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By SpinCast

Juntamos insights sobre a complexidade do nosso tempo sob pandemia. Criamos conversas afiadas com indivíduos talentosos, multidisciplinares e buscamos um olhar 360 com quem faz a diferença. Fomos atrás de ângulos inexplorados e visões prospectivas que tragam análises originais e desafiem as platitudes.
Quem entrevista é o sociólogo, empreendedor serial e investidor, Zeca Martins.
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#22 - Conversa com Philip Yang

SpinCastJun 28, 2020

00:00
01:04:51
Bendita maldita

Bendita maldita

Barbara Gancia é uma figura gigante do jornalismo brasileiro. Embora tenha trabalhado por mais de 30 anos na Folha de SP, ninguém tem mais cara do Pasquim que ela. Bárbara exibe os bons hábitos da elite sofisticada no melhor sentido. Mas nunca deixou de se mostrar à vontade em qualquer boteco. Bárbara é culta e sensível e ao mesmo tempo desbocada e arrebatada. Sinto falta da Barbara mesmo ela estando bem aqui pertinho de nós. É que o domínio woke, prescritivo, previsível, emissor de sinais de virtude, se tornou tão pervasivo que a Bárbara virou um ser em risco de extinção. Quando isso acontecer, o mundo estará infinitamente mais chato. A gente falou um pouco de tudo e mal de quem merece.

May 14, 202159:16
A política mudou de endereço

A política mudou de endereço

Marco Ruediger é um pesquisador de classe internacional que tem se dedicado a investigar como as redes sociais são utilizadas para enviesar tendências de opinião pública em favor da extrema direita. Até 3 anos atrás, sequer se sabia da sua existência. Agora está no poder. Mais, ganhou e governa com um percentual consistente de apoios. É claro que isso intriga e desconcerta os analistas tradicionais, que tentam enquadrar esse momento à luz dos acontecimentos recentes na história brasileira.

Marco resolveu desafiar o senso comum e foi investigar, olhar os dados, identificando os recursos utilizados pelos líderes da extrema direita (presidente da república, em especial) e seguindo as pistas deixadas no ambiente digital, seja ele aberto na redes, seja ele fechado para seguidores incondicionais (caso do Parler). Os resultados descobertos são  decisivos para a compreensão do que os democratas têm pela frente,  Participou da conversa o jornalista Daniel Pinheiro, também um investigador do submundo habitado por extremistas.

Apr 24, 202159:59
Presidiárias, cannabis e o papel da elite

Presidiárias, cannabis e o papel da elite

A conversa com a Patrícia Villela Marino foi atípica.
Não a conhecia, mas soube que era uma ouvinte assídua do Spincast, que fazia um trabalho de filantropia de alto impacto em zonas de extremo desconforto. Pesquisei e tive curiosidade em saber o que faz uma mulher super rica se dedicar ao resgate de presidiárias ou a liberação do uso medicinal de uma substância proibida. Tanta coisa mais sossegada, porque uma das principais acionistas do maior banco brasileiro escolhe ir para o front? Que valores a movem? Será que ela pode “contaminar” outros do andar de cima. Confira.

Apr 16, 202101:06:02
Uma nova avenida para a economia da Amazônia

Uma nova avenida para a economia da Amazônia

O Salo Coslovsky é professor da Universidade de Nova Yorque, de onde pesquisa o que acontece no Brasil e na economia da floresta em pé. Salo aplicou insights inovadores na economia tradicional e os resultados são promissores. A maioria dos estudos atuais sobre a economia amazônica se concentra nas oportunidades em torno da captura do carbono e do desenvolvimento de novos produtos baseados em moléculas que podem gerar novos medicamentos ou alimentos. Salo foi por um caminho diferente e desvelou o potencial de produtos que o mercado mundial já consome, o Brasil já produz, mas nossa participação no mercado mundial é ínfima. É tão baixa que qualquer ganho pode ser de alto impacto.

Apr 12, 202153:04
Pandemia, um ano depois

Pandemia, um ano depois

Gravei essa conversa com os filósofos João Carlos e Marco faz um ano. Essa semana recebi a recomendação de uma ouvinte atenta: “porque você não republica aquele episódio com os filósofos. O que eles falaram como conjectura aconteceu. Só que pior”. Fui ouvir novamente e me chocou. Quando gravamos, 365 dias atrás, minha compulsão por olhar o copo meio cheio me protegia. Achei que o exercício moral dos filósofos poderia não ser confirmado em uma grave crise sanitária e estaríamos salvos. Errei. Agora não há mais espaço para auto-engano. E o caminho é único: vencer a pandemia e quem a promove.

Apr 09, 202101:08:11
Opinionismo x Verdade

Opinionismo x Verdade

O frescor do olhar aplicado por esses dois jovens, Zé Marcelo Zacchi e Miguel Lago, ao que se passa no Brasil atual, vem informado pela ciência política, pelo conhecimento de tecnologias digitais, pela informação sobre o modelo de negócios das big techs. Mais importante, eles se movem por um compromisso democrático profundo que os tornou líderes cívicos, além de pensadores sofisticados.

Apr 02, 202148:46
Da NASA para a Amazônia

Da NASA para a Amazônia

Esse episódio com o Juan Carlos Castilla-Rubio é inclassificável. Ele é membro do board do Forum Econômico Mundial, mas é muito mais. Juan é um sujeito com muitas nacionalidades. Peruano de nascimento, brasileiro por adoção, estudou e trabalhou na Inglaterra, na Franca e nos Estados Unidos. Seus domínios vão da matemática avançada à biologia sintética, passando pela engenharia de novos materiais, ciência do clima e espacial. Com esse repertório pelo qual navega (literalmente, ele também é navegador), Juan produz ciência básica e muita tecnologia aplicada a negócios concretos.

Atualmente seu grande desafio está em criar condições para o mapeamento da vida (o grande genoma), que pode tornar viável a exploração da floresta em pé e restaurar a que foi devastada. 

Se alguém pode colocar esse ovo em pé, se não for o Juan, será alguém com a banda larga que ele tem.

