Skip to main content
Elas com Elas

Elas com Elas

By BandNews FM

O podcast Elas com Elas, da BandNews FM, é um programa semanal que reúne mulheres para debater temas diversos. Um espaço aberto para o diálogo e para discutir vários assuntos sob a perspectiva de quem trabalha, pesquisa ou vivencia os temas. Você vai ouvir entrevistas, conversas, vai descobrir histórias de brasileiras que estão fazendo a diferença para um mundo com mais igualdade. É sobre as vivências coletivas, mas também sobre as individualidades que a gente fala no Elas com Elas.
Currently playing episode

#63 - Impacto financeiro da pandemia nas mulheres

Elas com ElasJun 10, 2020

00:00
46:06
#97 - Ghosting e Responsabilidade Afetiva

#97 - Ghosting e Responsabilidade Afetiva

Uma palavra em inglês para algo que a gente conhece há muito tempo: ghosting. Sabe o que é? Vem de ghost, fantasma. O ghosting é o sumiço de alguém com quem você se envolveu – ou nem se envolveu ainda. Repentino, sem explicações, só dar um perdido, dar o fora, desaparecer. Você começa uma relação – ou as vezes nem começa – e de repente a outra pessoa some sem dar satisfações. Para de responder, ignora as ligações telefônicas, não vê mais suas mensagens nas redes sociais, nem no celular, nem em nada. Te ignora completamente. Não é de hoje, não. Este é um comportamento antigo, um término que não é bem um término. Afinal, quando acaba a gente diz que acaba, né? Ou não? No ghosting, não. Não tem palavra, é puro silêncio. Quem ficou que lute. Neste episódio do Elas com Elas, a gente olha pra esse comportamento, tentando entender por que ele ficou mais recorrente, ainda que não tenha nascido agora. Tem algo a ver com o uso de aplicativos de relacionamento? Como a responsabilidade afetiva entra nessa história? Vem!

Apr 07, 202101:13:33
#96 – Rumo ao Topo do Everest, com Aretha Duarte

#96 – Rumo ao Topo do Everest, com Aretha Duarte

Este é um daqueles episódios em que o Elas com Elas para pra conhecer uma pessoa, uma história. Para ouvir uma mulher. Seja pelo trabalho, pela pesquisa, pela vivência, pela reflexão, pela iniciativa, são mulheres que transformam o mundo – como tantas e tantas que você ouve semanalmente por aqui. Desta vez, vamos conhecer a Aretha Duarte, uma educadora física, a primeira da família a ter curso superior, nascida e criada na periferia de Campinas, no interior de São Paulo. Ela descobriu o montanhismo e agora pode ser a primeira mulher negra a chegar ao topo do Monte Everest, a montanha mais alta do mundo, com quase nove mil metros de altura. O dia de lançamento deste episódio é a véspera do embarque de Aretha para o Nepal. Ela já esteve por lá em 2013, no campo base da montanha, a mais de 5 mil metros de altura. Agora vai subir mais e completar a rota. Até hoje 25 brasileiros chegaram ao topo do Everest – cinco eram mulheres. Uma missão que custa caro e, para fazê-la acontecer, Aretha tirou do papel outro projeto transformador, baseado na reciclagem de lixo. A ideia de chegar ao topo do mundo extrapolou altitudes e acabou virando bem mais do que isso. Simbólico, né, ver uma mulher negra e periférica chegar a esse cume? Vamos ouvir a Aretha, que tem muito para nos contar. Vem!

Mar 31, 202136:08
#95 - Dá pra ser feliz na Internet?

#95 - Dá pra ser feliz na Internet?

3 horas e 31 minutos. Este é o tempo médio que um brasileiro passa nas redes sociais por dia. Estamos na frente da média mundial, de 2 horas e 24 minutos de uso diário. Esta é uma medição pré-pandemia, diga-se. Porque em tempos de fique-em-casa, dá para estimar que este uso cresceu. A Internet tem sido lugar de encontros e desencontros também. Nem discutir dá para fazer mais pessoalmente, então vai online mesmo. As telas têm sido companhia constante: de trabalho, de estudo, de lazer. E aí vem uma oportunidade: será que não dá para aproveitar este momento de tanto tempo navegando pela virtualidade para repensar como usamos a Internet. A pesquisa Global Digital Overview 2020 mostrou que as pessoas têm estado mais conscientes no uso das redes e têm procurado estabelecer uma relação mais saudável com essas plataformas. Mas ainda precisamos construir entendimentos, limites e diretrizes – pessoais e coletivas – para que o ambiente da internet faça mais bem do que mal. Vamos recortar para as redes sociais: dá para manter a sanidade estando mergulhada no instagram, no twitter, no facebook ou onde quer que você prefira rolar feeds infinitos e decidir se um conteúdo merece ou não seu like, seu view, seu engajamento? A saúde mental pode pedir arrego se o uso das redes sociais for, pra usar uma palavra do momento, tóxico. Mas e aí? Estamos quase todas, todos lá. Produzindo e consumindo conteúdo. Como isto nos afeta? O papo deste episódio do Elas com Elas caminha por aí, tentando entender, em diferentes graus e sob diferentes perspectivas, se dá pra ser feliz na Internet.

Mar 24, 202101:01:35
#94 - 10 anos da Guerra da Síria

#94 - 10 anos da Guerra da Síria

15 de março de 2011 ficou marcado por protestos na Síria. Estudantes, jovens, eram boa parte dos que estavam nas ruas pedindo mais liberdade e criticando o governo de um ditador. 10 anos depois, o conflito que começou em meio à Primavera Árabe mudou de cara muitas vezes e chegou a ganhar dimensões intercontinentais. Em uma década, a Guerra da Síria deixou 350 mil mortos e obrigou metade da população do país e deixar suas casas. São 6 milhões de refugiados sírios pelo mundo e 6 milhões de deslocados internos. Atualmente, o ditador Bashar Al Assad, no poder desde 2.000, ainda controla 60% do país. Em meio à pandemia, a população, já empobrecida e em ambientes destruídos, viu os problemas dobrarem. E sem perspectiva de mudança. Em abril, tem eleições. Assad deve se candidatar para ficar mais sete anos no poder – no último pleito, em 2014, ele ganhou com 90% dos votos. Também não há no horizonte expectativa de um acordo de paz. Nem de reformas consistentes. Desde 2019, o Comitê Constitucional Sírio, que reúne regime e oposição e exclui os curdos, negocia uma nova constituição para o país. Mas até agora nada. Neste episódio do Elas com Elas, falamos sobre estes anos de guerra e para contar a história e as histórias do conflito, ouvimos uma estudiosa do tema e duas mulheres sírias que deixaram o país para fugir do conflito. Elas têm histórias de vida diferentes, experiências diferentes em ser mulher e trajetórias diferentes na vinda ao Brasil.

Mar 17, 202159:41
#93 - O 8M e os feminismos no Brasil de 2021

#93 - O 8M e os feminismos no Brasil de 2021

A data é oficial desde 1975 – oficializada pela ONU, a Organização das Nações Unidas, mas a origem vem de antes, lá do início do século 20. Devemos às trabalhadoras, às operárias muito por esse dia em que relembramos e reforçamos as lutas diárias das diversas mulheres no mundo todo. Ainda que as agendas sejam múltiplas, que as reivindicações sejam várias, é a busca por igualdade que guia os movimentos de mulheres. Os feminismos, assim mesmo, no plural, foram mudando ao longo do tempo, mas têm sempre batido na tecla de garantir direitos, porque sem eles as demandas podem virar só isso mesmo, demandas. Este episódio do Elas com Elas tenta trazer diferentes perspectivas sobre esta data e combinar olhares sobre o que ela significa no Brasil de 2021. A ideia, claro, não é esgotar significados, nem reflexões, mas compor um cenário em que vozes diversas possam trazer questões que talvez nos escapem. Em meio a uma pandemia que agrava as desigualdades já vividas, como o 8 de Março chega para as brasileiras e que relevância têm os movimentos de mulheres agora? Estão na mesa: Eva Blay, Márcia Lima, Amara Moira, Sarah de Roure e Poty Poran.

Mar 10, 202101:32:14
#92 - Pedir ajuda e construir redes

#92 - Pedir ajuda e construir redes

O que nos une? São as dores ou as delícias? Talvez os dois? Um pouco de cada? Depende da situação? Independentemente do contexto, acho que dá pra dizer que o vínculo exige algo de reciprocidade. Ou de convergência: duas intenções caminhando para o mesmo lugar. E quando os caminhos se cruzam, ou se aproximam, dá para fazer um movimento que traz força e consistência: criar redes. Foram muitos já os episódios do Elas com Elas que mencionaram as redes de apoio como espaços, inclusive, de sobrevivência. As redes de mobilização também. E hoje a gente olha para os pedidos de ajuda como uma iniciativa de começar a construí-las. Mas nem sempre é fácil. Pedir ajuda demanda olhar para si ou para o seu próprio grupo e entender fragilidades, vulnerabilidades e limitações. Pedir ajuda é abrir mão de controle, é se abrir para o outro e é se expor ao não. O movimento, afinal, é mútuo. Estar aberta a pedir ajuda e encontrar quem esteja aberta a oferecê-la. E dá para pensar nisso em vários âmbitos da vida e em vários níveis: em atuações individuais e coletivas; em ações amadoras ou em políticas públicas; em grupos pequenos e em grupos grandes; entre vizinhas ou entre coletivos de toda a América Latina. A extensão do nosso pedido de ajuda pode ser proporcional à extensão da rede de troca e apoio que estamos dispostas a criar. Vamos juntas para o episódio de hoje do Elas com Elas, em que vamos falar disso mesmo: da possibilidade de seguir caminhando lado a lado, especialmente quando estamos diante dos maiores muros que precisamos cruzar em buscar de direitos e liberdade?

