High Low Podcast | Moda para ouvir e refletir

Paradigma quer dizer um padrão, um modelo, um exemplo a ser seguido. A moda é uma arena onde o mercado de massa e os criadores disruptivos batalham entre instituir e destituir pensamentos uniformes e novas verdades geracionais. Mas e quando esses embates vão para além da estética e passam a modificar um sistema de pensamento? Enquanto a tecnologia estrutura o nosso mundo para caminhos creditados pela lógica e pela razão algorítmica, artistas de diversas origens buscam em lendas, mitos e folclores locais uma explicação mais coerente para a nossa existência.

Nesse episódio de estréia da 6a temporada, @oliviamerquior e @isabel_junqueira recapitulam o que aconteceu na moda nesse último ano pandêmico e projetam novas perspectivas para pensarmos (com outros paradigmas) o que vem pela frente.

Na foto, imagem de @rafaelpavarotti, fotógrafo paraense que vem, junto com um grupo de profissionais incríveis, construindo novas maneiras de percebemos a grandeza da cultura fora do eixo setentrional.

Chegamos ao final da quinta temporada, que assim como esse ano, tomou um rumo que nós não esperávamos. Depois de pensar e debater muito o lugar da moda durante momentos de crise, um descanso em alto-astral é mais que merecido para nossas mentes! Por isso, nesse episódio, Oli e Bel pensam fazem uma ode ao papel da frivolidade em nossas vidas: reconhecida a devida importância da moda com propósito, fazer o que se ama porque se ama e porque é lindo também faz bem. Pode não estar tudo bem ainda, mas vai ficar. Se cuida, aguenta firme e vem com a gente!

Nesse episódio, Bel e Oli pensam a história e os diversos significados do vermelho. A ambivalência de uma trajetória que vai da pintura rupestre à realeza, do vermelho das vestes dos cardeais às roupas que sinalizavam as cortesãs. Considerada a cor arquetípica por ser a primeira fabricada pelo homem, sempre foi marcante na moda e fora dela. Ao mesmo tempo que simboliza a força e a paixão, alerta também ao perigo. Quem tem medo de vermelho?

O absurdo da vida nos leva muitas vezes para lugares mágicos, místicos, idealizados. Consciente ou inconscientemente, construímos, através do espírito criativo, fugas e saídas para enfrentarmos um mundo acinzentado. Mas, seria a moda apenas o lugar do sonho ou também do choque de realidade? De dentro desse turbilhão de incertezas que nos capturou, Oli e Bel mergulham na ideia de escapismo e utopia. Desde a obra inaugural do sec XVI ao desfile de Jacquemus “pós” confinamento (foto), tá tudo aí. Pega o drink, fecha o olho e vamos sonhar!

Nesse episódio, Oli e Bel fazem um passeio sobre o impacto da pandemia na moda mundial. Como já diria a série Dark da Netflix, “o fim é o começo e o começo é o fim”. Novos momentos nos levam para novas experiências e aprendizados. O que vai sair daí, o resultado, ainda é incerto, mas como diria toda a mente criativa que se preze, o importante não é a chegada e sim o que acontece durante a viagem. Um blá, blá, blá cheio de refs atuais. Vem conversar!

Cruzes, guias, estrelas de Davi, o pentagrama, símbolos conhecidos como o om indiano e o yin-yang taoísta fazem parte dos nossos rituais diários para elevarmos nossas experiências terrenas. Os mitos por trás desses motivos narram histórias de passagem entre o mundo dos vivos e os paraísos transcendentes. Em um momento de extrema sensibilidade global, decidimos falar sobre como a moda retrata nossa expectativa de eternidade e como diferentes culturas organizam seus rituais de despedida. Crente ou ateu, simpatizante ou praticante, ortodoxo ou sincrético, a verdade inexorável é que nunca escaparemos de um figurino final. Um tema delicado e complexo, mas que nos rendeu o episódio mais leve da temporada até agora.

