro do governo federal para enfrentar a doença, não têm dado a atenção necessária que a pandemia exige.

E uma proposta de criação de uma Lei Popular proibindo a circulação de carroças nas ruas de Maceió, virou pauta de discussões e troca de farpas entre deputados, entidades de lidam com animais e a população.

Toda a confusão teve início a partir de um abaixo-assinado criado pelo delegado da Polícia Civil (PC) de Alagoas, Leonan Pinheiro. No campo pratico, a ideia do delegado é louvável. Ele quer evitar os maus-tratos aos animais.

O delegado tem dito que cansou de presenciar as chamadas por ele de torturas aos animais, mais especificamente aos cavalos, que são utilizados como transporte de carga pesada pelos carroceiros e daí decidiu através de um abaixo assinado levar o caso para os deputados da Assembleia Legislativa, onde lá a confusão continuou. Será que o delegado não sabia que muitos dos donos das cadeiras na casa de Tavares Bastos são donos de cavalos? E nem os cavalos sabiam que eram tão bem representados, mesmo impedidos de votarem.

Seis meses após as eleições municipais e bastante distante das eleições gerais do próximo ano é fato que muitos prefeitos, eleitos ou reeleitos, ainda não desceram de seus palanques. Continuam em campanha, só não sabemos pra que.

Todos os dias tenho visto publicações em redes sociais e ouvido entrevistas de muitos desses gestores com falas das mais embasbacadas.

Se não bastassem ficarem anunciando pagamento dos servidores, algo que a maioria desses prefeitos acham que estão fazendo algum favor – e não é – pois eles têm de pagar a quem trabalha, ou prometendo pavimentar as ruas das cidades com “pedrinhas de brilhante”, agora, eis que surge – ou ressurge – os prefeitos adeptos de enganarem o povo com as falsas pesquisas de aprovação de seus governos.

Duas semanas após São José da Tapera ser destaque na imprensa de Alagoas e do Brasil, com a visita do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), para inaugurar o trecho IV do Canal do Sertão, a cidade retorna a mídia. Mas, dessa vez de forma negativa.

O caso envolve a morte, provocada pela Covid-19, do ex-secretário de finanças da prefeitura de Tapera, Alexandre Pereira Lima, fato registrado em 18 de abril e que teve grande repercussão no município diante da figura bastante conhecida e respeitada que ele era.

Conforme denúncia do professor José Márcio,  presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Educação em Alagoas (Sinteal)/Núcleo de São José da Tapera, mesmo morto, o contador e ex-secretário de Finanças da prefeitura “assinou” a prestação de contas do último ano do ex-prefeito José Antônio Cavalcante, cuja documentação, após passar por várias mãos, foi entregue pelo atual prefeito, Jarbas Ricardo (MDB) ao Tribunal de Contas de Alagoas (TC/AL).

De uma só vez o presidente Jair Bolsonaro está próximo de acabar com a festa do empreguismo de parentes e amiguinhos de prefeitos e mais ainda, as humilhações das mães que tentam fazer as inscrições ou renovarem seus cadastros no Bolsa Família.

Aqui em Alagoas, quando o presidente esteve em Maceió e em São José da Tapera, ele repetiu que seu governo está próximo de lançar um App para celular onde as beneficiadas ou as que ainda serão beneficiadas pelo Bolsa Família não irão precisar ir até as prefeituras mendigar ou se humilhar na tentativa de conseguir o benefício. 

Claro. Bolsonaro é candidato à reeleição e sabe que programas sociais, a exemplo do Bolsa, é uma arma perfeita para qualquer político se eleger ou reeleger. 

Mas vamos ao que nos interessa. As mudanças previstas no Bolsa Família deixarão órfãos todos os prefeitos e governadores, que deixaram de ter contato com as mães. Tudo será mais moderno e direto entre cada mãe e a Caixa Econômica

A tão badalada inauguração do Trecho IV do interminável e bilionário Canal do Sertão mostrou, novamente, o quanto o sertanejo, as famílias que moram ao entorno da obra, são usadas em discursos políticos e enganadas após o voto.