Mar 26, 202156:17
Agrofloresta é nosso Vale do Silício

Agrofloresta é nosso Vale do Silício

O Valmir é um perfil raro. Tem quilometragem técnica, processa informações científicas com sofisticação, tem sensibilidade e escolheu ser empreendedor na fronteira da economia verde. O Valmir criou a Belterra e, através dela, está desenvolvimento projetos de restauração florestal que se viabiliza com a produção sustentável de alimentos. A Belterra aplica ciência e desenvolve seus projetos com vista a validar modelos que devem ser replicados em outras áreas degradadas em condições semelhantes. O negócio da Belterra não é ter terra, é ter knowhow para desenvolver produtos, plantar de forma sã e eficiente e abrir mercados. O agricultor ganha o que não tem e a Belterra ganha escalabilidade.
Conversei com o Valmir tendo claro que seu sucesso pode significar a abertura de espaço para muitos outros empreendedores para quem a natureza é fonte de vida e produção de riquezas.

Mar 19, 202101:08:45
Derrubando Muros: Agronegocio e sustentabilidade

Derrubando Muros: Agronegocio e sustentabilidade

Neste episódio reproduzimos mais um painel realizado pelo DERRRUBANDO MUROS. Esse, sobre "Agronegócio e Sustentabilidade", forma par com o anterior, sobre "Capital Natural e Economia  Verde". A intenção deliberada em ambos foi conectar atores diferentes de setores vizinhos: neste caso, ambientalismo e agronegócio. Outros temas da economia, da espiritualidade, das novas tecnologias e dos grandes desafios brasileiros serão tratados no Derrubando Muros e compartilhados aqui. Não se complementa lacunas com os atributos que já temos. São os diferentes que se completam. Como nesse episódio em que olhamos oportunidades na economia verde e as chances  do Brasil ser o grande campeão nesse front.

Mar 12, 202101:24:39
Uma potencia brasileira: artesanato de raiz cultural

Uma potencia brasileira: artesanato de raiz cultural

A Sonia Quintella é presidente da Artesol, uma associação sem fins lucrativos que trabalha para promover o artesanato de raiz cultural brasileira. Ao ouvi-la, você vai entender que não estamos falando de algo apenas folclórico, uma sub arte pela qual se deva ter condescendência. O artesanato cultural brasileiro é exuberante, original e expressa nossa melhor identidade. Isso, em tempos de tanta descrença com o Brasil, já é suficientemente importante. Mas o artesanato é também uma atividade econômica essencial para milhões de pessoas, O que a Sonia está fazendo é ajudar a acelerar a geração desse valor. E está fazendo isso com uma competência reconhecida. Ela e a Artesol são positivamente imprescindíveis.

Mar 05, 202159:38
Derrubando Muros: A Economia Verde e o Capital Natural no Brasil

Derrubando Muros: A Economia Verde e o Capital Natural no Brasil

Tomei a oportunidade de mediar esse grande diálogo para editar e compartilhar o conteúdo com vocês: "Derrubando Muros: A Economia Verde e o Capital Natural no Brasil". Poder ouvir, aprender e debater com talentos como André Lara Resende, Fernando Gabeira, Beto Veríssimo e Bernardo Strassburg, é um privilégio que não poderia ficar restrito aos 80 presentes que formaram uma platéia tão qualificada quanto o quarteto de painelistas na reunião fechada no Zoom. Por isso criamos o Spincast Painel para editar essa versão compartilhável. O tema, que carrega as preocupações do presente (e são muitas), também indica o potencial do Brasil para ser a locomotiva da nova economia verde que pode tornar o Brasil líder mundial de sustentabilidade. Depende de nós.

Feb 26, 202101:07:19
Do Rio ao Acre, a história de pioneirismo de Bia Saldanha

Do Rio ao Acre, a história de pioneirismo de Bia Saldanha

Essa conversa com a Bia Saldanha foi uma surpresa para mim. Eu havia lido o livro sobre a vida dela, Amazonia 20º andar, e estava claro que me encontraria com alguém cuja coragem era incomum. Bia deixou o conforto e o sucesso no Rio de Janeiro para se aventurar na floresta do Acre e se tornar empresária naquele ambiente onde as regras de sobrevivência eram completamente desconhecidas para ela. E foi para lá para desenvolver algo novo, o couro vegetal. O mesmo "couro" com o qual foi produzida uma bolsa da Hermés que custava 1500 euros e foi o carro chefe da empresa no mundo. Não foi só essa a conquista da Bia. Nem isso esconde os muitos tombos que a vida reserva para quem, como ela, aceita ir para o trapézio sem rede embaixo. Pode haver quem tenha a coragem empreendedora da Bia. Mais do que ela, duvido.

Feb 19, 202101:05:24
A China que poucos conhecem

A China que poucos conhecem

Esse episódio trata sobre um assunto tão vital como negligenciado entre brasileiros: o desafio de entender nossa relação com a China além das simplificações esquemáticas, que mais revelam preconceitos que esclarecem. Essa conversa com a Tatiana Prazeres, desde Pequim, busca furar o bloqueio dos lugares comuns para lançar alguma luz sobre esse país que, além de estar se posicionando para ser a mais poderosa nação do planeta, já há muito tempo é o mais importante parceiro comercial brasileiro.  Na última linha, a China é quem nos permite fechar nossas contas. Fato. A par disso, pessoas razoavelmente informadas, sabem quase nada sobre essa China. É como se uma inércia pró ocidente nos mantivesse cativos de um mundo que já não existe mais. A consequência disso é que descuidamos do presente e podemos perder as oportunidades futuras que serão liberadas para os que estiverem melhor adaptados para um futuro próximo onde a hegemonia será compartilhada entre múltiplos polo.


Livro citado na conversa:  https://bit.ly/3d1VGgW

Feb 12, 202101:07:44
A Republica das Milícias

A Republica das Milícias

Foi uma conversa intensa e interessante, embora a aspereza do tema.

Bruno é um especialista e, ao mesmo tempo, um generalista. Conhece as engrenagens da violência brasileira como um arqueólogo precisa conhecer o terreno em que pesquisa. A diferença é que o Bruno, ao mergulhar na violência brasileira, lida com pessoas vivas, algumas muito vivas, embora boa parte delas não assim permaneçam por muito tempo.