Mar 03, 202101:04:60
#91 - Lugar de mulher é (também) na cozinha

#91 - Lugar de mulher é (também) na cozinha

“Por que as mulheres, detentoras de um saber há anos transmitido de mãe para filha, não ocupam as cozinhas dos restaurantes?” Esta é a pergunta que abre o livro Fominismo – Quando o Machismo se Senta à Mesa, da francesa Nora Bouazzouni. Em ensaios curtos, ela questiona o espaço das mulheres na feitura e também na produção da comida. Inclusive, um levantamento da FAO, a agência das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, mostra que 43% da mão de obra agrícola no mundo são mulheres – apesar de elas serem 20% dos proprietários de terra. A autora percorre os caminhos da comida, das sementes ao prato feito à mesa, para tentar entender a relação das mulheres com a cozinha ao longo do tempo. Por que o lugar dedicado às mulheres no ambiente privado, doméstico, é negado a elas no ambiente público? Olhando para grandes guias de referência gastronômica, são poucas as chefs a brilharem com estrelas e fotos de página inteira. Nos festivais, também predominam os homens – entre os jurados e entre os premiados. Quando uma mulher se destaca à frente de uma cozinha profissional, ela é recebida, tantas vezes, como alguém que aprofundou um conhecimento que já lhe era direito. Os homens, por sua vez, quando superam as expectativas, são excepcionais e, portanto, mais visíveis, mais chamativos, com mais destaque. O Elas com Elas inaugura a temporada 2021 te convidando para esta conversa: se o lugar de mulher é também na cozinha, o que falta para que mais e mais chefs ocupem os espaços que desejam no mercado gastronômico?


[Apresentação, produção, roteiro e edição: Gabriela Mayer; Sonorização: José Antônio de Araújo]

Feb 24, 202101:15:55
#90 - O que a gente faz com a raiva?

#90 - O que a gente faz com a raiva?

Este episódio do Elas com Elas, o último do ano, foi uma criação coletiva, eu diria. Ele nasceu de inúmeras mensagens que recebemos ao longo de 2020. Gente que escreveu para compartilhar que estava com raiva. Por ter perdido alguém. Por estar enfrentando dificuldades financeiras. Pela forma como a pandemia de coronavírus foi e é tratada por parte das pessoas. Pela desigualdade que se escancarou. Pela recorrência da violência, especialmente contra alguns corpos. Estes foram só alguns dos assuntos que motivaram ouvintes do Elas com Elas a escreverem para contar que esse ano tá puxado... aliás, faz uns anos que tá puxado, né? Bom, mas as mensagens repetidas neste ponto fizeram pensar que essa é uma boa conversa, porque nós não somos sempre estimuladas a colocar algumas emoções pra fora, inclusive a raiva. Mas vamos lá. Esse é o começo: a raiva é uma emoção – e uma que nos acompanha com certa frequência. Pode vir de uma experiência pessoal, individual, ou coletiva. E algumas perguntas atravessaram as conversas que você vai ouvir aqui: raiva pode ser bom? Somos autorizados a sentir raiva? Dá pra controlar ou administrar a raiva? E a principal delas: o que a gente faz com a raiva?

Dec 16, 202001:22:23
#89 - Trabalhadoras Domésticas

#89 - Trabalhadoras Domésticas

Era 17 de março de 2020 quando a primeira morte pela Covid-19 foi registrada no Rio de Janeiro. Uma trabalhadora doméstica. Com 63 anos, ela percorria mais de 100 km entre a casa em que vivia e a casa em que trabalhava e por isso passava parte da semana no trabalho. A empregadora tinha acabado de voltar da Itália, então o país com o maior número de mortes relacionadas ao coronavírus no mundo. Quando a trabalhadora apresentou os primeiros sintomas, a patroa pediu que alguém da família dela fosse buscá-la. O quadro evoluiu rapidamente e ela morreu no hospital um dia depois. Não foi um fato isolado, mas por ter sido o primeiro chamou atenção para o crescimento da vulnerabilidade de uma categoria que já garantia seus direitos com raridade e, ainda assim, com fragilidade. Uma categoria composta majoritariamente por mulheres. Majoritariamente por mulheres negras. Num universo de mais de 6 milhões de pessoas que exercem o trabalho doméstico remunerado no Brasil, 92% são mulheres – são 5 milhões e 700 mil. E delas, quase 4 milhões são pretas ou pardas. Ainda que em 2015 as empregadas domésticas tenham conquistado o respaldo legal para receber direitos que um trabalhador contratado sob o regime CLT já tinha há décadas, de cada 10 trabalhadoras, nem 3 são formalizadas. E diante do crescente número de diaristas, que hoje já são pouco mais de 40% das trabalhadoras domésticas brasileiras, o índice de informalidade tende a ser cada vez maior. Neste episódio do Elas com Elas, convidamos trabalhadoras domésticas e mulheres que pesquisam o tema sob diferentes recortes para nos ajudar a entender por que os serviços domésticos remunerados se configuram da forma como se configuram no Brasil e que impactos isso tem na vida das mulheres que atuam nesta área. Olhamos também para a forma como a pandemia de coronavírus provocou incômodos nos olhares para este trabalho e de que maneira as trabalhadoras domésticas foram impactadas pela conjuntura. O dado de que 3 milhões delas – daquele universo de 6 milhões – dependem ou dependeriam (se o tivessem conseguido) exclusivamente do auxílio emergencial para atravessar este período já dá uma pista.

Dec 09, 202002:10:36
#88 - Aprender a escutar

#88 - Aprender a escutar

Pode parecer um detalhe semântico, inclusive usamos as duas palavras como sinônimos em tantas situações. Mas o próprio dicionário sugere que pode ter uma nuance aí, ainda que o sinônimo valha, sim. Ouvir e escutar, você acha, são a mesma coisa? É que a definição de ouvir está focada na percepção do som, no uso do sentido audição. A definição de escutar está focada na consciência do que se está ouvindo, na atenção dada àquilo que se ouve. Eu fiquei pensando sobre essa diferença de palavras depois das entrevistas deste episódio, então nas perguntas eu escorrego as vezes e uso ouvir e escutar como a mesma coisa mesmo. E tudo bem se você continuar a usar os verbos como semelhantes. Mas aqui a conversa vai focar na escuta, no sentido da percepção de sentido, da atenção ao dito e ao não dito. Porque quando a gente realmente está envolvido na conversa, no encontro, tem disso, né? O silêncio também está incluído na escuta. A ideia deste episódio nasceu da recorrência de uma sugestão por aqui. Em várias entrevistas, muitas vezes, as mulheres que ouvimos, debatendo temas diversos, falam em escutar como forma de acolher. Como forma de se conectar. Como forma de entender a si e o outro. E aí fiquei encucada: será que dá para aprender a escutar? Isso se ensina? E como a gente aprende? Porque, convenhamos, não é missão fácil, né? Bom, eu listaria aqui a disponibilidade para se relacionar, o que inclui a disposição de ser vulnerável e de chegar aos encontros de peito aberto, como um bom ponto de partida – ainda que nada simples. Mas as mulheres que se sentam à mesa com a gente dão outras tantas pistas valiosas.

Dec 02, 202001:18:09
#87 - Representatividade na Política

#87 - Representatividade na Política

Não foi só o número de candidaturas registradas. Em 2020, o número de mulheres eleitas também cresceu. Os resultados finais ainda serão consolidados com o segundo turno para a prefeitura, mas os dados das câmaras municipais já indicam uma participação feminina, em média, além da cota de 30% reservada pelos partidos. Desde 2019, e portanto pela primeira vez nesta eleição, 30% dos fundos eleitoral e partidário também deveriam ser destinados às mulheres. Na propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão, o mesmo percentual de tempo deveria ser aplicado a elas e os partidos passaram a ser obrigados a fazer a divulgação das candidaturas femininas também. A lei contribuiu para transpor alguns dos obstáculos que as mulheres encontravam recorrentemente ao tentar participar do processo democrático partidário eleitoral. Mas há outros tantos elementos que ainda precisam ser vencidos. E que dificultam não só a candidatura e a eleição de mulheres, mas também a de outros grupos ainda sub-representados, como das pessoas negras, dos indígenas e da comunidade LGBTQIA+. Numa democracia representativa, quem nos representa? Há mais de 50% de brasileiras mulheres; há mais de 50% de brasileiros negros. No entanto, ainda que a eleição municipal de 2020 tenha feito história com a abertura de caminho para a representação de alguns grupos, ainda falta muito para a tal da equidade. Em especial em cargos executivos, para os quais os gargalos são ainda mais brutos. O que os dados do primeiro turno nos dizem é que pouco mais de 12% das prefeituras serão ocupadas por mulheres a partir de 2021, pouca mudança em relação a 2016, quando eram 11,5%. Olhando para o total de candidaturas, para prefeituras e para a vereança, a Justiça Eleitoral diz que as mulheres representaram 33,6% do total de 557.389 opções. Nos últimos três pleitos, o índice nunca tinha superado 32%. O Elas com Elas de hoje traz a representatividade na política para o debate e te convida a pensar quem você quer que te represente e como você gostaria de ser representada.

