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 Literatura e Feminismos

Literatura e Feminismos

By Literatura e Feminismos

Os episódios de “Poesia em tempos de Pandemia” compõem a 1ª temporada do programa produzido pelo projeto de extensão Literatura e Feminismos, que assume agora a sua versão Podcast. A temporada apresenta cápsulas poéticas, com leituras de poemas, fragmentos literários e indicações de leituras a partir de obras de autoria de mulheres do mundo todo. O programa é uma produção coletiva de alunos, professores e colaboradores do LAC, Grupo de Pesquisa em Literatura, Arte e Cultura (CNPq/UFVJM), da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri.
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32. Poesia em tempos de pandemia / "O invólucro", Elizabeth Gontijo

Literatura e Feminismos Nov 25, 2021

00:00
02:32
32. Poesia em tempos de pandemia / "O invólucro", Elizabeth Gontijo
Nov 25, 202102:32
31. Poesia em tempos de pandemia / "Casamento", Adélia Prado

31. Poesia em tempos de pandemia / "Casamento", Adélia Prado

O poema "Casamento", escrito por Adélia Prado, integra o livro "Terra de Santa Cruz" (1981). Voz e interpretação de Maria Gorete.

Casamento

Há mulheres que dizem:
Meu marido, se quiser pescar, pesque,
mas que limpe os peixes.
Eu não. A qualquer hora da noite me levanto,
ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar.
É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha,
de vez em quando os cotovelos se esbarram,
ele fala coisas como “este foi difícil”
“prateou no ar dando rabanadas”
e faz o gesto com a mão.
O silêncio de quando nos vimos à
primeira vez atravessa a cozinha como um rio profundo.
Por fim, os peixes na travessa,
vamos dormir.
Coisas prateadas espocam:
somos noivo e noiva.
.................................................. ......

O Literatura e Feminismos é uma produção do LAC

Apresentação: Fernanda Valim

Coordenação Geral: Fernanda Valim

Vice-Coordenação: Gustavo Rückert

Arte: Rebecca Monteiro

Apoio: Cristina Forli, Rebecca Monteiro, Carolina Ansani, Léia Pierucci, Laís Olivato, Lilian Godoy, Ana Paula Nogueira Nunes, Yasmin Moreira, Ana Clara Marques, Lara Rodrigues, Victor Benfica, Cleonice Lopes, Taíza da Silva, Jáliton Ferreira, Caroline Azevedo .

Identidade Visual: Thiago Moura e Rebecca Monteiro

Edição: Fernanda Valim

Divulgação: Amanda Azevedo e Gilenna de Oliveira.

Produção: LAC - Grupo de Pesquisa em Literatura, Arte e Cultura (CNPq / UFVJM)

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Email: lacgrupodeestudos@gmail.com

Instagram: https://instagram.com/literaturaefeminismos?igshid=61iveuq6va86

Nov 25, 202102:03
30. Poesia em tempos de pandemia / "Mãos", Ana Martins Marques
Nov 25, 202102:36
29. Poesia em tempos de pandemia/"Retrato", Cecília Meireles
Nov 25, 202101:59
28. Poesia em tempos de Pandemia / "Mulher", Elizabeth Gontijo
Jun 10, 202101:22
27. Poesia em tempos de Pandemia / "Entre parentes", Elizabeth Gontijo
Jun 10, 202101:27
26. Poesia em tempos de Pandemia / "A vida na hora", Wisława Szymborska

26. Poesia em tempos de Pandemia / "A vida na hora", Wisława Szymborska

O poema "A vida na hora", de Wisława Szymborska, foi publicado no livro Poemas. Voz e interpretação de Valéria Pena.

A vida na hora

A vida na hora.
Cena sem ensaio.
Corpo sem medida.
Cabeça sem reflexão.

Não sei o papel que desempenho.
Só sei que é meu, impermutável.

De que trata a peça
devo adivinhar já em cena.

Despreparada para a honra de viver,
mal posso manter o ritmo que a peça impõe.
Improviso embora me repugne a improvisação.
Tropeço a cada passo no desconhecimento das coisas.
Meu jeito de ser cheira a província.
Meus instintos são amadorismo.
O pavor do palco, me explicando, é tanto mais humilhante.
As circunstâncias atenuantes me parecem cruéis.

Não dá para retirar as palavras e os reflexos,
inacabada a contagem das estrelas,
o caráter como o casaco às pressas abotoado
eis os efeitos deploráveis desta urgência.

Se eu pudesse ao menos praticar uma quarta-feira antes
ou ao menos repetir uma quinta-feira outra vez!
Mas já se avizinha a sexta com um roteiro que não
conheço.
Isso é justo — pergunto
(com a voz rouca
porque nem sequer me foi dado pigarrear nos bastidores).

É ilusório pensar que esta é só uma prova rápida
feita em acomodações provisórias. Não.
De pé em meio à cena vejo como é sólida.
Me impressiona a precisão de cada acessório.
O palco giratório já opera há muito tempo.
Acenderam-se até as mais longínquas nebulosas.
Ah, não tenho dúvida de que é uma estreia.
E o que quer que eu faça,
vai se transformar para sempre naquilo que fiz.