Acho que consegui sentir um pouco do que move o Bruno. Dá para perceber que ele é atraído por temas duros, que a maioria dos pesquisadores prefere passar longe. Estamos falando sobre a violência industrializada, banalizada, tornada um modelo de negócio e de operação política ao mesmo tempo. Por isso também notei, e valorizo, a forma como ele se distancia para manter a lucidez, ainda que seja dentro da cena em que fala, por exemplo, com um matador profissional. Outra virtude do trabalho do Bruno é que mantém o foco, sem atropelar o ouvinte ou leitor com emocionalismos ou com juízos de valor que, afinal, cabe a quem o lê e escuta.

Enfim, eu pretendia focar nossa conversa no interessantíssimo livro recém lançado pelo Bruno, “A República das Milícias”, que li logo antes de gravar esse episódio. Fizemos isso, mas invadimos outros temas e perplexidades mútuas que afligem nosso (o dele, o meu e o seu) presente e futuro.

Feb 05, 202101:04:54
Empresas devem devolver o que ganham da sociedade

Empresas devem devolver o que ganham da sociedade

O Johannes van de Ven é um perfil incomum. Já pela formação, que junta teologia e economia. Segue pela trajetória internacional desse holandês que escolheu graduar-se na melhor escola de formação de economistas do Brasil na década de 80, que era a PUC/Rio. Lá, foi aluno dos que, na década de 90, seriam os criadores do Plano Real (Lara Resende, Pedro Malan, Edmar Bacha e uma turma da pesada). No Rio foi contratado por um banco brasileiro de investimentos para trabalhar em Nova Iorque. Quando achou que tinha aprendido o suficiente sobre as astúcias do capital, Johannes tratou de se reaproximar da teologia para juntar as pontas: como fazer a habilidade empreendedora gerar benefícios equilibrados para os acionistas e para a sociedade. Desde o início do anos 2000 ele tem trabalhado para desenvolver projetos que juntem as melhores práticas da gestão financeira sofisticada com a melhoria da vida de todos. 

Johannes tem participado dos esforços da Igreja Católica através da encíclica papal Laudato Si, a que atribui influência decisiva ao Acordo de Paris, e sua empresa banca projetos de impacto no Brasil, onde ele continua ligado mesmo morando na Suíça.

Nesse momento, ele tem colaborado para identificar formas da floresta amazônica permanecer de pé e gerando riqueza em harmonia com o planeta. O trabalho de Johannes é um exemplo para emular toda a elite brasileira.

Jan 29, 202101:14:21
“Decifrando o enigma chinês”, Embaixador Marcos Caramuru

“Decifrando o enigma chinês”, Embaixador Marcos Caramuru

Essa conversa com o Embaixador Marcos Caramuru vem preencher uma lacuna do Spincast. Não é possível tratar dos grandes desafios brasileiros sem entender a China e sua relação conosco.
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Marcos estudou esse país, serviu lá e vive lá. Domina o conhecimento formal da operação da economia, das complexas estruturas políticas e, sobretudo, se interessa por conhecer o comportamento da sociedade chinesa. Me pareceu a pessoa certa para entrar no assunto.
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Para o Embaixador Caramuru, se o objetivo é manter relacionamentos fecundos com os chineses, é necessário ir além dos livros e dos interesses econômicos imediatos. É preciso sentir os chineses e o que importa para eles. Segundo aprendi na conversa, lá, a harmonia precede em importância a verdade. E a amizade é o fio condutor dos negócios. Quem imagina relacionamentos autômatos, como é a fantasia de um país comunista hiper regrado, vai levar um choque. Na China, as super estruturas conhecidas se mantém lado a lado com a relações interpessoais, em um dualismo artesanal de relações humanas determinantes, mas pouco conhecidas por quem não conhece a China. Relações humanas, via de regra, pouco reconhecidas no objetivismo impessoal da sociedade ocidental contemporânea.
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Temos muito a aprender sobre essa potência que, tudo indica, logo será a grande potência hegemônica do planeta.

Jan 22, 202101:07:42
Além da ortodoxia ou heterodoxia econômica

Além da ortodoxia ou heterodoxia econômica

Ouvir o André Lara Resende era uma ambição antiga. No Brasil, onde tudo se polariza, a economia não escapa ao padrão. Sendo uma consequência de escolhas baseadas em valores e interesses, a economia é, essencialmente, uma versão quantificada da política. Escolhas frouxas e baseadas em generosidade fácil, via de regra populistas, começam em festa e terminam em tragédia. O governo Dilma é um exemplo recente. O da Argentina, um padrão que perdura. Governos que invocam austeridade fiscal e repousam a responsabilidade da vida coletiva nas escolhas exclusivamente individuais, além de desconsiderarem a brutal assimetria no acesso às oportunidades, costumam começar bem e terminar em farsa, se não forem interrompidos pela tragédia. Ao longo do século passado nos acostumamos a ver populistas contra fiscalistas, Keynesianos versus seguidores de Milton Friedman. Em nenhum desses arquétipos se poderia ser, ao mesmo tempo, socialmente sensível com os excluídos e responsável na gestão das finanças. O que o André Lara Resende tem dito é o oposto do que falam os economistas entrincheirados nos polos. Para ele, é possível ser sensível aos marginalizados e manter compromisso com a gestão fiscal responsável, contanto que se supere a fossilização dos conceitos econômicos ultrapassados. Ou seja, as duas preocupações, a social e a fiscal, não apenas podem ser endereçadas em conjunto, como a política economía deve dispor de instrumentos que viabilizam o financiamento, pelo estado, de atividades emuladoras do desenvolvimento. Não é a poupança que viabiliza o investimento, mas o investimento é que cria a poupança. André, como o prêmio Nobel Paul Krugman nos US, defende que o estado PRECISA produzir dívida para gerar capacidade de investimento, e que isso é o que gerará poupança da sociedade. Alguns se escandalizaram, foi exorcizado por outros, mas, aos poucos, os principais economistas do FMI, do Tesouro Americano e até do Banco Central da Índia, nesses tempos de pandemia, passaram a formular políticas na mesma direção. Em pouco tempo, André saiu da condição de “excluído” para interlocutor preferido por intelectuais, investidores e gestores. Não foi uma conversa fácil, nem simples, para mim. O tema é complexo, e André um pensador sofisticado. Foram duas horas que editamos para compactar em dois episódios de 50 mins. Vale como instrução atual, vale como registro de um pensamento rico e original. Como frustração, fiquei sem falar sobre o que tinha me preparado e lido, a vida do escritor Otto Lara Resende, pai do André, que, com sua pena delicada e precisa, trafegava pela erudição com a simplicidade que só os mineiros da gema tem. Fica para o próximo encontro.

