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A GENTE CUIDA UM DO OUTRO

A GENTE CUIDA UM DO OUTRO

By A GENTE CUIDA UM DO OUTRO

O podcast da exposição “A GENTE CUIDA UM DO OUTRO” é uma produção do Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE). A locução é de Keila Silva e o roteiro e edição de Daniel Almeida. As fotos são de Mario Castello, a produção artística é de Tarcila Zonaro e os textos de Paloma Patrocínio. E contou com o apoio da EcoSkin.

Email: imprensa@iamspe.sp.gov.br
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Elaine Cristina Silva

A GENTE CUIDA UM DO OUTROMay 03, 2021

00:00
19:55
Maria de Lourdes Souza

Maria de Lourdes Souza

Maria de Lourdes Souza, 61 anos, é enfermeira há 20 anos, sendo 16 no HSPE. Maria conta que, ao sentir os primeiros sintomas da Covid-19, teve uma sensação ruim. “Parecia que eu ia morrer. Foi horrível!”. A enfermeira foi internada no HSPE por 13 dias (não precisou de intubação). Durante sua internação, Maria teve medo de deixar os filhos sem uma mãe e até perder a formatura da filha que faz medicina. “Eles [os filhos] são adultos, mas já não têm o pai e eu não queria que eles tivessem que lidar com a minha perda também”. A técnica de enfermagem Margarida Maria Damasio Silva, 58 anos, relata que visitava Maria todos os dias antes de começar a trabalhar e, durante suas visitas, tentava acalmar a colega dizendo “fique calma, vai passar, você precisa estar forte para sair daqui”.

Para Maria, Margarida foi essencial para a sua recuperação, pois a colega a ajudou a se alimentar. “Uma vez eu pedi a Margarida um pãozinho com manteiga, porque eu não conseguia me alimentar direito e ela trouxe”, conta. Depois de sua alta, Maria precisou procurar um psiquiatra, porque estava com o emocional abalado. “Eu chorava 24h por dia, e tomava remédios”, relembra. Mesmo diante da situação, a enfermeira diz que até nesse ponto suas colegas estavam ao seu lado, sendo compassivas com ela. “Eu não conseguiria sem eles [os colegas de profissão]”, finaliza.

May 04, 202114:27
Rosimary Forni

Rosimary Forni

Rosimary Forni, 54 anos, é auxiliar de enfermagem há 21 anos, sendo 20 anos no HSPE. Rosi tem lúpus e passou 20 dias internada (não precisou de intubação) no Hospital do Servidor com muitas complicações. Durante seu tratamento contra a Covid-19, a auxiliar de enfermagem perdeu muitos cabelos, ficou com feridas na boca e garganta, e não podia se alimentar. Todas as colegas se mobilizaram para adaptar as dietas até conseguiram um canudo para que Rosi pudesse tomar mingaus.

A técnica de enfermagem Joselita Dias Dantas, 48 anos, foi fundamental compartilhando as mensagens que trocavam pelo celular. Com anos de amizade, Joselita conta que ficou profundamente abalada ao saber da internação da sua amiga de anos de trabalho. Por ter uma doença autoimune, os colegas de profissão temeram os graves desdobramentos da Covid-19 em Rosi.

A auxiliar de enfermagem também precisou receber transfusão de plaquetas com a ajuda de sua colega de profissão Heloisa dos Santos, 42, do Banco de Sangue do HSPE, a qual quebrou o protocolo, se paramentou, entrou em área Covid-19 e foi pessoalmente fazer a transfusão na amiga. Todas hoje comemoram o milagre da recuperação da Rosi.

May 03, 202115:01
Paulo Celso Costa

Paulo Celso Costa

Paulo Celso Costa, 43 anos, é técnico de enfermagem há 5 anos, todos no HSPE. Paulo ficou 11 dias internado (não precisou de intubação) no HSPE. Teve a doença logo no início da pandemia, em março de 2020, quando os médicos e profissionais da saúde não tinham tanta experiência com o tratamento. Contraiu Covid-19 e H1N1 e ficou muito assustado por ser infectado simultaneamente pelos dois vírus. Lembra que teve muita fé e que a mãe e amigos da igreja ligavam orando e que isso trouxe a ele tranquilidade para se recuperar logo.