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Apresentação: Fernanda Valim

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Vice-Coordenação: Gustavo Rückert

Arte: Rebecca Monteiro

Apoio: Cristina Forli, Rebecca Monteiro, Carolina Ansani, Léia Pierucci, Laís Olivato, Lilian Godoy, Ana Paula Nogueira Nunes, Yasmin Moreira, Ana Clara Marques, Lara Rodrigues, Victor Benfica, Cleonice Lopes, Taíza da Silva, Jáliton Ferreira, Caroline Azevedo.

Identidade Visual: Thiago Moura e Rebecca Monteiro

Edição: Fernanda Valim e Cristina Forli

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Produção: LAC - Grupo de Pesquisa em Literatura, Arte e Cultura (CNPq/UFVJM)

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May 24, 202103:11
25. Poesia em tempos de Pandemia / "Ontologia", Dheyne de Souza
May 24, 202101:53
 24. Poesia em tempos de Pandemia / "Ensinamento", Adélia Prado
May 24, 202101:24
23. Poesia em tempos de Pandemia / "Na balança de deus", Sónia Sultuane

23. Poesia em tempos de Pandemia / "Na balança de deus", Sónia Sultuane

O poema "Na balança de deus", de autoria da poeta moçambicana Sónia Sultuane, foi publicado no livro Roda das encarnações (2016), pela editora Kapulana. Voz e declamação da própria escritora. 

Na balança de Deus

O meu olfacto reconhece ao longe

as raízes sanguíneas a que pertenço,

todas essas almas que comigo se cruzam

guardam os aromas do tempo

quem me dera que os corpos mortos

num breve sopro, me pudessem

contar que também para lá da morte

todos os momentos que não partilhamos,

todas as coisas que não dissemos

teremos a oportunidade de fazê-lo

com a mesma intensidade com que aqui fizemos

que a carne apodrece mas os sentimentos

esses são eternos,

que a matéria é uma triste ilusão

é a oportunidade de reencarnarmos

mesmo eu não tendo outro sentir, se não este que conheço

afinal toda a vida vale a pena ser vivida,

pois faz parte do nosso karma

para quando regressarmos, sentados na balança de Deus,

o nosso coração seja pesado com as medidas justas,

e possa ficar equilibrado entre o amor e o perdão.


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Sep 05, 202002:27
22. Poesia em tempos de Pandemia / "A invenção de um modo", Adélia Prado

22. Poesia em tempos de Pandemia / "A invenção de um modo", Adélia Prado

O poema "A invenção de um modo", de Adélia Prado, foi publicado no livro Bagagem (1993) pela editora Siciliano. Voz e interpertação de Rebecca Monteiro.

A invenção de um modo

Entre paciência e fama quero as duas,

pra envelhecer vergada de motivos.

Imito o andar das velhas de cadeiras duras

e se me surpreendem, explico cheia de verdade:

tô ensaiando. Ninguém acredita

e eu ganho uma hora de juventude.

Quis fazer uma saia longa pra ficar em casa,

a menina disse: "Ora, isso é pras mulheres de São Paulo"

Fico entre montanhas,

entre guarda e vã,

entre branco e branco,

lentes pra proteger de reverberações.

Explicação é para o corpo do morto,

de sua alma eu sei.

Estátua na Igreja e Praça

quero extremada as duas.

Por isso é que eu prevarico e me apanham chorando,

vendo televisão,

ou tirando sorte com quem vou casar.

Porque que tudo que invento já foi dito

nos dois livros que eu li:

as escrituras de Deus,

as escrituras de João.

Tudo é Bíblias. Tudo é Grande Sertão.

Em busca de um conceito de relação.


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Aug 31, 202002:15
21. Poesia em tempos de Pandemia / "Poemas aos homens de nosso tempo", Hilda Hilst

21. Poesia em tempos de Pandemia / "Poemas aos homens de nosso tempo", Hilda Hilst

O "Poemas aos homens de nosso tempo" (XVI), de Hilda Hilst, foi publicado na obra Júbilo, Memória, Noviciado da Paixão (1974), pela editora Massao Ohno. Voz e interpretação de Cleonice Lopes


                                   XVI

Poemas aos homens de nosso tempo

Enquanto faço o verso, tu decerto vives.

Trabalhas tua riqueza, e eu trabalho o sangue.

Dirás que sangue é o não teres teu ouro

E o poeta te diz: compra o teu tempo.


Contempla o teu viver que corre, escuta

O teu ouro de dentro. É outro o amarelo que te falo.

Enquanto faço o verso, tu que não me lês

Sorris, se do meu verso ardente alguém te fala.

O ser poeta te sabe a ornamento, desconversas:

"Meu precioso tempo não pode ser perdido com os poetas".

Irmão do meu momento: quando eu morrer

Uma coisa infinita também morre. É difícil dizê-lo:

MORRE O AMOR DE UM POETA.

E isso é tanto, que o teu ouro não compra,

E tão raro, que o mínimo pedaço, de tão vasto


Não cabe no meu canto.


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Jul 24, 202002:04
20. Poesia em tempos de Pandemia / "Implosões", Adrienne Rich

20. Poesia em tempos de Pandemia / "Implosões", Adrienne Rich

O poema "Implosões", de Adrienne Rich, foi publicado no livro Que tempos são estes e outros poemas (2018) pela Edições Jabuticaba, com tradução de Marcelo F. Lotufo. Voz e interpretação de Fernanda Valim. 