Nov 25, 202001:32:42
#86 - Afrofuturismo
Nov 18, 202001:11:33
#85 - Pessoas Desaparecidas

#85 - Pessoas Desaparecidas

79.275. Este foi o número de pessoas que desapareceram no Brasil em 2019. Os casos registrados, claro. O dado é do mais recente Anuário de Segurança Pública, feito pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Mas, como você vai ouvir neste episódio, também há desaparecimentos que não são registrados. Por desconhecimento. Pela falta de entendimento de que se trate de um desaparecimento. E até por barreiras encontradas ao tentar o apoio das autoridades. São pessoas de várias idades, com vários perfis e que somem por motivos diferentes. Violência, tráfico de pessoas, tráfico de órgãos, conflitos familiares, transtornos mentais são algumas das justificativas conhecidas para quando alguém desaparece. Mas independentemente do motivo, o impacto é semelhante. 79.275. É o número de famílias que, só em 2019, passaram a conviver com uma ausência. Um luto prolongado pela despedida não feita e pela incerteza do que aconteceu. Neste episódio do Elas com Elas, falamos sobre as pessoas desaparecidas no Brasil, tentando entender como isso afeta núcleos sociais e mostrando os vazios que existem sobre o tema: um vazio de política pública, um vazio de informação, um vazio de integração de dados, de buscas e de respostas.

E-mail de contato com o Plid (Programa de Localização e Identificação de Desaparecidos) do Ministério Público de São Paulo: desaparecidos@mpsp.mp.br

http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/plid

https://www.icrc.org/pt/pessoasdesaparecidas-brasil

www.cicv.org.br

www.caminhodevolta.fm.usp.br 

Nov 11, 202001:13:23
#84 - Violência sexual e cultura do estupro

#84 - Violência sexual e cultura do estupro

Aviso: as discussões deste episódio passam por situações de violência sexual que podem ser gatilho para algumas pessoas. Não há descrições de situações de violência, mas há questionamentos sobre a naturalização delas. E é justamente esta naturalização que está no centro do debate No Elas com Elas. Você consegue responder por que alguns crimes geram menos indignação do que outros? Nesta espécie de ranking social do intolerável, o estupro está longe do topo. Pelo contrário, ele está no rol de violências relativizadas, justificadas, toleradas, até. Quem estupra é sempre um outro distante, alguém que tem um desvio, um louco. Não tem a nada a ver comigo. Será? Se estamos todos imersos, desde pequenos, em uma cultura que suaviza a violação dos corpos das mulheres - de algumas mulheres até mais do que outras, que faz piada com o assédio, que ensina que homens e mulheres são diferentes nos direitos, será mesmo que podemos nos distanciar da violência? Tudo isso está nas conversas deste episódio. Você vai notar que a pergunta “o que é a cultura do estupro” aparece várias vezes nas entrevistas. As definições das mulheres que conversaram com o Elas com Elas são complementares e ajudam a definir o caldo cultural e social que faz com que a naturalização da violência sexual seja parte de quem somos coletivamente.

Nov 04, 202001:06:42
#83 - Vamos conversar sobre depressão?

#83 - Vamos conversar sobre depressão?

A vida virada de ponta cabeça. Mudanças bruscas, inesperadas e nem sempre desejadas. As consequências que vieram da pandemia fizeram aumentar o adoecimento mental da população mundial. Um estudo realizado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro e publicado na revista The Lancet mostrou um aumento de 90% nos casos de depressão entre os meses de março e abril deste ano. No mesmo período, o número de pessoas que relataram sintomas como crise de ansiedade e estresse agudo mais que dobrou. Neste episódio, vamos focar na depressão, que já era um problema de saúde pública no Brasil antes da pandemia de coronavírus. A Organização Mundial da Saúde aponta que o Brasil é o país mais deprimido da América Latina. Enquanto a média global é de 4,4% da população com depressão, aqui este índice chega a 5,8%. São mais de 12 milhões de pessoas doentes. O problema é subdiagnosticado e o tema ainda afasta as pessoas da busca por ajuda. O Elas com Elas de hoje explica o que é esta doença e discute como o atual momento pode amplificar as questões de saúde mental. Além disso, trazemos à mesa uma conversa sobre o papel do Sistema Único de Saúde na prevenção e no tratamento da depressão.

mapasaudemental.com.br
CVV - 188

Oct 28, 202001:05:33
#82 - Quando o hobby vira negócio

#82 - Quando o hobby vira negócio

Vou pedir licença pra começar com uma frase batidona. Mas é que você já deve ter ouvido isso por aí e ela tá no centro da nossa discussão de hoje: “trabalhe em algo que você realmente goste, e você nunca precisará trabalhar na vida”. Já ouviu? Bom, o que eu pergunto é: será mesmo? Quando um hobby vira um negócio, o prazer continua ali. Transformar uma atividade que pode ser quase terapêutica em uma obrigação, um compromisso, ainda que um compromisso motivador, muda o jeito de olhar para ela? O Sebrae tem até uma sessão de dicas para empreendedores que fazem essa virada: transformam hobby em negócios. E uma das primeiras pontuações é justamente pensar se a satisfação vai continuar te acompanhando quando seu hobby... bom, não for mais um hobby. É que, por definição, o hobby é uma atividade exercida exclusivamente por lazer, como passatempo. Mas tem bastante gente partindo dele para ganhar um dinheirinho. Dados também do Sebrae apontam que 48% dos microempreendedores individuais fizeram de seus hobbys um trabalho e atuam em casa mesmo. Neste episódio do Elas com Elas, a gente conversa com mulheres que trazem reflexões diversas para a mesa. Não só sobre quando o hobby vira negócio, mas também sobre as novas visões que passaram a ter sobre a vida pessoal e profissional a partir desta transformação. Além de saber se o trabalho continua mesmo sendo prazeroso por estar relacionado a um hobby, perguntei também a elas o que acontece com o lugar do prazer descompromissado. Elas desenvolveram um novo hobby depois disso? Vem com a gente!

Oct 21, 202058:57
#81 - O que é sucesso?

#81 - O que é sucesso?

Um resultado favorável, feliz. Um êxito. É assim que o dicionário define sucesso. Se você jogar no Google, ele vai atribuir o sentido a um contexto de negócios, de trabalho. Contemporâneo, ele, né? Alinhado ao nosso tempo. Porque é por aí mesmo que passa o ideal de sucesso de muita gente, pelo campo profissional. Mas sucesso é isso? Ou é só isso? Este episódio do Elas com Elas é um pouco diferente e traz várias mulheres à mesa, numa tentativa de construção coletiva. Além de pesquisadoras que podem nos ajudar com reflexões, convidamos mulheres – algumas da redação da BandNews FM e outras sem ligação com este trabalho – para responderem esta pergunta: o que é sucesso para você? E você, já pensou sobre isso? Qual é o sucesso que você almeja? Ou melhor, como é este sucesso? Na conversa, passamos pela construção individual, subjetiva, mas também pelas construções coletivas, sociais do conceito e do ideal de sucesso.

Oct 14, 202048:27
#80 - O Aborto no Brasil

#80 - O Aborto no Brasil

O aborto é a interrupção da gravidez. Pode ser espontâneo ou induzido. No Brasil, ele é permitido em caso de risco à vida da gestante, em caso de gravidez consequente de estupro e, por decisão do Supremo Tribunal Federal, em caso de anencefalia do feto. Mas mesmo as mulheres que buscam o apoio do sistema de saúde para procedimentos garantidos pela lei encontram dificuldades e obstáculos. Se não estava claro, ficou evidente no caso da criança de 10 anos, estuprada repetidamente por um familiar no Espírito Santo, que precisou ir a outro estado para conseguir interromper a gravidez, mesmo com as leis a seu favor. A menina voltou a ser alvo de violência na ocasião, por parte de ativistas que a expuseram e de ativistas que cercaram o hospital para tentar impedir o procedimento. Pois uma portaria do Ministério da Saúde publicada no dia 28 de setembro acrescenta mais entraves. O texto muda o procedimento a ser adotado por médicos e profissionais de saúde no atendimento de mulheres que queiram abortar depois de um estupro. A portaria determina que o serviço de saúde ofereça para que a gestante veja imagens do feto, em ultrassonografia, e demanda que a mulher responda um questionário sobre a violência sexual. Além disso, diz que a equipe médica também deve comunicar o caso à autoridade policial, independentemente da vontade da vítima. Este episódio do Elas com Elas fala sobre aborto e convida mulheres para nos ajudarem a pensar sobre os diferentes aspectos que este tema engloba. Uma vez que o Brasil é um país laico e assim são também nossas leis, argumentos religiosos, que num país laico têm o contorno do foro íntimo e pessoal, ainda que digam de aspectos sociais, não estão na mesa.