Por vezes Paulo implorou aos médicos para não ser intubado. O técnico de enfermagem José Carlos de Souza, 46 anos, estava constantemente perto, mesmo sem estar escalado para cuidar do amigo. Paulo pedia “Carlos vai embora daqui, eu não quero que você pegue essa doença” e o amigo respondeu “Eu não vou sair daqui. Eu quero cuidar de você. Eu vou ficar aqui”. Carlos conta que na época foi uma experiência muito ruim e que não gostaria de passar novamente.

Ele relata que levou o amigo para tomar banho, fez a barba e disse “Vamos meu amigo, vamos tomar banho, fazer a barba e vamos sair dessa”. Quando já estava mais recuperado, Carlos relembra que Paulo estava com muita vontade de comer um croissant e que levou dois escondidos ao amigo. “Eu nunca vi alguém comer um croissant com tanto gosto, mas, de repente, entrou uma médica e o Paulo teve que ficar mudo e só respondia com a cabeça”, contam os dois hoje aos risos mais aliviados. “Seria um grande vazio não tê-lo por perto. É um colega trabalhador. É alguém que quero ter para sempre como amigo”, finaliza

May 03, 202111:26
Norma Andrade

Norma Andrade

Norma Andrade, 71 anos, é auxiliar de serviços há 33 anos no HSPE. Ficou seis dias internada no HSPE, sendo que cinco na UTI (não precisou de intubação). O enfermeiro Dinailson de Souza, 40 anos, conta que foi ele que recebeu a primeira mensagem de Norma dizendo que não estava se sentindo bem. Ele fez a ponte com a família passando diariamente as informações sobre o quadro da internação de Norma. Dinailson relata que sentiu muito medo de perder a colega de profissão. A enfermeira Graziela Ferreira de Souza, 43 anos, conta que dona Norma é como se fosse sua segunda mãe.

Ela sempre estava por perto no leito para perguntar e saber como dona Norma estava. Depois dos momentos de tensão, hoje, riem lembrando que Norma sempre pedia um “cafezinho” e que ficou muito feliz quando conseguiu tomar um. A auxiliar recebeu alta com um cartaz produzido pelo colega Dinailson. Na saída, foi aplaudida por membros da diretoria. “Eu não sabia que no Hospital havia tantas pessoas que gostavam de mim. Não esperava todo esse carinho”, conta.

May 03, 202114:35
Idesia Rodrigues Dias dos Santos

Idesia Rodrigues Dias dos Santos

Idesia Rodrigues Dias dos Santos, 53 anos, é enfermeira há 28 anos, sendo 18 anos no HSPE. Idesia relata que sentiu medo ao perceber que estava com dificuldade de respirar. Foi quando procurou o HSPE, onde permaneceu internada por sete dias (não precisou de intubação). "Fiquei desesperada, porque eu não conseguia ficar um minuto sem a máscara de oxigênio", conta.

Idesia comenta que sentiu uma ponta de alívio apenas quando os médicos disseram que não seria preciso intubá-la. "O que mais me dava desespero era ser intubada", relata. A enfermeira diz que, ainda no leito do Hospital, ouvia palavras de conforto de seus colegas de profissão, os quais diziam que tudo ficaria bem. Para ela, eles foram essenciais em seu processo de reabilitação.

A técnica de enfermagem Vani Fonseca de Medeiros Martins, 42 anos, relata que ela e toda equipe gerenciada por Idesia se sensibilizaram quando souberem que a chefe havia testado positivo para a Covid-19. "Saber que é uma pessoa que está com você todos os dias, dá um aperto no coração. Ela [Idesia] é como irmã", diz. Vani relembra ainda que visitava a amiga e em alguns desses momentos transmitia a ela palavras de incentivo, além de fazer orações. "Orávamos muito no pé da cama [do hospital] de Idesia e pedindo para que ela se recuperasse logo", finaliza.