Na tarde da quinta-feira, quando se comemorava mundialmente o dia de Nossa Senhora de Fátima, autoridades e ortoridades se aglomeraram para as falas e fotos ao lado do presidente Bolsonaro, no legitimo solo do Sertão das Alagoas, que no momento estava frio diante da chuva que caia.

De Delmiro Gouveia até Senador Rui Palmeira qual o uso pratico do Canal para benefício do sertanejo?

Quem transita por sua margem descobre diversos e diversos pontos de abastecimentos de carros pipas que alimentam o sonho das famílias de um dia, realmente, terem água em suas torneiras. Quem transita pela margem dele também descobre o vazamento de anos que nunca foi solucionado e que diminui a vazão da água no Canal. Também está lá, para qualquer um ver, muita sujeira e o desvio de água sob o olhar da mesma empresa que constrói e nunca acaba a obra.

E as aulas não começaram nas escolas da rede estadual, mais para o novo secretário da Educação, o desconhecido Rafael Brito, as tarefas já lhe foram entregues e é dever dele ser aprovado.

O recém secretário da educação já está trabalhando em um plano que visa o retorno das aulas presenciais nas escolas, ou seja, alunos e professores de volta, juntinhos. Porém essa volta só pode acontecer após a vacinação dos professores.

Candidato a deputado estadual nas próximas eleições, Rafael Brito, que só ficará no cargo, no máximo, até abril de 2022, se apegando a um discurso para massa, disse em sua posse que vacinar presos antes dos professores é uma aberração. Esqueceu o secretário que a vacinação dos presos não é e nem foi criação do chefe, o governador Renan Filho e sim uma imposição do Plano Nacional de Imunização.

E o sonho de muitos sertanejos, principalmente os mais jovens, de fazerem um concurso público em alguma prefeitura aqui do Sertão e terem garantido um futuro, está ficando mais distante.

Em algumas cidades, aqui do Sertão, já estão com os vereadores, os pedidos dos prefeitos para que eles aprovem (eles, os vereadores) que os municípios contratem empresas que terão, teoricamente, a competência de contratarem pessoas para trabalharem nos órgãos do município.

De acordo com a legislação trabalhista essas empresas são denominadas de Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscips). Bem, mais quais os prejuízos que essas Oscips podem causar a quem quer trabalhar ou ter uma estabilidade fora do concurso?

E alguns prefeitos aqui do Sertão tem conseguido driblar a aversão e desconfiança do povo.

Numa época de muita seca, a continuidade da escassez da água nas torneiras e o faturamento alto da indústria do “carro-pipa”, alguns gestores montaram a trama de prometerem resolver “para sempre” o problema da falta de água.

Com a promessa de levarem a água do Canal do Sertão para os mais distantes e secos Povoados, muitas famílias voltaram a dá crédito aos prefeitos eleitos por eles.

Pandemia, falta de empregos no comércio e situação degradante de muitos que trabalham. Esses são temas que tem motivado muitas discussões em todo o país. De um lado, quem quer trabalhar e diante da falta de vagas se submete a receber o que o patrão quer pagar. No outro extremo, patrões que só lucram, praticando a desonestidade e pagando abaixo do valor do salário mínimo.

E foram esses temas que fomentaram reuniões de procuradores do trabalho aqui em Alagoas, que juntos com fiscais da gerência Regional do Trabalho e Emprego, órgão do governo federal, decidiram ir às ruas para averiguar os valores dos salários pagos a quem conseguiu um emprego durante a pandemia.

Numa primeira ação ficou comprovado que diante da falta de perspectivas para os jovens, muitos comerciantes têm transformado gorjetas em salários.

Afirmando que o Ministério Público se mantém firme no combate a qualquer deslize que possa ser praticado na vacinação contra a Covid-19, o promotor de justiça Fábio Bastos, titular da comarca de São José da Tapera exigiu que o município explique porque não atualiza no Portal da Transparência quanto recebeu do governo federal e o que é feito com esse dinheiro para o combate a pandemia no município.