Oct 07, 202001:43:47
#79 - Autossabotagem

#79 - Autossabotagem

Tem hora que as coisas não dão certo. A gente tenta, se esforça, mas acaba se debatendo com uns obstáculos que aparecem no caminho. Mas será que eles estão lá mesmo ou a gente, de alguma forma, tá criando desvios para o caminho ficar mais difícil? Claro que a gente faz sem perceber, ninguém passa o dia construindo muros para depois ter que pulá-los. Mas justamente por fazer sem perceber, as vezes é mais demorado o processo de entender que pode não ser tão difícil assim. A autossabotagem, esse processo que já faz não dar certo antes mesmo de começar, é nosso assunto neste episódio no Elas com Elas. Tentamos entender quando as dificuldades vêm da gente e quando estão ali mesmo. Além disso, olhamos mais uma vez para a questão de saúde mental. Notar quando a procrastinação, por exemplo, elemento que bate carteirinha no checklist da autossabotagem, é só procrastinação e quando ela dá sinais de algo mais profundo, é importante pra saber se é de autossabotagem mesmo que a gente tá falando. 

Sep 30, 202041:22
#78 - Prevenção ao Suicídio

#78 - Prevenção ao Suicídio

Dados da OMS, a Organização Mundial da Saúde, apontam que cerca de 800 mil pessoas tiram a própria vida todos os anos. Há registros de suicídio em todas as faixas etárias, mas entre jovens de 15 a 29 anos foi a segunda principal causa de morte em todo o mundo no ano de 2016. Em 2003, a Organização instituiu o dia 10 de setembro para ser o Dia Mundial da Prevenção do Suicídio e o mês passou a ser marcado por uma campanha de prevenção ao suicídio. Ainda que o assunto deva estar nas conversas o ano todo, o Setembro Amarelo reforça a importância da promoção da saúde mental. Este é o assunto deste episódio do Elas com Elas. Convidamos quatro profissionais à mesa para que a gente possa pensar como fatores individuais e fatores sociais podem contribuir para um adoecimento psíquico e como, ao mesmo tempo, o cuidado com eles pode levar à prevenção.

Se você estiver precisando de ajuda, o CVV, Centro de Valorização da Vida, atende todos os dias, a qualquer hora, de graça, pelo telefone 188. E aqui, abaixo, no link do Mapa da Saúde Mental, que também te lembra que você não está sozinho, você não está sozinha, há várias indicações e referências de atendimento psicológico virtual e presencial em diferentes regiões.

mapasaudemental.com.br
CVV - 188

Sep 23, 202001:04:31
#77 - A experiência do ócio

#77 - A experiência do ócio

Para tudo! Respira. Deixa de trabalhar por um momento e pensa o que você gostaria de fazer com um tempinho de folga, para onde a quietação te leva. Não, este episódio aqui não vai ser nenhum tipo de meditação guiada, nem nada assim... É só um convite a pensar no nosso jeito de estar no tempo, nos tempos, nos momentos. Como você se sente quando não faz nada? E há quanto tempo você não para pra isso mesmo, pra fazer nada? Eu não to falando de preguiça, nem de moleza, nem de falta de disposição, muito menos de empenho. Aliás, para uma experiência de ócio, talvez a gente precise estar empenhado. Empenhado em resistir a essa vozinha na nossa cabeça – e as vezes fora dela também - que fica berrando dizendo que não pode parar, tem que fazer muitas coisas, tem que ser produtivo, tem que entregar, entregar, entregar. Sempre pra fora. Mas é pra dentro que essa experiência pode te levar. Já deu pra entender que este episódio do Elas com Elas vem fazer uma ode. Ao ócio, claro. Que tal uma conversa que talvez nos motive a acessar nossa subjetividade? Bora? Dá o play!

Sep 16, 202043:14
#76 - Sexo na Quarentena

#76 - Sexo na Quarentena

Teve gente que passou a chamar de carentena. É que a distância imposta pela disseminação do coronavírus deixou os encontros mais difíceis e, por consequência, o sexo também. Haja saudade dos afetos, das trocas, da proximidade. Não pode abraçar, não pode beijar, não pode chegar perto, não pode tirar a máscara... as restrições que vieram com a pandemia impuseram obstáculos ao sexo para quem tem parceiros ou parceiras casuais. E para quem tem companheiros e companheiras na mesma casa o sexo também pode ter mudado. Enquanto teve gente que viu a libido chegar ao ápice, teve gente que perdeu o tesão e não quis mesmo saber de sexo. Cada pessoa uma pessoa. E as reações a tanta incerteza, angústia, tristeza, medo e à lista de conflitos internos e externos que têm nos acompanhado neste momento é múltipla e diversa. No episódio de hoje do Elas com Elas, tem uma conversa sobre como andam as relações na quarentena. Na mesa com a apresentadora Gabriela Mayer, a psicóloga e sexóloga Ana Canosa, e a ginecologista Dúnia Valle, autora do canal @ventre.vivo no Instagram.

Sep 09, 202050:44
#75 - Os Nossos Lutos

#75 - Os Nossos Lutos

Não são números. Cada um dos centenas de milhares de mortos pelo coronavírus no Brasil têm uma história, uma trajetória, uma vida inteira. E deixam para trás famílias, núcleos de amigos, de vizinhos, de colegas de trabalho. As pessoas que ficam sofrem, se enlutam. E considerando quantas pessoas são impactadas por cada morte – os especialistas dizem que pode chegar a 10, os enlutados no Brasil estão na casa do milhão. Estamos lidando com estas perdas coletiva e individualmente. E quando digo coletivo não quero dizer que da mesma maneira. Aliás, nem pelas mesmas pessoas. Ou coisas. Porque os lutos se estendem aos processos, aos vínculos, às dinâmicas sociais, aos empregos, aos projetos, às relações que também terminaram, mudaram, se encerraram. Cada perda, uma elaboração. Neste episódio do Elas com Elas, a gente mergulha neste processo que é difícil, sim, mas talvez fique menos difícil se a gente falar sobre ele.

Sep 02, 202001:21:40
#74 - A pandemia nas prisões

#74 - A pandemia nas prisões

Se a prevenção ao coronavírus já é difícil para quem tem condições de ficar protegido, de adotar medidas de isolamento, de seguir protocolos de limpeza e higiene, imagine para quem não tem. Temos olhado para várias destas populações aqui no Elas com Elas, destacando os impactos de cada das vulnerabilidades. Neste episódio, olhamos para as penitenciárias, para a situação das mulheres com restrição de liberdade. O último Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias, o Infopen, divulgado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, mostrou que o país tem cerca de 43 mil mulheres atrás das grades. Os dados foram divulgados em 2018, então podemos considerar que já cresceu. As recorrentes violações dentro das prisões, que passam por ausência de condições sanitárias adequadas, já eram um problema antes da pandemia, que ganhou novos contornos com a chegada do vírus. Em março, o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) aprovou uma resolução com recomendações para a redução da população carcerária na tentativa de conter a disseminação do vírus no sistema prisional do país. Pouco antes, organizações de direitos humanos tinham entrado com liminar no Supremo Tribunal Federal para que medidas alternativas fossem tomadas no sentido de prevenir a exposição de presos ao vírus para a proteção da população carcerária. O ministro Marco Aurélio Mello chegou a sugerir medidas preventivas como a liberdade condicional para presos com idade igual ou superior a 60 anos; o regime domiciliar para presos entre os grupos de risco; regime domiciliar para gestantes e lactantes; regime domiciliar para presos que cometeram crimes sem violência ou grave ameaça; substituição da prisão provisória por medidas alternativas para delitos praticados sem violência ou grave ameaça. Mas plenário do STF rejeitou as medidas emergenciais sugeridas pelo ministro e a maioria da corte seguiu voto do ministro Alexandre de Moraes, que destacava que as recomendações do CNJ já eram suficientes. Neste episódio, o Elas com Elas traz um pouco de como tem sido o enfrentamento à pandemia nas penitenciárias femininas.

Aug 26, 202046:45
#73 - A população refugiada na pandemia

#73 - A população refugiada na pandemia

Não vamos nos ater só ao juridiquês, mas olhar também para as leis vai ser importante neste episódio. Vamos falar sobre a população refugiada, um status específico dentro do tema da migração. No Brasil, o refúgio como mecanismo legal é regido pela lei 9.474 de 1997. E podem ser considerados refugiados todos que saem de seus países de origem devido a “fundados temores de perseguição por motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas imputadas, ou devido a uma situação de grave e generalizada violação de direitos humanos.” Por que é importante saber isso? Porque nem todo migrante é refugiado e isso traz algumas diferenças jurídicas. Por exemplo, o processo de reconhecimento deste status. Todos os pedidos de refúgio no Brasil são analisados e decididos pelo Conare, o Comitê Nacional para os Refugiados, um órgão vinculado ao Ministério da Justiça. A composição do comitê é múltipla. Têm assentos integrantes de diversos ministérios e de organizações da sociedade civil que trabalham diretamente com a proteção aos refugiados. Mas nem todos que participam têm direito a voto, ainda que tenham direito a voz. É o caso do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) e da Defensoria Pública da União (DPU). Dados de junho do Conare mostram que hoje o Brasil tem cerca de 43 mil estrangeiros com a condição de refúgio, a maioria venezuelanos. O número não chega a 0,5% da população de quase 210 milhões de habitantes do Brasil, apesar de argumentos não baseados em evidências que acusam um tsunami de refugiados de chegar ao país. Neste episódio, vamos trazer conversas que nos ajudam a entender melhor o que é o refúgio, como a chegada de estrangeiros contribui no desenvolvimento do país e que nos apontam como a pandemia impactou a população refugiada.