May 03, 202114:21
Felipe Menten

Felipe Menten

Felipe Menten tem 32 anos, é técnico de enfermagem há 7 anos, sendo 6 no HSPE. Felipe relata que se sentiu muito mal em casa e, devido à baixa saturação, procurou o HSPE para o primeiro atendimento. No mesmo dia, Felipe soube que precisava ser internado e relata que permaneceu no HSPE durante sete dias (não precisou de intubação). Durante esse período, o técnico de enfermagem relata ter sentido medo de não ver mais a filha de 8 anos, sua mãe, seus colegas de profissão e seus animais de estimação. "Eu nunca tive medo na vida, mas dessa vez [durante a internação] eu tive", diz.

Felipe recorda que a visita de seus colegas e suas orações o ajudou a vencer a doença. A enfermeira Margarida Oliveira de Magalhães, 53 anos, comenta que brincava muito com o Felipe, falando coisas engraçadas a ele no intuito de tranquilizá-lo, mesmo que naquele momento o sentimento fosse de preocupação. "Eu ia falar com ele e já ficava de olho, preocupada, cuidando para que o quadro clínico dele não piorasse”. Para a técnica de enfermagem Luzemy Barbosa, 47 anos, Felipe sempre foi um colega muito querido, o qual tinha medo de perder. "Eu agradeço a Deus todo dia pela recuperação dele", diz.

May 03, 202116:06
Elaine Cristina Silva

Elaine Cristina Silva

Elaine Cristina Silva, 40 anos, é técnica de enfermagem há 17 anos, sendo que 9 no HSPE. Permaneceu internada 21 dias (sendo oito dias de intubação) no HSPE e com uma sensação de que estava há muito tempo na UTI. Durante esse período, Elaine teve muito medo de morrer. Isolada, sem a presença da família e dos filhos, foi cuidada pelas próprias colegas de profissão.

A enfermeira Leteia Nani, 43 anos, relata com emoção ter segurado a mão da amiga no momento da intubação. A técnica de enfermagem Aline Alves, 29 anos, conta que além de sempre pentear os cabelos e passar hidratante para manter a amiga bonita e cuidada, fez questão de repetir frases de encorajamento como: "Você logo estará aqui com a gente trabalhando. Aguenta firme”. Aline chora ao lembrar que colocou a música favorita delas para Elaine ouvir enquanto a amiga estava sedada. Elaine relata que das poucas lembranças que tem desse período é de ter sonhado que estava ouvindo essa música.

May 03, 202119:55
Ana Maria Ramos Otaviano

Ana Maria Ramos Otaviano

Ana Maria Ramos Otaviano tem 69 anos, é auxiliar de enfermagem há 35 anos, sendo 18 anos no HSPE. Ana Maria conta que foi encaminhada para a UTI logo após receber o resultado da tomografia, que indicou a gravidade do seu caso. Na UTI do HSPE, a auxiliar de enfermagem permaneceu internada por 84 dias (sendo 20 dias intubada). "Eu tive medo de morrer. Era tanta coisa que a gente ouvia dizer [sobre a Covid-19]", relata.

Ana Maria comenta que não se lembra de nada do que aconteceu durante o período em que ficou na intubação, exceto pela lembrança de conversar com alguém da sua família (mais tarde os colegas contaram a ela que a conversa aconteceu via telefone celular). Ana Maria comenta ainda que, já na enfermaria, recebia visitas de vários colegas e isso a confortava.

O auxiliar de enfermagem Jefferson Rodrigues da Silva, 49 anos, relata que foi difícil ver Ana Maria naquele estado, sem forças. Segundo ele, a colega de profissão é sempre muito sorridente, transmite luz e faz a diferença por onde passa. Emocionada, a enfermeira Sandra Bomfim da Cruz, 44 anos, relata ter sentido tristeza e medo ao saber da notícia da internação de Ana Maria. "Eu percebia que em alguns dias ela piorava e isso me dava medo de perdê-la", comenta.

