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Jéssika de Oliveira: "O Clube de Leitura Preta potencializou a autoestima dos alunos"

Gama RevistaOct 15, 2023

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Luciana Paes: "A primeira coisa que se diz é que os homens são mais engraçados que as mulheres"

Luciana Paes: "A primeira coisa que se diz é que os homens são mais engraçados que as mulheres"

Se você segue Luciana Paes no Instagram sabe que ela tem a incrível capacidade de fazer rir com um único post sobre fatos cotidianos -- como a sua prática de hot yoga ou as infinitas obras do bairro paulistano em que ela morava, Pinheiros. Mas a atriz e comediante, entrevistada do novo episódio do Podcast da Semana, faz muito mas do que postagens geniais nas redes.

Aos 43 anos, ela tem em seu currículo inúmeras séries como "Notícias Populares" (2023), "Encantado's" (2022), "B.O" (2023) e "Férias Trocadas" (2024), além da participação em filmes e novelas como "Fina Estampa", da Globo, e "Sintonia da Necrópole" (2014), de Juliana Rojas. Em breve, Paes estreia na Star+ a série "Jogos Cruzados", dirigida por Pedro Amorim. E, ao longo do mês de agosto, uma nova temporada da peça "Portátil," da qual ela participa ao lado de Gregório Duvivier e grande elenco, estará no Teatro Adolpho Bloch, no Rio.

Na conversa com Gama, a atriz fala do desafio de fazer humor quando o mundo está acabando, dos comentários maldosos e julgamentos que ela ainda tem que enfrentar por ser uma comediante mulher e das crises e prazeres de sua profissão. "É o perigo da mulher engraçada. Socialmente foi dado aos homens um lugar de despudor. "Uma mulher engraçada é aterrorizante", diz.

Roteiro e apresentação: Luara Calvi Anic


May 26, 202433:02
Luciano Ramos: "A prática antirracista é necessária para a paternidade negra"

Luciano Ramos: "A prática antirracista é necessária para a paternidade negra"

Políticas públicas são fundamentais para que um homem negro consiga exercer sua paternidade. Para que essas políticas existam, é preciso de uma mentalidade antirracista, que entenda a importância de proteger e oferecer à comunidade negra acesso à saúde e à educação.

“Esse homem negro, quando protegido, consegue paternar. Quando ele está exposto, nas grandes periferias, está exposto também à morte, porque há uma necropolítica. Se ele não tem proteção do estado, ele não se sente protegido para cuidar”, afirma o historiador Luciano Ramos, estudioso da masculinidade e da paternidade negra. É ele o entrevistado deste episódio do Podcast da Semana.

Ramos coordenou um relatório produzido pelo Instituto Promundo que mostrou os desafios dos homens negros que são pais no Brasil hoje e entre os destaques está a ideia de que eles não são afetuosos. Hoje, Ramos tem viajado por vários estados brasileiros para visitar quilombos e aprender com a experiência nessas comunidades. Uma das conclusões, segundo ele, diz que quando o homem negro tem apoio, vive numa comunidade mais solidária, quando a provisão de recursos não é o único foco, a relação com os filhos muda pra muito melhor. Mas, numa sociedade racista, isso é muito, mas muito difícil.

Ao Podcast da Semana, Ramos falou sobre o desafio de explicar para uma criança o que é o racismo e dá dicas de como e quando fazê-lo, e afirma que há uma diferença geracional positiva sobre o papel e a presença do pai que é negro, hoje mais ligado aos cuidados dos filhos em muitas situações e cenários.

Roteiro e apresentação: Isabelle Moreira Lima

May 19, 202432:42
Felipe Fortes: "O abuso de telas é o grande tema da parentalidade contemporânea"

Felipe Fortes: "O abuso de telas é o grande tema da parentalidade contemporânea"

A vida digital dos adolescentes virou um assunto emergencial. Isso porque problemas de saúde mental como ansiedade e depressão estão cada vez mais comuns e presentes nas vidas dos jovens e são vistos por muitos especialistas como efeitos do uso do celular. O médico hebiatra, especialidade focada em adolescentes, Felipe Fortes afirma ao Podcast da Semana que vê esse como o grande desafio da parentalidade contemporânea.

“Telas é algo muito recente e esse é um dos grandes problemas também. Temos que trocar o pneu do carro com ele andando e principalmente depois do momento pandêmico. Fomos obrigados, para poder sobreviver, a mergulhar de cabeça dentro do mundo conectado”, disse em entrevista a Gama. “Demos o doce na boca da criança e agora temos que tirar. (…) E esse tem que ser um esforço coletivo, precisamos estar juntos enquanto sociedade: o poder público, escolas, ciência, big techs”, afirma o hebiatra.

Fortes, que há 22 anos se especializou na saúde do adolescente na Universidade do Estado do Rio de Janeiro, hoje faz parte do Núcleo de Estudos da Saúde do Adolescente da instituição e atende adolescentes em consultórios no Rio de Janeiro e em Porto Alegre, além de fazer vídeos para conscientizar pais e jovens sobre saúde física e mental nessa fase da vida. Em suas duas décadas como hebiatra, ele diz notar uma diferença no jeito que o adolescente se porta, hoje com muito mais dificuldade para se expressar e entender o que está acontecendo com ele mesmo, quase como se o raciocínio tivesse dificuldade de seguir.

Neste episódio, o entrevistado aponta caminhos e fala da importância de se aproximar dos filhos. Ele fala da importância de regular o uso do celular e das redes sociais pelos jovens e dá dicas de como fazê-lo.

Roteiro e apresentação: Isabelle Moreira Lima

May 12, 202439:19
Renata Silveira: “A pessoa nunca ouviu uma narração sua, mas só porque é mulher fala mal e abaixa o volume”

Renata Silveira: “A pessoa nunca ouviu uma narração sua, mas só porque é mulher fala mal e abaixa o volume”

Durante 40 anos, as mulheres não podiam jogar futebol, a prática foi proibida por um decreto assinado pelo então presidente Getúlio Vargas, em 1941. Se ser jogadora profissional era algo impensável, a carreira de narradora de futebol em uma grande emissora era algo impossível de acontecer.


Só em 2022, o Brasil presenciou a primeira mulher a narrar um jogo de futebol de Copa do Mundo na TV aberta. Era Renata Silveira, 34, entrevistada deste episódio do Podcast da Semana.


Ela, que irá narrar os jogos das Olimpíadas de Paris, não cobre apenas futebol, mas definitivamente é quando Silveira grita "gooool" que sua voz parece incomodar os ouvidos de quem não está acostumado com uma mulher ocupando esse posto.


Principalmente nas redes, a narradora precisa lidar com xingamentos e comentários maldosos que debocham de seu trabalho. "Às vezes, a pessoa nunca nem ouviu uma transmissão minha, nunca acompanhou um jogo, mas se é uma mulher que está narrando o cara troca de canal, fala mal, abaixa o volume", diz a Gama.


Ja seu filho, Bernardo, de dez anos, joga bola com amigas e amigos da escola e não vê problema em ter uma mãe trabalhando nessa área. Pelo contrário. "Para ele e para a geração dos amigos, é normal menina jogar bola, eles jogam com as meninas da turma dele no recreio da escola", diz a Gama.


Roteiro e apresentação: Luara Calvi Anic

May 05, 202426:52
Tatiana Roque: "O governo está emparedado, com restrições, mas a comunidade científica está precisando de alguns gestos a mais"

Tatiana Roque: "O governo está emparedado, com restrições, mas a comunidade científica está precisando de alguns gestos a mais"

A ciência no Brasil vive um momento desafiador. Além do negacionismo, que se revelou especialmente durante a pandemia da covid-19, a carreira de cientista enfrenta uma crise marcada por restrições orçamentárias e falta de estímulo à essa comunidade. O que, como consequência, compromete o seu avanço em diferentes frentes e também o desenvolvimento do país.

Neste episódio do Podcast da Semana, Tatiana Roque, professora titular do Instituto de Matemática da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e ex-secretária de Ciencia e Tecnologia da cidade do Rio de Janeiro trata desse momento.

A convidada é autora de "História da Matemática: uma visão crítica, desfazendo mitos e lendas" (Zahar, 2012), que foi um dos vencedores do Prêmio Jabuti 2013; e de "O Dia em que Voltamos de Marte: As relações entre ciência e política em quatro séculos de história" (Crítica, 2021), que foi finalista do Prêmio Jabuti 2022.

Na conversa com Gama, Roque fala dos desafios da ciência hoje e também das possibilidades de transformação da sociedade por meio da pesquisa e da tecnologia. "A ciência e a tecnologia tem um papel estratégico para um projeto de desenvolvimento do país", diz.

A professora também trata das críticas ao programa do Governo Federal apresentado recentemente e que pretende repatriar pesquisadores brasileiros que vivem e trabalham em outros países, uma resposta a chamada "fuga de cérebros", relacionada a falta de oportunidades e investimento em ciência do país. A maioria das críticas parte de profissionais da área e está relacionada ao fato desse programa não colaborar diretamente para melhorar os problemas que a pesquisa enfrenta hoje.

"Entendo perfeitamente todas as restrições, o governo está muito emparedado, tem uma série de restrições do Congresso, tem o arcabouço fiscal, mas eu acho que a gente está precisando de alguns gestos a mais para a comunidade científica, para as universidades", diz a Gama.

Roteiro e apresentação: Luara Calvi Anic

Apr 28, 202432:08
Ana Lima Cecilio: "É um momento muito rico para a poesia, eu consigo ver uma geração de poetas"

Ana Lima Cecilio: "É um momento muito rico para a poesia, eu consigo ver uma geração de poetas"

A curadora da 22ª edição da Flip, a Festa Literária Internacional de Paraty, Ana Lima Cecilio tem 20 anos de experiência no mercado editorial de ponta a ponta, de editora a livreira. Foi ela, por exemplo, quem trouxe a tetralogia italiana de Elena Ferrante ao Brasil, editou obras importantes de Balzac e selecionou os títulos a serem lidos pelos clubes de livros mais pops dos últimos tempos.

Mas, acima de tudo, Cecilio sempre foi uma grande leitora. Ainda muito pequena, na infância, descobriu o mundo dos livros ao ver os pais, médicos, usarem qualquer tempinho de folga para mergulhar na leitura. E foi assim, em casa, aos 11 anos, que se encantou de vez e totalmente pela poesia. Ela conta essa história na edição do Podcast da Semana desta semana em que o assunto é poesia.

"Eu tinha uns 11 anos, foi mais ou menos quando Leminski morreu, e eu me apaixonei de um jeito louco ao entender essa facilidade da poesia. A gente tem um preconceito de achar que a poesia são as redondilhas, os sonetos e aquela ordem trocada, que é difícil entender poesia, mas depois do modernismo brasileiro — e principalmente depois que você passa por essa geração da poesia marginal — a poesia é um estalo. A rima só vem confirmar uma coisa que você já estava vendo", afirma na conversa.