Contatos Conare: (61) 2025-9225 e o e-mail conare@mj.gov.br

Cartilha para Solicitantes de Refúgio: https://www.acnur.org/fileadmin/Documentos/portugues/Publicacoes/2014/Cartilha_para_solicitantes_de_refugio_no_Brasil.pdf?view=1

Aug 19, 202002:16:23
#72 - Quem cuida de quem cuida?

#72 - Quem cuida de quem cuida?

Vamos ao dicionário: cuidado. Melhor economizar definições, porque o vocábulo toma meia página. Mas vamos a algumas delas. Em que houve aprimoramento, aplicação na execução, bem-feito; comportamento vigilante, precavido, inquietação, preocupação; zelo, desvelo que se dedica a alguém ou algo; encargo, incumbência, responsabilidade; lida, trabalho, ocupação. Agora, pega tudo isso e mistura bem misturado. O zelo não tira a preocupação; a responsabilidade demanda vigilância; a dedicação não tira o tom de encargo. E é por isso que o cuidado, por mais que seja cheio de amor, que seja com a mais bela intenção de afeto, dá uma cansada... Uma vez ouvi uma especialista apontava como o cuidado nos é ensinado. E explicava que o cuidado tem três esferas principais: cuidar de si, cuidar do outro e cuidar do ambiente em que se está. Na fala, ela chamava atenção para o fato de que aos meninos não é ensinada nenhuma dessas dimensões, enquanto as meninas aprendem a olhar para as três desde muito cedo. Claro que isso tem efeitos. O cuidado é visto, muito frequentemente, como incumbência das mulheres. E não é visto como um trabalho ou, quando é, é um trabalho desvalorizado. A italiana Silvia Federici, filósofa, escritora, é alguém que traz essa pauta com força. Nos anos setenta, a autora impulsionou uma campanha por remuneração pelo trabalho doméstico. Em seus livros e em suas participações por seminários mundo afora, ela chama atenção para esse trabalho invisível e não remunerado que é fundamental para o desenvolvimento do sistema em que a gente vive, o capitalismo. Nas relações, o trabalho de cuidar de si, do outro e do ambiente fica nas costas das mulheres. Uma frase de Silvia Federici se espalhou nas ruas, talvez você já tenha visto ou ouvido, e resume bem: o que eles chamam de amor, ela diz, é trabalho não pago. E trabalho cansa, né, gente? Esgota. Exaure o corpo e a mente. Mesmo que a gente goste do trabalho, se ele é infinito, sem apoio e com acúmulo de funções, não há energia que baste. E aí? Como a gente cuida de quem cuida? Claro que o autocuidado é peça-chave. Aliás, a escritora caribenha-americana Audre Lorde dizia que cuidar de si não é autoindulgência, é autopreservação, um ato de luta política. E não é do autocuidado dos comerciais que ela fala, não, é de uma estratégia ampla e profunda de bem-estar. Fundamental. Mas será que alguém mais pode se dispor a cuidar de quem cuida? Vamos entrar nessa conversa neste episódio do Elas com Elas.

[Relatório “Sem Parar – O trabalho e a vida das Mulheres na Pandemia”, feito pela Gênero e Número e pela Sempreviva Organização Feminista -
http://mulheresnapandemia.sof.org.br/]

[Produção, apresentação, edição: Gabriela Mayer; Sonorização: José Antônio de Araújo]

Aug 12, 202001:02:48
#71 - Cultura do Cancelamento

#71 - Cultura do Cancelamento

Chegou o dia em que o dicionário, que tanto amamos e a que eu tanto recorremos, não vai dar conta de nos ajudar. Não é que a palavra não exista, mas os dicionários não estão modernizados o suficiente para dar conta do sentido de que vamos tratar neste episódio. Até dá para deduzir, mas não dá para captar as nuances. Nosso assunto é o cancelamento. Um tipo de cancelar que os frequentadores menos usuais das redes sociais talvez nem saibam o que significa. Neste mundo virtual, não são serviços ou compromissos os cancelados, são pessoas. É uma espécie de boicote, de empurrão ao ostracismo de alguém que o tribunal das redes considerou que pisou na bola. O cancelamento tem sido prática recorrente e tem nos trazido algumas questões sobre diálogo, sobre erros e acertos, sobre construções sociais. Tudo isso está na nesta mesa, em que a apresentadora Gabriela Mayer recebe Ayô Marques, socióloga, e Júlia Tolezano, a youtuber JoutJout.

Aug 05, 202053:17
#70 - Nossos Passos Vêm de Longe

#70 - Nossos Passos Vêm de Longe

Você já ouviu falar em Maria Firmina dos Reis? Ela é considerada a primeira romancista brasileira. Publicou Úrsula, romance abolicionista, inusual nas estantes do país, até mesmo nas dos leitores mais vorazes. Filha de uma mulher negra alforriada, e de um homem branco que não a reconheceu como filha, nasceu em São Luís, no Maranhão, em 1822. Teve uma trajetória atravessada pela educação e era uma escritora atuante, com publicações em jornais locais. Foi só em 1960 que Maria Firmina teve sua obra reconhecida. Ainda hoje, não é figura frequente nos livros, como outras mulheres e outros homens que ficaram em uma gaveta da história não aberta pela maior parte da população. Na escola, a história que aprendemos costuma girar em torno de uma narrativa única, que parte de premissas brancas e europeias para explicar o mundo. Aqui no Brasil, silenciamos parte relevante da nossa formação como país e como população. Se bobear, sabemos mais sobre a Europa do que sobre o Brasil mesmo. E o que conhecemos da construção nacional vem de fontes repetidas, de perspectivas semelhantes. Uma lei, de 2003, a de número 10.639 estabeleceu a obrigatoriedade do ensino de história da África e das culturas africana e afro-brasileira e de história indígena no currículo da educação básica, mas ainda há muito a se avançar. Frequentemente, nos esquecemos que os passos dessas populações também vêm de longe e, portanto, deixamos de lado, outras facetas da história. Neste episódio do Elas com Elas, a apresentadora Gabriela Mayer conversa com a professora da UFF, a Universidade Federal Fluminense, Ynaê Lopes do Santos, para nos ajudar a lembrar o que estamos perdendo e como isso nos empobrece como país.

Jul 29, 202042:32
#69 - A pandemia e os povos indígenas

#69 - A pandemia e os povos indígenas

No momento da gravação deste episódio, o cacique Aritana Yawalapiti, liderança do Alto Xingu, está internado em estado grave em uma unidade de terapia intensiva do Mato Grosso. Aos 71 anos, ele contraiu a covid-19 e foi levado às pressas a um hospital de Canarana, a 838 quilômetros de Cuiabá, depois do agravamento dos sintomas respiratórios. Como ele, outras referências indígenas, de várias etnias, se contaminaram com o coronavírus. Alguns sobreviveram, outros não. Também no dia da gravação deste episódio, foi confirmada a morte por covid-19 do cacique Domingos Venite, de 68 anos, da aldeia Sapukai, em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro. Junto com as vidas destas lideranças, são perdidos conhecimentos específicos e ancestrais concentrados nestas figuras, que são uma espécie de guardiões dos saberes. São livros vivos.

Em março, o Ministério da Saúde, por meio da Secretaria Especial de Saúde Indígena, a Sesai, apresentou medidas para ajudar a prevenir o contágio. 12 documentos foram elaborados com informações e orientações e destinados aos 34 Distritos Especiais de Saúde Indígena responsáveis pelo atendimento a quase 800 mil indígenas aldeados em todo o Brasil. Os indígenas que vivem nas cidades não são considerados nos dados e nas diretrizes da Sesai. E mesmo os protocolos específicos não foram suficientes.

Dados da APIB, a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, mostram 137 povos afetados pela pandemia até agora. Os casos confirmados de contaminação passam de 16.800. Destes casos, ainda segundo a APIB, mais de 12.000 infecções ocorreram em territórios indígenas. E 544 mortes foram registradas nas populações indígenas. As regiões do Alto Solimões e do Alto Rio Negro são as mais afetadas. Neste episódio do Elas com Elas, vamos entrar um pouco nos impactos da pandemia de coronavírus entre a população indígena, olhando para as questões sanitárias, mas também para os aspectos e movimentos sociais e culturais. Vamos falar sobre essas figuras que são depositórios de conhecimento e vamos passar também por uma questão apontada durante as entrevistas pelas mulheres com quem conversamos: o aumento da presença de grupos evangelizadores cristãos nos territórios indígenas em meio à pandemia. 

Jul 22, 202001:17:51
#68 - Vidas Negras na Pandemia

#68 - Vidas Negras na Pandemia

O Elas com Elas já trouxe para a mesa conversas sobre como a pandemia desvela desigualdades vividas pelo Brasil. E hoje voltamos ao tema com enfoque nas desigualdades raciais. Dizer que Vidas Negras Importam não é só um reforço contra a violência policial, mas é um lembrete de que há existências negadas, há vidas menos valorizadas. E numa sobreposição de crises como a que vivemos - uma crise sanitária, humanitária, econômica, política – isso fica gritante. Na cidade de São Paulo, a chance de sobreviver ao contrair a COVID-19 é três vezes maior em um bairro rico do que em um bairro periférico. E os moradores dessas periferias são, na maioria, pretos e pardos. Mas não é só no acesso à saúde que essa violência se evidencia e nas conversas de hoje vamos partir da pandemia e avançar, falar sobre como o racismo estrutura caminhos possíveis e caminhos impossíveis e de que forma isso se mostra agora. Repetimos, nas entrevistas, uma mesma pergunta: os momentos de crise evidenciam as desigualdades que já vivemos?