May 03, 202110:50
Aluizio Thomé

Aluizio Thomé

Aluizio Thomé tem 52 anos, é enfermeiro há 30 anos, sendo 15 anos no HSPE. Aluízio ficou internado durante 23 dias (sendo 11 dias de intubação). O enfermeiro conta que não se recorda muito do período de internação, mas relata que esteve a todo o momento muito confiante, pois acreditava que seria bem cuidado. A enfermeira Tatiane Pinheiro, 40 anos, comenta que teve muita empatia pelo colega quando soube do quadro clínico de Aluizio e que durante as rápidas visitas conversava com ele oferecendo-lhe palavras de carinho, conforto e fé.

A pedido do próprio Aluizio, Tatiane foi a ponte entre os demais colegas e a família. A técnica de enfermagem Gisele Faria Alonso, 41 anos, conta que ficou desesperada ao saber que o resultado da tomografia, devido ao agravamento da Covid-19, apontou que os pulmões de Aluizio estavam agora 95% comprometidos. “Naquele momento, imaginamos que podíamos perder o Aluizio”. Gisele conta que sentia impotência diante da situação, mesmo sabendo que ela e os demais colegas fariam o possível para zelar pela vida de Aluizio. Hoje, extremamente agradecido pelo cuidado e apoio de todos, o enfermeiro comenta que um dos seus maiores desejos quando tudo passar é poder abraçar os colegas para festejar a vida.

May 03, 202115:51
Wania Aparecida Evangelista

Wania Aparecida Evangelista

Wania Aparecida Evangelista, 61 anos, é auxiliar de enfermagem há 25 anos. Wania relata que foram suas colegas, a auxiliar de enfermagem Adriana dos Santos, 40 anos, e auxiliar de enfermagem Marlene Guimarães de Souza Troccoli, 50 anos, que insistiram para que Wania procurasse mais uma vez o atendimento do HSPE, pois ela estava visualmente confusa e muito mal. No mesmo dia, Wania foi internada no HSPE e por lá permaneceu quatro dias (não precisou de intubação).

“Estávamos no início da pandemia e eu me perguntava o que poderia acontecer comigo. Via todos os profissionais entrarem no quarto paramentados e com máscara. Aquilo me deixou com muito medo”, conta. Wania diz ter boas lembranças da atuação e do cuidado dos colegas para com ela durante todo o período em que esteve doente. “Eles [os colegas do trabalho] me ligavam, vinham me ver e oravam por mim.”, relata. Adriana confortava a amiga dizendo que tudo ficaria bem e que em breve ela sairia daquela situação.

May 03, 202112:29
Wagner Paulo Ferreira

Wagner Paulo Ferreira

Wagner Paulo Ferreira, 53 anos, é auxiliar de enfermagem há 22 anos, sendo 16 anos no HSPE. Wagner esteve internado duas vezes no HSPE, em decorrência da Covid-19. Em 2020, o auxiliar de enfermagem permaneceu na enfermaria por 13 dias e em 2021 por cinco dias (em nenhum dos casos precisou de intubação). Wagner relata que notou os primeiros sintomas da doença, no início do ano passado, após passar cinco dias ininterruptos dormindo, se esforçando apenas para tomar banho. “Eu me sentia muito cansado e sem força física para me levantar da cama”.

Para ele, o pior sentimento no momento era o medo de morrer. As auxiliares de enfermagem Débora Rodrigues Soares, 37 anos, e Daniela Ferreira, 36 anos, foram fundamentais para a recuperação de Wagner, inclusive nos momentos em que levavam alimentos dos quais ele gostava, relembram aos risos. Daniela comentou que soube do estado de Wagner no dia do seu aniversário. “Para mim foi muito difícil. Fiquei muito mal e preocupada com o ele”, conta. A auxiliar de enfermagem diz ainda que o colega tinha muito medo de ser intubado e, por conta disso, tentava acalmá-lo. Para Débora, perder o Wagner seria doloroso demais.