Conhecedora profunda da obra da Hilda Hilst, ela mostra entusiasmo pela poesia feita no Brasil hoje. "É um momento muito rico, eu consigo ver uma geração de poetas", afirma e cita nomes como Ana Martins Marques, Marília Garcia, Bruna Mitrano, Fabiano Calixto e Rodrigo Lobo Damasceno. Segundo a curadora, essa geração tem em comum uma visão para o cotidiano mas também consegue falar de grandes temas políticos.

Na entrevista, Cecilio fala ainda sobre a relação da poesia brasileira com a MPB, "Quando alguém fala para mim que não gosta de poesia, eu pergunto você não ouve Chico, Caetano?", diz —, sobre a ponte que pode fazer com o humor, e sobre como é uma boa porta de entrada para a literatura. "As pessoas têm um preconceito com poesia, é mais inalcançável que é muito difícil, mas ela é um bom começo para quem quer ler e não sabe por onde começar", afirma. "Procure esse poetas contemporâneos, são pessoas que vão te dar a mão."

Roteiro e apresentação: Isabelle Moreira Lima

Apr 21, 202440:01
Jerá Guarani: "Tem Guarani muito seguro de que tem que viver todos os dias como se fosse o último, com um agradecimento"

Jerá Guarani: "Tem Guarani muito seguro de que tem que viver todos os dias como se fosse o último, com um agradecimento"

Quando Jerá Guarani tinha onze anos ela não falava o português. Mas sua mãe a mandou para uma escola para que ela pudesse aprender se comunicar com as pessoas de fora da aldeia, com os não indígenas. Foi aí que começou uma trajetória que envolve uma relação também com os juruá -- os brancos, em Guarani -- além de seu povo. Por saber falar mais o português, ela se torna uma mediadora entre essas duas realidades. "Nasce também a necessidade de falar, de divulgar a cultura Guarani, as culturas indígenas e o modo de vida, [dizer] que é absolutamente possível, normal, saudável e necessário viver junto dentro da natureza", diz ao Podcast da Semana, da Gama.

Após ter se formado pedagoga pela Universidade de São Paulo (Usp), e trabalhado como professora e diretora da Escola Estadual Indígena Gwyra Pepó, Jerá voltou seus esforços especialmente para a sua aldeia. Aos 42 anos, ela se tornou uma liderança que tem uma presença importante na defesa dos direitos e da cultura de seu povo. Mas é especialmente uma voz ativa na sua aldeia, que fica na Terra Indígena Tenondé Porã, no extremo sul de São Paulo.

Esse trabalho inclui, por exemplo, a recuperação do trato com a terra e da alimentação tradicional. Jerá e membros de sua aldeira viajaram para diferentes partes da Argentina, Brasil e por outras aldeias Guarani para buscar sementes tradicionais e retomar essa relação com o que vem da terra. "O alimento tem que alimentar seu corpo e fortalecer o seu espírito, consequentemente vai trazer várias outras coisas boas para você. Como ser inteligente, ser generoso, ter capacidade para saber lidar em situações adversas. Comida com veneno, comida ruim, não vai fazer isso com com as pessoas", diz.

Ela também participou da implementação de uma liderança mais coletiva e feminina, o que, como afirma, melhorou significativamente a vida de mulheres e crianças e trouxe mais harmonia à aldeia. Em breve, Jerá deve lançar um livro pela editora Jorge Zahar.

Na conversa com Gama, a liderança fala de sua trajetória e dos valores e da cultura do seu povo.

Roteiro e apresentação: Luara Calvi Anic

Apr 14, 202434:39
André Alves: "É a insatisfação que nos move"

André Alves: "É a insatisfação que nos move"

Estar satisfeito com a vida, com o trabalho, com os relacionamentos é privilégio de poucos. Até porque, hoje é possível passar o dia se comparando com outras pessoas, rolar o feed do Instagram e do Tik Tok e achar que a vida, o corpo, a família do outro é mais interessante do que a nossa realidade.

Quando nos comparamos fica difícil encontrar a satisfação. Mas será que existe essa possibilidade? O psicanalista André Alves, entrevistado do novo episódio do Podcast da Semana acha que não. Pra ele, ninguém está 100% bem. "A satisfação e a insatisfação fazem parte de um jogo que é travado dentro de nós todos os dias", diz a Gama.

Alves é psicanalista, pesquisador e cofundador do Floatvibes — um instituto que faz pesquisa comportamental e cultural. É também coapresentador do "Vibes em Análise", podcast que faz uso da psicanálise para trazer reflexões sobre o estado atual do mundo, sobre os temas do nosso tempo. E também é coautor do livro "Vibes em Análise: psicanálise para escutar as vibrações da cultura contemporânea" (Editora Nacional, 2023).

Na conversa com Gama, o psicanalista trata do sentimento de satisfação em diferentes frentes da vida e discute até que ponto é saudável tê-lo como objetivo. "É a insatisfação que nos move. Atender questões que são colocadas dentro de nós ou que brotam dentro de nós é um dos desafios que a gente tem na vida", diz.

Roteiro e apresentação: Luara Calvi Anic

Apr 07, 202433:43
Luiza Villaméa: "A Torre foi o espaço prisional que mais abrigou presas políticas do Brasil"

Luiza Villaméa: "A Torre foi o espaço prisional que mais abrigou presas políticas do Brasil"

Entre 1969 e 1973, uma construção centenária conhecida como “a torre das donzelas” abrigou pelo menos 132 presas políticas da ditadura militar brasileira. A construção ficava no centro de São Paulo e, para lá, eram encaminhadas mulheres consideradas subversivas que em sua maioria tinham sobrevivido a terríveis torturas. Com idade entre 18 e 55 anos e vindas das mais diversas origens, de operárias a esposas de industriais, essas mulheres construíram uma comunidade com regras próprias que foram se desenhando ao longo dos meses.

Após uma extensa pesquisa documental e entrevistas a mais de cem fontes, a jornalista e escritora Luiza Villaméa contou a história do dia a dia desse cárcere, apresentando as personagens que ali passaram em seu livro “A Torre — O cotidiano de mulheres encarceradas pela ditadura” (Companhia das Letras, 2023). "A Torre foi o espaço prisional que mais abrigou presas políticas do Brasil", diz Villaméa em entrevista ao Podcast da Semana, da edição sobre 60 anos do Golpe Militar.

Entre as encarceradas da Torre, estava a ex-presidente Dilma Rousseff, então estudante de economia. De acordo com o livro, Rousseff foi responsável por muitos apelidos das detentas, algumas usam os apelidos até hoje, inclusive em seus emails.

Além de estudantes, havia professoras e muitas intelectuais no cárcere, algo que, segundo Villaméa, espelhava um pouco o que era a militância da época. “Não podia pensar muito que você era preso. Se pensasse e ajudasse alguém, você estaria lascado”, conta.

Nesta edição do Podcast da Semana, a autora conta algumas das histórias das presas e fala sobre como foi entrevistar (e reentrevistar) mais de cem pessoas que ajudaram a montar o quebra-cabeças que forma "A Torre". “Em algumas dessas entrevistas, houve momentos que foram de silêncio profundo”, afirma no Podcast da Semana.

Roteiro e apresentação: Isabelle Moreira Lima

Mar 31, 202437:26
Liliana Emparan: "O problema não é a separação, mas o que as pessoas dizem nesse momento"

Liliana Emparan: "O problema não é a separação, mas o que as pessoas dizem nesse momento"

Como reduzir o sofrimento de um fim de uma história de amor? Com toda a mágoa que envolve esse momento de um relacionamento, seja um casamento ou um namoro, não importa só o conteúdo do que se fala, mas a forma também. “O problema não é só a separação, mas o que as pessoas dizem nesses momentos de crise. Às vezes, elas se magoam profundamente, tiram assunto do baú, um conteúdo e de uma forma não cuidada. Isso pode magoar demais o outro, você mexe na ferida outro, que fica ali com uma ferida aberta”, afirma a psicanalista, doutora em psicologia clínica e coordenadora do projeto Ponte, de atendimento psicanalítico para imigrantes, Liliana Emparan.

Convidada do Podcast da Semana da edição sobre término e com 20 anos de experiência clínica com atendimento a casais, ela fala que a boa comunicação não pode ser subestimada em um relacionamento. Ao mesmo tempo, de acordo com ela, a principal queixa dos casais é justamente a comunicação, porque não se sentem ouvidos e reclamam cada vez mais da solidão.

"É um paradoxo: você está com alguém que você escolheu. Mas você se sente só. As pessoas têm falado muito sobre isso, cada um fica no computador, no laptop, no celular, reuniões intermináveis, trabalhos exaustivos, muita demanda das redes sociais e, às vezes, pouco contato. Isso provoca um estranhamento absurdo", afirma a Gama.

No episódio, Emparan fala sobre como a solidão tem levado mais e mais gente à terapia de casal, como se a solidão fosse até maior quando se está junto. A psicanalista comenta sobre o estigma em torno da terapia de casal, mas comenta também como a mediação pode ser fundamental para viver o luto em alguns casos e fala ainda sobre as diferentes fases do processo de uma separação.

Roteiro e apresentação: Isabelle Moreira Lima


Mar 24, 202432:06
Bruna Dantas Lobato: "A tradução de um livro é sempre um trabalho autoral"

Bruna Dantas Lobato: "A tradução de um livro é sempre um trabalho autoral"

Nascida em Natal, no Rio Grande do Norte, a escritora e tradutora Bruna Dantas Lobato, radicada nos EUA desde que terminou o ensino médio duas décadas atrás, sempre quis publicar livros nordestinos nos Estados Unidos. “Queria mostrar para os leitores da língua inglesa a variedade de vozes e de formas de viver das pessoas no Brasil, que não existe um só jeito de ser brasileiro”, afirma.

Foi daí que veio o desejo e o entusiasmo em traduzir “A Palavra que Resta” (Companhia das Letras, 2021), do cearense Stênio Gardel. O livro conta a história de Raimundo, que, nascido e criado na roça, decide aprender a ler e a escrever aos 71 anos para ler a carta de amor de Cícero, que guardou a vida inteira. Pelo livro, Lobato, a tradutora, e Gardel, o autor, ganharam o National Book Award de 2023 na categoria de Literatura Traduzida.

“O que eu queria era captar um jeito de falar do nordestino, um senso de humor, uma criatividade, uma forma de usar as palavras que enfatizam o sentido metafórico, é uma forma bem específica. E, em certo sentido, foi um desafio, porque me deu muito trabalho, mas foi um prazer imenso”, conta a Gama.

Tradutora de alguns dos mais relevantes autores brasileiros contemporâneos, Lobato fala ao Podcast da Semana sobre como a tradução é um processo que envolve autoria. “É sempre autoral, e isso de criar novos caminhos é a parte mais legal do que eu faço porque cada língua vai ter as suas próprias possibilidades”, diz na entrevista.

É dela a tradução para o inglês de “O Avesso da Pele” (Companhia das Letras, 2020), de Jeferson Tenório, que tem sido alvo de censura no Paraná e em Goiás. “Usar o conteúdo sexual como justificativa para censura é só uma desculpa para não prestar atenção no que o livro diz sobre a violência policial, sobre o racismo institucional, sobre racismo no sul do Brasil”, afirma.