Jan 16, 202141:36
Andre Lara Resende põe o “estado da arte” da economia a serviço da sociedade

Andre Lara Resende põe o “estado da arte” da economia a serviço da sociedade

Ouvir o André Lara Resende era uma ambição antiga.
No Brasil, onde tudo se polariza, a economia não escapa ao padrão. Sendo uma consequência de escolhas baseadas em valores e interesses, a economia é, essencialmente, uma versão quantificada da política.
Escolhas frouxas e baseadas em generosidade fácil, via de regra populistas, começam em festa e terminam em tragédia. O governo Dilma é um exemplo recente. O da Argentina, um padrão que perdura.
Governos que invocam austeridade fiscal e repousam a responsabilidade da vida coletiva nas escolhas exclusivamente individuais, além de desconsiderarem a brutal assimetria no acesso às oportunidades, costumam começar bem e terminar em farsa, se não forem interrompidos pela tragédia.
Ao longo do século passado nos acostumamos a ver populistas contra fiscalistas, Keynesianos versus seguidores de Milton Friedman. Em nenhum desses arquétipos se poderia ser, ao mesmo tempo, socialmente sensível com os excluídos e responsável na gestão das finanças.
O que o André Lara Resende tem dito é o oposto do que falam os economistas entrincheirados nos polos. Para ele, é possível ser sensível aos marginalizados e manter compromisso com a gestão fiscal responsável, contanto que se supere a fossilização dos conceitos econômicos ultrapassados. Ou seja, as duas preocupações, a social e a fiscal, não apenas podem ser endereçadas em conjunto, como a política economía deve dispor de instrumentos que viabilizam o financiamento, pelo estado, de atividades emuladoras do desenvolvimento. Não é a poupança que viabiliza o investimento, mas o investimento é que cria a poupança.
André, como o prêmio Nobel Paul Krugman nos US, defende que o estado PRECISA produzir dívida para gerar capacidade de investimento, e que isso é o que gerará poupança da sociedade.
Alguns se escandalizaram, foi exorcizado por outros, mas, aos poucos, os principais economistas do FMI, do Tesouro Americano e até do Banco Central da Índia, nesses tempos de pandemia, passaram a formular políticas na mesma direção.
Em pouco tempo, André saiu da condição de “excluído” para interlocutor preferido por intelectuais, investidores e gestores. Não foi uma conversa fácil, nem simples, para mim. O tema é complexo, e André um pensador sofisticado.
Foram duas horas que editamos para compactar em dois episódios de 50 mins. Vale como instrução atual, vale como registro de um pensamento rico e original. Como frustração, fiquei sem falar sobre o que tinha me preparado e lido, a vida do escritor Otto Lara Resende, pai do André, que, com sua pena delicada e precisa, trafegava pela erudição com a simplicidade que só os mineiros da gema tem. Fica para o próximo encontro.

Jan 15, 202152:34
Somos animais e nossos corpos temem | COMO FAZEMOS NOSSAS CABEÇAS?

Somos animais e nossos corpos temem | COMO FAZEMOS NOSSAS CABEÇAS?

O ano iniciou e terminou atipicamente difícil. Nesta pandemia,  encaramos a fragilidade de nossa espécie como ela é: vulnerável, instável, incapaz de se proteger. Essa imprevisibilidade, inevitavelmente se irradia para nossos comportamentos, inclusive políticos. Como podemos sobreviver à crescente incerteza cuidando de nossa saúde mental individual e coletiva? Alguns vendem certezas com a credibilidade de quem vende terrenos no céu. Quando o desespero é grande, há quem os compre. Entender como fazemos nossas cabeças é o título dessa minissérie e foi o tema da conversa com o neurocientista Claudinei Biazzoli

Dec 18, 202048:06
Um jeito perestroika de fazer a cabeça | COMO FAZEMOS NOSSAS CABEÇAS?

Um jeito perestroika de fazer a cabeça | COMO FAZEMOS NOSSAS CABEÇAS?

Quando se fala de Perestroika, vem à mente os anos 80, a Polônia desobediente ao controle soviético se insurgindo contra a opressão cinzenta do stalinismo. Pois Perestroika foi o nome deliberadamente adotado pelo Felipe para uma empresa com foco na educação de habilidades que interessam ao mundo de agora. Não aquele que já passou e deixou como herança paquidermes institucionais de educação disfuncional, desinteressante e, no mais das vezes, inútil.   Ele opera como um periscópio. Está sempre atento aos sinais que fazem a diferença na vida. Se é uma habilidade específica como montar apresentações, ele vai ensinar isso da maneira mais fascinante. Se o desafio é não enlouquecer em tempos de pandemia, a administração de nossas subjetividades será o carro chefe. Eu tinha que ouvi-lo nessa série em que tentamos entender como fazemos nossas cabeças.

Dec 11, 202047:02
60 Anos refazendo a cabeça | COMO FAZEMOS NOSSAS CABEÇAS?

60 Anos refazendo a cabeça | COMO FAZEMOS NOSSAS CABEÇAS?

Essa mini série tenta decifrar “como fazemos nossas cabeças”. Os tempos são fluídos e de complexidade crescente, mas o mundo não começou ontem. Saber o que é novo e o que não é, o que é tragédia e o que é farsa, é decisivo para não comprarmos gato por lebre. Vou ouvir psiquiatras, empreendedores, cientistas, e quis ouvir um político. Tive o privilégio de conversar com o Roberto Freire, 78. É um vulto da história que atua ainda como se tivesse 18 anos. Seguindo o Roberto no Twitter é impossível não pensar: de onde esse cara tira tanta energia? São dezenas de posts por dia. Diferente de “influencers” cujas biografias são raquíticas, Roberto é exuberante na vida real. Transparente, visceral, empolgado com o próprio engajamento, toma o risco da exposição até porque não se vê em outro lugar que não o front onde a vida ocorre. Se é nas redes, lá estará o Roberto. Não está em questão aqui o conteúdo do que defende seus valores, refazendo sua cabeça a cada dia.

Dec 04, 202058:43
O que fazer quando só a incerteza é certa? | COMO FAZEMOS NOSSAS CABEÇAS?

O que fazer quando só a incerteza é certa? | COMO FAZEMOS NOSSAS CABEÇAS?