IMPLOSÕES

O mundo não

é devasso

só vacilante e selvagem


Eu queria escolher palavras pelas quais até você

seria transformada


Tome a palavra

Do meu pulso, amorosa e comum

Transmita seus sinais, hasteie

suas bandeiras escuras e rabiscadas

mas tome

a minha mão


Todas as guerras são inúteis para os mortos


Minhas mãos estão atadas à corda

e não consigo tocar o sino


Estão congeladas na chave

e não consigo invertê-la


O pé está na roda


Quando tudo acabar e estivermos deitadas

nos restos de flores abrasadas

bocas a fitar, olhos boquiabertos

empoeiradas com macerados blues arteriais


Não terei feito nada

nem mesmo para você?

1968


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Jul 18, 202002:01
19. Poesia em tempos de Pandemia / "Árvore", Luisa Godoy

19. Poesia em tempos de Pandemia / "Árvore", Luisa Godoy

O poema "Árvore", de Luisa Godoy,  integra o livro Corpo Celeste (2017), publicado pela Crivo Editorial. Voz e interpretação de Rebecca Monteiro.

Árvore

Dentre outras coisas, isto:

uma árvore contém: 

O tronco, a ramagem.

A fotossíntese, a verticalidade.

A passagem do tempo, impressa

no tom sazonal da folhagem.

A medida de resistência ao vento

e ao machado.

Se a seiva é sangue ou lágrima.

Se abriga ninhos, casulos,

cigarras enterradas.

O quanto entende a sua sombra

(privilegia o boi ou o girassol). 

Quanto dura. Se dá flor. Se fruto.

Que floresta é a sua casa.

Mas olham a árvore

e enxergam somente madeira -

para o papel, o móvel ou a fogueira;

ou para nada, lenha imprestável.

Assim está a mulher:

esta que empenha o seu próprio coração,

exibindo-o inutilmente a seus pares -

plateia, em realidade

que apenas enxerga um par de pernas

e se estão abertas ou fechadas.


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Jul 10, 202002:12
18. Poesia em tempos de Pandemia / "A vida na hora", Wisława Szymborska

18. Poesia em tempos de Pandemia / "A vida na hora", Wisława Szymborska

O poema "A vida na hora", de Wisława Szymborska foi publica no lBrasil na coletânea Poemas (2011) pela Companhia das Letras, tradução de Regina Przybycien. Voz e interpretação de Valéria Pena.  

A vida na hora

A vida na hora.
Cena sem ensaio.
Corpo sem medida.
Cabeça sem reflexão.

Não sei o papel que desempenho.
Só sei que é meu, impermutável.

De que se trata a peça
devo adivinhar já em cena.

Despreparada para a honra de viver,
mal posso manter o ritmo que a peça impõe.
Improviso embora me repugne a improvisação.
Tropeço a cada passo no desconhecimento das coisas.
Meu jeito de ser cheira a província.
Meus instintos são amadorismo.
O pavor do palco, me explicando, é tanto mais humilhante.
As circunstâncias atenuantes me parecem cruéis.

Não dá para retirar as palavras e os reflexos,
inacabada a contagem das estrelas,
o caráter como o casaco às pressas abotoado –
eis os efeitos deploráveis desta urgência.

Se eu pudesse ao menos praticar uma quarta-feira antes
ou ao menos repetir uma quinta-feira outra vez!
Mas já se avizinha a sexta com um roteiro que não conheço.

Isto é justo – pergunto
(com a voz rouca
porque nem sequer me foi dado pigarrear nos bastidores).

É ilusório pensar que esta é só uma prova rápida
feita em acomodações provisórias. Não.
De pé em meio à cena vejo como é sólida.
Me impressiona a precisão de cada acessório.
O palco giratório já opera há muito tempo.
Acenderam-se até as mais longínquas nebulosas.
Ah, não tenho dúvida de que é uma estreia.
E o que quer que eu faça,
vai se transformar para sempre naquilo que fiz.


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Jul 09, 202003:24
17. Poesia em tempos de Pandemia / Sem título, Dheyne de Souza

17. Poesia em tempos de Pandemia / Sem título, Dheyne de Souza

O poema, de autoria e declamação da própria poeta, Dheyne de Souza, foi publicado no livro Lâminas (2020) pela martelo casa editorial. 