Prestes a lançar seu primeiro romance nos EUA, “Blue Light Hours”, livro que ela mesma está traduzindo para lançar no Brasil pela Companhia das Letras, Lobato conta sua história e comenta o atual interesse pela literatura brasileira fora do Brasil, entre outros temas que envolvem o amor pelos livros.

Roteiro e apresentação: Isabelle Moreira Lima

Mar 17, 202436:52
Renata Ceribelli: "O prazer sempre foi proibido para a mulher"

Renata Ceribelli: "O prazer sempre foi proibido para a mulher"

Jornalista experiente com longa carreira na televisão, Renata Ceribelli resolveu mergulhar no prazer feminino. Depois de enfrentar resistência nas suas primeiras tentativas de levar o tema para a TV aberta, ela enfim conseguiu o feito com o podcast “Prazer, Renata", que comemora cem episódios e que virou quadro no “Fantástico”, na TV Globo. Agora, prestes a completar 60 anos, ela se prepara para uma nova temporada, que vai abordar o prazer 60+.

No tempo em que reuniu mulheres de diferentes gerações, históricos e profissões para realizar debates sobre a importância do prazer feminino, ela fez descobertas incríveis. Uma delas envolve o fato de a satisfação feminina ser uma espécie de proibidão histórico. "O prazer sempre foi proibido para a mulher. O clitóris, o órgão feminino que só existe para dar prazer para a mulher, sumiu dos livros de medicina. E, com esse órgão, o prazer que ela tem nos 30, ela vai poder ter lá nos 90", conta na entrevista ao Podcast da Semana da edição sobre tesão.

Na entrevista a Gama, Ceribelli falou sobre a verdadeira revolução que a masturbação durante a pandemia trouxe para a vida sexual das mulheres. Comentou sobre a importância do autoconhecimento, dos tabus que as mulheres enfrentam e sobre a sua própria relação com o tesão. “Pra você ter prazer na vida, tudo começa com tesão”, diz. Contou que em uma fase difícil da vida chegou a receber recomendação média para fazer o que dava prazer, para encontrar o prazer na vida.

Ao ser questionada sobre o que corta o tesão, ela citou a falta de afeto e a decepção. “A competição do homem com o poder feminino [corta o tesão], o tempo inteiro as relações estão muito competitivas. Se a mulher ganha um pouco mais, se ela aparece um pouco mais e o homem se sente menos, ele vai no ponto fraco da mulher, que é a autoestima dela”, afirma.

Roteiro e apresentação: Isabelle Moreira Lima

Mar 10, 202434:04
Alessandra Montagne: "Muita coisa deu errado antes de eu chegar até aqui"

Alessandra Montagne: "Muita coisa deu errado antes de eu chegar até aqui"

Antes de se tornar proprietária de dois restaurantes em Paris e ser convidada para comandar um dos restaurantes do Museu do Louvre, a chef brasileira teve enfrentou diversos obstáculos. Aos 22 anos, foi para Paris e deixoupra trás um passado de muita pobreza, um relacionamento abusivo e um filho de 3 ano. Muito jovem, conseguiu se manter fortalecida por um objetivo: construir um novo futuro pra ela e para os seus.

Hoje, aos 46, ela segue vivendo na capital francesa, agora na companhia dos dois filhos. É apadrinhada pelo grande chef francês Alain Ducasse, que foi justamente quem a convidou para esse projeto do Museu Louvre.

A trajetória gastronômica de Alessandra começa na pequena cidade de Poté, em Minas Gerais, em que ela vivia com os avós e onde aprendeu a cozinhar. Apesar de ter nascido na comunidade carioca do Vidigal, foi em Minas que ela cresceu.

Na França, Alessandra começa a cozinhar para os amigos o que aprendeu na roça. Se matricula em uma escola de gastronomia francesa, a Médéric (Mêdêrríc), e tenta voar solo. Abre um pequeno restaurante, o Tempero, que logo no primeiro dia rendeu filas na porta e seguiu cheio.

Seu segundo restaurante, Nosso, traz em suas receitas o que oferecem os produtores mais próximos, com ingredientes sazonais. Ela se interessa também por plantas e ervas medicinais,que fazem parte de sua memória de infância, e soma a isso novas combinações. Escuta esse nosso papo em que ela compartilha sua trajetória e ensinamentos.

Mar 03, 202429:47
Luciana Saddi, sobre álcool: “Procure saber quando você está realmente com vontade de beber”

Luciana Saddi, sobre álcool: “Procure saber quando você está realmente com vontade de beber”

Como é a sua relação com a bebida? Você pensa antes de beber, é uma escolha consciente ou um hábito que leva assim meio sem pensar?

Para a psicanalista Luciana Saddi, entrevistada deste episódio, para evitar diferentes problemas relacionados ao consumo de álcool é importante que investigar os motivos que nos levam a beber mais ou beber menos. Se a bebida entra mesmo num lugar recreativo, ou serve como uma maneira de lidar com outras questões internas.

Luciana Saddi é Psicanalista e escritora. Membro efetivo e docente da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo. Autora de "Educação para a Morte" (Patuá) e coautora dos livros "Alcoolismo" (Blucher)e "Maconha: os diversos aspectos, da história ao uso" (Blucher).

Na conversa com Gama ela lista algumas transformações no hábito como consumimos álcool desde a pandemia, comenta a substituição das bebidas por outras drogas recreativas e trás pontos a serem observados na maneira como bebemos.

Roteiro e apresentação: Luara Calvi Anic

Feb 25, 202425:42
Lucas Bulamah: "O desejo é uma fonte permanente de crise"

Lucas Bulamah: "O desejo é uma fonte permanente de crise"

Ainda que seja difícil definir o que é o ciúme — medo de perder quem se ama? Competição pelo tempo dele ou dela? Exigência de reciprocidade ou de exclusividade? — todo mundo já sentiu essa angústia ao menos uma vez na vida. É quase como se fosse impossível fugir dele. “Todos os relacionamentos têm um tanto de ciúme”, diz o psicanalista Lucas Bulamah, doutor em psicologia clínica pela USP, em entrevista ao Podcast da Semana, na edição sobre os ciúmes no relacionamento amoroso.

Na entrevista a Gama, Bulamah afirma que o ciúme é “um afeto inquietante, angustiante, aflitivo, que acomete uma pessoa em relação a uma figura digna de um relacionamento amoroso” e que funciona como um termo guarda-chuva para muitas situações, mas que sozinho “diz muito pouco”. “As pessoas dizem que são ciumentas em relação a alguém”, explica o autor de livros como que é autor de "Psicanálise e vida covidiana: Desamparo coletivo, experiência individual" (Blucher, 2021) e "O Self Anônimo: O sujeito winnicottiano e sua política" (Zagodoni, 2020), entre outros volumes.

O psicanalista vê que o ciúme pode ser destrutivo se a pessoa envolvida no relacionamento tem uma verve perversa ou dominadora, “mas também pode ter uma veia criativa no sentido sexual e estético, ou mesmo pensando numa amizade que possa ser ampliada criativamente”.

Na entrevista, Lucas Bulamah, que tem um canal no Youtube onde discute psicanálise e as diferentes formas de se relacionar, reflete sobre a popularização do modelo de relacionamento aberto e como esses formatos também não escapam do ciúmes e do medo da infidelidade. Ele cita casos históricos de trisais, como o formado pelos filósofos Nietzsche, Lou Salomé e Paul Rée. “As instituições que tendem a organizar o desejo sempre estão em crise porque o desejo é uma fonte permanente de crise”, afirma e lembra que às vezes há até um maior número de regras a serem seguidas nos formatos abertos.


Feb 18, 202430:32
Teresa Cristina: "O Carnaval renova as minhas energias para o ano inteiro"

Teresa Cristina: "O Carnaval renova as minhas energias para o ano inteiro"

Teresa Cristina comemora seus 25 anos de carreira como uma das vozes mais relevantes do samba hoje. Ela diz que se prepara para um Carnaval atípico, o primeiro em que não estará no Rio de Janeiro, mas em Recife e em Salvador, para onde leva o seu show “Pagode, Preta”, cujo repertório é de clássicos do gênero dos anos 1980 e 1990 e a banda que a acompanha é formada totalmente por mulheres. A cantora é a convidada do Podcast da Semana da edição sobre Carnaval.

No Rio, Teresa Cristina costuma sair pela Portela, sua escola de coração, mas também nos blocos de rua. “O Carnaval é um espetáculo que me dá força e renova as minhas energias para o ano inteiro”, afirma em entrevista a Gama. Neste ano, ela conta, buscará essa energia nessas outras cidades.

Ao Podcast da Semana, Teresa Cristina fala sobre a presença ainda reduzida de mulheres no samba. "O mundo do samba é verdadeiro, não se mascara. Sua única máscara é no carnaval e é uma fantasia. Então o machismo no samba não é colocado debaixo do tapete. Ele tá ali”, afirma. “As mulheres do samba precisam é de horas de voo, é de experiência.”

Ela conta ainda um pouco sobre a própria história. Na juventude, era fã de disco music e de heavy metal, apesar do pai ser ouvinte fiel de samba. Foi só na vida adulta que se aproximou desse gênero. “O samba é um amor verdadeiro. É nele que eu jogo as minhas frustrações, a minha alegria, toda a minha contestação de realidade, de política, os meus desamores, os meus encontros, as minhas realizações”, afirma na entrevista.

Roteiro e apresentação: Isabelle Moreira Lima

Feb 11, 202427:34
Mauricio Stycer: "Puxar assunto sobre novela sempre dá certo"

Mauricio Stycer: "Puxar assunto sobre novela sempre dá certo"

Um dos prinicipais autores da telenovela brasileira foi Gilberto Braga (1945-2021). De Odete Roitman, de "Vale-Tudo"(1988), a Julia, de "Dancing Days" (1978), ele criou personagens que estão na memória do brasileiro. Seja por terem assistido as novelas quando foram lançadas ou, mais recentemente, por meio dos canais de streaming. "Gilberto Braga se insere no momento mais glorioso da teledramaturgia brasileira, dos anos 1970 a 90. É quando a novela mais impacta a opinião pública", diz a Gama o jornalista Mauricio Stycer.

Stycer é colunista do jornal Folha de S. Paulo, onde escreve sobre televisão há mais de uma década. Ele acaba de lançar a biografia “Gilberto Braga, o Balzac da Globo” (Intrínseca, 2024) em coautoria com Artur Xexeo (1951-2021), que morreu antes de finalizar o livro. Após sua morte, o próprio Gilberto Braga pediu a Stycer que seguisse com a pesquisa. E assim foi. Três meses depois, no entanto, Braga veio a falecer. O jornalista se valeu do material deixado por Xexéo, além de novas entrevistas com diferentes fontes, documentos históricos e material pessoal de Braga para finalizar o trabalho. "Concluir o livro seria também uma forma de homenagear um jornalista que é uma referência para mim", escreve na introdução.

Neste episódio do Podcast da Semana, Stycer fala de Gilberto Braga, trazendo momentos gloriosos da telenovela brasileira, mas fala também sobre as transformações no mercado de entretenimento e na maneira com que o brasileiro consome as novelas hoje.

