Igreja Congregacional de Lisboa

Esta é a última mensagem da série "Sinais Vitais". Nos últimos versículos do Evangelho de Lucas nós não somos chamados para ser compêndios ambulantes de teologia (ainda que alguns possam ser chamados para isso). Nós somos chamados para sermos testemunhas da ressurreição. Que o teu coração arda ao leres a Palavra e o teu coração se mova na direção das pessoas que estão à tua volta.

Nalgum momento da nossa história todos tendemos a caminhar na direção a Emaús, mas todos nós poderemos voltar para Jerusalém e testemunhar que vimos o Senhor ressuscitado, que partilhámos com Ele a mesa, que o nosso coração ardeu e que queremos viver para a sua glória.

É tão fácil andarmos distraídos com a nossa vida que quando chegamos ao local onde o extra-ordinário acontece, apenas encontramos um túmulo vazio. Nesta mensagem de Páscoa olhamos para a nossa falta de entendimento e para o extraordinário amor do Pai.

Os concertos da banda rock dos anos 80-90, e por ai fora, Xutos e Pontapés eram pura adrenalina. Imaginem que até os cristãos 'curtiam' o momento. E então cantavam "E as forças que me foram, E os murros que me esmurram, Só me farão lutar, À minha maneira, À minha maneira".

Oi? Como é que é? À minha maneira? Nós vamos lutar à nossa maneira? Ai está uma boa razão para a nossa vida ser caótica. Continuamos a lutar à nossa maneira e deixamos Jesus a um canto...

Nesta mensagem vamos ver algumas consequências quando decidimos fazer as coisas "à nossa maneira".

O Muro de Berlim caiu em 1989. Nesse ano havia 16 muros construídos a separar países ou regiões, em todo o mundo. Hoje, passados 34 anos, há pelo menos 65 muros. Num tempo de globalização o mundo está a barricar-se com medo dos vizinhos. Mas ao olhar para as palavras de Jesus compreendemos que, na realidade, fomos avisados que o tempo que iria mediar a sua ressurreição e ascensão até ao seu regresso definitivo, seria muito conturbado. Porém, os discípulos de Jesus devem manter-se firmes, porque Jesus voltará.

Como olhas para as tribulações presentes? Com os olhos postos nas promessas de Jesus ou com uma resignação que te faz encalhar na fé? Os versículos que servem de base a esta mensagem são verdadeiramente desafiantes, mas também nos recordam de que estamos sempre nas mãos do Pai.

No tempo presente podemos ser tentados a firmar a nossa identidade nas ideias políticas que nos são apresentadas pela direita, pela esquerda, pelos extremos ou pelo centro; podemos também ser tentados a firmar a nossa identidade naquilo que determinado movimento, igreja ou denominação diz que deve ser o nosso modo de vida. Porém, a nossa capital não é Roma nem Jerusalém, a nossa capital está sentada à direita de Deus e tem um nome - Jesus Cristo.

Tal como os homens e as mulheres que vivem presos atrás das grades, cada um de nós pode viver como se não possuísse um espaço próprio, como se realmente não tivesse escolha sobre o seu futuro. Cada um de nós pode viver aprisionado às suas formas limitadas de ver o mundo. Mas não temos de continuar a viver dessa forma! A razão para tal é que o Filho do Rei já veio e tornou-se a pedra principal de qualquer edifício feito de carne e osso.

Deus quer trabalhar nos nossos corações e fará isso mostrando-nos como é o Seu coração. Foi isso que Ele fez com Jonas e quer fazer com cada um de nós.

Se olharmos para as nossas cidades podemos ver que Deus está a fazer coisas extraordinárias. Deus fez algo realmente improvável em Nínive, uma cidade que não tinha qualquer interesse no que Ele tinha para lhes dizer, e tem o poder para realizar algo igualmente improvável nas cidades onde vivemos, a começar em ti.