Jul 15, 202037:13
#67 - Uma conversa sobre a branquitude, com Lia Vainer Schucman

#67 - Uma conversa sobre a branquitude, com Lia Vainer Schucman

Não consigo respirar. O último apelo de George Floyd antes de ser morto por um policial nos Estados Unidos entrou na casa de cada pessoa que assistiu à cena do agente branco ajoelhado no pescoço do homem negro por oito minutos. A falta de ar, sintoma que assustou agora o mundo inteiro por causa de um vírus, já fazia parte da vida de milhões de pessoas que são tratadas de forma diferente por causa da cor da pele. O racismo entra na vida de todos nós, mas no caso das pessoas que não são brancas, ele pode terminar em morte. Enfatizar que Vidas Negras Importam é lembrar que as violências são cotidianas. Não tem a ver apenas com a segurança pública, com a polícia, mas com uma constante e enfática negação de direitos em tantas áreas.

Os protestos, as manifestações virtuais que nasceram depois deste assassinato nos Estados Unidos ganharam força também no Brasil e parecem, desta vez, ter chamado atenção de mais brancos. Uma palavra ganhou força: o antirracismo. Ainda com confusão de significados, ainda com usos retóricos, mas acendeu uma luz a quem de fato tem a intenção de construir igualdade. Mas toda vez que trazemos o tema pra pauta, pensamos na população não-branca, discutimos o que é ser negro, o que é ser indígena... E é importante que assim seja. Mas também é importante que não seja só assim. Para uma construção antirracista, é urgente que pensemos sobre o que é ser branco. O que significa a branquitude. O que o espelho diz a nós, brancos, quando olhamos para ele. Este episódio do Elas com Elas propõe uma conversa sobre a branquitude e para isso convidou uma pesquisadora fundamental do tema para nos ajudar a entender, a psicóloga social Lia Vainer Schucman, professora da Universidade Federal de Santa Catarina.

Jul 08, 202036:44
#66 - Divórcio

#66 - Divórcio

Um divórcio para cada três casamentos. Estes são os números brasileiros, segundo o IBGE. Em 2018, foram 385.246 divórcios registrados no país – a maioria, mais de 306 mil, concluídos por via judicial. Vale mencionar que divórcios e casamentos têm feito curvas contrárias no gráfico: enquanto a quantidade de uniões diminuiu 2,3% entre 2016 e 2017, a taxa de separações aumentou 8,3% no mesmo período. Divórcio é uma realidade recente, foi legalizado em 1977 no Brasil. Antes disso, havia o desquite, que acabava com os deveres conjugais e terminava com a sociedade conjugal, permitindo a divisão de bens, mas ninguém do casal poderia recomeçar ao lado de outra pessoa formalmente. Foram várias etapas até que a indissolubilidade do casamento, que chegou a ser preceito constitucional, ficasse para trás. E o que vem depois da separação? Hoje, superadas as dificuldades legais, como ficam os obstáculos culturais, sociais, emocionais? Este episódio está à moda antiga, com as convidadas reunidas na mesa; foi gravado antes da pandemia e só iria ao ar depois que atravessássemos este período. Mas diante do crescimento dos rompimentos na quarentena, resolvemos trazer a conversa agora mesmo. A plataforma Divórcio Consensual, que une advogados a pessoas que querem terminar a relação, aponta crescimento de 30% nas solicitações entre março e maio na comparação com o trimestre anterior. O Google também registrou um boom em pesquisas do tipo: “como dar entrada em um divórcio”. Vamos falar sobre isso no Elas com Elas de hoje, que recebe a advogada especialista em direito de família Charmila Rodrigues, a executiva de RH Patrícia Santos, fundadora da EmpregueAfro, e a psicanalista Belinda Mandelbaum, professora de psicologia social da USP e coordenadora do Laboratório da Família, Relações de Gênero e Sexualidade.

Jul 02, 202001:04:13
#65 - Diversidade Sexual

#65 - Diversidade Sexual

Junho é o mês do orgulho LGBTQI+. Em 28 de junho de 1969, a truculência das batidas policiais recorrentes ao Stonewall Inn, bar em Nova York que era ponto de encontro da comunidade LGBT, encontrou forte resistência. Um grupo de pessoas reuniu-se ao redor do bar para impedir que a polícia levasse os detidos. E a resposta policial foi mais repressão. O evento foi o estopim para uma série de manifestações de luta pela liberdade que ocorreram nos dias seguintes. Um ano depois, 1970, os Estados Unidos sediaram, no próprio 28 de junho, a primeira parada formal, previamente organizada, do orgulho LGBT. Apesar de trazermos esse tema mais uma vez à mesa agora, vale dizer que toda hora é hora para falar de diversidade sexual. Aliás, se o calendário for pautar o debate, tem datas o ano inteiro a serem lembradas: 29 de agosto, por exemplo, é Dia Nacional da Visibilidade Lésbica, 23 de setembro, da Visibilidade Bissexual, 31 de março, da Visibilidade Trans...

A luta pela visibilidade guia os debates, que ainda precisam falar recorrentemente de violência e da falta de acesso efetivo a direitos. O Elas com Elas traz hoje à mesa três mulheres para nos ajudarem a pensar sobre a diversidade sexual e a luz que se joga sobre ela hoje no Brasil. Nossa ideia não é, de nenhuma maneira, esgotar o tema, nem mesmo as letras da sigla. Mas abrir uma porta para o reconhecimento das tantas lutas e das tantas histórias que os rótulos que atribuímos ao mundo escondem.

Jun 24, 202001:06:25
#64 - Reconhecendo privilégios

#64 - Reconhecendo privilégios

Não precisava de pandemia para saber o quanto é desigual a nossa sociedade. Mas os tempos correntes estapearam as desigualdades na nossa cara. Ficaram claríssimas! O sétimo lugar de país mais desigual do mundo que o Brasil ocupa, levando em consideração os parâmetros do coeficiente de gini, que mede desigualdade e distribuição de renda, ganhou concretude: na forma de acesso, de proteção, de escolha. Acesso porque as estatísticas deixaram claro que o vírus não escolhe destino, mas um tratamento de qualidade faz diferença na sobrevida – em capitais como São Paulo, os bairros ricos registraram os maiores números de casos; e alguns bairros pobres, com índices muito menores, se igualaram em mortes. Proteção porque nem mesmo a casa virou lugar de segurança quando a medida fundamental é o isolamento e tem muita gente que não pode se isolar da família com quem divide um único cômodo ou uma casa pequena. Escolha porque enquanto nós, da classe média, decidimos ficar em casa – e foi uma escolha acertada, muita gente não teve essa opção: ou os patrões não liberaram, ou a necessidade de colocar comida na mesa falou mais alto. E aí voltamos a discutir o que já estava na pauta de uma bolha: os nossos privilégios. Reconhecê-los ficou mais fácil desde o início da pandemia e é sobre isso que falamos hoje no Elas com Elas.

Jun 17, 202047:22
#63 - Impacto financeiro da pandemia nas mulheres

#63 - Impacto financeiro da pandemia nas mulheres

A “Síntese de Indicadores Sociais 2019”, do IBGE, apontou que as mulheres estão desocupadas em maior proporção, têm menores rendimentos e estão mais sujeitas à informalidade que os homens. Em 2018, de acordo com o levantamento, enquanto a taxa de participação dos homens no mercado de trabalho foi de 72%, a das mulheres foi de 52,9%. Apesar de terem uma formação educacional melhor, maiores índices de conclusão do ensino superior, elas enfrentam barreiras para acessar o mercado formal. O acúmulo de funções, a sobrecarga social e a discriminação são alguns deles. Em um momento em que quem está na informalidade sente com mais peso os impactos do mundo virando de ponta cabeça, as mulheres também carregam mais essa nas costas. Neste episódio do Elas com Elas, falamos sobre o impacto financeira da pandemia na vida de mulheres. Você vai ouvir três entrevistas: a primeira com uma economista que traça um panorama da vida financeira das mulheres; a segunda, com uma trabalhadora informal, mãe solo, que está penando para colocar comida na mesa; e por fim a conversa com uma empreendedora que emprega outras tantas mulheres no negócio dela formalmente e está se reinventando para fechar as contas e manter a equipe.

Jun 10, 202046:06
#62 - Mulheres na ciência: medicamentos e vacinas

#62 - Mulheres na ciência: medicamentos e vacinas

Mais uma vez o Elas com Elas convida a ciência para chegar mais perto. Neste episódio com o objetivo de entender o caminho de desenvolvimento dos medicamentos e das vacinas, tão ansiados por nós todos neste momento. A elaboração e o desenvolvimento de tratamentos, para os quais antes só olhávamos de esguelha, agora acompanhamos mais de perto, tentando conhecer etapas, saber detalhes dos testes, entender como tudo isso pode ser acelerado. O Elas com Elas propõe conhecer um pouco mais os ritos científicos. Primeiro, numa conversa sobre a ciência e sobre os medicamentos, para que fique claro as etapas que talvez estejamos querendo saltar em meio à pandemia. Depois, uma entrevista sobre as vacinas, para entender como elas são desenvolvidas e como elas atuam como fator de proteção social. Em comum, as duas conversas nos mostram os caminhos para o desenvolvimento científico, para a evolução das abordagens da saúde e para a cooperação entre a ciência e todas as áreas que a aplicam.