Roteiro e apresentação: Luara Calvi Anic

Feb 04, 202436:48
Gustavo Estanislau: "O bullying pode fazer com que a criança acredite que merece sofrer"

Gustavo Estanislau: "O bullying pode fazer com que a criança acredite que merece sofrer"

O bullying é uma situação de violência traumática e sistemática que gera estados de alerta nas crianças que são vítimas. Para evitar que se torne um problema grande, é importante estar atento ao comportamento da criança, se há sinais de mudança no seu jeito de se relacionar com os amigos e nos ambiente que frequenta, e manter diálogo com a escola.

“Uma comunidade escolar harmoniosa protege de situações de bullying e o diagnóstico precoce é sempre muito importante”, afirma o psiquiatra Gustavo Estanislau, especialista em Psiquiatria da Infância e da Adolescência pelo Hospital de Clínicas de Porto Alegre e doutorando em Psiquiatria pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). É ele o convidado do Podcast da Semana da edição de volta às aulas. "O bullying pode fazer com que a criança acredite que merece sofrer", afirma na entrevista.

A Gama, Estanislau, que é também pesquisador e membro associado do Instituto Ame sua Mente, de promoção de saúde mental, além de ter coescrito o livro “Dilemas na Educação — Novas gerações” (Autêntica, 2023), fala que aprender a pedir ajuda é também uma forma de se defender. No livro, o Brasil aparece como um dos países onde mais se pratica o bullying.

Há menos de um mês, tanto o bullying quanto o cyberbullying passaram a integrar o código penal, de acordo com lei sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O psiquiatra aponta a exaustão dos professores e o sucateamento do sistema de educação como alguns dos elementos que deixam o ambiente propício para esse tipo de violência no Brasil. Ele cita ainda a polarização do país.

Nesta edição do Podcast da Semana, o psiquiatra comenta como identificar o bullying e como intervir; qual é o papel da escola; que tipo de problemas essa experiência pode deixar para o futuro das criança que são vítimas; e ainda o que fazer se é o seu filho que pratica o bullying, entre outras questões.


Roteiro e apresentação: Isabelle Moreira Lima

Jan 28, 202433:12
Marcio Atalla: "Construir hábitos saudáveis requer paciência"

Marcio Atalla: "Construir hábitos saudáveis requer paciência"

Adotar hábitos saudáveis definitivamente não é tarefa fácil. Tanto que de, tempos em tempos, a gente volta a esse assunto, tenta de novo, e de novo. Mas talvez seja assim mesmo, um ajuste ali, outro aqui, até que de fato essas mudanças sejam incorporadas na nossa rotina.

Para falar deste tema, o convidado deste episódio é Márcio Atalla, professor de educação física com especialização em treinamento de alto rendimento e pós-graduação em Nutrição, pela Universidade de São Paulo (Usp). Como colunista da rádio CBN e do jornal O Globo, ele fala de atividade física, de sono, de como reprogramar hábitos É também ativo nas redes sociais, com mais 740 mil seguidores no Instagram.


Na conversa com Gama, Atalla, que se considera um especialista em qualidade de vida, dá dicas práticas para manter o corpo saudável, de como incorporar a atividade física à rotina.

Roteiro e apresentação: Luara Calvi Anic

Jan 27, 202431:44
Regina Rodrigues: “O aquecimento dos oceanos piora eventos climáticos extremos”

Regina Rodrigues: “O aquecimento dos oceanos piora eventos climáticos extremos”

O mar está quente como nunca. Esse aquecimento traz consequências desastrosas não apenas para a vida marinha, como para o planeta como um todo. Além de eventos como tempestades, ciclones e furacões, há ainda temperaturas mais altas, como as que estamos sentindo no país, uma seca mais severa em regiões como o nordeste brasileiro e, para o banhista, uma maior proliferação de doenças por meio da água do mar. "Cerca de 90% do calor em excesso da terra, consequência da emissão de carbono, é absorvido pelos oceanos", diz a oceanógrafa e professora da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Regina, R. Rodrigues, entrevistada do Podcast da Semana, da Gama.

A pesquisadora tem como principal área de atuação entender a variabilidade climática e eventos extremos, principalmente na América do Sul e Atlântico Sul. Em particular, sua pesquisa foca nos mecanismos físicos geradores de eventos extremos como secas, ondas de calor terrestres e marinhas. Ela tem dois pós-doutorados, pela Universidade de Washington e pela Universidade de São Paulo, na área de variabilidade climática e extremos e, atualmente, é editora da revista científica Nature Communications Earth & Environment.

Na conversa com Gama, Rodrigues diz que veremos as consequências desse aumento de temperatura por séculos ainda; e que os eventos climáticos extremos tendem a ficar piores. "Os extremos já estão acontecendo muito antes do que os cientistas esperavam", diz. As previsões são desastrosas, mas na conversa com Gama ela propõe caminhos de mudança.

Roteiro e apresentação: Luara Calvi Anic

Jan 21, 202435:32
Alê D'Agostino: "O drink de verão perfeito tem que ser leve, refrescante e ter pouco açúcar"

Alê D'Agostino: "O drink de verão perfeito tem que ser leve, refrescante e ter pouco açúcar"

Daiquiri, gin tônica, caipirinha: esses são os drinques clássicos que podem arrasar no seu verão. Mas tem muito mais que pode ser um aliado de quem quer se aproximar da coquetelaria: vermute, vinhos fortificados e frutas cítricas com gelo e água com gás. A dica é do bartender Alê D’Agostino, consultor de bares como o Guilhotina, em Pinheiros, e o Terraço Itália, no centro de São Paulo, além de ser o responsável pelas fórmulas dos coquetéis prontos APTK. É ele o convidado da edição sobre verão do Podcast da Semana.

“O drink de verão perfeito começa no ambiente, na piscina, na praia, ou mesmo na sua casa em algum ambiente em que você esteja à vontade e a fim de relaxar e se refrescar. Tem que ser uma bebida mais refrescante, mais leve, com pouco açúcar. A leveza está aí também, não só do álcool, mas da quantidade de açúcar”, afirma.

É por isso que D’Agostino, que apresenta o reality show "Shaking the Bar", do canal pago Sony, recomenda a diluição de destilados e outros em água com gás no lugar da água tônica, que virou uma preferência nacional, mas tem um teor maior de açúcar. Ele fala também sobre vermutes, vinhos fortificados e destilados a que não estamos tão habituados no Brasil como o rum, como uma opção para sair do comum. Ele pode ser servido apenas com uma fatia de limão e água com gás, sem ingredientes adocicados. Assim, fica mais leve.

O bartender chama atenção também para o uso de ultraprocessados na coquetelaria e para o fato de energéticos serem misturados ao álcool, algo que não é recomendado. E lembra do conselho mais importante para quem quer se dar bem com a coquetelaria no verão: beber muita água.

Jan 07, 202427:09
Marcela Ceribelli: “As mulheres não estão infelizes, elas estão exaustas"

Marcela Ceribelli: “As mulheres não estão infelizes, elas estão exaustas"

Quando Marcela Ceribelli começou a gravar seu podcast, o "Bom Dia, Obvious", em 2019, ela logo percebeu um padrão entre as mulheres que entrevista: todas se sentem exaustas. Considerando as diferentes realidades, ela constatou que as mulheres pareciam infelizes – e muitas delas estavam – mas grande parte tá precisando mesmo é de um bom descanso. "Não é que as mulheres estão infelizes, elas estão exaustas!", disse ao Podcast da Semana, da Gama.

Marcela Ceribelli é CEO e diretora criativa das plataformas Obvious e Chapadinhas de Endorfina. Ambas somam mais de 1,800 milhão de seguidores. A Obvios traz conteúdos que discutem a felicidade feminina, o que inclui o podcast "Bom dia, Obvious", que é sucesso de audiência. Já a Chapadinhas de Enforfina reúne temas relacionados ao corpo, a saúde, a tudo que a atividade física pode nos proporcionar.

Aos 34 anos, Ceribelli é também autora do livro "Aurora - O despertar da mulher exausta", lançado em 2022 pela editora Harper Collins. O livro se mantém entre os mais vendidos da Amazon na categoria Cultura Popular Política e Ciências Sociais e foi finalista do prêmio jabuti também na categoria ciências sociais.

No episódio, a gente fala de descanso, de cansaço, de ansiedade e do uso excessivo das redes. "Muitos dos conteúdos que a gente consome são responsáveis pela nossa infelicidade", diz a Gama. Marcella compartilha ainda o que tira de lição ao entrevistas especialistas mulheres para o "Bom dia, Obvious".

Roteiro e apresentação: Luara Calvi Anic

Dec 17, 202333:18
Daniela Cachich: "Tenha claro aonde você quer chegar na carreira"

Daniela Cachich: "Tenha claro aonde você quer chegar na carreira"

Daniela Cachich ocupa um cargo de alta executiva. Ela já passou por grandes empresas como a IBM, a Unilever, onde permaneceu por dez anos, e a Heineken, na qual também ocupou o cargo de vice-presidente de marketing.
Aos 50 anos, hoje ela é presidente de uma das divisões de negócios da Ambev focada no futuro do mercado de bebidas alcoólicas para além da cerveja.
Por sua trajetória profissional, a paulistana se tornou uma inspiração para profissionais que almejam alcançar altos cargos, especialmente as mulheres — já que esse tipo de posição ainda é mais ocupado por gestores homens.
Cachich participou do lançamento de campanhas como a da Dove pela “Real Beleza” no Brasil, que trabalhou com questões como autoestima das mulheres em relação à aparência, e a Doritos Rainbow, que lançou ações em apoio ao público LGBTQI+ e, neste episódio, fala sobre como marcas podem trazer esse tipo de debate.
E traz também caminhos para fazer escolhas conscientes na carreira, para conciliar a maternidade com crescimento profissional e dá dicas para quem busca um pouco mais de propósito no trabalho.


Dec 16, 202335:17
Aline Donati: "Não existe tratamento novo melhor que os antigos para calvície"

Aline Donati: "Não existe tratamento novo melhor que os antigos para calvície"

A calvície, como é popularmente conhecida a alopécia androgenética, é o principal destino dos investimentos para pesquisa em cabelos. No entanto, os tratamentos mais eficazes são os antigos, utilizados desde as décadas de 1980 e 1990, os bloqueadores de hormônio masculinos e alguns engrossadores de fios. Quem fala sobre isso tudo ao Podcast da Semana da edição sobre cabelos é a médica dermatologista Aline Donati, coordenadora do curso de Tricologia no Hospital do Servidor Público Municipal de São Paulo.

A calvície é uma condição hormonal e genética que atinge homens no mundo inteiro há séculos, com registros desde o Império Romano. E se as pesquisas de tratamento não descobriram tantas novidades ultimamente, vivemos uma revolução no que diz respeito ao transplante capilar. "Estamos no melhor país do mundo para fazer transplante capilar", afirma Donati ao podcast.

Neste episódio, você fica sabendo mais sobre as causas e o tratamento para a calvície, o que é eficaz de fato e o que o mercado vende como salvação mas que não surte efeito algum para essa condição.