Se percorrermos a história, veremos que momentos de crises e conflitos não são exclusivos da nossa geração, portanto, nem tudo está perdido. Um alento para atravessarmos essas fases de ressentimento e insegurança é olharmos para como a arte e a moda deram voz à ruína e à construção de novos mundos. A revolta, quando canalizada para a potência criativa, revira o “normal”. Com o movimento punk na década de 70, não foi diferente. Diante do absurdo de um presente falido de recursos e ideias, se fez uma gritaria que dava mais sentido ao presente do que as narrativas de superação da televisão. Olhando para o mundo de uma forma honesta e exibindo todos os seus defeitos, o punk foi um ato de tanta coragem que até hoje invade sorrateiramente nosso guarda-roupa: jeans rasgado, muitos furos na orelha, sombra escura, jaqueta de couro, cabeça raspada… Aproveita a quarentena para ouvir um rock pesado no último volume e se joga no moshing com a gente.

“Proclamo que não creio em nada e que tudo é absurdo, mas não posso duvidar de minha própria proclamação e tenho de, no mínimo, acreditar em meu protesto”. Albert Camus

Quando nos logamos na internet um alter ego se apresenta. Sou eu ali digitando no teclado, mas, na tela, tenho a oportunidade de aperfeiçoar alguns detalhes que o mundo real me restringe, posso ser um outro eu. Sem precisar de tratamentos posso ter a pele mais lisa; sem ir a academia, ostento um abdômen sarado. Posso voltar a ser criança, experimentar trocar de gênero, expandir meu cardápio sexual, mudar minha nacionalidade, virar celebridade, milionário, guerreiro e super-herói. Desde a década de 80 a humanidade já se experimenta de outra maneira, protegida pelas telas de computador. Hoje, os eus digitais brigam pelo protagonismo em nossas vidas, afinal de contas, são mais bonitos, queridos, corajosos, interessantes. Fica uma pergunta que não quer calar: como viver em um mundo de perfeitos? Mesmo adiada pela pandemia, a chegada da tecnologia 5G se mostra inevitável e, a partir dela, os filtros e games se mostrarão ferramentas rudimentares. Desfiles virtuais, coleções digitais, eventos imersivos, você na passarela e nos comerciais. Vai preparando bem o seu look, pois daqui pra frente é só lacrando no avatar!

Se olharmos para a história, veremos que a humanidade enfrenta mais períodos de ameaça do que de tranquilidade. Para cada pandemia, para cada crise, cada guerra, uma nova ordem se impõe ao vestuário. Novos símbolos são criados, regras reorganizadas, antigos hábitos repudiados e uma máquina de invenções acionada para combater o inimigo. Diante desses períodos de suspensão da “normalidade”, o impensável se torna aceitável e no futuro, o novo padrão. Nesse episódio, Oli e Bel conversam sobre causas e consequências das duas grandes guerras mundiais e como podemos ler o espírito de uma época através do nosso guarda-roupa. E a gente quer saber de vocês, qual o legado que o corona vai deixar no nosso look?

O mundo está acabando, mas a gente gostaria de dar nosso último adeus. Uma era se despede e queremos saber se você terá saudades dela. Um evento da magnitude do que estamos vivendo não pode ser observado de maneira isolada, ele é a sua ação em si, mas sobretudo nossa reação. E a moda já nos anunciava muito do que estamos vivendo. Depois de uma década de hiper-exposição e likes, quais serão as consequências do isolamento compulsório e do caos? Será que uma boa bolsa de grife supera tudo isso? Vem com a gente nesse episódio que é uma celebração à nossa capacidade de reinvenção. Como Hamlet já dizia: “Eu poderia viver recluso numa casca de noz e me considerar rei do espaço infinito…” É sobre isso, aproveita esse papo gostoso nessa quarentena!

