Dazumana: ciência sem jaleco

Dessa vez, nossa convidada juntou tudo em duas malas e se aventurou na vida acadêmica no Indiana University Bloomington, nos Estados Unidos.

Depois de muitos apuros, ela está terminando um ciclo de 7 anos entre Mestrado e Doutorado e deve voltar ao Brasil em breve.

Como o mundo digital influencia a pesquisa de imagens para documentários? O uso de acervos pessoais, familiares, públicos e de empresas garante conteúdo impactante para as obras. Gabriel F. Marinho, mestre em História pela UFF, fala sobre a migração de trechos de audiovisual de um filme para outro. Conversamos sobre como esses arquivos acionam a memória, revelam e apontam silêncios nas obras.

Seja no documentário, seja na ficção, seja na fantasia, onde está a Direção de Arte? Ela cria os ambientes por onde os personagens transitam. Pode trazer signos de determinada época e acrescentar também sentidos à narrativa. A doutora Dorotea Bastos, professora da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, explica o passo a passo do campo, desde a pesquisa até a execução.

Quais sons você escuta quando fecha os olhos? Existe técnica e poesia na colheita de áudios. A diretora de som e pesquisadora Camila Machado caminhou conosoco, mostrando seu trabalho de oficinas, gravação e organização de biblioteca. Ela falou até mesmo sobre sons que não existem mais. O resultado de seu trabalho é o inventário sonoro, realizado com integrantes do Movimento de Pequenos Agricultores (MPA) no sertão bahiano e intitulado Sonário do Sertão: www.instagram.com/sonariodosertao.

Como a animação contribui para o Cinema Negro? A partir das obra em stop motion "Òpárá de Òsùn: quando tudo nasce" e "Mãe dos netos", conhecemos a produção audiovisual realizada com o protagonismo de profissionais pretos. Quem conduz a conversa é a Edieluza Penha de Souza, doutora em Educação pela UnB. A entrevistada aponta o aspecto político das obras e argumenta que o cinema negro tem temática universal.

A pandemia trouxe novos desafios de interação digital. Para pessoas neurodivergentes, que enfrentam níveis de dificuldade de comunicação, a publicação de conteúdos na internet já fazia parte de suas rotinas. Logo, não foi ao acaso que nossa entrevistada da vez, a pesquisadora Sophia Mendonça, mestra em Comunicação pela UFMG, que também é autista, investigou a fundo alguns desses produtores de conteúdo.

E se um filme imersivo te fizesse falar Kusunda no meio de uma floresta dos Himalaias?

Em uma realidade imersiva, isso é possível. Mas depende do design de interação, do fomento aos produtos em VR e de se pensar o roteiro de forma bem diferente do formato tradicional. Neste episódio, o roteirista, pesquisador e professor da PUC do Rio de Janeiro, Rafael Leal, nos conta sobre suas experiências imersivas e de novas formas de se pensar o roteiro para produções em realidade virtual e aumentada. 

Quem disse que uma história tem que iniciar pelo começo? 

Há muito tempo, o cinema aprendeu que a montagem que mistura começo, meio e fim pode ser instigante. Esse é o trabalho da edição, juntar diferentes planos para gerar um sentido. Segundo a Silvia Hayashi, doutora em Meios e Processos Audiovisuais pela USP, com a quantidade de cenas e possibilidades de reprodução no meio digital, cada pessoa se tornou sua própria editora.

Quantos aparelhos estão na sua frente agora? Você assiste televisão olhando para o celular? 

Pois saiba que está exercitando o conceito de segunda tela. É a Brenda Parmeggiani, Doutora em Comunicação pela UnB, que define esse termo e fala mais sobre a convergência entre os meios. 

Suas pesquisas analisam o reality show The Voice e aproveitam o aplicativo da série Hannibal para nos provocar a refletir.

Quantos podcasts de ciência você escuta? Por trás desse trabalho de divulgação, há um esforço contínuo para traduzir e tornar acessível anos de investigação. E, sem dúvida, esse conhecimento deve chegar à sociedade.