Roteiro e apresentação: Isabelle Moreira Lima

Dec 03, 202334:39
Astrid Fontenelle: "O Brasil precisa se emocionar com histórias de amor"

Astrid Fontenelle: "O Brasil precisa se emocionar com histórias de amor"


"Chegadas e Partidas", programa que já conta com dez temporadas exibidas no canal de TV paga GNT, acaba de estrear na TV aberta, como quadro do Fantástico, na Globo. Pela primeira vez, também vai trazer histórias da rodoviária, além daquelas colhidas em aeroportos.

Sob o comando da jornalista e apresentadora Astrid Fontenelle, entrevistada deste episódio, essa nova temporada acompanha personagens das salas de embarque e desembarque do país.

Conhecer as histórias que Astrid Fontenelle e sua equipe são capazes de encontrar na correria do embarque e do desembarque, é algo que emociona não apenas a quem assiste, mas à própria Astrid. Na conversa com Gama, ela revela que é capaz de chorar na gravação, na primeira vez que o programa é exibido e também nas reprises. Ela conta ainda como o programa é feito e fala das suas experiências pessoais de chegadas e partidas.

A produção, captação, edição e direção dessa nova temporada são da equipe do Fantástico. Os cinco episódios vão ao ar no programa aos domingos, a partir de 26 de novembro. E no GNT, às quintas-feiras, a partir do dia 30, às 23h, em uma versão mais extensa.

Roteiro e apresentação: Luara Calvi Anic

Nov 26, 202329:13
Bruna Beber: "Nunca vivi um momento tão bom da poesia para as mulheres"

Bruna Beber: "Nunca vivi um momento tão bom da poesia para as mulheres"

É notável o número de mulheres poetas brasileiras que participam da Festa Literária Internacional de Paraty neste ano. Entre elas, está a fluminense Bruna Beber, que afirma que este é um dos melhores momentos para as poetas no país. "Vejo muitas mulhres publicando e traduzindo poesia, muitos eventos voltados para a poesia, saraus, leituras, nunca vivemos um momento tão profícuo de circulação da palavra poética, escrita e falanda por mulheres", afirma a convidada desta edição do Podcast da Semana sobre literatura.

Beber, que é também tradutora e letrista, lançou neste ano "Veludo Rouco", pela Companhia da Letras, e "Sal de Fruta", que reúne 15 crônicas sobre frutas, pelo Círculo de Poemas, fala da proximidade da crônica com a poesia e da poesia com a vida cotidiana. "Estamos versando cada vez mais sobre o que está muito próximo, de dentro da vida. Ainda falamos de amor e morte porque a vida é a principal matéria, mas existe o banal, que está tão dentro da vida quanto o amor e a morte. Tudo se mescla e dá essa falsa impressão de simplicidade, de algo mais pueril, mais coloquial", afirma sobre o tom aparentemente trivial da poesia contemporânea.

Ao Podcast da Semana, a poeta conta sobre seu processo de escrita e reescrita, de como grava e ouve a própria voz para encontrar o ritmo certo. Vem do ouvido bem treinado pela proximidade com o samba a vontade de ouvir o que escreve. Já para compor letras, ela criou um jeito próprio de "desenhar" a música e assim encontrar a métrica certa. É dela a letra de "Que Estrago", do álbum "Letrux em Noite de Climão" (2017).

Radicada em São Paulo desde 2007, lançou seu primeiro livro, "A Fila Sem Fim dos Demônios Descontentes" (Ed. 7Letras) um ano antes. Como tradutora, é responsável pela edição de "Hamelet", de Shakespeare, para a editora Ubu, bem como a série de clássicos infantis "Dr. Seuss", pela Companhia das Letrinhas. Na entrevista a Gama, Beber também fala sobre sua experiência em tradução e como encontra o momento certo para "aparecer" e para "sumir" nesses textos.

Roteiro e apresentação: Isabelle Moreira Lima

Nov 19, 202331:37
Fê Lopes: "É preciso não colocar a criança de escudo na briga que é dos adultos"

Fê Lopes: "É preciso não colocar a criança de escudo na briga que é dos adultos"

É possível ter uma separação verdadeiramente amigável? Quando se tem filhos no meio de uma crise conjugal, há uma preocupação a mais, que é a do sofrimento das crianças e dos adolescentes. Como fazer com que eles sofram menos com o fim do casamento dos pais? Para a psicóloga e psicanalista Fê Lopes, não se deve “blindar” as crianças, mas considerar a sua importância e o seu bem-estar antes de agir.

“É preciso evitar usar as crianças como moeda da disputa, da raiva, do ódio, ou vamos ter a criança em uma situação muito ruim. Uma briga atravessa e afeta diretamente a criança. De que jeito eu cuido para que essa briga dos adultos não use as crianças como munição ou escudo?”, afirma no Podcast da Semana. “Não dá pra blindar as crianças 100% de tudo. O que temos que assegurar é que as brigas, por exemplo, não têm a ver com elas.”

Lopes, que é psicóloga clínica, psicanalista com formação em psicanálise da parentalidade e da perinatalidade pelo Instituto Gerar, e em psicologia e relações étnico-raciais no Instituto Amma Psique e Negritude, afirma que o diálogo é central para chegar à situação mais confortável para todos. Ela lembra que, muitas vezes, o divórcio vai apresentar um estreitamento de relação inédito entre criança e cuidador, nos casos de guarda e visitação compartilhada, especialmente no caso em que um dos dois cuidadores principais é mais presente que o outro. Isso, ela diz, nem sempre vai ser bom para a criança, que pode estar mais interessada em mudar o mínimo possível de sua vida e sua rotina. A psicóloga também lembra que um complicador da separação são as regras diferentes nas duas casas dos cuidadores, se um restringe telas e o outro libera completamente, por exemplo.

A psicóloga comenta ainda os casos em que duas pessoas insistem em manter a relação, ainda que não exista mais vontade de continuar, para não "traumatizar" os filhos. "Manter uma relação por causa do seu filho é dar um peso nas costas da criança que não é dela. Ficar junto ou separado não é da responsabilidade da criança, mas da competência dos adultos", afirma na entrevista do podcast que está disponível em todas as plataformas de áudio.

Roteiro e apresentação: Isabelle Moreira Lima

Nov 12, 202335:49
Helena Rizzo: "Como as pessoas constroem a tua imagem diz mais respeito a elas do que a ti"

Helena Rizzo: "Como as pessoas constroem a tua imagem diz mais respeito a elas do que a ti"

Aos 44 anos, a gaúcha Helena Rizzo é uma das chefs mais celebradas do Brasil, que se tornou ainda mais conhecida fora do mundo da gastronomia ao tornar-se jurada do programa "Masterchef", que vai ao ar para todo Brasil na TV aberta. Com essa nova experiência, veio um novo público e muitas ideias sobre quem ela é, que nem sempre estão de acordo com a maneira como ela se vê. "Como as pessoas constroem a tua imagem diz mais respeito a elas do que a ti", ela declara na entrevista ao Podcast da Semana sobre imagem pública.

“Eu não me preocupo com a imagem, mas com o meu pensamento e em como praticá-lo. Hoje em dia, com esse excesso de informação, o pensamento muitas vezes não é teu, são fluxos de pensamento”, afirma a chef do estrelado Maní e sócia dos descolados Manioca e Padoca do Maní.
Chef estabelecida na alta gastronomia e com experiência de quase 30 anos na cozinha profissional, ela foi modelo por três anos no começo da vida adulta. Essa experiência, embora tenha sido rápida, foi marcante e ficou na cabeça de muita gente, o que já gerou problemas para ela, como comentários sobre sua beleza em detrimento de sua capacidade como cozinheira. "[Quando comecei] Eu não queria ser rotulada como chef-modelo. Tinha medo de ser tirada de burra. Então fui atrás de conhecimento em cozinha", conta.

Rizzo também tem presença forte no Instagram, mostra seu trabalho e também sua vida pessoal, seu envolvimento com a arte, com a cultura e com a política, sem esconder como pensa. E, por isso, já pagou também um preço, como ataque de seguidores, perda de clientes, novos haters. Ela fala sobre todos os lados da imagem pública na entrevista ao Podcast da Semana, que você pode ouvir em todas as plataformas de áudio.

Nov 05, 202334:00
Vanessa Rozan: "Autocuidado pra mim é tempo e terapia"

Vanessa Rozan: "Autocuidado pra mim é tempo e terapia"

Autocuidado virou uma palavra da moda que, e de tão usada, teve seu sentido ampliado Cuidar de si tem a ver com tempo, dinheiro, alimentação, prática de esportes, com saúde mental e até com a capacidade de dizer não. E, nos últimos tempos, autocuidado esteve cada vez mais relacionado ao universo da beleza, especialmente após os desafios que esse mercado teve de enfrentar durante a pandemia.

Este episódio traz a maquiadora, apresentadora de TV, pesquisadora e colunista da Gama, Vanessa Rozan. Ela é também proprietária do Liceu de Maquiagem, uma escola e academia de maquiagem e beleza profissional.

Na conversa, Vanessa fala da sua relação pessoal com o autocuidado, fala sobre como ficou o tempo para cuidar de si depois que ela virou mãe, analisa os artifícios do mercado de beleza para associar beleza ao bem-estar – e transformar essa relação em produto.

Fala também da maneira complexa como o corpo da mulher, a aparência física feminina, aparece nas redes sociais. Tema da sua pesquisa de mestrado e que ela agora desenvolve mais no doutorado. Um assunto central também nas suas colunas aqui na Gama.

Roteiro e apresentação: Luara Calvi Anic


Oct 29, 202332:01
Esper Kallás: “A queda histórica da vacinação é reversível”

Esper Kallás: “A queda histórica da vacinação é reversível”

Um dos principais fabricantes de imunizantes do país, o Instituto Butantan, teve papel essencial durante a pandemia do Covid-19. Mas não é de hoje que a instituição, que é também um grande centro de pesquisa e ensino, faz a diferença na saúde do país.

O atual diretor, Esper George Kallás, que é também professor titular de moléstias infecciosas e parasitárias da Faculdade de Medicina da USP, é o entrevistado deste episódio.

Kallás relembra como um país que tem uma longa trajetória na vacinação, com uma aceitação das vacinas por grande parte dos brasileiros, teve de lidar com resistência durante um momento tão sensível: a pandemia do novo coronavírus. “O embate político colocou em dúvida a eficiência das vacinas contra uma nova pandemia”, disse na conversa com Gama.

Além disso, o Brasil tem enfrentado desde 2016 uma queda histórica em suas coberturas vacinais, de acordo com o DataSUS. O diretor acredita que é possível reverter essa queda, e que o Programa Nacional de Imunização, um dos maiores do mundo e que conta com a participação direta do Butantan, seguirá forte.

Do contrário, se não recuperarmos essa queda, doenças que já estavam erradicadas no país, como o sarampo e a poliomielite, que causam sequelas no desenvolvimento especialmente das crianças e também a morte, podem voltar a assombrar o país e o mundo.