May 03, 202117:08
Nilceia Aparecida Silva

Nilceia Aparecida Silva

Nilceia Aparecida Silva, 63 anos, é auxiliar de enfermagem há 33 anos, sendo 10 anos no HSPE. Nilceia apresentou necessidade respiratória no 10º dia após sentir os primeiros sintomas da Covid-19. A auxiliar de enfermagem conta que foi informada pelos médicos do Hospital do Servidor Estadual que não só os dois pulmões como também o sistema vascular estavam comprometidos. Nilceia ficou internada 15 dias (não precisou de intubação). Ela conta que recebeu um atendimento excepcional pelos colegas de profissão e demais médicos durante o seu período de internação. "Não só de mim, mas cuidaram também da minha filha, que sempre recebeu notícias minhas".

A enfermeira Kátia Santos, 43 anos, relata que foi assustador cuidar de Nilceia e que muitas vezes atendia a colega com lágrimas nos olhos, com medo de perder mais pessoas no ambiente de trabalho. O auxiliar de enfermagem José Inaldo da Silva, 54 anos, relata que foi horrível ver o estado da colega Nilceia, que no início da doença não tinha forças para respirar. Ele conta ainda que a amizade deles cooperou para passarem por tudo aquilo juntos. "Somos uma família", diz. Feliz e recuperada, Nilceia pensa até em arrumar um namorado.

May 03, 202113:25
Maria Roseneida Braga de Castro

Maria Roseneida Braga de Castro

Maria Roseneida Braga de Castro, 61 anos, é auxiliar de enfermagem há 19 anos, sendo 15 anos no HSPE. Rose (como gosta de ser chamada) ficou internada 12 dias (sendo três dias de intubação) no HSPE após o resultado da tomografia apontar que 75% dos seus pulmões estavam comprometidos pela Covid-19. A auxiliar de enfermagem conta que ficou surpresa em permanecer viva após a intubação, pois acreditava que não retornaria para casa. “Eu já estava preparada para partir”, diz. Em Rose, a Covid-19 deixou marcas até o momento irreversíveis, como a síndrome do pânico e sintomas de ansiedade, os quais ainda a impedem de retornar ao trabalho.

Maria Lucia Quaresma, em meio às lágrimas, relata ter sentido medo quando soube do estado da colega. “Naquela noite [da internação], a Rose me mandou uma mensagem pedindo ajuda e oração porque não se sentia bem. Do mesmo modo como eu estava, dobrei os joelhos e orei pela vida da minha amiga”, diz. Além das orações, a Maria Lucia também levava palavras de conforto para Rose, na intenção de animar a amiga. Para a Ana Paula Tisi, ficou a responsabilidade de ser a ponte entre Rose e sua família, mandando notícias do estado da mãe para a filha. “A Rose é uma mulher incrível, de muita fé, e eu precisava fazer aquilo por ela”, finaliza.

May 03, 202117:20
Marcio Antonio Sabino

Marcio Antonio Sabino

Marcio Antonio Sabino, 49 anos, é auxiliar de enfermagem há 10 anos. Marcio foi internado por sete dias (não precisou de intubação) no HPSE após, já com os sintomas da Covid-19, ter sido acometido por uma convulsão repentina, o que piorou o seu quadro clínico. O auxiliar de enfermagem diz que pensava como seria para a família se o perdesse. "Eu tinha medo de deixar a família e minha esposa desamparada ou até a minha filha sem os recursos necessários para continuar estudando", conta. Para Marcio, sendo um profissional da área e naquele momento ser a pessoa quem deveria cuidar do outro, era difícil estar no lugar de paciente, dependendo de outras pessoas.