"tem dias que amanheço lembrando que sou forte, que sou ferro e que, se calhar, sou brasa. tem dias que amanheço com aptidão suficiente para gritar pra quem for que aqui na minha ilha não aceito expropriação. que aqui na minha angústia há guelras e já me disseram que aprendi a respirar. que aqui no meu oco eu espero. tem dias que amanheço de prontidão pra qualquer tipo de revolução. tem dias que amanheço líquida, rosa, gauche. tem dias que amanheço com os olhos não baixos. tem dias que não importa a lâmina. tem dias que não me importo com nada porque tudo é absolutamente relativo. tem dias que as notícias as estatísticas os fatos mais graves não me abalam. não abalam a minha f. tem dias que amanheço de olhos secos, alma enxuta, lençóis calmos. que me lembro de molhar as plantas, tomar banho, comer e todas essas atividades que não têm o menor sentido de dentro do túnel. tem dias que são implacavelmente. que amenizam todo e qualquer pavor paz urro. tem dias que são braços fortes. tem dias que olho o arquipélago como se fosse turista. tem dias que reclamo dos preços mas não perco o sono em silêncio. tem dias que eu consigo sair pelo humor. que amanheço de olhos pra fora. de voz equilibrista. de pé. tem dia que não é necessário repetir. não é necessário calar. não é necessário. tem dias que as palavras não cortam, que os medos suportam, que o ar não tem dificuldade de entrar. tem dias que eu não penso em fascismo em horror em socorro. que não corro. tem dias que não são plumas ao relento. tem dias que são só um filme. que são só calma, que pode não vir o pior. tem dias em que parece mentira que já estamos. que vamos. que. tem dias que amanheço uma flor no asfalto. tem dias que falo. tem dias que não me lembro de calar. tem dias que amanheço pra linha de frente. pro cálice. pra resistir até passar. tem dias valentes. muralha. labirinto. que acordo sem frio, que saio sem rumo, que falo sem pensar. tem dias amenos, atentos, isentos. tem dias que não.

tem dias que

os amigos

que andavam nas ruas

tem dias que

o sangue que era de sangue

tem dias

que

os números são só caracteres

valores não

tem dias que o abraço no aperto

entre o oco e o

bate

tem dias que amanheço

tem dias que não" 


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Jul 06, 202004:23
16. Poesia em tempos de Pandemia / "Bolinhas", Clarice Lispector

16. Poesia em tempos de Pandemia / "Bolinhas", Clarice Lispector

A crônica "Bolinhas" , de Clarice Lispector, foi publicada no Jornal do Brasil (09.12.67) e posteriormente republicada no livro A descoberta do Mundo (1984), pela editora Nova Fronteira. Voz e leitura de Ana Clara Marques. 

Bolinhas

Não tomo bolinhas. Quero estar alerta, e por mim mesma. Fui convidada para uma festa onde na certa tomavam bolinha e fumavam maconha. Mas minha alerteza me é mais preciosa. Não fui à festa: disseram que eu não conhecia ninguém, mas que todos queriam me conhecer. Pior para mim. Não sou domínio público. E não quero ser olhada. Eu ia ficar calada. Maria Betânia me telefonou, querendo me conhecer. Conheço ou não? Dizem que é delicada. Vou resolver. Dizem que fala muito de como é. Estou fazendo isso? Não quero. Quero ser anônima e íntima. Quero falar sem falar, se é possível. Maria Betânia me conhece dos livros. O Jornal do Brasil me está tornando popular. Ganho rosas. Um dia paro. Para me tornar tornada. Por que escrevo assim? Mas não sou perigosa. E tenho amigos e amigas. Sem falar de minhas irmãs, das quais me aproximo cada vez mais. Estou muito próxima, de um modo geral. É bom e não é bom. É que sinto falta de um silêncio. Eu era silenciosa. E agora me comunico, mesmo sem falar. Mas falta uma coisa. Eu vou tê-la. É uma espécie de liberdade, sem pedir licença a ninguém.

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Jul 02, 202002:29
15. Poesia em tempos de Pandemia / "Guaruguá, o peixe-boi dos maraguá"
Jun 30, 202001:44
14. Poesia em tempos de Pandemia / "O Buriti", Annie de Carvalho

14. Poesia em tempos de Pandemia / "O Buriti", Annie de Carvalho

Poema "O Buriti", de Annie de Carvalho, foi publicado na Coletânea Poemas, Poesias e Outras Rimas (2017) pela Scortecci Editora. Voz e interpretação de Carlos André Alves Santos.

O Buriti

Um Buriti embalava-se em meus sonhos,
trazia os ventos da rosa dos ventos
depois ia pôr-se com o sol do solstício de verão.

O Buriti vinha sombrear meus anseios
e seu fruto salivava a minha boca.
Sou fruto do ventre da árvore gigante.

Venho da raiz desassossegada,
da planta que sombreia o mundo
E se transforma em revoada…

Buriti fazedor das fantasias
tuas mãos nativas libertam
e tatuam epifanias…

Buriti tatuador da poesia!
Cria horizontes escarlates
com as tintas dos paradigmas.

Sou tua nova semente;
fecunda-me... toda
a substância dos teus enigmas.


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Jun 25, 202001:51
13. Poesia em tempos de Pandemia / "Still I rise" / "Ainda assim, eu me levanto", Maya Angelou

13. Poesia em tempos de Pandemia / "Still I rise" / "Ainda assim, eu me levanto", Maya Angelou

Poema "Still I rise", de Maya Angelou, da obra And Still I Rise (1978), editora Random House.

Seguido pela versão em português do poema "Ainda assim, eu me levanto", de Maya Angelou. Tradução de Mauro Catopodis, no blog Vinte Cultura e Sociedade (2014). Disponível em: https://vinteculturaesociedade.wordpress.com/2014/02/15/still-rise-de-maya-angelou-em-duas-traducoes/.