Roberto Waack tem a fala mansa e as idéias claras e inovadoras. E foi testado em situações em que a maioria não teria resiliência para suportar. Por isso, fiz questão de convidá-lo para abrir a minissérie: COMO FAZEMOS NOSSAS CABEÇAS? Roberto foi executivo e empreendedor e, atualmente, é membro de conselho de empresas e preside prestigiado Instituto ARAPYAÚ.  Até poucos meses atrás, Roberto esteve no olho do furacão da delicada missão de liderar a fundação Renova, criada para executar a reparação pelos danos causados pelo rompimento da barragem de Mariana. Roberto fala como os gestores precisam ser capazes de olhar além de orçamentos e resultados operacionais para incorporarem as incertezas estruturais que definem nosso tempo.

Nov 28, 202001:05:07
Como fazemos nossas cabeças? | Trailer

Como fazemos nossas cabeças? | Trailer

Das pequenas escolhas da rotina até as grandes decisões sobre o nosso futuro como sociedade, nos apoiamos em um mecanismo formador de opiniões e tomador de decisões: a mente.  Por isso, entender essa ferramenta que existe dentro de cada um de nós é uma oportunidade de enxergar, nitidamente, os nossos comportamentos dentro de um contexto cheio de dilemas individuais e coletivos.  A nossa nova série "Como fazemos nossas cabeças?" irá aprofundar nessas questões para entendermos como chegamos nas polarizações ideológicas, os questionamentos da democracia, como se desenvolvem as patologias mentais e diversos outros tópicos que estão ligados ao nosso cenário atual. Para discorrer sobre esses assuntos iremos contar com a presença de pessoas de áreas diversas do entendimento humano como política, antropologia, psiquiatria e entre outras.

Nov 27, 202001:38
#39 - Negócios da mata não são para principiantes

#39 - Negócios da mata não são para principiantes

Conversar com a Carina Pimenta  aumentou minha confiança e otimismo de que a virada do Brasil do século XX para o atual, passa pela Amazônia e pelas oportunidades que ela encerra. A Conexsus, liderada pela Carina, tem como missão conectar a economia dos povos tradicionais com a nova economia. Ela mira na capacitação não apenas de indivíduos, mas dos ambientes produtivos. Escutei com muito respeito a Carina falar sobre um produtor estrativista que sequer conhece o comprador de seu produto e o desafio de tornar acessível para ele, pelo menos, alguns dos serviços que atendem a startups no vale do silício. Virar a chave do atraso atual para uma economia próspera e includente é muito difícil. Mas seria impossível se não houvesse a Carina e outros que, como ela, fazem toda a diferença.

Nov 20, 202053:32
#38 - Sustentabilidade: já fomos respeitados, voltaremos a ser

#38 - Sustentabilidade: já fomos respeitados, voltaremos a ser

A bióloga e ex Ministra do Meio Ambiente Izabella Teixeira é uma personagem da história do Brasil. Nos seus 6 anos como Ministra houve os maiores avanços na proteção ambiental no Brasil. As demarcações de reservas ambientais e indígenas pendentes há décadas foram regularizadas e o cadastro ambiental rural foi implementado.  Essa infra estrutura institucional é decisiva para os avanços que veremos na Amazônia, apesar do obstáculo do atual governo federal. Precisava ouvi-la nesse painel.

Nov 13, 202001:06:56
#37 - Conversa com Ricardo Stoppe

#37 - Conversa com Ricardo Stoppe

O Ricardo Stoppe é um homem da fronteira. Não esperem dele sofisticação nas maneiras ou discurso politicamente correto. Não é por falta de capacidade. Ele é um médico intensivista que teve sucesso em SP antes de se embrenhar na Amazônia, onde amealhou 400 mil hectares. Pra você ter ideia, isso significa a soma das áreas de São Paulo, Rio, Porto Alegre, BH, Recife e Curitiba.

Ele foi pra lá criar gado. Enfrentou uma realidade hostil, ameaças de todas as partes, mas foi ficando, resistindo, endurecendo a casca. Até se encontrar com a economia de carbono, que lhe permitiu abraçar a verdadeira vocação da floresta que só acontece se ela permanecer de pé.

Ele ainda fala como alguém que aprendeu a viver em uma terra sem lei, sob ataque. Mas fala manso quando se refere à captura de carbono que lhe dá sustentação econômica, contanto que ele faça a sua parte,  garantindo a inviolabilidade da floresta.

Na Amazônia, os papéis estão evoluindo. Uns motivados por ética, outros para sobreviver, alguns só para ganhar dinheiro, muitos por todos esses motivos.

Nov 06, 202045:23
#36 - Paraíso Restauravel

#36 - Paraíso Restauravel

A Julia  Sekula viveu 18 de seus 27 anos fora do Brasil. Escolheu voltar convencida de que aqui é o lugar onde pode explorar todo o potencial de impacto e mudança que quer aplicar ao mundo. Julia é coautora do livro, Paraiso Restaurável, com o grande Jorge Caldeira. Se você conhecê-la vai saber porque o Caldeira a convidou. Ela não acredita em mudança de gerações, nem em oposições etárias dadas. mas em pessoas que tem mais e pessoas que tem menos plasticidade com seu tempo. Não teve Nenhuma dificuldade trabalhar com Caldeira, 64.
Ambos crêem decididamente que se o Brasil pode dar certo - e pode - será se voltando a vocação ostensiva de grande potência da natureza que do planeta. O livro mostra porque e como. Julia quer fazer a diferença. Depois da conversa que tivemos e compartilho aqui, tenho certeza que já está fazendo.

Oct 30, 202059:02
#35 - Minissérie Amazônia - Com Carlos Nobre

#35 - Minissérie Amazônia - Com Carlos Nobre

O engenheiro Carlos Nobre, formado pelo ITA e PHD pelo MIT, é um cientista brasileiro reconhecido no mundo como um dos principais especialistas do planeta em mudanças climáticas. Carlos é também um incansável ativista, há mais de 40 anos. Gravou essa conversa uma semana depois da publicação - no NYT - de um artigo seu falando sobre o presente e o futuro da Amazônia.