Quando fugimos de Deus, mais tarde ou mais cedo entramos em crise. Então, quanto mais tempo passamos a fugir de Deus, maior será a crise. Quando deixamos de fugir de Deus iremos ser levados exatamente onde Ele que que estejamos. Nesse momento poderemos ver as Suas maravilhas, ser parte do Seu plano e encontrar um sentido para a vida.

O senhorio de Jesus na vida dos seus filhos e filhas não se mede pela forma como estes exteriorizam a sua religião. O senhorio de Jesus revela-se quando os filhos e as filhas de Deus respondem SIM à Sua voz. 

Não há lugar onde se esteja mais longe de Deus do que no NÃO com que lhe respondes. Essa é a tua Társis!

Qual a autoridade que dás a Jesus sobre as diferentes áreas da tua vida? Esta mensagem recorda a importância da escolha do caminho que trilhamos, já que essa escolha torna-nos mais inclinados para escutar a voz de Jesus ou para escutar o seu silêncio.

Se Jesus viesse hoje fisicamente ao teu encontro, o que é que Ele, sem sombra de dúvida, expulsaria da tua vida?
As nossas cidades, o lugar onde vivemos, precisam que assumamos o nosso ministério da reconciliação. Mas só poderemos fazer isso se o nosso coração for moldado e purificado por Jesus.

Quando somos moldados pelas nossas crises, tendemos a não ser fieis, a deixar de lado a chamada de Deus e a sermos consumidos pelos falsos deuses que criamos no nosso coração. Porém, quando somos moldados pela nossa identidade em Jesus passamos a saber que a responsabilidade que Ele nos confere vem acompanhada com a Sua autoridade.

Os planos de Deus são incríveis. Jesus interage com as pessoas mais inesperadas para nos dizer quem nós devemos ser, onde nós devemos ir, como se os nossos sinais vitais dependessem disso.

Discípulos de Jesus orgulhosos e com medo não conseguem anunciar Boas Notícias. Podem dar analgésicos motivacionais, mas a sua proclamação é centrípeta, ou seja, é feita de forma a chamar as pessoas para dentro das paredes da igreja. Porém, quem têm Boas Notícias para anunciar sabe que a proclamação tem de ser centrifuga, ou seja, há que sair do conforto dos lares e da igreja e ir proclamar a morte e a ressurreição de Jesus onde as pessoas mais sofrem de falta de dignidade.

Estamos habituados a olhar para esta passagem e focar a nossa atenção no jovem rico. Mas esse jovem é apenas mais uma pessoa que podendo escolher Jesus, não teve coragem de dar o passo. Porém, os discípulos de Jesus são aqueles que decidiram dar o passo de deixar tudo em segundo lugar para seguir Jesus. Não era Jesus que era moldado por aquilo que cada um tinha; o que cada um tinha é que era moldado pelo coração de Jesus.

Jesus recorda-nos que se não formos como crianças não poderemos entrar no Reino dos céus. Que possamos ver a vida com a confiança, a humildade, a admiração e o amor daqueles que não colocam barreiras à vida. Ironicamente, quanto menos confiarmos em nós e mais confiarmos no Pai (como uma criança), mais madura será a nossa fé.

Todos os que seguem Jesus têm interesse em escutar o que Ele tem para dizer, mas nem todos têm interesse em seguir os seus ensinos. Seguir os ensinos de Jesus depende da direção do nosso coração e essa direção está intimamente ligada à nossa oração.

Apesar do Reino de Deus já estar entre nós, só virá na sua plenitude com a segunda vinda de Cristo. Neste intervalo o papel do díscipulo é procurar realizar a vontade do Pai firmando a sua vida na oração.

Tudo o que nós fazemos e pensamos é um reflexo de como vemos o Reino de Deus. Num mundo que nos desafia constantemente a nos afastarmos da casa do Pai, o Reino de Deus continua a ser a expressão vísivel do amor do Seu amor.