Jun 03, 202045:28
#61 - A pandemia e as mulheres da periferia

#61 - A pandemia e as mulheres da periferia

Mais de 13 milhões de pessoas vivem abaixo da linha da pobreza no Brasil. Isso significa dizer que elas sobrevivem com uma renda média de até R$ 420 mensais. Abaixo da linha da pobreza estão também 63% das casas comandadas por mulheres negras com filhos de até 14 anos. E a pandemia chega de forma diferente à vida delas. Uma das entrevistadas de hoje do Elas com Elas disse bem: não estamos todos no mesmo barco. Podemos até estar no mesmo mar, mas uns cruzam a tempestade de iate e outros agarrados a um tronco. No episódio de hoje, conversamos com mulheres de regiões periféricas do Brasil para entender como as mudanças provocadas pelo coronavírus têm afetado a vida delas. O que mudou na rotina, nos planos, quais são as novas preocupações e como elas têm atravessado este momento.

May 27, 202033:52
#60 - Mulheres em Tempos de Pandemia
May 20, 202057:51
#59 - Mulheres na linha de frente da saúde

#59 - Mulheres na linha de frente da saúde

Linha de frente. Quantas vezes você já ouviu essa expressão desde que a pandemia começou? Temos usado para falar de quem está exposto, à frente dos esforços para o combate ao coronavírus, gente que está trabalhando diretamente com a pandemia. De vários jeitos: na saúde, na imprensa, na segurança pública, na higiene e na limpeza. Quando falamos de linha de frente, estamos falando de muita gente. E neste episódio nós vamos conhecer a história de algumas mulheres que puxam o carro nestes trabalhos - mas focamos na área da saúde. É que as mulheres compõem 70% do quadro de profissionais da saúde. Se olharmos para auxiliares e técnicos de enfermagem no Brasil, o número sobe para 84,7%, segundo o Perfil da Enfermagem no Brasil, feito pelo Conselho Federal de Enfermagem e pela Fiocruz. Um trabalho de cuidar dos outros que normalmente já não é fácil, mas agora, no meio de uma epidemia, ganha contornos que evidenciam a relevância, a potência e também as fragilidades destas profissionais. Não bastasse cuidar de tanta gente, ainda têm que cuidar de si mesmas. Na Itália, uma média de 10% dos infectados pelo coronavírus ao longo da duração da pandemia é de profissionais da saúde. Neste episódio, vamos conhecer um pouco da rotina, do trabalho e da vida de algumas destas brasileiras. Dividimos as conversas em quatro: na primeira, uma enfermeira que atua diretamente com os pacientes da COVID-19 no sul do país; depois, uma médica de Minas Gerais que trabalha em uma unidade de saúde e no centro de COVID montado na capital, Belo Horizonte – ela conta o que mudou nas duas frentes; a terceira conversa é com uma fisioterapeuta que está preparando a equipe para receber pacientes como coronavírus em Sergipe, um estado com um número ainda baixo de casos; e a última parte do episódio trazer uma conversa com uma gestora, secretária de saúde de um município no interior do Ceará, que nos ajuda a enxergar os desafios da reorganização de um sistema de saúde e das dinâmicas de assistência para responder a uma emergência. 

May 13, 202001:07:11
#58 - A bioética e a difícil escolha de priorizar pacientes

#58 - A bioética e a difícil escolha de priorizar pacientes

Quando as notícias que vinham da Itália começaram a se espalhar, nos assustamos. Ouvíamos as histórias dos idosos que eram preteridos na hora de definir quem receberia o único respirador disponível, ou até aqueles que abriam mão de receber o recurso quando havia um paciente mais jovem também em estado grave. Como determinar prioridades nesta hora? Uma discussão antes técnica, da qual não fazíamos questão de participar, bateu à nossa porta, afinal, também queríamos saber como se decide quem vive e quem morre, como tanta gente passou a dizer. São decisões complexas, que levam em conta critérios técnicos, e que deveriam estar norteadas em diretrizes definidas antes mesmo que as escolhas precisem ser feitas. No Brasil, o primeiro protocolo nacional nasceu há pouco, depois de muita expectativa da comunidade dos profissionais de saúde, que ainda não tinha um direcionamento unificado em meio à pandemia do coronavírus. Neste episódio do Elas com Elas, falamos sobre a bioética, que joga luz sobre essas escolhas, e explica como elas são aplicadas. Para dar os devidos créditos e aproveitar para te fazer uma sugestão de outra escuta que vale a pena, foi no podcast Finitude, da jornalista Juliana Dantas, programa que fala sobre terminalidade, luto, saúde e tantos outros temas urgentes, que conhecemos as duas entrevistadas que você ouve aqui. Elas participaram do episódio As Escolhas de Sofia, discutindo estas questões que trazemos à mesa do Elas com Elas. Na primeira parte, um panorama teórico para entendermos que área é essa e onde estamos pisando. Na segunda parte, a aplicação desta teoria.

May 06, 202051:23
#57 - Mulheres na Ciência: História das Epidemias

#57 - Mulheres na Ciência: História das Epidemias

Se você tem menos de 100 anos, provavelmente está vivendo uma situação inédita. Mas se de repente tem vivências centenárias para compartilhar, se lembra daquele fim de Primeira Guerra Mundial: como se já não bastasse um conflito planetário, um inimigo invisível também deixou combatentes pelo caminho. A gripe espanhola teve a primeira onda em 1918 e tem sido muito comparada à pandemia de coronavírus que vivemos agora. Naquela época, o vírus também atravessou continentes, circulou pelo mundo, fez casos leves, médios e graves; deixou muitas vítimas. Também se falava em ficar em casa, não com essa intensidade, mas evitar as aglomerações era recomendação da mesma forma que agora. Neste episódio do Elas com Elas, vamos mergulhar brevemente na história da medicina, para lembrar outras pandemias ou epidemias que passaram pelo nosso caminho. Na primeira parte do episódio, uma conversa especificamente sobre a gripe espanhola - de repente podemos aprender algo com ela. Na segunda parte, um olhar mais abrangente para a história das doenças, lembrando outros microorganismos que impactaram a humanidade.

Apr 28, 202037:35
Elas com Elas #56 - Violência doméstica na quarentena

Elas com Elas #56 - Violência doméstica na quarentena

A ONU fez um alerta: a violência doméstica contra mulheres e meninas é uma pandemia mais antiga do que a que vivemos hoje, de coronavirus. E que se agrava em um contexto de distanciamento ou isolamento social. Em um artigo, a diretora-executiva da ONU Mulheres, Phumzile Mlambo-Ngcuka, escreveu: “O confinamento está promovendo tensão e tem criado pressão pelas preocupações com segurança, saúde e dinheiro. E está aumentando o isolamento das mulheres com parceiros violentos, separando-as das pessoas e dos recursos que podem melhor ajudá-las.” Dados das linhas de denúncia, dos abrigos e dos mecanismos de segurança e proteção às mulheres sugerem um crescimento dos casos de violência contra mulheres em diferentes países, inclusive aqui no Brasil. Mas o silêncio, em tantos casos, também nos diz muito. Confinamento significa mais vigilância de parceiros ou familiares abusivos e mais riscos para mulheres e meninas que precisem de ajuda. As respostas ainda não estão bem contornadas e, ainda que os mecanismos convencionais de proteção e acolhimento de mulheres vítimas de violência continuem funcionando, eles não captam nuances da violência que estão se desenhando em um contexto de sobreposição de tensões.

Este episódio está dividido em três partes. Na primeira, você vai ouvir uma conversa com uma promotora que trabalha no enfrentamento à violência contra a mulher e realizou um levantamento para tentar quantificar o crescimento da violência doméstica durante a quarentena no estado de São Paulo. Na segunda parte, a comandante da guarda civil metropolitana de são Paulo, que fiscaliza o cumprimento de medidas protetivas e faz atendimentos de mulheres que pedem ajuda, relata com tem sido o trabalho neste período de isolamento social. E a terceira parte traz uma conversa com uma socióloga que nos ajuda a olhar além das estatísticas. Como podemos avançar nas reflexões para construir caminhos efetivos de proteção, em que nenhuma mulher e nenhuma menina fique para trás?

Cartilha Namoro Legal, do Ministério Público, que ajuda a identificar relacionamentos abusivos: http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/Cartilhas/NamoroLegal.pdf

Artigo da socióloga Wania Pasinato, a terceira entrevistada do episódio, em que ela pondera sobre a forma como devemos encarar os números para que eles sejam mais do que um apanhado de algarismos: https://boletimluanova.org/2020/04/20/pandemia-violencia-contra-as-mulheres-e-a-ameaca-que-vem-dos-numeros/

Central de Atendimento à Mulher - Ligue 180; Polícia Militar - 190.