Still I Rise / Ainda Assim Eu Me Levanto

You may write me down in history.   / Você pode me inscrever na História
With your bitter, twisted lies,             / Com as mentiras amargas que contar,
You may trod me in the very dirt.      / Você pode me arrastar no pó
But still, like dust, I’ll rise.                  / Mas ainda assim, como o pó, eu vou me levantar.

Does my sassiness upset you?        / Minha elegância o perturba?
Why are you beset with gloom?       / Por que você afunda no pesar?
’Cause I walk like I’ve got oil wells.  / Porque eu ando como se eu tivesse poços de petróleo
Pumping in my living room.              / Jorrando em minha sala de estar.
Just like moons and like suns,         / Assim como lua e o sol,
With the certainty of tides,               / Com a certeza das ondas do mar
Just like hopes springing high,       / Como se ergue a esperança
Still I’ll rise.                                            / Ainda assim, eu me levanto

Did you want to see me broken?     / Você queria me ver abatida?
Bowed head and lowered eyes?       / Cabeça baixa, olhar caído?
Shoulders falling down like teardrops,  / Ombros curvados com lágrimas
Weakened by my soulful cries?      / Com a alma a gritar enfraquecida?

Does my haughtiness offend you? / Minha altivez o ofende?
Don’t you take it awful hard             / Não leve isso tão a mal,
’Cause I laugh like I’ve got gold mines / Porque eu rio como se eu tivesse
Diggin’ in my own backyard.            / Minas de ouro no meu quintal.

You may shoot me with your words, / Você pode me fuzilar com suas palavras,
You may cut me with your eyes,      / E me cortar com o seu olhar
You may kill me with your hatefulness, / Você pode me matar com o seu ódio,
But still, like air, I’ll rise.                    / Mas assim, como o ar, eu vou me levantar

Does my sexiness upset you?  
Does it come as a surprise
That I dance like I’ve got diamonds
At the meeting of my thighs?

Out of the huts of history’s shame
I rise
Up from a past that’s rooted in pain
I rise
I’m a black ocean, leaping and wide,
Welling and swelling I bear in the tide.

Leaving behind nights of terror and fear
I rise
Into a daybreak that’s wondrously clear
I rise
Bringing the gifts that my ancestors gave,
I am the dream and the hope of the slave.
I rise
I rise
I rise.

Jun 23, 202005:23
12. Poesia em tempos de Pandemia / "Ser mulher", Gilka Machado

12. Poesia em tempos de Pandemia / "Ser mulher", Gilka Machado

O poema "ser mulher", foi publicado por Gilka Machado no livro Cristais Partidos (1915) e posteriormente em Poesias Completas (1992) pela Léo Christiano Editoria. Voz e interpretação de Luiz Gustavo. 

Ser mulher

Ser mulher, vir à luz trazendo a alma talhada
para os gozos da vida; a liberdade e o amor;
tentar da glória a etérea e altívola escalada,
na eterna aspiração de um sonho superior...

Ser mulher, desejar outra alma pura e alada
para poder, com ela, o infinito transpor;
sentir a vida triste, insípida, isolada,
buscar um companheiro e encontrar um senhor...

Ser mulher, calcular todo o infinito curto
para a larga expansão do desejado surto,
no ascenso espiritual aos perfeitos ideais...

Ser mulher, e, oh! atroz, tantálica tristeza!
ficar na vida qual uma águia inerte, presa
nos pesados grilhões dos preceitos sociais!

O Literatura e Feminismos é uma produção do LAC

Apresentação: Fernanda Valim

Coordenação Geral: Fernanda Valim

Vice-Coordenação: Gustavo Rückert

Arte: Rebecca Monteiro

Apoio: Cristina Forli, Rebecca Monteiro, Carolina Ansani, Léia Pierucci, Laís Olivato, Lilian Godoy, Ana Paula Nogueira Nunes, Yasmin Moreira, Ana Clara Marques, Lara Rodrigues, Victor Benfica, Cleonice Lopes, Taíza da Silva, Jáliton Ferreira, Caroline Azevedo.

Identidade Visual: Thiago Moura e Rebecca Monteiro

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Divulgação: Amanda Azevedo e Gilenna de Oliveira.

Produção: LAC - Grupo de Pesquisa em Literatura, Arte e Cultura (CNPq/UFVJM)

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Jun 20, 202001:56
11. Poesia em tempos de Pandemia / "História", Ana Martins Marques

11. Poesia em tempos de Pandemia / "História", Ana Martins Marques

O poema "História", de Ana Martins Marques, foi lançado por ela, no dia de seu aniversário, nas redes sociais. Voz e interpretação de Lara Rodrigues. Está disponível em: http://revistamododeusar.blogspot.com/2016/11/poema-inedito-de-ana-martins-marques.html


História

Tenho 39 anos.
Meus dentes têm cerca de 7 anos a menos.
Meus seios têm cerca de 12 anos a menos.
Bem mais recentes são meus cabelos
e minhas unhas.
Pela manhã como um pão.
Ele tem uma história de 2 dias.
Ao sair do meu apartamento,
que tem cerca de 40 anos,
vestindo uma calça jeans de 4 anos
e uma camiseta de não mais do que 3,
troco com meu vizinho
palavras
de cerca de 800 anos
e piso sem querer numa poça
com 2 horas de história
desfazendo
uma imagem
que viveu
alguns segundos.