Branco escuro e família colorida. Esses foram alguns dos termos que a pesquisadora Cintia Cardoso ouviu das crianças para entender como a branquitude impacta em uma escola de educação infantil. Na conversa com a doutoranda, entendemos a importância da participação das instituições em um aprendizado anti-racista, em conjunto com a família. 

De pesquisadora para pesquisada. A doutora em antropologia da Universidade Federal da Bahia (BA), Hairam Machado, acolheu essa mudança quando uma quebradeira de coco começou a perguntar sobre a sua vida enquanto chupavam laranja. Esse foi um sinal de que as mulheres se sentiam confortável com sua presença durante o trabalho de etnografia realizado com quebradeiras de coco de babaçu em São Manuel, no Médio Mearim, uma microrregião do estado do Maranhão. 

Hairam contou para o Dazumana sobre o papel político da Igreja no local, a tentativa de inserir uma máquina para beneficiar o babaçu e relações de gênero na comunidade.

Quem quiser ter acesso a essa tese, pode mandar um e-mail para a Hairam: hairam.machado@gmail.com (sem apoio para a pesquisa, o documento não está disponível no repositório da universidade, pois não há recurso para a impressão e encadernação em capa dura do arquivo).

A nossa convidada deixa claro que sua dissertação não foi escrita só. A mestre Elionice Conceição Sacramento se inspirou na escrevivência da Evaristo Conceição, nas marés que vivenciou como pescadora e na voz das mais velhas de sua comunidade.

O resultado foi o registro e valorização da história de luta e resistência das mulheres do Quilombo Conceição de Salinas, na Bahia.  O título da pesquisa condensa essa vivência: "Da Diáspora Negra ao Terrritório das Águas:  Ancestralidade e protagonismo de mulheres na comunidade pesqueira e quilombola Conceição de Salinas-BA".  

Você conhece o Jasy? 

Basta olhar para cima para vê-lo brilhando no céu. Talvez você o conheça pelo nome lua. Com ajuda da Sione Rodrigues, doutoranda da UNESP, descobrimos mais sobre a astronomia Guarani e sua cosmovisão. Acompanhe até o final para conhecer as constelações indígenas e outros recursos didáticos.

Espinhela caída e vento virado. Essas são algumas das enfermidades curadas pelas benzedeiras. É uma visão completamente diferente, de quem reúne conhecimentos tradicionais e está mais preocupada com o bem viver. 

A partir da perpectiva de dádiva e dom, a doutoranda Flávia Brito conversou sobre as práticas da benzeção. Ela contou como que, após um grupo de marxista da universidade ser benzido em trabalho de campo, ela despertou para seu recorte de pesquisa: benzedeiras e benzedoras.

Migrantes e refugiados enfrentam o mar e outras rotas. Nos países de chegada, são indesejados e vistos como ameaça. Nesse episódio, conversamos com a doutora em Ciência Política Raissa Ventura. 

Ventura nos contou sobre as escutas que fez ao conversar com migrantes na Europa, apontando injustiças e a necessidade de políticas públicas a partir da perspectiva dos Direitos Humanos.

Adoramos uma boa conversa recheada de comida e bebida. Melhor ainda se o tema for arte. Nesse clima descontraído, tomamos um café virtual com Cristiane Fernandes e Mônica Abdala. Falamos sobre a parceria das duas cientistas na investigação do encontro entre arte têxtil (patchwork) e culinária. Puxe uma cadeira e junte-se à nossa mesa!

Por que historicamente as mulheres acumulam mais de uma jornada de trabalho? Essa e outras questões passam pelo conceito de trabalho produtivo e reprodutivo. Esse segundo costuma ser invisível (tarefas domésticas, cuidar de crianças e manter a família) e pouco valorizado. As causas dessa divisão de trabalho não são biológicas, mas sociológicas. E, na pandemia, vivemos a crise do cuidado e o adoecimento das mulheres, sobrecarregadas.

A partir da psicologia, a doutora Cândida Alves, que defendeu a tese "Divisão sexual do trabalho e inconsciente político: histórias de mulheres em formação profissional", conversou com o Dazumana. Participação especial dos filhos da Cândida: Helena (que ilustrou a capa desse episódio) e o Caetano.

O apego é meu e ninguém me tira? É assim que você se sente em relação aos objetos que consome? Será que esse amor pelas coisas pode conduzir a um design e um comportamento mais sustentável? 