Apr 21, 202048:42
Elas com Elas #55 - Mulheres cientistas: genética e coronavírus

Elas com Elas #55 - Mulheres cientistas: genética e coronavírus

A pandemia de coronavírus veio para mudar muita coisa e para nos lembrar de outras tantas: uma delas é que a ciência, alvo de desmonte e de descrédito há até pouco tempo, é hoje nossa esperança. Torcemos para que pesquisadores e pesquisadoras do mundo todo nos ajudem a encontrar respostas e a prevenir futuros cenários semelhantes. O trabalho da ciência, que as vezes parece distante da gente, está do nosso lado, todos os dias, o tempo todo. O Elas com Elas quer aproveitar essa oportunidade para trazer a ciência para perto e para colocar nos holofotes mais mulheres cientistas. Neste episódio, vamos conhecer duas delas. Com um trabalho que envolve a genética, elas têm contribuído para o combate do coronavírus. A apresentadora Gabriela Mayer conversa com Jaqueline Goes, virologista, uma das pesquisadoras que mapeou o genoma do coronavírus no Brasil em menos de 48 horas; e Ana Tereza Ribeiro de Vasconcelos, coordenadora do Laboratório de Bioinformática que fica dentro do Laboratório Nacional de Computação (LNCC), em Petrópolis, no Rio de Janeiro.

Apr 14, 202039:12
Elas com Elas #54 – Solidariedade

Elas com Elas #54 – Solidariedade

Recadinhos no elevador, aulas online gratuitas, compras para o vizinho, redes de doações... muita gente tem buscado maneiras de contribuir para um momento em que a angústia, a ansiedade e incerteza têm feito parte do dia a dia. A solidariedade tem nos lembrado do que é estar juntos, por mais que necessitemos estar fisicamente separados. E é ela que vem para a mesa deste episódio do Elas com Elas, em que mulheres diversas contam que tipo de ajuda têm buscado, oferecido ou visto. Também participa a psicóloga Laís Nicolodi, entrevistada pela apresentadora Gabriela Mayer.
Apr 07, 202043:49
Elas com Elas #53 – Regulação da saúde na pandemia

Elas com Elas #53 – Regulação da saúde na pandemia

Foram etapas. No dia 30 de janeiro, a Organização Mundial da Saúde declarou emergência de saúde pública internacional pelos casos de coronavírus no mundo. A COVID-19 foi identificada pela primeira vez em dezembro do ano passado, 2019, em Wuhan, na China. Conforme os casos se espalhavam, a OMS dava novas diretrizes, sugerindo medidas sanitárias e de controle epidemiológico. Em 11 de março, veio a declaração de que estávamos diante de uma pandemia – o que não mudou o entendimento da gravidade do vírus ou da capacidade de contaminação dele, mas mudou o entendimento da abrangência; o problema que começou local, na China, virou uma questão global, a ser resolvida em conjunto por todos os países. A pandemia nos impôs desafios diversos e há muita mulheres na linha de frente, pesquisando alternativas, trabalhando em soluções, propondo reflexões. Algumas delas vão passar pela mesa do Elas com Elas, começando pela conversa deste episódio, que coloca em pauta a regulação da saúde e o diálogo global sobre as questões de saúde pública. Não é a primeira e não será a última que organismos internacionais e países terão que trabalhar juntos para uma solução. A apresentadora Gabriela Mayer conversa com a professora da Faculdade de Saúde Pública da USP Deisy Ventura.
Mar 31, 202028:41
Elas com Elas #52 – Saúde mental no isolamento

Elas com Elas #52 – Saúde mental no isolamento

Não está fácil para ninguém. A falta de convivência ou a hiperconvivência fazem do necessário isolamento social em meio à pandemia do novo coronavírus um grande desafio. Quem está sozinho sente falta de ver gente. Quem está acompanhado sente falta de ficar sozinho de vez em quando. E quem não está isolado, pela necessidade de trabalhar, também se angustia. Neste episódio do Elas com Elas, a apresentadora Gabriela Mayer colheu depoimentos de mulheres para saber que estratégias elas têm usado para manter a saúde mental firme e forte e conversou com a psicanalista Vera Iaconelli, sobre os caminhos para passar por estes tempos inéditos e os aprendizados que podemos tentar tirar deles.
Mar 24, 202038:07
Elas com Elas #50 – A Leitura como Transformação

Elas com Elas #50 – A Leitura como Transformação

Começa cedo: a Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda a leitura para as crianças antes mesmo de elas nasceram, ainda na gestação. Mas não vamos muito bem como país: a média de livros lidos por ano, de acordo com a última edição da pesquisa Retratos da Leitura, do Instituto Pró-Livro, é de 2,43 – menos de três livros inteiros (os outros 2,53 que passam pelas mãos de brasileiros e brasileiras anualmente ficam pela metade, ou nem isso). O levantamento, de 2016, mostrou ainda que 44% da população brasileira não leem e 30% nunca compraram um livro. Os livros, no entanto, são ferramenta para muita gente que acredita que as histórias que eles contam podem mudar o mundo. Não precisa ser o mundo de uma vez. Mas pode ser a vida de uma pessoa, a minha, a sua. E, aos poucos, eles vão construindo conexões e vão abrindo caminhos. Algumas dessas pessoas estão neste episódio do Elas com Elas para falar sobre a leitura como um meio de transformação social. Na mesa com a apresentadora Gabriela Mayer, Janine Durand, articuladora do projeto Remissão em Rede; Mariane Oliveira, arte-educadora e criadora do Projeto Perifateca; Luciana Bernardo, diretora-executiva da Associação Viva e Deixe Viver.
Mar 10, 202001:02:21
Elas com Elas #49 – A Hora de Desistir

Elas com Elas #49 – A Hora de Desistir

Desistir é verbo de possibilidades: pode ser intransitivo – eu desisti e basta; ou pode ser transitivo indireto – quem desiste, desiste de alguma coisa. Você já desistiu? Do que você desistiu? De um trabalho? De um projeto? De uma ideia? De um relacionamento? Desistir é abrir mão voluntariamente. Desistir é não prosseguir. Desistir é renunciar. Desistir também é se abster. Mas quem hoje se abstém? Estamos em tempos de opiniões, de posicionamentos, de respostas mais do que de perguntas. Quem hoje abre mão de um intento? Estamos em tempos de resiliência, de persistência, de foco, força e fé. Como é que se desiste no meio disso? Parece ruim... parece fraqueza. E se a gente desistir, a gente vai colocar na rede social? O que vão dizer se eu mudar de ideia? Colocamos na desistência uma âncora, mas ela pode ser boia. Renunciar pode ser salvação, pode ser fortaleza, pode ser sabedoria, pode ser coragem, pode ser respeito e autocuidado. Vamos falar sobre desistir? Vem com a gente pro Elas com Elas de hoje, com uma mesa maravilhosa, em que a apresentadora Gabriela Mayer recebe a fundadora do YOUPIX, Bia Granja; a jornalista e empreendedora Cris Guterres; e a psicóloga Lígia Civile.
Mar 03, 202059:33
Elas com Elas #48 – Assédio no trabalho

Elas com Elas #48 – Assédio no trabalho

Em 2017, o Instituto Datafolha foi conversar com as mulheres para falar sobre assédio. Perguntou a elas se já tinham vivido violências desse tipo e em que situações. 42% das brasileiras com 16 anos ou mais disseram já terem sido assediadas. E aqui vamos fazer um recorte sobre o tema deste episódio, o trabalho. Na pesquisa, 15% delas disseram ter sofrido assédio no ambiente de trabalho, incluindo aí também agressões verbais e físicas. Entre as mulheres com curso superior, este índice cresce para 23%. Constrangimentos, pressões exageradas, palavras ou toques violentos, investidas sexuais... a lista de possibilidades é longa e, neste episódio do Elas com Elas, vamos passar por elas para entender como assédio aparece no ambiente de trabalho – os sutis e os escancarados, todos igualmente violentos e abusivos. Para essa conversa, a apresentadora Gabriela Mayer conversa com a advogada trabalhista Cláudia Securato; a gerente de comunicação, inteligência de mercado e marketing da consultoria de recrutamento Talenses, Carla Fava; e a fundadora da B-Have, Erika Linhares.
Feb 22, 202001:01:44
Elas com Elas #47 – Gordofobia

Elas com Elas #47 – Gordofobia

A gordofobia não atinge só as mulheres, mas o preconceito e o controle do corpo alheio ainda é mais ostensivo e massacrante contra elas. Somos uma sociedade autoritária e gordofóbica: gordofóbica porque a expressão do preconceito contra pessoas gordas aparece sutil ou escancaradamente, no dito e no não-dito. Autoritária porque nos sentimos autorizados a controlar o corpo do outro. O mundo estabeleceu uma linha de corte e essa linha de corte é medida em quê? Quilos? Centímetros? É uma linha de corte que se reflete na forma como nos relacionamos, na forma como contratamos pessoas, na forma como consumimos, na forma como olhamos uns para os outros, na forma como nos expomos nas redes sociais. Vem com a gente para o Elas com Elas de hoje, que volta a falar sobre o corpo para debater a gordofobia. Na mesa com a apresentadora Gabriela Mayer, estão a psicóloga Vanessa Tomasini; a jornalista Flávia Durante, criadora do Pop Plus; e a ativista Keit Lima, integrante da Educafro e da Marcha das Mulheres Negras.
Feb 19, 202001:03:25