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Jun 18, 202001:46
10. Poesia em tempo de Pandemia / "A Billie Holiday, Cantora", Noémia de Souza

10. Poesia em tempo de Pandemia / "A Billie Holiday, Cantora", Noémia de Souza

O poema "A Billie Holiday, Cantora", de autoria de Noémia de Souza, integra o livro póstumo Sangue Negro (2001), da editora Editora Kapulana. Voz e interpretação de Gustavo Rückert. 

A Billie Holiday, Cantora

Era de noite e no quarto aprisionado em escuridão
apenas o luar entrara, sorrateiramente,
e fora derramar-se no chão.
Solidão. Solidão. Solidão.

E então,
tua voz, minha irmã americana,
veio do ar, do nada nascida da própria escuridão...
Estranha, profunda, quente,
vazada em solidão.

E começava assim a canção:
“Into each heart some rain must fall...”
Começava assim
e era só melancolia
do princípio ao fim,
como se teus dias fossem sem sol
e a tua alma aí, sem alegria...

Tua voz irmã, no seu trágico sentimentalismo,
descendo e subindo,
chorando para logo, ainda trémula, começar rindo,
cantando no teu arrastado inglês crioulo
esses singulares “blues”, dum fatalismo
rácico que faz doer
tua voz, não sei porque estranha magia,
arrastou para longe a minha solidão...

No quarto às escuras, eu já não estava só!
Com a tua voz, irmã americana, veio
todo o meu povo escravizado sem dó
por esse mundo fora, vivendo no medo, no receio
de tudo e de todos...
O meu povo ajudando a erguer impérios
e a ser excluído na vitória...
A viver, segregado, uma vida inglória,
de proscrito, de criminoso...

O meu povo transportando para a música, para a poesia,
os seus complexos, a sua tristeza inata, a sua insatisfação...

Billie Holiday, minha irmã americana,
continua cantando sempre, no teu jeito magoado
os “blues” eternos do nosso povo desgraçado...
Continua cantando, cantando, sempre cantando,
até que a humanidade egoísta ouça em ti a nossa voz,

e se volte enfim para nós,
mas com olhos de fraternidade e compreensão!

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Jun 17, 202004:11
09. Poesia em tempos de Pandemia / "Sob uma estrela pequenina", Wisława Szymborska

09. Poesia em tempos de Pandemia / "Sob uma estrela pequenina", Wisława Szymborska

Poema "Sob uma estrela pequenina", de Wisława Szymborska, da obra Todo Caso. Publicado no Brasil no volume Poemas (2011) pela Companhia das Letras, tradução de Regina Przybycien. Voz e interpretação de Luisa Godoy.  

Sob uma estrela pequenina

Me desculpe o acaso por chamá-lo necessidade.
Me desculpe a necessidade se ainda assim me engano.
Que a felicidade não se ofenda por tomá-la como minha.
Que os mortos me perdoem por luzirem fracamente na memória.
Me desculpe o tempo pelo tanto de mundo ignorado por segundo.
Me desculpe o amor antigo por sentir o novo como primeiro.
Me perdoem, guerras distantes, por trazer flores para casa.
Me perdoem, feridas abertas, por espetar o dedo.
Me desculpem os que clamam das profundezas pelo disco de minuetos.
Me desculpem a gente nas estações pelo sono das cinco da manhã.
Sinto muito, esperança açulada, se às vezes me rio.
Sinto muito, desertos, se não lhes levo uma colher de água.
E você, falcão, há anos o mesmo, na mesma gaiola,
fitando sem movimento sempre o mesmo ponto,
me absolva, mesmo se você for um pássaro empalhado.
Me desculpe a árvore cortada pelas quatro pernas da mesa.
Me desculpem as grandes perguntas pelas respostas pequenas.
Verdade, não me dê excessiva atenção.
Seriedade, me mostre magnanimidade.
Ature, segredo do ser, se eu puxo os fios das suas vestes.
Não me acuse, alma, por tê-la raramente.
Me desculpe tudo, por não estar em toda parte.
Me desculpem todos, por não saber ser cada um e cada uma.
Sei que, enquanto viver, nada me justifica
já que barro o caminho para mim mesma.
Não me julgues má, fala, por tomar emprestado palavras patéticas,
e depois me esforçar para fazê-las parecer leves.

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Jun 16, 202003:34
08. Poesia em tempos de Pandemia / "Da calma e do silêncio", Conceição Evaristo.

08. Poesia em tempos de Pandemia / "Da calma e do silêncio", Conceição Evaristo.

Poema "Da calma e do silêncio", de Conceição Evaristo, que integra o livro Poemas da recordação e outros movimentos (2017), pela Editora Malê. Voz e interpretação de Jáliton Ferreira.

Da calma e do silêncio

Quando eu morder
a palavra,
por favor,
não me apressem,
quero mascar,
rasgar entre os dentes,
a pele, os ossos, o tutano
do verbo,
para assim versejar
o âmago das coisas.

Quando meu olhar
se perder no nada,
por favor,
não me despertem,
quero reter,
no adentro da íris,
a menor sombra,
do ínfimo movimento.