Durante esta semana o Correio Notícia vai conversar com o promotor de Justiça, Fábio Bastos, da comarca de São José da Tapera.

Serão vários temas, entre eles a elevação da comarca de Tapera da 1º para a 2ª entrância e a falta de transparência nas ações da Covid.

E para começarmos, o tema é vacinação contra a Covid. No início desse mês de abril uma postagem no instagram do prefeito de São José da Tapera despertou a atenção da população da cidade.

A postagem confirmava que um dos frascos com a vacina para imunização da população contra a Covid-19 tinha se quebrado e cerca de 20 doses haviam sido inutilizadas.

O promotor Fábio Bastos disse que desconhecia o fato e que s autoridades no município deveriam ter oficializado essa situação ao Ministério Público

Eu já havia falado, mas, poucos acreditaram que prefeitos e vereadores eleitos ou reeleitos seriam capazes de fraudar, para benefício próprio, a vacinação contra a Covid-19.

Agora o caso vem à tona, de forma pública, nas palavras do superintendente da Controladoria Geral da União em Alagoas, Moacir Rodrigues de Oliveira. Absurdamente, segundo ele, aqui mesmo no Sertão, políticos fraudaram a relação de vacinados colocando defuntos como imunizados contra a Covid. Você agora deve tá se perguntando: porque defuntos?

Vou responder. As investigações da CGU descobriram que um grupo de políticos sacripantas, ao furar a fila da vacinação, ordenaram que fossem colocados dados de pessoas idosas já mortas, na relação de vacinados, para somente assim poderem, sem chamar a atenção, se vacinarem, vacinarem a família, os amigos e até as amantes.

Uma suspeita investigada, agora, pela Controladoria Geral da União (CGU) pode comprovar uma farsa que teria sido usada por alguns candidatos a prefeitos e até vereadores, aqui no Sertão, para vencerem as eleições. Ou pelo menos tentarem vencer.

A trama investigada diz respeito a supostas compras de itens para a merenda escolar, iniciadas nos meses que antecederam as eleições, em novembro.

Após a montagem das cestas básicas entrava em ação a outra parte do plano criminoso, que foi a distribuição ou troca pelo voto, não necessariamente com as mães das crianças matriculadas nas escolas municipais. Isso mesmo. Uma cesta básica pelo voto dado.

No nosso Sertão um ex-prefeito e um prefeito reeleito, teriam comprado – conforme as investigações em curso – cerca de R$ 2 milhões – cada um – em itens da merenda. Com a ajuda de candidatos a vereadores aliados, alguns dos quais responsáveis por armazenarem as cestas em suas próprias casas, a compra pelo voto foi escancarada.

Cerca de 85 mil pessoas, residentes no Sertão de Alagoas, devem ficar de fora do recebimento do novo Auxilio Emergencial.

A projeção é do Movimento Rede Renda Básica Que Queremos, entidade formada por profissionais liberais e estudantes que tem o propósito de promover e servir como repositório de pesquisas publicadas, incluindo documentos do Congresso Nacional.

Ao todo, aqui em Alagoas, se prever que 718.201 pessoas, o que equivale a 21,4% da população alagoana irá ter direito ao novo Auxílio. Ou seja, a cada cinco alagoanos, um deve receber, novamente, o Auxílio Emergencial.

Para chegar a estes números, a entidade comparou dados do Governo Federal e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Em toda Alagoas, 513.713 alagoanos, que receberam o Auxílio Emergencial no ano passado, não terão direito ao benefício nessa nova fase. Desse total, cerca de 85 mil moradores do Sertão, serão cortados da folha de pagamento.

E quem seriam esses que vão ficar de fora do novo Auxílio? Entre alguns que serão “injustiçados”, após o cruzamento de dados do Ministério da Economia e a Caixa Econômica Federal, ficou comprado que aqui no Sertão o pagamento do Auxílio no ano passado – todas as parcelas – foram recebidas também por comerciantes, esposas de vereadores e vereadores, secretários municipais, mulheres de prefeitos e até prefeitos. Conclusão: foi muito dinheiro pago a quem não devia, que – não tem outra palavra – fraudou o sistema da Caixa Econômica para ter direito a um dinheiro que só deveria parar nas mãos dos necessitados.