As questões são muitas (minimalismo, gameficação, armário cápsula) e foram alvo da nossa conversa com a doutora em Design Emocional pela Delft University of Technology, Beatriz Russo. Confira o episódio!

Palanque ou espaço democrático? Você sabe como os deputados se comportam em uma audiência pública sobre o aborto? O episódio de hoje fala sobre isso. 

O bate-papo foi com a doutoranda em Linguística Jaqueline Santana. Conversamos sobre a sua dissertação de mestrado, resultado de uma análise de discurso de audiências públicas interativas do Senado referente à Sugestão Legislativa 15/2014, que regula a interrupção voluntária da gravidez.

Filmes de arquivo. Sabe o que é isso? Pode até ser que nunca tenha ouvido essa expressão, mas com certeza você já assistiu a um filme desses, com trechos de fotos ou gravações de acervos.

No episódio de hoje, falamos com a doutoranda Vanessa Rodrigues sobre esse conceito, o filme “Cemitério de Memórias” do Marcos Pimentel e também a importância de se preservar os acervos. 

Lembramos da situação precária da Cinemateca Brasileira, ameçando a nossa memória. Para saber mais sobre os ataques à Cinemateca: https://www.instagram.com/soscinematecabrasileira.

Temos um desafio: vocês sabem dizer quem traduziu o último livro que leram de uma autora ou autor estrangeiro? Neste episódio falamos da prática da tradução, pensando em estratégias, anonimato, silenciamento e relações de poder. Para isso, acompanhamos a análise da Doutora Feibriss Cassilhas (UFSC) sobre as traduções do livro Meio Sol Amarelo da Chimamanda Adichie para o português do Brasil, feita pela Beth Vieira, e para o português de Portugal, feita pela Tânia Ganho.

No Dia Nacional da Libras (Língua Brasileira de Sinais), 24 de abril, gravamos este episódio. Ele é um experimento com possibilidades de acessibilidade no podcast. A versão do YouTube é acompanhada pela sinalização em Libras e a versão no Spotify e outros apps usa apenas o áudio da entrevista (na voz da intérprete Brenda Rodrigues). 

A conversa foi com a doutora Carolina Sperb, que é professora-artista em/de Libras e Língua Portuguesa. No programa, falamos sobre educação e arte. E também refletimos se as universidades são acessíveis para as pessoas com deficiência. 

Além desta versão em podcast, temos a versão visual da conversa com a nossa convidada sinalizando em Libras. Confira: https://youtube.com/dazumana

BLOCO 1: CONCEITOS BÁSICOS [00:00 - 06:41]

• Motivação para fazer mestrado
• AEE - Atendimento Educacional Especializado
• Português como segunda língua
• Oralização
• Cultura da comunidade surda
• Principal senso é a visão
• Direitos

BLOCO 2: ENSINO [06:41 - 14:41]

• Professora-artista
• Filosofia das diferenças
• Como o corpo se expressa enquanto a gente aprende?
• Inovação em escrever artigo
• Texto é acessível?
• Em sala de aula
• Sinais de benção 
• Aulas remotas
• Fluidez
• Pandemia
• Lives e vídeos

BLOCO 3: Cultura e linguagem  [14:41 - 23:38]

• Karin Strobel
• Cultura bilíngue 
• Projetos futuros 
• Planejando ações no teatro
• Como aprender Libras
• Acessibilidade na universidade
• Intérprete
• Adaptações
• Contato com os intérpretes
• Divulgar Libras
  

Outras informações:

Conteúdo da Karin Strobel
- https://www.libras.com.br/surdos-famosos-karin-lilian-strobel

Neste especial de início da 2ª temporada do Dazumana, a gente fez quase uma terapia de grupo com outros pesquisadores. Quais são os desafios, os sustos, as reviravoltas e as recompensas da investigação? Falamos dos bastidores de relatórios, dissertações e teses. 

Passamos por temas de saúde mental, síndrome de impostor e privilégios. Ouvimos as experiências pessoais de Carlos Pinheiro (graduação), Fernanda de Aquino (mestranda), Cibele Tenório (mestre), Juliana Mendes (doutoranda) e Leyberson Pedrosa (doutor). Venha conosco e conheça mais sobre as dores e delícias de ser pesquisador no Brasil.