Não basta viver, há que viver com paixão. Tudo começa quando procuramos Jesus para sentir a sua compaixão, para vermos a nossa vida ser guiada com + paixão.

Apesar das injustiças que se propagam pelo mundo, é papel do discípulo perdoar. Para aquele que segue Jesus, o perdão não é uma questão de gosto ou de vontade, é uma questão de identidade.

Um cristianismo que nos deixa no conforto do nosso canto é apenas um paliativo para a nossa culpa, nunca será uma jornada de fé. É tempo de olhar para os Lázaros e amá-los até ao tutano.

Num mundo perdido na sua ganância, se não começamos, como cristãos, a optar pela misericórdia e por levar pessoas até à casa do Pai, continuaremos a semear sementes de discórdia e rejeição.

Vivemos num mundo que opta pela defesa suprema do bem pessoal. O discípulo de Jesus opta pela defesa suprema do amor.

Não podemos permanecer crianças para sempre. É tempo de deixarmos de beber leite como bebés de colo. É tempo de crescermos e sermos imagem do Pai, que é o mesmo Deus criador do céu e da terra que no início nos fez para sermos um reflexo de quem Ele sempre foi.

Há muito ressentimento entre aqueles que se acham justos. Há muito julgamento e condenação. Há também, associado à necessidade de julgar, uma enorme quantidade de ira entre aqueles que acham que podem banir o pecado da vida dos outros. Essa ira tem retirado a alegria aos cristãos. É tempo de entrar na festa!

Seja qual for o teu passado, ao regressar a casa do Pai nunca serás escravo, mas um homem ou uma mulher livre. Livre de dizer não! Dizer não a tudo o que pretende afastar-te da casa segura do Pai amoroso.

Na nossa jornada de fé não importa só a meta - a vida depois da morte; a jornada é muito importante. Só iremos dar testemunho verdadeiro de quem é Jesus e do Reino que Ele quer implementar no coração de todos os homens e mulheres, se os nossos pés pisarem nos locais onde Jesus já previamente pisou.

Jesus recorda as pessoas que acreditavam que com a sua vida tinham ganho o direito de fazer uma reserva na mesa do banquete celestial, que isso é uma falácia, um engano de Satanás, que apenas teve de distrair um pouco estas pessoas para que elas se afastassem da vontade do Pai. É que não há pré-reservas no banquete do Reino. Só se entra com convite.

Regra geral os cristão sentem-se impelidos para uma vida de serviço. Porém, ainda que servir aos pobres seja algo incrível e absolutamente necessária, Jesus em Lucas 14 deixa claro que servir aos pobres não é suficiente para experimentarmos a plenitude do Evangelho.

Se nos exaltamos e pensamos que temos galardões que podemos puxar para que Deus nos exalte, então seremos humilhados pelo próprio Deus e assim viveremos cada dia da nossa vida; mas se ocuparmos o nosso lugar em humildade será o próprio Deus a nos elevar para uma vida plena.

No domindo em que celebramos o dia das mães recordamos a importância de: i) conhecer a verdade; ii) praticar a verdade, e; iii) guardar a verdade.

Há 2 géneros de oposição naturais quando Jesus e o seu ensino se manifesta: a oposição secular e a oposição religiosa. Ao contrário do ser humano, sempre muito preocupado com o que os outros pensam, Jesus não se preocupou em agradar quem lhe estava a fazer oposição, pelo contrário, manteve-se firme nos seus valores. Esse é também o nosso desafio.

Tal como o coração que pulsa é reflexo da vida que há no ser humano, há sinais vitais que dão testemunho da vida espiritual. Que possas permanecer na passagem estreita.

Num mundo pós-moderno, altamente individualista, onde é tão complicado entender que todos fracassámos no fracasso de Adão porque ele era o nosso primeiro representante aos olhos de Deus, não é mais fácil compreender que todos ganhámos nova vida com a nova vida de Cristo. Mas na Páscoa nós celebramos que o nosso único e derradeiro representante diante de Deus é Jesus, que para além de ser nosso Salvador, é também nosso Senhor. 