TALVEZ VOCÊ NÃO CONHEÇA O NOME DA NOSSA ENTREVISTADA DESTA SEMANA, MAS O TRABALHO DELA ENTRA NA SUA CASA TODOS OS DIAS. LIGANDO A TV HOJE POR VOLTA DAS 9 DA NOITE, VOCÊ VAI VER O VESTIDO FLORAL SUPER ESTAMPADO DE UMA RETIRANTE NORDESTINA, UMA ROUPA AMPLA DE TONS TERROSOS DE UMA ADVOGADA AMBICIOSA OU UM LOOK CASUAL PARA O DIA-A-DIA COM CORES TRADICIONAIS DE UMA DONA DE RESTAURANTE PORTUGUÊS FORTEMENTE LIGADA À HISTÓRIA DE SUA FAMÍLIA. ESTES SÃO OS FIGURINOS DAS PROTAGONISTAS DA ATUAL NOVELA DAS 9, “AMOR DE MÃE”, ASSINADOS PELA FIGURINISTA MARIE SALLES, MAS ESSA NÃO É A PRIMEIRA VEZ QUE VOCÊ VÊ O TRABALHO DE MARIE CAUSANDO POR AÍ. ELA FOI A GRANDE RESPONSÁVEL POR INFLUENCIAR A MODA NACIONAL COM LOOKS QUE VIRARAM HITS, COMO OS DE CARMINHA EM “AVENIDA BRASIL” OU FLORA E DONATELA EM “A FAVORITA”.                                                                                                                                           

O TRABALHO DE FIGURINISTA É EXPRESSAR ATRAVÉS DAS ROUPAS, A PERSONALIDADE E PSICOLOGIA DE SEUS PERSONAGENS, MAS MUITAS VEZES TAMBÉM ENGANAR O ESPECTADOR, COMO NO CASO DA “A FAVORITA”, ONDE A PRÓPRIA FIGURINISTA SÓ DESCOBRIU A TROCA ENTRE VILÃ E MOCINHA AO FINAL DA TRAMA, JUNTO COM OS ESPECTADORES.                                                        

A TELEVISÃO ENCONTROU A FÓRMULA PARA A DIFUSÃO DE INFORMAÇÃO, QUE MESMO ÚNICA, SE COMUNICA COM TODAS AS CAMADAS SOCIAIS E AS INFLUENCIA. GOSTOU DO TEMA DA SEMANA? VEM CONFERIR A ENTREVISTA COMPLETA!

A CRIAÇÃO DO INSTAGRAM, EM OUTUBRO DE 2010, INAUGUROU ESTE PERÍODO MARCADO POR GRANDES TRANSFORMAÇÕES. HOUVE A PROLIFERAÇÃO DOS SMARTPHONES, TORNANDO NOSSA VIDA  MAIS ACELERADA DO QUE NUNCA, O AUMENTO DA POLARIZAÇÃO DOS DISCURSOS, O EMPODERAMENTO DE MINORIAS E NÚMEROS RECORDES EM LOJAS DE DEPARTAMENTO. O MERCADO DE LUXO TAMBÉM FOI DESTAQUE E, COM ELE, A BANALIZAÇÃO DO STATUS OFERECIDO PELOS “OBJETOS-MITO”, ATÉ ENTÃO INACESSÍVEIS AO IMAGINÁRIO POPULAR. FIZEMOS UM RESUMÃO DOS FATOS MAIS IMPORTANTES LIGADOS À MODA E DEIXAMOS NOSSAS IMPRESSÕES SOBRE ELES. MAIS RETROSPECTIVO QUE ISSO, IMPOSSÍVEL!

PARA QUEM ACHOU QUE O HIGH LOW IA SUCUMBIR AOS DRINKS NATALINOS E ESQUECER DOS OUVINTES, ERROU! HOJE VAI AO AR UM PRESENTE ESPECIAL. CONVERSAMOS COM A SUPER ASTRÓLOGA MAÍNA MELLO PARA ENTENDER QUAL O PODER DOS SIGNOS SOBRE NOSSA FORMA DE VESTIR E O QUE OS ASTROS NOS CONTAM SOBRE AS MOVIMENTAÇÕES QUE NOS AGUARDAM EM 2020. TEREMOS UM ANO MAIS BARROCO OU MINIMALISTA? FRÍVOLO OU PUNK? VANGUARDA OU RETRÔ? QUER SABER? CHEGA MAIS POIS ESTÁ TUDO ESCRITO NAS ESTRELAS.

O HIGH LOW DESEJA UMA VIRADA DE ANO TRIUNFAL PARA TODOS VOCÊS! CARREGUEM NA PURPURINA E NAS BOAS ENERGIAS. VOLTAMOS DIA 08 DE JANEIRO!