Durante os dias que seguiram sua internação, Marcio conta que alguns gestos de seus colegas o marcaram muito, como suas visitas e conversas além dos mimos que recebeu ainda no hospital. Já de alta, o auxiliar de enfermagem relata que durante os primeiros dias não conseguiu enfrentar o ambiente de trabalho devido às suas lembranças do tempo que passou internado. "Eu cheguei a pensar que teria que largar o trabalho", finaliza. A técnica de enfermagem Célia Regina Gonçalves, 59 anos, comenta que, mesmo afastada, também por ter contraído a doença, não deixou de se preocupar com o colega e sempre mandava mensagens de apoio para ele. "Eu sabia a falta que ele faria para a família e isso me dava um sentimento de impotência", conta. Ainda sobre o impacto da Covid-19 em ambos, Célia diz que a pandemia mostrou a eles que eram felizes, mas não sabiam.

May 03, 202113:01
Helena Santana Negraes Barboza

Helena Santana Negraes Barboza

Helena Santana Negraes Barboza, 60 anos, é auxiliar de enfermagem há 20 anos. Helena relata ter ficado internada três dias (não precisou de intubação) no HSPE e que apesar do pouco tempo sentia muito medo de não se recuperar da Covid-19 e morrer. “Tinha muita gente morrendo com a doença, então eu fiquei com medo de falecer também”. Helena conta que o cuidado e o apoio recebido de suas colegas de profissão foram essenciais para que se restabelecesse.

A enfermeira Angela Silva, 51 anos, relata que foi só quando Helena contraiu a doença que todos tiveram certeza da agressividade do vírus. “Quando tudo aconteceu com a Helena tivemos certeza de que a doença estava muito próxima da gente”, comenta. A auxiliar de enfermagem Débora Rodrigues, 37 anos, conta que teve medo de perder Helena, mas que foi preciso encontrar forças para transmitir segurança à colega. “A gente falava o tempo todo que tudo ficaria bem e que ela superaria isso”, relata. Para Helena, o momento agora é de se fazer presente, de se atentar aos detalhes que outrora poderiam ser facilmente despercebidos.

May 03, 202110:04
Dilva Barbosa de Oliveira

Dilva Barbosa de Oliveira

Dilva Barbosa de Oliveira, 57 anos, era auxiliar de enfermagem no HSPE. Ficou internada durante 23 dias no Hospital do Servidor Público Estadual, quando veio a falecer no dia 07/05/2020. A auxiliar de enfermagem Rita de Cássia Picolo, 43 anos, relembra o quanto foi impactante descobrir que Dilva estava com suspeita de Covid-19. “Fiquei assustada. Ela [Dilva] foi a minha primeira colega de trabalho a contrair a doença e isso mexeu comigo”, conta.

Rita diz que foi muito difícil perder a amiga e que a partir disso passou a dar mais valor à vida. A enfermeira Denize Cini, 39 anos, relata que juntou a equipe para fazer uma chamada de vídeo para que todos enviassem à Dilva boas vibrações. “Não houve nenhuma palavra dela, foi pelo olhar que ela recebeu as vibrações”, recorda. Para Denize, Dilva ainda está presente no seu dia a dia, seja em um afazer da enfermagem, em conversas com colegas em comum ou no coração de cada um. “Dilva era uma pessoa de muito alto-astral, ela animava a todos com a sua alegria”, finaliza.

May 03, 202108:36
Dalva Pereira de Castro Lima

Dalva Pereira de Castro Lima

Dalva Pereira de Castro Lima, 60 anos, é auxiliar de enfermagem há 22 anos. Com 70% do pulmão comprometido, Dalva ficou internada no HSPE, onde permaneceu por nove dias (não precisou de intubação). A auxiliar de enfermagem conta que durante a internação pedia a Deus que a curasse. “Teve um momento que eu estava tão ruim que eu pedi ao senhor para operar o meu pulmão e eu acredito que assim ele fez”, relata. Seu maior medo durante aquele período foi morrer no leito do Hospital, deixando filhos e os três netos. A enfermeira Ana Cristina Manente, 45 anos, se sensibilizou ao saber do quadro clínico de Dalva, pois era muito grata à colega por tê-la ajudado a cuidar de sua mãe no passado. Ana conta ainda que, em retribuição, foi a ponte entre Dalva e sua filha, que a procurava a todo o momento para saber notícias da Dalva.