Quando meus pés
abrandarem na marcha,
por favor,
não me forcem.
Caminhar para quê?
Deixem-me quedar,
deixem-me quieta,
na aparente inércia.
Nem todo viandante
anda estradas,
há mundos submersos,
que só o silêncio
da poesia penetra.

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Jun 12, 202001:38
07. Poesia em tempos de Pandemia / "Viajo olhando pela janela do ônibus", Ana Martins Marques

07. Poesia em tempos de Pandemia / "Viajo olhando pela janela do ônibus", Ana Martins Marques

Poema "Viajo olhando pela janela do ônibus, de Ana Martins Marques, do Livro das Semelhanças (2015), Editora Companhia das Letras. Voz e interpretação de Rebecca Monteiro. 

Viajo olhando pela janela do ônibus
em busca das linhas vermelhas das fronteiras
ou dos nomes luminosos das cidades
pairando sobre elas
como nos mapas
neles não ventava nem chovia
e nunca era noite
e eu passava horas estudando
todos os caminhos que me levariam até você mas nos mapas eu nunca te encontrava
chego em duas ou três horas
o coração no peito como um pão
ainda quente na mochila
talvez você me espere na rodoviária
talvez eu te veja ainda antes de descer do ônibus assim que descer vou entregar nas suas mãos emboladas num novelo
as linhas desfeitas das fronteiras e
como as contas luminosas de um colar
cada um dos nomes das cidades

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Jun 11, 202001:54
06. Poesia em tempos de Pandemia / "Eu", Florbela Espanca
Jun 10, 202001:45
05. Poesia em tempos de Pandemia / "Prefácio" Golpe: Antologia Manifesto, Marcia Tiburi

05. Poesia em tempos de Pandemia / "Prefácio" Golpe: Antologia Manifesto, Marcia Tiburi

O Prefácio, escrito por Marcia Tiburi, integra o livro Golpe: Antologia Manifesto (2017), da editora Nosotros. Voz e interpretação de Fernanda Valim. 

Não existe poesia depois do golpe. Não existe poesia atrás do golpe. Não há poesia que vá à frente do golpe. Não há poesia que nos proteja do golpe.

A poesia não entra na fila do golpe como um pagador de contas atrasadas, a poesia não carrega o caixão da democracia num féretro infeliz puxado pelo golpe. A poesia não é uma oração pelo golpe. A poesia não é o cortejo, não é como flores no velório para tornar menos feia a morte. Não é ostentação, não é choro, não é conforto, não é jeito. E o golpe não é a morte.

Por que a morte é mais digna que o golpe.

A poesia não é sobre o golpe. A poesia não é sob o golpe. A poesia não faz explicar o golpe. Não é para suportar o golpe. A poesia não é o bálsamo que conforta os pés queimados do golpe sobre as brasas apagadas da democracia.

Não existe poesia que ligue um cidadão ao golpe. Não existe poesia que permita pensar o golpe. Não há poesia para dialogar com o golpe.O golpe não é mensurável, o golpe não é incomensurável. A poesia não é uma medida do golpe.

Nenhuma teoria da poesia é capaz de dar conta do golpe. Não é possível uma teoria do conhecimento do golpe. Uma filosofia política do golpe. Uma estética do golpe. O golpe não se explica na ciência, na medicina ou na botânica, na antropologia ou na psicologia, na geologia ou na física quântica, na cartomancia ou na leitura das mãos dos golpeados ou dos golpistas. A poesia não é a expressão que sobrevive ao golpe porque a ciência falhou em impedir o infarto, em ver a anatomia do golpe.

É que a poesia não tem nada a ver com o golpe. O golpe não vê a poesia. O golpe aparece quando a poesia desaparece.

O golpe está onde a poesia não se deu.

É onde não há nudez.

Não há poesia onde há golpe. A poesia não conversa com o golpe, a poesia não concorda, a poesia não sucumbe. A poesia não se perde, não se entrega, não se impõe, não entra em trabalho de parto pelo golpe. Não dá a mão em cumprimento amigável com o golpe. A poesia não morre por um golpe. Por quantos golpes o golpe seja capaz de produzir. A poesia persiste e nos dá a mão com que escrevemos o texto, um texto que se lança como pedra contra as vidraças transparentes do golpe sempre pronto a impedir a vida para dar lugar a espectros.

Não existe uma poética do golpe. Nenhuma elaboração do golpe é suficiente, nunca entenderemos o golpe, por mais que o golpe seja contra todos, seja contra nós, seja contra cada um. Sentimos o golpe sem saber onde ele se deu. Em que parte de nosso corpo a picada venenosa, que parede, a encosta, a pedra, que teto, que coice, que facada, que tiro, que soco intransponível.

O golpe é grande, o golpe pode ser gigante. O tamanho do golpe é o da tristeza que ele causa. Mesmo que o golpe venha de fora, venha de baixo, venha de cima, venha pelas costas, o golpe atinge é dentro de cada um. No lugar onde somos, onde corpo e espírito nunca foram diferentes. A poesia pode ter apenas uma relação com o golpe. Não importa o tempo, não importa como, a relação que a poesia tem com o golpe é única: a poesia é contra o golpe.