Oct 29, 202324:22
Jéssika de Oliveira: "O Clube de Leitura Preta potencializou a autoestima dos alunos"

Jéssika de Oliveira: "O Clube de Leitura Preta potencializou a autoestima dos alunos"


Faz um ano que a professora e escritora Jéssika de Oliveira resolveu criar um clube de leitura na escola onde trabalha, o Colégio Estadual Doutor Milton Santos, uma instituição de ensino quilombola localizada no município de Jequié, a 365 quilômetros de Salvador, na Bahia. A cidade está no topo do ranking das mais violentas do país e o clube de leitura seria uma forma de fazer com que crianças e adolescentes mergulhassem na literatura, se interessassem mais pela escola e assim não aumentassem o índice de evasão escolar. A ideia da professora era a de que o clube seria também um lugar de combate ao racismo e de celebração da literatura negra, uma vez que os livros escolhidos para leitura e discussão são todos escritos por autores negros.

Com um ano de funcionamento, o Clube de Leitura Preta é uma atividade extracurricular (que não garante ponto no boletim), mas que é frequentado assiduamente por 26 meninas e meninos com idade de 13 a 16 anos, três vezes por semana. Entre os autores, eles lêem Conceição Evaristo e Bianca Santana e discutem sobre o racismo e a violência vivida por pessoas negras no país.

Entre as coisas mais bonitas que a professora contou em entrevista a Gama está o fato de os jovens passarem a se ver diferentes, mais empoderados e com a autoestima fortalecida depois das leituras e conversas. Segundo ela, antes do clube, muitos deles nem se consideravam pessoas negras, mas "morenas" ou "jambo".

“Esses meninos têm várias questões de saúde mental. Quando a gente ia tirar uma foto, os meninos botavam a mão no rosto, escondendo o nariz, a boca. Um ano depois, essas fotos estão normais, eles estão sorrindo, mostrando os dentes, o nariz, o olho. Isso tem a ver com a reconstrução da autoestima. Hoje sabem que não precisam esconder os traços. E é uma das coisas que o clube tem potencializado é a autoestima desses meninos e dessas meninas”, conta.

Oct 15, 202328:36
Alexandre Rossi: "O luto vai além do animal. Você questiona a vida como um todo"

Alexandre Rossi: "O luto vai além do animal. Você questiona a vida como um todo"

Como uma pessoa pode sofrer tanto por um animal? Essa pergunta passa pela cabeça de muita gente que não tem um pet e vê um amigo perder seu bichinho de estimação. Mas esse é um luto real e difícil, como atesta Alexandre Rossi, veterinário e especialista em comportamento animal, que é o convidado da edição sobre Pets do Podcast da Semana.

“O luto vai além do animal. Você questiona a vida como um todo, as relações como um todo, o que você perdeu e o que vai perder”, afirma na entrevista. Desde 2009, Rossi era tutor de Estopinha, a primeira influenciadora pet do país. A cadela morreu em setembro, aos 14 anos, depois de complicações que começaram com uma infecção na unha. Durante o período que passaram juntos, os dois foram também uma dupla de trabalho. Depois de ser devolvida por duas famílias que a consideravam muito bagunceira, o especialista pensou que a cachorrinha seria um bom exemplo para mostrar ao público como lidar com cães agitados. Juntos, os dois estrelaram programas de TV e mais recentemente Rossi apresenta um quadro sobre pets no programa "Encontro com Patrícia Poeta".


Quando Estopinha ficou doente, Alexandre Rossi anunciou sua condição publicamente e disse que se preparava para o luto. Quando ela morreu, ele anunciou que estava “devastado”. Ao Podcast da Semana, ele conta sobre o luto que está vivendo, como vem se cuidando e como ter perdido a Estopinha tem ensinado a ele sobre outros tipos de luto e até sobre a própria existência.

Roteiro e apresentação: Isabelle Moreira Lima

Oct 08, 202329:39
Claudia Assef: “O mercado da música é muito desigual para cantoras e outras profissionais”

Claudia Assef: “O mercado da música é muito desigual para cantoras e outras profissionais”

É verdade que quando a gente pensa em música brasileira hoje nos vem muitas mulheres à cabeça. Mas esse número ainda é pequeno. Não apenas na frente do palco, como nos bastidores também.

No ano de 2021, mulheres receberam 9% do total distribuído em direitos autorais. Esse dado vem do relatório Por Elas Que Fazem a Música, lançado em 2022, com base em dados da UBC (União Brasileira dos Compositores). A prova da baixa participação delas nesse mercado.

Foi sabendo disso e com a proposta de ter mais mulheres no mercado musical, que a jornalista Claudia Assef e a curadora Monique Dardenne, lançaram, em 2017, o Women's Music Event, o WME, uma plataforma de música e negócios dedicada ao protagonismo feminino.

Assef é jornalista, escritora, DJ, autora do livro "Todo Dj já sambou" (Conrad, 2008), e criadora desse evento que reúne debates, shows, premiações e muita música, claro.

Em dezembro deste ano, o WME Awards vai premiar artistas e profissionais mulheres da áreas, e também homenagear duas gigantes da nossa história musical: Rita Lee e Dona Onette. Vai também relembrar gravadoras, festivais, plataformas de streaming, marcas e a mídia do espaço que elas ocupam, e ainda falta ocupar, nesse mercado.



Roteiro e apresentação: Luara Calvi Anic

No link abaixo e também noDeezer,Spotify,Apple Podcast,Google Podcastvocê escuta este episódio.

Oct 01, 202330:56
Mirian Goldenberg: "As pessoas acham que a velhice é uma morte"

Mirian Goldenberg: "As pessoas acham que a velhice é uma morte"

Pesquisadora da velhice há 30 anos, a antropóloga Mirian Goldenberg tornou-se uma ativista contra a violência e a discriminação do velho e pelo que chama de "bela velhice", que é uma forma de viver essa fase da vida com autonomia. "As pessoas acham que a velhice é uma morte", ela diz, mas rebate afirmando que são seus amigos nonagenários os que mais aproveitam e olham a vida com os olhos certos. "São os velhos que saboreiam a vida a cada dia", afirma na entrevista do Podcast da Semana.

Com mais de 30 livros publicados — entre eles "A Invenção de uma Bela Velhice" (Record, 2020) e "A Arte de Gozar" (2023) —, a professora aposentada da Universidade Federal do Rio de Janeiro virou referência nos estudos dessa área, com uma atuação forte nas redes sociais. "Publico um textão por dia no Instagram sobre esse tema", diz. Ela diz que o Brasil é um país muito fértil para o etarismo, mas que uma luz se acendeu com a reforma da Previdência. "As pessoas entenderam que elas também ficarão velhas", afirma. Nesse tempo de pesquisa, entendeu que envelhecer leva a vulnerabilidades e a diferentes sofrimentos.

"Inclusive, homens e mulheres têm sofrimentos diferentes ao envelhecer. O homem sofre com a aposentadoria; a mulher, com as mudanças no corpo", afirma. Mas diz que é preciso ter coragem para gozar a vida e explica que o gozo da maturidade está em diversas atividades, não como em um projeto de vida, mas em pequenos propósitos diários. "Não existe velhice no singular", afirma.

Ao Podcast da Semana, Goldenberg falou sobre o sexo nessa fase, como fazer para ter mais autonomia e as perdas que as pessoas de mais idade tiveram na pandemia, muitas delas, irreparáveis.

Roteiro e apresentação: Isabelle Moreira Lima

Sep 24, 202331:30
Felipe Vassão: "A música pop vai ser engolida pela IA, mas o artista pop é mais que a música"

Felipe Vassão: "A música pop vai ser engolida pela IA, mas o artista pop é mais que a música"


O que a inteligência artificial pode fazer com a música? O produtor musical Felipe Vassão afirma que muita coisa. Já está fazendo, como deixando o processo de mixagem mais fácil. “Ainda vamos ver coisas incríveis, sonoramente absurdas. As pessoas vão começar a expandir essas tecnologias para servir às ideias dela”, afirma Vassão, que é o convidado da edição sobre inteligência artificial do Podcast da Semana.

Há 30 anos na produção musical, Vassão é hoje sócio da Santé, uma agência de música que conecta artistas musicais ao mundo da publicidade, e tem no portfólio trabalhos como a produção do álbum “Amarelo”, de Emicida, pelo qual ganhou um Grammy. Ficou muito conhecido também pelos vídeos que faz no Instagram e no Tik Tok e em que explica elementos da produção musical, aponta referências em samples, conta histórias suculentas da indústria fonográfica, entre outros.

Ele acredita que há sim um tipo de música que vai ser mais atingido pelas máquinas, as trilhas sonoras e a música pop. Mas o artista não será, ele diz: "O artista pop é muito mais que a música, ele é uma persona, uma figura, tem desdobramentos. A música pop, em si, vai ser engolida por isso, mas a cultura pop, o culto à personalidade, não tem como."

Vassão não ignora questões espinhosas como a dos direitos autorais, por exemplo. Sobre isso, acha que uma saída pode ser a cobrança pelo que é usado para a fase de “machine learning”, ou seja, as músicas que são usadas como referência para que a máquina passe a criar.

Ao Podcast da Semana, Vassão falou sobre tudo isso e sobre como o uso de computador para fazer música não é nada novo e sobre a possibilidade de uma greve de músicos, como já acontece no audiovisual dos Estados Unidos.

Roteiro e apresentação: Isabelle Moreira Lima

Sep 17, 202332:39
Tássia Magalhães: "Encaro premiações sem pirar"

Tássia Magalhães: "Encaro premiações sem pirar"

A chef de cozinha Tássia Magalhães virou uma colecionadora de prêmios. Comemorou o primeiro aniversário do restaurante Nelita com a notícia de que integrava a lista dos 50 melhores restaurantes da América Latina, ranking feito pela revista britânica Restaurant. Agora, um ano depois, ela viu seu restaurante ser eleito o melhor da cidade mais gastronômica do país, a capital paulista, pela Folha de S.Paulo.

Se o céu parece ser o limite para esta jovem chef de 34 anos, só falta uma estrela. Com o retorno do guia Michelin ao Brasil, que volta a ser reeditado por aqui depois de um hiato pandêmico, há uma expectativa de que o Nelita ganhe ao menos uma unidade da condecoração máxima da cozinha no mundo. Quem está acompanhando ao seriado-febre “The Bear”, sobre o mundo da gastronomia em Chicago, sabe o que isso significa. “Acredito que estou no auge da minha carreira, mas encaro as premiações de maneira que não pire. É muito difícil trabalhar em restaurante. Há muitas oscilações; tem dia que funciona muito bem, tem dia que não é igual”, afirma ao Podcast da Semana.

Nascida em Guaratinguetá, São Paulo, Tássia Magalhães se formou no Hotel Escola Senac Campos do Jordão e entrou em uma cozinha profissional pela primeira vez aos 18 anos no Pomodori, sob a batuta de Jefferson Rueda, chef que figura em outra lista do 50 Best, essa a dos melhores do mundo. Viajou pela Europa e estagiou em restaurantes nórdicos como o Geranium (três estrelas Michelin), o Kadeau, o Amass e na confeitaria Summerbir. Aos 23, assumiu o cargo de chef pela primeira vez, ainda no Pomodori, onde ficou por dez anos no total. Depois de um período de pausa, ela abriu o Nelita em 2021 e, neste ano, a confeitaria Mag Market.