NA FOTO ACIMA, THE ZODIAC JACKET DE 1937 POR ELSA SCHIAPARELLI.

Episódio extra com a astróloga Maína Mello.

MODA E CINEMA SEMPRE CAMINHARAM JUNTOS, DE MODO QUE UM POTENCIALIZA O OUTRO ATRAVÉS DA PRODUÇÃO DE SENSAÇÕES E JEITOS DE CONTAR HISTÓRIAS QUE NOS FAZEM SONHAR.  NO PODCAST DESTA SEMANA EXPLORAMOS AS LIGAÇÕES ENTRE AS INDÚSTRIAS DO SONHO E FALAMOS SOBRE COMO NOSSA VISÃO DE MUNDO ESTÁ INTIMAMENTE CONECTADA AO REPERTÓRIO DE REFERÊNCIAS ESTÉTICAS QUE CRIAMOS AO LONGO DA VIDA. OLI E BEL FALAM SOBRE FILMES QUE CONSTRUÍRAM SEUS OLHARES E SEUS GÊNEROS FAVORITOS. OLI ESTÁ NO TEAM DOS FILMES DIFERENTÕES E BEL NOS CLÁSSICOS. E VOCÊ, PERTENCE A UM DESSES TEAMS OU FICA COM OS DOIS?

« A ROUPA É A PRIMEIRA COISA QUE VEM À CABEÇA QUANDO PENSAMOS NUMA ÉPOCA », DISSE CERTA VEZ KARL LAGERFELD. NO EPISÓDIO DESTA SEMANA, ISABEL JUNQUEIRA E OLÍVIA MERQUIOR EMBARCAM NUM PAPO-CABEÇA SOBRE A MODA E O TEMPO, TEMA ABSTRATO QUE VAI SERVIR DE FIO CONDUTOR PARA A GRANDE EXPOSIÇÃO DO METROPOLITAN MUSEUM E DO MET GALA EM 2020. A DUPLA FALA SOBRE AS REFERÊNCIAS QUE INSPIRARAM A MOSTRA, COMO « ORLANDO », ROMANCE ESCRITO POR VIRGINIA WOOLF E ADAPTADO PARA O CINEMA COM TILDA SWINTON NO PAPEL PRINCIPAL, E A TEORIA DE DURAÇÃO DO FILÓSOFO FRANCÊS HENRI BERGSON. TEM TAMBÉM A ESCANDALOSA COLEÇÃO DE 1971 DE YVES SAINT LAURENT, PAPEL CARBONO DA MODA RETRÔ, E UMA PONDERAÇÃO SOBRE QUAIS MARCAS SE ENCAIXAM EM CADA UM DOS TRÊS CONCEITOS DE TEMPO NA GRÉCIA ANTIGA. VEM QUE ESTÁ GOSTOSO!

A MODA É O LUGAR DA BELEZA E DO GLAMOUR. SER ACEITO NESSE MUNDO É TER AS PORTAS ABERTAS PARA PRESENTES CAROS, VIAGENS EXCLUSIVAS, FESTAS HOLLYWOODIANAS E UM LUGAR SEGURO NAS PRIMEIRAS FILAS DOS DESFILES INTERNACIONAIS. NO ENTANTO, EXISTE UM PREÇO A PAGAR. A SUPEREXPOSIÇÃO PESSOAL, AS COMPETIÇÕES, O JULGAMENTO PÚBLICO E O COMPROMETIMENTO COM RESULTADOS FINANCEIROS DIVIDEM ESPAÇO NESSA VIDA DE “MIMOS” PRIVILEGIADOS. ESSA SEMANA ISABEL JUNQUEIRA E OLIVIA MERQUIOR ESTIVERAM NOS HEADQUARTERS DA VOGUE BRASIL PARA UMA CONVERSA FRANCA E SINCERA COM UMA DAS FIGURAS MAIS POLÊMICAS DO NOSSO MERCADO. A JORNALISTA BAIANA, TRANSFORMADA EM DIRETORA-GERAL DA EDIÇÕES GLOBO CONDÉ NAST, DANIELA FALCÃO, SE ABRIU DE FORMA GENEROSA PARA FALAR SOBRE LUXO, PRECONCEITO, RACISMO, ERROS E ACERTOS DE UMA VIDA PROFISSIONAL CONDUZIDA PELA INTENSIDADE DO SIGNO DE ESCORPIÃO.