Carlos lidera uma inciativa chamada AMAZÔNIA 4.0 que tem a missão de ser a interface conciliadora entre as versões tradicionais de desenvolvimento da Amazônia - através de culturas endêmicas domesticadas pelos povos originários como a andiroba, a copaíba, a pupunha e o próprio açaí - com o estado da arte em inovação tecnológica representado pela genômica, nano materiais, comunicação móvel, energia solar, tudo isso em convergência para desenvolver negócios baseados na biodiversidade que só lá existe.

Oct 23, 202052:10
#34 - Conversa com Pablo Ortellado

#34 - Conversa com Pablo Ortellado

O Pablo Ortellado é uma referência em análise de informações nas redes e fora delas. Seu foco nos últimos anos tem sido a polarização e a crescente do uso da violência como solução  admissível. Atualmente nos EUA, 30% da sociedade admite o uso da violência para a resolução de conflitos políticos. Isso é um fenômeno relativamente recente, e o Pablo não afasta um desfecho pior entre os cenários possíveis. Nesse caso, a escalada para um conflito ampliado para uma guerra civil. Nesse meio, muito mais do que a pauta de temas tangíveis e materiais, os costumes e a cultura ocupam a agenda dos blocos polarizados. A insanidade se estabelece quando, como constata a pesquisa do Pablo, os grupos passam a operar como se vestissem as carapuças imputadas pelos opositores. Cada vez que o lado “progressista” ataca o desapreço da direita pelos mais vulneráveis, isso é escutado como uma falsificação de comunistas e corruptos e ajuda na coesão da direita. Inversamente, quando a direita aponta a irresponsabilidade fiscal da esquerda, isso é ouvido como a prova de que a direita não tem sensibilidade com o sofrimento humano e estimula a aglutinação pela esquerda. Isolado do calor dos polos, os conservadores não são todos insensíveis às demandas sociais, assim como os progressistas estão longe de serem automaticamente irresponsáveis fiscais. A polarização distorce a verdade e inviabiliza a governança.”

Oct 16, 202049:60
#33 - Minissérie Amazônia - Com Ilona Szabó

#33 - Minissérie Amazônia - Com Ilona Szabó

A Ilona é uma jovem com muita experiência na fronteira onde crime e drogas geram sofrimento. Nela, através do Instituto Igarapé que fundou e dirige, Ilona produz pesquisa e posicionamentos baseados na melhor ciência. Alheia às tribos alinhadas a ideologias à esquerda e à direita, Ilona cria e advoga por soluções baseadas em evidências e em benchmarks de sucesso. Ilona é cidadã do mundo. Dialoga com pares de todas as partes, com os melhores deles. Ter a Ilona cuidando do tema da segurança pública é um privilégio brasileiro.

Oct 09, 202001:05:12
#32 - Minissérie Amazônia - Regional é universal

#32 - Minissérie Amazônia - Regional é universal

O Eliakin Rufino é um perfil riquíssimo, um privilégio para o estado de Roraima contar com essa personalidade exuberante entre os seus. Ele é músico com um perfil único, resultado da confluência de culturas e etnias daquela região da Amazônia. Expressa uma identidade claramente regional e, por isso mesmo, é profundamente universal. Eliakin é um erudito que navega pela filosofia e a história com a mesma naturalidade com que destaca o talento caboclo de Cleudilon "passarinho". Um músico insolente que desconsidera as barreiras da cultura formal e da popular. E ele faz tudo isso através da expressão dos valores da diversidade e do multiculturalismo que se encontram na nossa Amazônia.

Sep 25, 202001:03:53
#31 - Minissérie Amazônia - Uma voz feminina e amazônica

#31 - Minissérie Amazônia - Uma voz feminina e amazônica

Nesse episódio, conversei com a linguista e representante do povo Kokama, Altaci Corrêa Rubim. Esteve junto, mais uma vez, a doutora em biologia, Tatiana Schor, que é também a Secretária de Ciência, Tecnologia e Inovação do estado do Amazonas.

Insisti nessa conversa por que precisava ouvir uma fonte primária. Nessa mesma minissérie tive o privilégio de ouvir especialistas e líderes que têm interpretações sensíveis e inteligentes sobre o que deve ser evitado e o que é preciso que se promova na região. São vozes de intérpretes. Quis dar um passo adiante. Se queremos mudar o significado de nossas relações com os povos originários, é preciso que eles próprios sejam incluídos e cuidadosamente escutados. Sem intérpretes. Valeu muito a pena.

Sep 18, 202055:11
#30 - Minissérie Amazônia - Com Tasso Azevedo

#30 - Minissérie Amazônia - Com Tasso Azevedo

Neste episódio, Tasso Azevedo apresenta os modelos de exploração que aconteceram até agora na Amazônia. Alguns deram certo, outros fracassaram. Outros foram criminosos. E há ainda os que talvez contenham as melhores oportunidades, mas nunca foram tentados. Tasso fala sobre todos eles.

Mais importante, porém, são as pinceladas sobre o futuro: a transformação da Zona Franca de Manaus em uma zona franca da sustentabilidade; o cluster do tambaqui (e também do pirarucu, tucunaré, ...), que pode fazer nossa Amazônia produzir riquezas como o salmão cria no Chile; a oportunidade de projetarmos o negócio gastronômico da Amazônia como uma marca de alto valor intrínseco transferido para seus insumos; o turismo experiencial que só o ambiente amazônico permite, com viagens ao passado, ao conhecimento nativo e à natureza inexplorada. Nessa conversa com o Tasso, passamos por projetos bem intencionados, projetos fracassados e, mais importante, vimos que as melhores oportunidades ainda estão para serem tentadas. A Amazônia é promissão brasileira. Ou, se quiserem, o nosso Silicon Valley que preserva e gera vida além de riquezas para serem distribuídas. 

Sep 08, 202056:25
#29 - Minissérie Amazônia - Com Eduardo Góes Neves

#29 - Minissérie Amazônia - Com Eduardo Góes Neves

Falar com o arqueólogo Eduardo Góes Neves é uma viagem por uma ciência pulsátil e de ponta. Com ele pode-se tocar, com se fisicamente, o conhecimento gerado originalmente sobre a imensa e pouco conhecida região amazônica. 

Mais até do que desconhecida, há muito conhecimento errado, superficial e etnocêntrico sobre a região. Isso fez com que uma visão urbana, primitiva e colonizadora fosse a dominante até hoje. Felizmente, Eduardo e outros cientistas romperam com a barreira que consagrava a ignorância e revelaram uma Amazônia que operou como uma sociedade densamente povoada e detentora de uma ainda incalculável diversidade e riqueza cultural muito anterior a colonização do Séc. XVI. 