Num mundo onde os cristãos são tentados a proclamar um Messias conquistador de impérios e que deseja estabelecer o povo de Deus como raça superior, temos de ter cuidado para não aproximar o nosso Messias de um líder nacionalista - algo que Ele nunca foi. É tempo de vencer o mal com o Bem.

O finito não pode compreender o infinito. Isso não é uma coisa má; isso é uma coisa gloriosa. O nosso Pai é realmente fantástico e a Ele podemos confiar as nossas vidas, o nosso futuro e o futuro dos nossos filhos. Tudo veio de d’Ele e tudo existe por Ele e para Ele.

Se não queremos encher o mundo de armas para que as pessoas se sintam protegidas, temos de o encher com homens e mulheres que levam as Boas Notícias que Jesus Cristo ama o ser humano até ao tutano. Este é o tempo dos cristãos se colocarem a jeito do Espírito Santo para puderem dizer como Isaías: Estou aqui Senhor, envia-me a mim!

Quando reconhecemos que não temos possibilidade de nos salvar a nós mesmos e que apostamos as fichas todas em Jesus, então, estamos a colocar-nos no caminho de regresso a casa do Pai. Algo que Deus nos pede regularmente é que nunca nos esqueçamos de que já fomos salvos.

Quando os cristãos se desviam do que é central para se concentram em questões não essenciais, inevitavelmente acabam por assumir uma postura legalista. A forma como vivemos a nossa fé como igrejas e como indivíduos tem gerado uma imagem de nós. Nós gostaríamos de ser imagem de Deus, mas quando quem não é cristão olha para nós, o que é que vê?

Quando Paulo escreve à igreja que se encontrava em Roma, ele lança-lhes um desafio lindíssimo, que é o mesmo que lança hoje para nós: que cantemos a suave melodia do amor de Jesus, juntos com uma mente e uma boca. Ao longo dessa poderosa melodia há uma frase que se repete constantemente: “A Deus seja a Glória”.

Não há nada que nos possa afastar do amor de Deus. Por vezes pensamos que sim, porque ainda somos tentados a pensar que são as nossas circunstâncias que ditam o amor de Deus por nós. Mas não são! Deus ama-nos muito para lá das nossas circunstâncias.

Vale a pena viver no meio de toda a adversidade do momento presente como filhos de Deus na expectativa de recebermos uma herança futura? Há quem pense que não. Pode até começar a pensar que sim, mas quando o sofrimento vem, quando as expectativas se veem frustradas pela realidade, quando o tempo de espera é longo... então a resposta passa a ser, cada vez mais, um rotundo NÃO. Não vale a pena viver assim!

Mas Paulo defende que SIM, vale a pena esperar, porque "os nossos sofrimentos de agora não têm comparação com a glória que depois havemos de ter" (Romanos 8:18).

Como o velho pescador Santiago do conto "O velho e o mar", também nós tendemos a correr atrás do nosso ego em vez de seguir a voz do Espírito que nos torna filhos de Deus. Porém, não temos de viver assim. O resplendor da graça de Deus permite-nos viver como filhos, sem medo.

A quem pertences? A Jesus ou ao mundo? Estas duas realidades estão constantemente presentes na nossa vida e aquela que tiver mais influência sobre nós irá ditar a forma como amamos. Que te possas vestir de Jesus.

Ao ver um mundo onde há muita indiferença em relação à dor, é restaurador saber que há uma esperança que não lança sobre nós confusão - Jesus Cristo.

Hoje é comum ver os seres humanos a pensar que o que os faz serem "gente" é medido pelo que alcançam individualmente, como família e também como igreja. Por isso, os seres humanos continuam a sentir que tem de provar quem são para serem aceites e amados. É aqui que entra a glória de Deus. É que ela é a única que vai acabar com o vazio da vida sem esperança.