Ele nasceu na Geórgia, estudou na Bélgica, trabalhou em Paris e transformou uma camiseta de entregador de correspondência em artigo de luxo no mercado mundial. Demna Gvasalia está à frente da Balenciaga desde 2015 e tem estampado a vida marginal do cotidiano das ruas nas principais revistas de luxo e comportamento. Um criador que entende o sistema no seu sentido mais estrutural, usa sua posição para marcar a história da moda para sempre. É esquisito, é estranho, faz pensar e por isso, precisamos falar sobre Demna.

A ideologia de gênero é uma das questões sociais mais polêmicas desde as eleições presidenciais. Até mesmo a ministra dos direitos humanos já entrou na discussão, anunciando o início de uma "nova era" onde meninas vestem rosa e meninos, azul. Com possibilidades tão diversas e uma imensa gama de cores, será que devemos nos limitar a duas opções?

Nesse episódio conversamos com Tulio Custódio. O sociólogo e pesquisador - que outrora se aventurou no mundo da moda - falou sobre apropriação cultural, racismo estrutural e estéticas negras contemporâneas.
Em tempos de relativização, esvaziamento e apagamento de elementos históricos pela indústria cultural, se faz mais do que necessário refletirmos sobre a linha tênue entre democratização e apropriação.
Sob o subterfúgio de intercâmbio cultural, esses elementos ao serem sequestrados por culturas dominantes são descontextualizados, despidos de seu verdadeiro significado e transformados em produtos a serem explorados em nome do capital. Muito além de permissão para usar, o que devemos questionar é o valor simbólico de determinados adereços, cultos e símbolos dentro de sua tradição e comunidade originária.

Maria Antonieta perdeu sua cabeça durante a revolta do povo contra os excessos da corte de Luis XVI. A rainha, que no final do século XVIII acreditava que 3.6 milhões eram insuficientes para manter seu guarda-roupa em dia, foi guilhotinada durante a revolução francesa. No entanto, mesmo sendo elevada ao símbolo da desigualdade e corrupção que levaram o país ao declínio, nos anos seguintes a sua morte, seu penteado e muitas de suas modas se tornaram grandes tendências entre os plebeus.

Nessa abertura de quarta temporada vamos discutir esse assunto tão complexo quanto humano, com a participação especial de Abelardo Marcondes, fundador do Luxury Lab.

T03_EP.10_Elegância e rebeldia: entrevista com Costanza Pascolato

Em época de censura a beijos e liberação de armas em nome da moral e bons costumes cristãos, nada mais propício para discutirmos essa semana do que moda e religião. Historicamente, seres humanos criaram suas narrativas para conseguir juntar pessoas e pensar uma vivência no mundo de forma coletiva. A ideia de um Deus ou muitos deuses mitológicos serviu um dia para reunir indivíduos numa experiência conjunta, uma resposta para se viver em grupo. Interpretações dessas narrativas foram incorporadas ao vestuário para identificar pessoas que dividiam as mesmas crenças, unir. Mas, e quando esses símbolos passam a ser usados para denunciar, segregar, eliminar, discriminar? A cruz, a hijab, a estrela de Davi, as guias, são elementos que vestimos para pertencer a algo que nos dá sentido existencial, mas para muitos, hoje esses elementos viraram objetos de ódio que só incitam o medo. A religião como forma lúdica de narrar o mundo fala sobre a beleza da esperança, no entanto, a maneira que esses símbolos são sequestrados pela política de extermínio tirânico, uma aberração. Nada mais cafona.

Queridos ouvintes do High Low essa foi uma semana de muitas emoções. Enquanto estávamos editando o episódio dessa semana sobre fotografia de moda, tivemos a notícia da morte de um de seus maiores ícones, Peter Lindbergh. Esse foi um desses infelizes acasos que nos arrebatam de surpresa. Assim, decidimos atrasar um pouco essa postagem e adicionar uma pequena fala desse nome maior da fotografia. Em uma entrevista com @isabeljunqueira ele diz: “Essa consciência que você tem quando olha para a câmera, para mim é tão terrível… Eu falo dia e noite que devemos destruir a auto-consciência do fotografado e isso é muito difícil. É difícil evitar isso e ser apenas quem você é”.