Você que encontrar o prefeito de sua cidade, aquele que você votou e ele falar que as coisas estão ruins, o município está sem dinheiro, não tá dando pra contratar os amigos, aquele chororo, pode chama-lo de mentiroso. Isso mesmo. Não perca mais tempo. Chame ele, em alto e bom som, de mentiroso.

Sem exceção, todos os prefeitos do Sertão, igualmente os prefeitos das outras cidades de Alagoas, nunca viram tanto dinheiro em tão pouco tempo. E não é só eu que falo isso não. As informações são da Secretaria do Tesouro Nacional (STN) e da Confederação Nacional dos Municípios (CNM).

Escrevam aí. Somente nesses primeiros três meses do ano os prefeitos tiveram um aumento de quase 17% do valor total do dinheiro que vem do Governo Federal. Pra começar, o governo de Bolsonaro depositou nos últimos dias os recursos da segunda parcela do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), com aumento de 27,02%.

Você que votou para prefeito e vereador de sua cidade já parou para observar que os políticos que venceram desistiram de conversar com as pessoas no Facebook e no Instagram?

E eu não falo de um ou dois. Eu cito todos ... vou repetir: todos que venceram desapareceram do contato diário com os eleitores através das redes sociais. 

Quem fazia oposição, calou-se. Quem já era da situação, bem, esse que não tem falado nada. 

No máximo, pagam a supostas empresas ou precários assessores para publicarem nas redes sociais que vão pagar o salário dos servidores, que viajaram para Brasília, onde tiram fotos com os patrões-deputados ou mandam publicar sofríveis textos que fazem remexer em pleno tumulo o dicionarista Aurélio Buarque de Holanda.

As famílias precisam de água para se alimentarem, para garantirem a sobrevivência dos poucos animais e da plantação que sobrevive sob um sol escaldante. Na sombra, no outro extremo, politiqueiros rogam por mais sol para poderem comprar os votos e até comprarem a esperança de um povo sofrido.

E a “indústria do carro-pipa”, que sob a supervisão do Exército, que paga os pipeiros com dinheiro do contribuinte, a água sangrada do Canal do Sertão ou de adutoras abastecem cisternas ou caixas d’água nos sítios. Mas quem são os verdadeiros donos dos carros-pipas? Quem são as eminências pardas que a cada ano ficam mais ricas com a dor do sertanejo?

Operação Gabiru, Máfia das Ambulâncias, Operação Taturana, Operação Casa Abandonada. Estes são alguns codinomes dados as investigações policiais, em Alagoas, e que prenderam – não por muito tempo – políticos acusados de diversos crimes, entre eles – o mais grave – desviar dinheiro público.

O Ministério Público de Contas (MPC) e o Tribunal de Contas de Alagoas (TC/AL) recomendou que eles – os prefeitos – e os presidentes das Câmaras Municipais não devem dá nenhum aumento salarial aos servidores até o final do ano.

Muito se fala que a Justiça no Brasil é cega ou tarda, mas não falha.

Bem, em ambas citações ela deu sinal que está viva pelo menos na cidade de Canapi. Através de um robusto parecer assinado pelo procurador Rafael Alcântara, do Ministério Público de Contas, o prefeito Vinicius Filho (Progressista), se vê numa ‘sinuca de bico’. Em menos de dois meses da nova gestão, Vinicius terá de demitir o pai, o ex-prefeito José Hermes de Lima, nomeado pelo amoroso filho para o cargo de Secretário Municipal de Assuntos Estratégicos.

Seria uma nomeação normal, normal, normal, no serviço público, se não fosse pelo excesso de penduricalhos. José Hermes, que já foi filiado ao PTB, foi preso pela Polícia Federal (PF), na Operação Gabiru e condenado há mais de 12 anos por ter desviado dinheiro, enquanto era prefeito entre 2001 a 2005, do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), e para compra de merenda escolar.