Ao Podcast da Semana, ela fala sobre o machismo na cozinha, o fato de ter virado uma referência, o que faria diferente se tivesse a chance de uma nova primeira vez e o que aconselha em quem quer estrear no mundo da gastronomia.

Roteiro e apresentação: Isabelle Moreira Lima

Sep 10, 202328:04
João Moreira Salles: “A nossa ocupação da Amazônia sempre foi desinteressada”

João Moreira Salles: “A nossa ocupação da Amazônia sempre foi desinteressada”


Foi inicialmente por uma pendência pessoal que o documentarista e escritor João Moreira Salles, entrevistado deste episódio, escolheu passar seis meses no Pará.

João sentia que faltava a ele, a sua trajetória, uma relação mais próxima com a Amazônia. "Há uma falha de imaginação em transformar a Amazônia em matéria simbólica. Nós somos um país em que 60% do seu território em que 60% do seu território é a maior floresta tropical do mundo, e no entanto a floresta nao nos define como brasileiros", diz neste episódio do Podcast da Semana.

Dessa experiência, nasceram algumas reportagens para a revista Piauí, e também, de maneira expandida, o livro "Arrabalde: Em Busca da Amazônia" (2022), lançado pela Companhia das Letras.

Com essa viagem e por meio de uma pesquisa multidisciplinar, ele busca entender por que a floresta é vista como um lugar tão distante para a maioria dos brasileiros – ainda que represente a sobrevivência dos povos originários e do planeta.

No livro, e na conversa com Gama, João investiga essa nossa relação com a maior floresta tropical do mundo. Vai desde a chegada dos colonizadores até os anos 1960 – quando o foco declarado de governantes era transformar tudo em pasto -- discurso que se repetiu nos período em que Jair Bolsonaro ocupou a presidência.

Ele traz pesquisas, entrevistas, e seu olhar pessoal de viajante, de observador, de alguém claramente envolvido com esse tema e com esse bioma que pode transformar o Brasil em protagonista, numa "potência ambiental dos trópicos", nas palavras de João Moreira Salles.

Roteiro e apresentação: Luara Calvi Anic

Sep 03, 202349:43
Gabriela Amaral Almeida: "O terror é um gênero que se alimenta da ansiedade"

Gabriela Amaral Almeida: "O terror é um gênero que se alimenta da ansiedade"

O terror é um gênero que floresce quando há crises, que "se alimenta da ansiedade". E, neste momento, com tantas turbulências políticas, sociais e ambientais especialmente, o mundo oferece um prato cheio para este tipo de produção. Este é um dos motores que nos fazem testemunhar uma nova era de ouro para os filmes de medo, segundo a avaliação da Gabriela Amaral Almeida, diretora de filmes de terror brasileira que é a entrevistada desta edição do Podcast da Semana.

Expoente de uma vertente que ficou conhecida como “horror social”, Almeida encontra o terror nas tensões cotidianas, como mostrou em filmes com "Animal Cordial" (2017) e "A Sombra do Pai" (2018). Agora, ela se prepara para filmar "Cão de Guarda", que tem Murilo Benício no papel principal de um pai que perde a capacidade de sentir emoções em um acidente de trabalho brutal e parte em uma viagem de moto de São Paulo ao Rio Grande do Sul para entregar sua filha à ex-mulher. "Essa fragilidade da família brasileira pode ser explorada com uma alegoria do horror muito bem", afirma a Gama.

A roteirista e diretora estudou cinema na Universidade Federal da Bahia e Roteiro na Escola Internacional de Cinema e TV de Cuba, além de ter pesquisado a fundo a obra de Stephen King no mestrado, um autor que, segundo ela, "tira o gótico dos castelos para inserir na classe média norte-americana". "O horror de Stephen King vem como uma metáfora da corrupção da família americana. Eu li e estudei por tanto tempo que vejo a família brasileira também como uma unidade frágil às mudanças políticas, econômicas", afirma.

Nesta edição do podcast ela fala sobre os subgêneros do terror, sobre o que realmente dá medo nesses filmes, e sobre como tem ainda preconceito contra o gênero, apesar do sucesso de crítica, e principalmente contra as mulheres que querem fazer terror.

Roteiro e apresentação: Isabelle Moreira Lima

Aug 27, 202332:41
Mariana Valente: "Não é sua culpa se os nudes caem na rede"

Mariana Valente: "Não é sua culpa se os nudes caem na rede"

Você tem dúvidas que a internet pode ser um lugar nefasto especialmente para as mulheres?

Basta olhar a frequência com que elas têm fotos nuas expostas nas redes sem autorização e são extorquidas e manipuladas por conta disso – caso da atriz Carolina Dieckmann, que teve de lidar com a disseminação de retratos de nudez, após a invasão de seu e-mail. O fato deu origem a uma lei que leva seu nome e que puni crimes cibernéticos.

Há também ataques e perseguições direcionados a elas. Aqui lembramos de Lola Aranovitch, professora universitária e ativista feminista que virou alvo de grupos de homens que atacam mulheres online e inspiração para uma outra lei que combate crimes de misoginia na internet.

Essas duas leis foram promulgadas em 2012 e em 2018, respectivamente. Partindo disso, podemos dizer que é relativamente recente esse entendimento de que há, sim, violência de gênero online.

Foi baseada no período de uma década -- 2012 a 2022 --, que Mariana Valente, diretora do Internet Lab e professora de direito na Universidade de São Galo, na Suíça, lançou "Misoginia na Internet"(Fósforo, 2023).

Ao longo de sua carreira, Mariana Valente se dedicou à pesquisa de tecnologia e sociedade, economia digital e direitos on-line, com especial foco em violência de gênero, acesso ao conhecimento e outras questões de equidade.

Neste episódio do podcast, ela relaciona a violência online com o machismo que marca a sociedade brasileira fora das redes, trata das dificuldades encontradas por mulheres que buscam seus direitos ao sofrerem violências onlines e abre janelas para pensarmos e lidarmos com um tema tão complexo como esse.

Aug 20, 202338:53
José Henrique Bortoluci: "A busca da história de um pai é uma busca sobre quem nós somos"

José Henrique Bortoluci: "A busca da história de um pai é uma busca sobre quem nós somos"


A trajetória de um pai caminhoneiro, que passou 50 anos de sua vida pelas estradas no país é contada pelo filho, José Henrique Bortoluci no ensaio biográfico "O que é meu", lançado pela editora Fósforo.

Durante um período da pandemia do covid-19, o sociólogo e escritor -- nosso entrevistado de hoje -- sentou para ouvir o pai, José Bortoluci, para relembrar as histórias que haviam preenchido seu imaginário durante a infância e adolescência, quando o pai voltava de viagens de um mês, um mês e meio, pelos Brasil dos anos 1960, um período de ditadura militar.

Essas conversas aconteceram quando o pai tratava também um câncer. "A escuta e a necessidade do cuidado criaram pontes entre nós dois que são um grande presente da vida. Hoje eu acho que uma das grandes coisas que eu tiro desse livro foi esse aprofundamento muito grande da relação com meu pai", diz a Gama.

O livro do José Henrique Bortoluci já era um fenômeno editorial antes mesmo de ser lançado, no começo de 2023. Doze países vão publicar o título, que se encaixa no gênero de autoficção.

Esse é o primeiro livro do autor, que é doutor em sociologia pela Universidade de Michigan em desde 2015, leciona na Fundação Getulio Vargas. É um livro que consegue, ao mesmo tempo, tratar de amor, de saudade, da diferença de classe que se formou entre os dois -- o pai caminhoneiro, o filho sociólogo -- e da história do Brasil.

A conversa deste episódio é sobre essa relação pai e filho, sobre distanciamentos e aproximações e sobre uma classe trabalhadora que é essencial na história do país, mas nem sempre é lembrada.

Roteiro e apresentação: Luara Calvi Anic


Aug 13, 202326:06
Ana Suy: "Traição: não dá pra fingir que nada aconteceu"
Aug 06, 202331:56
Maria Stockler Carvalhosa e Daniela Thomas: "O audiolivro dá foco de presente"

Maria Stockler Carvalhosa e Daniela Thomas: "O audiolivro dá foco de presente"


A nova editora de audiolivros Supersônica nasceu do encontro de quatro mulheres, mas especialmente graças à editora Maria Stockler Carvalhosa. Ela perdeu a visão na adolescência, mas nunca abandonou a literatura. Estudante de letras, ela tinha uma queixa com os leitores eletrônicos, que deixavam o texto sempre frio demais e a experiência triste. Ao saber disso, a artista multimídia Daniela Thomas, amiga da família da Maria e consumidora voraz de audiolivros, entendeu que tinha aí uma oportunidade boa para ser explorada. A elas duas, se uniram a escritora Beatriz Bracher e a produtora executiva e artística Mariana Beltrão e agora no segundo semestre será lançada a editora.
A ideia é lançar grandes títulos da literatura, clássicos e contemporâneos, narrados por vozes importantes da cultura brasileira. Pros dois primeiros anos de Supersônica, tem uma programação de 20 lançamentos, que incluem livros de Annie Ernaux lidos pela atriz Isabel Teixeira.
Ao Podcast da Semana, Maria Stockler Carvalhosa e Daniela Thomas contam qual o barato desses livros sonoros. O que elas dizem é que eles conseguem capturar todo o nosso foco e a nossa atenção e nos levar a um mundo mágico de um jeito incomum para esse mundo de tanta distração. "O audiolivro te dá o esse presente do foco, você não precisa fazer esforço e ele domina a sua consciência. É um tempo que você ganha de presente para fazer uma viagem astral para dentro do que o autor propõe", diz Thomas.
Roteiro e apresentação: Isabelle Moreira Lima
Edição de som: Laura Capelhuchnik

Jul 30, 202333:51
Flávia Oliveira: "Ter um neto dá a sensação de permanência, mas também de finitude"

Flávia Oliveira: "Ter um neto dá a sensação de permanência, mas também de finitude"

“Ter um neto dá a sensação de permanência, mas também de finitude.” Com essa declaração, a jornalista Flávia Oliveira comenta como tem sido a experiência dela de ser avó de Martin, de dois anos e meio. Comentarista da Globonews e colunista do jornal O Globo e da rádio CBN, ela fala sobre um mix de sentimentos, uma sensação de realização mas também de certo desconforto, ao ter assumido esse novo papel. Oliveira é a entrevistada da edição sobre avós do Podcast da Semana.

“Talvez tenha sido a experiência mais bonita e profunda que eu tive em um momento de tragédia global”, diz sobre o nascimento do Neto durante a pandemia. “Eu vivi a gestação da minha filha com uma intensidade maior do que a própria gestação que eu tive”, ela conta. A mãe de Martin é a também jornalista Isabela Reis, com que Oliveira apresenta o podcast Angu de Grilo.