A tecnologia sempre nos ofereceu um mundo perfeito à nossa frente. Postamos, logo existimos. Aplicativos, redes, imagens, fotos, tudo ao nosso dispor. Podemos criar e nos comunicar de forma democrática! Mas, já dizia o ditado... "não existe almoço de graça". Moda é causa e consequência do que entendemos como cultura, um espelho que não apenas reflete, mas que pode reorganizar nossa imagem. Como já diria Guy Debord: "Seus próprios gestos já não são seus, mas de um outro que te representa. É por isso que o espectador não se sente em casa em lugar algum, pois o espetáculo está em toda a parte". Sacou?

QUAL A ORIGEM DA MODA? COMO ELA PASSA A FAZER PARTE DAS RELAÇÕES SOCIAIS E COMO ELA COMEÇA A DETERMINAR HIERARQUIAS DE INFLUÊNCIA, SABERES, CLASSES? NO EPISÓDIO DESSA SEMANA DISCUTIMOS COMO O PENSAMENTO DE MODA É CONSTRUÍDO ARDILOSAMENTE PARA MANIPULAR SÍMBOLOS DE PODER, DESDE OS SALÕES DA CORTE DE VERSALHES À HEGEMONIA DA ELEGÂNCIA FRANCESA HOJE. NA FOTO, NOSSO PERSONAGEM PRINCIPAL, LUIS XIV, QUE EM SUA ÉPOCA, AMPLIFICOU PARA O MUNDO A MÁXIMA, INAUGURADA PELA NOIVA DE JULIO CÉSAR, POMPÉIA, AINDA NO IMPÉRIO ROMANO: “NÃO BASTA SER HONESTO, TEM QUE PARECER HONESTO”.

NO EPISÓDIO DESSA SEMANA, OLIVIA MERQUIOR E ISABEL JUNQUEIRA DEBATEM A QUEDA DO ESTRELATO DE ESTILISTAS E A ASCENSÃO DAS CELEBRIDADES NO COMANDO CRIATIVO DO MERCADO DE LUXO. O QUE ISSO REVELA SOBRE O NOSSO TEMPO E SOBRE A SOCIEDADE ATUAL? EM UM MUNDO HIPER IMAGÉTICO, QUEM MELHOR AGENCIA SEU ESTILO, AMPLIFICA SEUS LUCROS. UM TEMA PARA NOS FAZER REFLETIR SOBRE MODA, SONHO, CULTURA E FOLLOWERS.

Acha chique e moderno se vestir com peças pretas desconstruídas? Tudo culpa da primeira geração de estilistas japoneses - Rei Kawakubo, Yohji Yamamoto, Issey Miyake - que abalou o mundo da moda no início da década de 80. Discutimos a importância deles no episódio dessa semana. 

Especial é pouco para descrever o episódio desta semana. Passamos uma tarde com Ney Matogrosso, um dos maiores artistas do nosso país, que contou em detalhe quais foram as influências que definiram seu imaginário estético. Ele também falou sobre a relação com seu corpo, sobre a construção da sua persona artística nos palcos e sobre um grande mistério que sempre inquietou Olívia e Isabel: por que ele se veste tão sobriamente no dia-a-dia enquanto, em cena, não impõe limites para o figurino? « Na rua eu não seguro… », justificou. Ah, conta outra, Ney! 

Sustentabilidade virou o assunto do momento, mas será que o mundo realmente está mais consciente sobre o que essa palavra implica no nosso presente e futuro? O tema primeiramente anunciado na década de 70, entrou com força na mídia nos anos 2000 e recentemente passou a ter a moda como seu segundo maior agressor. Mas será que isso procede? Nesse episódio, que conta com uma pequena participação do Simone Cipriani, analisamos como o mundo vem lidando com o assunto entre prática e teoria - discurso x ação. Opiniões polêmicas vieram à tona… queremos saber o que você pensa. Vem conversar com a gente!