Parece até ficção científica, mas tem gente que gostaria de controlar tudo sobre os filhos: sexo, cor dos olhos, altura... Qual é o preço da perfeição? E como debater as questões éticas por trás de possíveis melhoramentos genéticos? Conversamos com a Thaís Maia sobre o livro "Contra a perfeição" do Michael J. Sandel. Acompanha o bate-papo com uma das apresentadoras do canal Bioéticas no YouTube.

Já ouviu falar em dispositivo? Não, não estamos falando de celular e tablet, mas de leis, instituições, e modos de produção do conhecimento que servem para controlar a população e nos dividir entre grupos superiores e inferiores. A racialidade é um desses dispositivos, que inclusive mantém muitos negras e negros longe das universidades e da pesquisa. A filósofa Sueli Carneiro fala sobre essa e outras questões na sua tese. Neste especial Revisão de Literatura, trouxemos a doutora Rosana Castro para explicar os principais conceitos que aprendeu nesse texto para a gente.

Marx pode até ser o "homem do saco" para muita gente. Mas a verdade é que existem muitas interpretações desse autor. E um livro que ajuda a preencher as lacunas e entender o pensamento dos dois Marx (o jovem e o velho) foi escrito por Louis Althusser. Nesse especial Revisão de Literatura, vamos mergulhar no "Por Marx" com o doutor em Sociologia Edemilson Paraná.

Neste episódio bônus da 1ª temporada  do Podcast Dazumana, especial Revisão de Literatura,  discutimos livros que marcaram a vida de pesquisadores de humanas.

Viva o progresso e o desenvolvimento? Tem certeza? Mas de que desenvolvimento estamos falando? Vamos acompanhar as reflexões da mestra em política ambiental Isabella Freire Wanderley (Universidade de Cambridge) sobre o livro "Desenvolvimento como liberdade" do Amartya Sen, criador do Índice de Desenvolvimento Humano. Vamos conosco no primeiro episódio do especial Revisão de Literatura do podcast Dazumana?

Neste episódio bônus da 1ª temporada  do Podcast Dazumana, especial Revisão de Literatura,  discutimos livros que marcaram a vida de pesquisadores de humanas.

A hierarquia entre pichação e grafite serve para separar quem faz essas intervenções na rua?  Thiago Pinheiro Silva, pesquisador e artista, defende que as obras no espaço público não precisam ser entendidas como belas. Sua função pode ser provocar incômodo e fazer refletir.

 Neste último episódio da 1ª temporada do Podcast Dazumana, falamos sobre a dissertação "Pintura em desdobramento : matéria e espacialidade",   e a opressão a artistas de rua. 

Celebridade era ídolo. Crush era gatinho. As revistas de adolescente migraram para a internet e continuam a falar sobre corpo, beleza e amor. Conversamos com a Luciane Lira sobre sua pesquisa que analisou o discurso das revistas de adolescente, como Capricho, Atrevida e Toda Teen.

Para o debate sobre o aborto basta realmente falar se é contra ou a favor?   Escute este episódio para conhecer a pesquisa da Mel Bleil Gallo sobre o tema, entendendo a complexidade de conceitos e vivências dessa prática. A mestranda da Universidade Federal do ABC (UFABC) estuda o papel das acompanhantes nas redes feministas na América Latina e Caribe.

E turismo é assunto só para turista? A doutora Paula Binfaré investiga o conceito do turismo a partir de tuítes na internet. Ela identifica uma abordagem que faça sentido para a hipermodernidade e que aproxima moradores e turistas. 

Você tem medo do algoritmo? Fica com a orelha em pé quando falam sobre companhias manipulando nossos dados? Nesse episódio do Dazumana, tentamos fazer um novo pacto com os algoritmos e entender como práticas de otimização de conteúdos para os algoritmos dos buscadores, o famoso SEO, pode ser usado no Jornalismo com muita ética e visão crítica. 

A tese desta vez é do Leyberson Pedrosa, que saiu da cadeira de entrevistador para fazer as vezes de entrevistado.