Não existe poesia depois do golpe. O que existe é a poesia contra o golpe. O golpe surge, a poesia se insurge. A poesia contra o golpe é o cuspe, a pedrada, o soco, o ponta pé, o pneu em chamas, as vias impedidas, a greve geral.

A poesia é o fora do texto para onde o texto olha a abrir com as armas perigosas da palavra a passagem para a vida revolucionária.

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Jun 09, 202005:30
04. Poesia em tempos de Pandemia / "A mulher é uma construção", Angélica Freitas

04. Poesia em tempos de Pandemia / "A mulher é uma construção", Angélica Freitas

O poema "A mulher é uma construção", de Angélica Freitas, foi publicado no livro Um útero é do tamanho de um punho (2013) pela Cosac Naify. Voz e interpretação de Cleonice Lopes.

A mulher é uma construção

a mulher é uma construção
deve ser

a mulher basicamente é pra ser
um conjunto habitacional
tudo igual
tudo rebocado
só muda a cor

particularmente sou uma mulher
de tijolos à vista
nas reuniões sociais tendo a ser
a mais mal vestida

digo que sou jornalista

(a mulher é uma construção
com buracos demais

vaza

a revista nova é o ministério
dos assuntos cloacais
perdão
não se fala em merda na revista nova)

você é mulher
e se de repente acorda binária e azul

e passa o dia ligando e desligando a luz?
(você gosta de ser brasileira?
de se chamar virginia woolf ?)

a mulher é uma construção
maquiagem é camuflagem

toda mulher tem um amigo gay
como é bom ter amigos

todos os amigos têm um amigo gay
que tem uma mulher
que o chama de fred astaire

neste ponto, já é tarde
as psicólogas do café freud
se olham e sorriem

nada vai mudar —

nada nunca vai mudar —

a mulher é uma construção

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Jun 07, 202002:10
03. Poesia em tempos de Pandemia / "Roda das encarnações", Sónia Sultuane
Jun 07, 202001:34
02. Poesia em tempos de Pandemia / "Van pasando mujeres", Alfonsina Storni

02. Poesia em tempos de Pandemia / "Van pasando mujeres", Alfonsina Storni

O poema "Van pasando mujeres", de Alfonsina Storni, foi publicada no livro Van pasando mujeres y otros poemas (1919), pela editora Longseller. Voz e interpretação de Lorenza Guimarães. 

Van pasando mujeres

Cada día que pasa, más dueña de mí misma,
sobre mí misma cierro mi mirada interior;
en medio de los seres la soledad me abisma.
Ya ni domino esclavos ni tolero señor.

Ahora van pasando mujeres a mi lado
cuyos ojos trascienden la divina ilusión.
El fácil paso llevan de un cuerpo aligerado:
se ve que poco o nada les pesa el corazón.

Algunas tienen ojos azules e inocentes;
van soñando embriagadas, los pasos al azar;
la claridad del cielo se aposenta en sus frentes
y como son muy finas se les oye soñar.

Sonrío a su belleza, tiemblo por sus sueños;
el fino tul de su alma, ¿quién lo recogerá?
Son pequeñas criaturas, mañana tendrán dueños,
y ella pedirá flores..., y él no comprenderá.

Les llevo una ventaja que place a mi conciencia:
los sueños que ellas tejen no los supe tejer,
y en mis manos ignorantes no perdí mi inocencia.
Como nunca la tuve, no la pude perder.

Nací yo sin blancura; pequeña todavía
el pequeño cerebro se puso a combinar;
cuenta mi pobre madre que, como comprendía,
yo aprendí temprano la ciencia de llorar.

Y el llanto fue la llama que secó mi blancura
en las raíces mismas del árbol sin brotar,
y el alma está candente de aquella quemadura.
¡Hierro al rojo mi vida! ¿Cómo pude durar?

Alma mía, la sola; tu limpieza, escondida
con orgullo sombrío, nadie la arrullará;
si en música divina fuera el alma dormida,
el alma, comprendiendo, no despertara ya.

Tengo sueño mujeres, tengo un sueño profundo.
Oh, humanos, en puntillas el paso deslizad;
mi corazón susurra: me haga silencio el mundo,
y mi alma musita fatigada: ¡callad!...

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Jun 05, 202003:20
01. Poesia em tempos de Pandemia / "Motivo", Cecília Meireles
Jun 05, 202001:50
Poesia em tempos de Pandemia / Vinheta de Abertura

Poesia em tempos de Pandemia / Vinheta de Abertura

Os episódios de “Poesia em tempos de Pandemia” compõem a primeira temporada do programa produzido pelo projeto de extensão Literatura e Feminismos, que assume agora a sua versão Podcast. A temporada apresenta cápsulas poéticas, com leituras de poemas, fragmentos literários e indicações de leituras pertinentes ao tema e a partir de obras de autoria de mulheres do mundo todo.

A proposta é criar mais um espaço de circulação artística e de compartilhamento de provocações, cultura e afetos, para ganharmos fôlego, pelo menos enquanto dure a pandemia do coronavírus.

O programa é uma produção coletiva de alunos, professores e colaboradores do LAC, Grupo de Pesquisa em Literatura, Arte e Cultura (CNPq/UFVJM), da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri.

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Jun 05, 202000:34