Ao Podcast da Semana, Flávia Oliveira falou sobre o envelhecimento da população brasileira e o que isso representa para a sociedade e para o país, tanto social quanto economicamente; sobre o etarismo no mercado de trabalho; sobre a ideia de ancestralidade ser mais discutida hoje; e sobre o que isso representa para as religiões de matriz africana. Ela fala também sobre a sua experiência pessoal como avó e sobre a importância dos avós serem rede de apoio para mães, mulheres que muitas vezes estão sobrecarregadas entre o cuidado dos filhos e o trabalho.

Roteiro e apresentação: Isabelle Moreira Lima

Edição de som: Laura Capelhuchnik

Jul 23, 202334:10
Valdecir Nascimento: "Como um médico pode decidir que uma mulher negra pode sentir mais dor que uma branca?"

Valdecir Nascimento: "Como um médico pode decidir que uma mulher negra pode sentir mais dor que uma branca?"

O racismo e o machismo são as principais ameaças aos direitos sexuais e reprodutivos das mulheres negras e, na visão de Valdecir Nacimento, fundadora do Instituto Odara, uma organização negra feminista centrada no legado africano e sediada em Salvador, na Bahia, eles nunca estiveram bem no Brasil. E gera números assustadores, como um alto índice de mortalidade materna, assim como o de mortalidade infantil, que estão diretamente relacionados:


"O estado que proibe o aborto e persegue as pessoas que fazem aborto é o mesmo que mata crianças e jovens negros. O índice de meninos e meninas negras assassinados pela polícia é alarmante. O mesmo estado que tem os defensores e os heróis, os donos de Deus. O aborto descriminalizado também vai assegurar que as mulheres negras tenham outro tipo de cuidado e não precisem abortar nem morrer de aborto. O racismo tem tudo a ver com isso", afirma a Gama.

Entrevistada da edição sobre direitos sexuais e reprodutivos do Podcast da Semana, Valdecir Nascimento diz que o tipo de atendimento que uma mulher negra recebe ao ir a um posto de saúde é pior que o de uma mulher branca. "Como um médico pode decidir que uma mulher negra pode sentir mais dor que uma branca na hora de ter um filho, de receber uma anestesia?", questiona.

Na entrevista, ela fala sobre o escopo mais amplo desses direitos, que hoje vão desde a discriminalização do aborto e o direito a um acompanhamento de gravidez e parto humanizado até o acesso a absorventes íntimos para todas as mulheres, e discorre sobre a diversidade da mulher negra brasileira: "O tailleur não cabe nas mulheres negras, nossa presença incomoda muito por isso". Graduada em História pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), e Mestre em Educação pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB), ela se debruça há décadas sobre a situação da mulher negra e luta por direitos.

Roteiro e apresentação: Isabelle Moreira Lima

Edição de som: Laura Capelhuchnik

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Jul 16, 202332:54
Marcelo Rubens Paiva: "Perdoar faz muito mal ao país"

Marcelo Rubens Paiva: "Perdoar faz muito mal ao país"

O escritor, dramaturgo e jornalista Marcelo Rubens Paiva traz na sua produção até agora uma combinação sensível entre memória pessoal e de país.

Entrevistado deste episódio, ele já levou um jabuti pelo seu livro "Feliz Ano Velho", que em 2022 completou 40 anos. É autor de peças e livros como "Blecaute" (1986), "Malu de Bicicleta" (2003) e "Ainda Estou Aqui" (2015) – esse, que é seu livro mais recente, vai virar um filme dirigido por Walter Salles.

Para Marcelo, o "Ainda Estou Aqui" é, de alguma maneira, a continuação do "Feliz Ano Velho", lançado em 1982 – ainda um período de ditadura militar.

Neste título mais recente, ele traz a história de sua mãe, a advogada Eunice Paiva, que ficou viúva depois que seu marido, Rubens Paiva, foi torturado e morto pela ditadura, deixando cinco filhos. É também um livro sobre o avanço do Alzheimer em Eunice.

Agora, Marcelo está trabalhando em um novo livro, esse sobre paternidade, que vai sair pela Companhia das Letras. Ele é pai de dois meninos.

Na conversa a seguir, ele fala de memória, de escrita, de paternidade, da importância de relembrarmos os traumas de um país e da força de sua literatura.

Roteiro e apresentação: Luara Calvi Anic

Edição de som: Laura Capelhuchnik

Jun 25, 202332:45
Cauana Mestre: “Está cada vez mais difícil identificar o que é do coletivo e o que é singular”
Jun 18, 202332:11
Rita Lobo: "Quem não sabe cozinhar vira presa da indústria de ultraprocessados e cai em modismos"

Rita Lobo: "Quem não sabe cozinhar vira presa da indústria de ultraprocessados e cai em modismos"


Rita Lobo chega aos 23 anos de vida do Panelinha,
site que virou editora, escola, loja, canal no YouTube e produtora de TV, com a publicação de um livro que considera definitivo. São 550 receitas que formam uma espécie de oráculo da cozinha brasileira doméstica contemporânea. Poucos dias depois deste lançamento, iniciou na TV a nova temporada do “Cozinha Prática”, programa que tem há 11 anos. Agora, ela se lança na temporada batizada de #ReceitaDesafio, em que justamente desafia os telespectadores a largarem todas as barreiras que os afastam da cozinha, seja preguiça, falta de tempo ou qualquer outra justificativa.

Com a realização de tantos feitos, ela quer ainda mais: escalar sua voz para além dos milhões de brasileiros que já a ouvem, como é fácil verificar em sua conta de quase 2 milhões de seguidores no Instagram. Depois de lançar livros temáticos e específicos, fazer 16 temporadas na TV e deste mais recente livro-compêndio, ela quer que sua voz seja amplificada para quem ainda não a ouviu e levar todo mundo para a cozinha.

“Ensino a cozinhar porque quem cozinha tem uma vida melhor”, afirma a Gama. Isso porque come-se melhor, de forma mais variada, saborosa e, acima de tudo, saudável. “Quem não sabe cozinhar vira presa dessa indústria de ultraprocessados, cai nas pegadinhas, nos modismos, e tem menos chances de ter uma alimentação variada, saborosa”, diz ela que há anos comprou briga contra os gigantes dos ultraprocessados e faz um ativismo pela comida de verdade.

Entrevistada da edição sobre comida do Podcast da Semana, Rita fala sobre como a cozinha é lugar para a família inteira, os novos planos do Panelinha, sua rotina de exercícios e diz que “ao cozinhar, você aprende mais sobre você e melhora as relações”.

Roteiro e apresentação: Isabelle Moreira Lima

Edição de som: Laura Capelhuchnik

Jun 11, 202343:15
Julia Rezende: “Há uma indignação que uma história real provoca”

Julia Rezende: “Há uma indignação que uma história real provoca”

“Todo Dia a Mesma Noite”, minissérie da Netflix que fala sobre o trágico incêndio da boate Kiss, foi um sucesso estrondoso, a produção brasileira da plataforma de streaming com melhor desempenho de audiência até hoje. Para a diretora Julia Rezende, o caráter trágico da história e a indignação de quem passa a conhecer seus detalhes explica o fenômeno de audiência. “As pessoas sofreram quando a tragédia aconteceu há dez anos, mas todo mundo esqueceu ou não acompanhou as repercussões e os desdobramentos. Agora, com a série, veio à tona tudo o que aconteceu, os conflitos, as injustiças. Há uma indignação que uma história real provoca, as pessoas falam não ‘é possível que isso tudo aconteceu’”, afirma.


Todo Dia a Mesma Noite foi baseado no livro homônimo de Daniela Arbex e lançado em janeiro. Em 5 dias de exibição, a minissérie de XX capítulos já tinha um bilhão de referências no Tik Tok. Foram os adolescentes que mais comentaram a produção. “Descobri pela minha analista que muitos diziam que era a primeira vez que souberam que jovens podiam morrer”, afirma. “Cada um dos 242 jovens que morreram nesse incêndio tinham uma família, seus amigos, seus sonhos e você se envolve e se apaixona por eles — e aí aquilo tudo é tirado. Esse impacto desse casamento do true crime e da ficção talvez não tenha comparação talvez não tenha comparação com outros gêneros”, afirma.


Rezende tem no currículo produções como as comédias “Meu Passado me Condena” e “Depois a Louca Sou Eu”. Agora, ela se prepara para filmar a vida de Ayrton Senna.


Roteiro e apresentação: Isabelle Moreira Lima
Edição de som: Pedro Pastoriz

Jun 04, 202323:50
Tainá Müller: "O humor é nossa grande ferramenta para sobreviver neste mundo"

Tainá Müller: "O humor é nossa grande ferramenta para sobreviver neste mundo"

“O humor é a nossa grande dádiva, nosso grande presente e a ferramenta para sobreviver nesse mundo — não importa o quão trágico ele seja. Até da tragédia o humor pode surgir, e surge até mais bonito.” A declaração é da atriz Tainá Müller, protagonista da série “Bom Dia, Verônica” (2020- ), da Netflix, e entrevistada da edição do Podcast da Semana sobre como ser mais leve.


Na série, Müller vive uma policial que, ao investigar um predador sexual, acaba descobrindo um casal com um segredo terrível e um esquema de corrupção. Para se preparar para a personagem, a atriz mantém uma rotina pesada de exercícios, que inclui até box. Os exercícios, segundo ela, ajudam a extravasar as tensões e vão além da saúde física. E agora, ao gravar a terceira temporada, ela diz que finalmente vê o trabalho como algo mais leve, afirma que consegue entrar e sair do personagem com mais facilidade — e, quando sai dele, faz piada — e deixar o peso da temática de "Verônica" de lado.


Müller atua no cinema, na TV e no teatro e ficou mais conhecida por papeis dramáticos. O que pouca gente sabe é que na vida privada ela é uma grande piadista. Nesta edição do Podcast da Semana, ela fala sobre a importância do humor para alcançar a leveza na vida, do poder das crianças e dos bichos para transformar os dias difíceis, da importância de ter mais consciência sobre seus atos e sobre como encara o envelhecimento e vê a crise do clima.


Roteiro e apresentação: Isabelle Moreira Lima
Edição de som: Pedro Pastoriz

May 28, 202330:00
Micaela Góes: "Com organização você tem uma vida com mais liberdade”

Micaela Góes: "Com organização você tem uma vida com mais liberdade”

Qual a sensação que uma casa arrumada traz pra você? Certamente um pouco de paz e tranquilidade. Para Micaela Góes, entrevistada deste episódio, isso faz todo sentido. Ela acredita que o espaço externo nos ajuda a organizar internamente. "A casa reflete o que estamos sentindo", diz a Gama.
Góes é especialista em organização e apresentadora do programa "Santa Ajuda", na GNT, que já conta mais de dez temporada, tamanho sucesso e interesse do público no assunto. Ela é
autora de um livro de mesmo nome do programa e está trabalhando em um segundo título. Ela é também sócia-fundadora da escola A Casa com Vida.
Nesta conversa, o tema é a organização como uma ferramenta a ser aprendida, com dicas para começar a arrumar a bagunça. "A organização é uma habilidade a ser desenvolvida e um ferramenta facilitadora da nossa vida", diz.

Roteiro e apresentação: Luara Calvi Anic
Edição de som: Pedro Pastoriz

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May 21, 202340:35