A técnica da enfermagem Marlene Bezerra Lima, 61 anos, que também esteve internada em decorrência da Covid-19, comenta que deu forças a Dalva, a fim de deixá-la o mais confortável possível diante daquela situação. “A gente da enfermagem tem que apoiar nesse momento e cuidar da melhor forma”, diz. Dalva finaliza recordando do momento de sua alta em que ficou surpresa com a quantidade de colegas interessados em saber sobre a sua saúde. “Eu não sabia que tinha tantos amigos e que estavam todos torcendo por mim”, diz.

May 03, 202113:18
Brisa Estela dos Santos

Brisa Estela dos Santos

Brisa Estela dos Santos, 43 anos, é enfermeira há 20 anos, sendo 6 anos no HSPE. Brisa ficou internada no Hospital do Servidor Estadual por sete dias (não precisou de intubação) com um quadro respiratório muito grave. “Eu fiquei muito preocupada em não conseguir sair daquele quarto. Estar ali, onde eu costumo passar visita, foi muito impactante para mim”. Nesse período, Brisa conheceu a técnica de enfermagem Maisa Messias dos Santos, 55 anos, e a enfermeira Eleuza Monteiro, 43 anos. “Eu devo minha vida a essas meninas”, conta.

Brisa relata ainda que mesmo por trás da máscara, notava o amor e o cuidado dos colegas de trabalho com ela. Maisa conta que quando viu Brisa pela primeira vez notou que a percebeu muito aflita. “Naquele momento, eu queria que ela [a Brisa] não sentisse medo, mas sim segurança”, comenta. Eleuza conta que se colocava no lugar de Brisa, tentando oferecer a ela o que tinha de melhor para que a colega recuperasse logo. Hoje, depois de recuperada, Brisa passa pelos corredores do quarto onde esteve internada admirando o profissionalismo e o cuidado de Eleuza e Maisa com os demais pacientes.

May 03, 202111:28
Aparecida Helena Vicentim

Aparecida Helena Vicentim

Aparecida Helena Vicentim, 66 anos, é enfermeira há 42 anos. Cida, como gosta de ser chamada, soube da sua internação e, segundo ela, ficou um tanto aliviada porque achava que era o melhor a ser feito. Para ela, ser cuidada pelos colegas do HSPE era como se estivesse em sua casa. "Ali eu sabia que eles iriam descobrir o que eu tinha e tratar de mim", conta (Aparecida foi diagnosticada com um problema no cardíaco no mesmo período). Durante os 17 dias que ficou internada (não precisou de intubação), Cida se lembra da solidariedade dos colegas e conta que foi o que impulsionou a sua recuperação. A enfermeira Heloisa de Goes, 37 anos, foi uma das colegas que Cida teve ao seu lado naquele momento.

"Eu soube que ela estava no pronto-socorro e a minha preocupação era de ver como ela estava e em como eu poderia ajudá-la", conta. Com o passar dos dias, Heloisa incentivou outras colegas de equipe a fazerem uma espécie de plantão para passarem notícias do estado de Cida uma para as outras. Como Heloisa, a enfermeira Luciana Marques, 37 anos, também colaborou cuidando para que Cida fosse internada o mais rápido possível, além de ajudá-la no processo de recuperação. Luciana conta que para transmitir ânimo à colega, dizia para ela que aquele não era o lugar dela e que estava contando os dias para a sua alta. A enfermeira diz se sentir aliviada com a recuperação de Cida e que considera o fato como um milagre. Acrescenta ainda dizendo que a colega é sua inspiração como pessoa e profissional.

May 03, 202113:09
Exposição "A gente cuida um do outro"

Exposição "A gente cuida um do outro"

Este é o podcast da exposição "A gente cuida um do outro " do Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE). Nele você vai conhecer a história de 19 profissionais da enfermagem que foram internados no HSPE e foram cuidado pelos colegas de profissão.

May 03, 202102:10