De lá para cá, tão grave quanto o genocídio contra o que chegou a ser uma população de 8 milhões (Portugal tinha 1 milhão à época), foi o desprezo etnocêntrico dedicado às populações originais tratadas como se fossem um estorvo para o “progresso”. Com isso, os índios perderam muito, mas perdeu também toda a humanidade, que assistiu um modelo grotesco de pilhagem da natureza destruir 12 mil anos de cultura e conhecimento em um processo de ocupação que mais destrói do que gera valor, e que foi acelerado nos últimos 40 anos em favor de pouquíssimos indivíduos.

Felizmente, o trabalho do Eduardo existe e está à disposição da sociedade civilizada para receber apoio e servir de base para um modelo de exploração sustentável oposto ao atual.

Sep 04, 202054:24
#28 - Minissérie Amazônia - Com Marcos Da Ré e Beto Veríssimo

#28 - Minissérie Amazônia - Com Marcos Da Ré e Beto Veríssimo

Neste terceiro episódio do "Vamos falar sobre a Amazônia" conversei com dois especialistas que se empenham na transição da defesa da preservação/conservação dos ativos da floresta para sua inclusão sustentável no mundo do progresso e das oportunidades. Falei com o biólogo Marcos Da Ré e com o engenheiro fundador do Imazon, Beto Veríssimo. Ambos têm uma postura que vai além da denúncia dos crimes ambientais. Seus esforços têm se dado na busca de modelos de inovação que não têm precedentes no mundo. Todos que não vivem em bolhas de obscurantismo reconhecem o valor único da Amazônia, mas o caminho para sua integração sustentável e includente continua em aberto. É sobre isso que falamos neste episódio.

Aug 28, 202001:04:11
#27 - Minissérie Amazônia - Com Denis Minev

#27 - Minissérie Amazônia - Com Denis Minev

Nesse episódio do “Vamos falar sobre a Amazônia” conversei com o Denis Minev. O Denis, embora jovem, tem habilidades diversas e sofisticadas. Trabalhou em bancos internacionais de investimento, foi Secretário de Estado e é acionista e CEO do maior varejo da região da Amazônia. Ele também é investidor em empresas inovadoras com foco na região. Mas, acima de tudo isso, é também um ambientalista e ativista do meio ambiente que, como era de se esperar, não fala platitudes ou joga para a plateia. Denis tem uma visão crítica em 360 graus, o que faz dele alguém que é necessário ouvir se o objetivo é resgatar uma Amazônia que faz preservação rimar com progresso.

Aug 21, 202059:37
#26 - Minissérie Amazônia - Com Tatiana Schor e Ricardo Abramovay

#26 - Minissérie Amazônia - Com Tatiana Schor e Ricardo Abramovay

Esse é o primeiro episódio de uma minissérie sobre a Amazônia. Iniciei com dois especialistas com visão de seus meandros, mas também com o pé no mundo cosmopolita que olha com interesse a Amazônia. Falei com a PhD em geografia Tatiana Schor, atual Secretária de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado do Amazonas, e com o reconhecido cientista social e estudioso da Amazônia, Ricardo Abramovay.  

Há alguns temas que dobraram de importância com a pandemia. A eco segurança é um deles. As correlações entre alterações provocadas pelo homem no meio ambiente e o surgimento de novos patogênicos está bem documentada. A indagação não é sobre SE pode surgir um desses agentes no Brasil, mas QUANDO isso vai acontecer.

Esse é o lado sombrio que deve e está sendo monitorado por cientistas, ativistas e organizações multilaterais.

Mas há outra dimensão que emerge e é a que nos interessa nessa minissérie. Queremos ajudar a desvelar as oportunidades de geração de valor que chegam à Amazônia nessa nova onda da sustentabilidade global. Está muito claro que a bioeconomia bate às portas do Brasil e da Amazônia. Nela, a manutenção da floresta em pé, preservada, é uma premissa. Diria que é condição necessária, mas não suficiente. O que mais é preciso para que floresçam novos negócios? É dessas respostas que vamos atrás.

Aug 14, 202001:06:43
#25 - Conversa com Marcos Jank

#25 - Conversa com Marcos Jank

Ouvir o Marcos Jank falar sobre agronegócio é ouvir um especialista navegando em seu domínio. Ele possui um arquivo enorme de informações sobre produção, mercado e oportunidades desse campo econômico que é o carro chefe, pelo bem e pelo mal, da economia brasileira. Há muito por ser feito e muito a evoluir nessa "indústria", mas é inegável que, se a economia brasileira é pouco expressiva e nada inovadora, no agro não é assim. Nosso agronegócio domina a agricultura dos trópicos e as tecnologias que sustentam sua reputação e a liderança internacional na exportação de diversas commodities. Um bom começo é reconhecer o que está dando certo e estar informado sobre o que pode ser feito com o que não está indo bem. Marcos fala sobre o diálogo entre a sustentabilidade ambiental e a produtividade no campo. Não existe espaço para uma OU outra coisa, elas têm que andar juntas. E ele fala sobre muito mais.

Aug 06, 202001:02:38
#24 - Painel com Thomas Conti e Pedro Hallal

#24 - Painel com Thomas Conti e Pedro Hallal

Conversar com o Thomas Conti e o Pedro Hallal foi especial. Thomas tem 30 e o Pedro 40 anos, e ambos têm, além da formação acadêmica super sofisticada, a coragem intelectual que faz a diferença entre beletristas e transformadores. Ambos, infelizmente, só acertaram nas previsões quanto ao desenrolar da pandemia que anteviram em março e abril. O Thomas, economista, com seus modelos preditivos alimentados com premissas inteligentes, questionadoras e muito bem informadas, e o Pedro falando em nome da escola epidemiológica que conecta Londres com Pelotas desde 1982. Quando se vê a desinteligência na gestão da pandemia em Brasília e se tem talentos como o Pedro e o Thomas interessados em ajudar o país, fica difícil aceitar o saldo de excesso de mortes evitáveis que vemos acontecendo. Paradoxalmente, ouvir esses dois craques falarem da tragédia me deu ânimo positivo, pois, enquanto tivermos gente dessa qualidade investindo em fazer a diferença, continuarei acreditando que a mudança virá.

PS: a tradição epidemiológica de Pelotas nasceu do doutorado de Cesar Victora e Fernando Passos, na London School of Hygiene and Tropical Medicine.

Jul 28, 202001:01:42
#23 - Conversa com Hussein Kalout

#23 - Conversa com Hussein Kalout

Nessa conversa com o pesquisador de Harvard Hussein Kalout, olhamos para as instituições que deveriam gerir nossas defesas contra a pandemia e, também, falamos sobre como o Brasil e o mundo estão se preparando para os tempos pós pandemia. Claramente, o Brasil está alheio à arena onde as coisas acontecem. Como país gerido por um governo isolacionista, ignoramos os movimentos de defesa dos interesses nacionais, nos prendendo a uma agenda ideológica que ignora o pragmatismo das relações internacionais e o comportamento dos mercados. O resultado é uma troca comercial de apenas 1% do comércio internacional, o que torna nossa presença pífia até mesmo tendo em conta nossa participação de apenas 2,4% do PIB mundial. Hussein não traz todas as respostas, mas ajuda a construir as perguntas.

Jul 24, 202001:13:59
#22 - Conversa com Philip Yang

#22 - Conversa com Philip Yang

Eu quis falar com o Philip Yang desde que li o texto que ele escreveu sobre o Brasil e a China. É um trabalho definitivo sobre escolhas e resultados desses dois gigantes. Como ele escreve, na China a ordem invade o caos. No Brasil, o caos invade a ordem. Recomendo o texto (no site do Instituto URBEM), mas esse não foi o foco da conversa.

Philip prefere falar sobre as cidades e sobre como elas podem ser desenhadas para mitigar a pobreza e superar os problemas da desigualdade.

Eu já sabia da sofisticação intelectual do Philip. Frequentou a Poli/USP até trocar pela música clássica. Estudou gestão pública em Harvard e foi diplomata até decidir que seria empreendedor das cidades. Uma trajetória incomum.

O que eu não sabia é do seu jeito amabilíssimo e da obstinação em ser coerente, claro e relevante ao se comunicar. É um traço seu. Um traço incomum.

Philip detesta parecer erudito. Despretensioso como é,  sua qualidade emerge através de um pensamento original, povoado de cultura cosmopolita e insights criativos. Ele vai detestar que eu diga, mas o Philip é gênio.

Jun 28, 202001:04:51
#21 - Conversa com André Liohn

#21 - Conversa com André Liohn

Quando eu agendei a conversa com o André Liohn, um fotógrafo de guerra “condecorado” com a medalha de ouro no prêmio Robert Capa/2011, eu sabia quase nada sobre o trabalho dele. Sabia que tinha estado no front de batalhas cruentas no Iraque e na Líbia e queria entender no que o combate à pandemia se parece a uma guerra tradicional. Não se parece. É outra natureza de tragédia. Mas algumas atitudes de baixeza humana se equivalem. André diz que nunca viu uma autoridade, por mais facínora que fosse, desrespeitar hospitais na Líbia ou no Iraque. Médicos e doentes não têm lado. São intocáveis. Aprendi que mesmo nas guerras mais cruéis, os líderes não cruzam certos limites para que a sociedade mantenha pelo menos  a ilusão de não ter perdido sua humanidade. 

No Brasil desses tempos pandêmicos esses limites foram tragicamente cruzados.

Jun 18, 202001:04:11
#20 - O mundo paralelo dos grupos de WhatsApp

#20 - O mundo paralelo dos grupos de WhatsApp

No século passado, uma notícia falsa era um fato constrangedor para o veículo que a divulgasse e para o autor mais ainda. Danos por notícias enganadoras como as de antigamente parecem causados por estilingue se comparados à destruição em massa da desinformação vinda dos porões digitais. Notícias intencionalmente falsificadas passaram a ser um modelo de negócio na larguíssima escala da computação social.

As conseqüências são pervasivas. Afetam a vida privada, a reputação das pessoas, a saúde psíquica de todos. No plano geral, isso não afeta só indivíduos, mas põe a democracia sob risco. Alguns dos ofensores do submundo digital atacam abertamente a democracia. Outros são sutis, dissimulados, mas não menos hostis à razão e ao bom senso.

Nesse episódio falei com dois pesquisadores, a Raquel Recuero, da UFPEL e o Fabrício Benevenuto, da UFMG, que mergulharam nos dados das redes sociais e dos grupos de WhatsApp para sair de lá com insights impactantes e informações dramáticas que precisam ser conhecidos.

Jun 11, 202001:03:39
#19 - Conversa com Dr. Robson Capasso
Jun 05, 202045:21
#18 - Conversa com Fernando Gabeira

#18 - Conversa com Fernando Gabeira

Meu convidado de hoje é uma lenda. Sempre foi. Em um encontro casual, a fala mansíssima sugere, a quem não o conhece, estar falando com um Lama budista, talvez um psiquiatra de grande envergadura. Certamente alguém intelectualmente sofisticado e, por certo, espiritualmente elevado. Fernando Gabeira se encaixa nisso, mas é bem mais do que isso. Ele tem a coragem como ferramenta que usa para enfrentar a ditadura, para combater preconceitos, denunciar agressões ambientais e, talvez o emprego mais duro, para fazer autocrítica. Faz tudo isso com a força de um leão e a doçura de uma criança. Sempre foi assim.

Perguntado pelo meu co-entrevistador, Vitor Knijnik, como era sentir medo em 64 comparado com os tempos atuais, ele responde: “eu não tinha medo naquela época” e sorri. Procurando dados sobre seu perfil, para apresentá-lo como faço com todos meus convidados, achei uma definição síntese: um guerrilheiro da lucidez, a materialização das utopias impossíveis. Quem mais você conhece que pode harmonizar lucidez e utopia? Ele sempre pode.

Jun 02, 202052:59
#17 - Conversa com Dr. Jorge Kalil

#17 - Conversa com Dr. Jorge Kalil

Nesse episódio, quisemos entender como o Brasil se comporta na corrida pela vacina contra o coronavírus. Fomos conversar com aquele que é um dos, senão o mais importante, imunologista brasileiro, o Dr. Jorge Kalil, professor titular e livre docente da USP e atual professor convidado em Harvard.

A conversa tinha foco específico e interesse imediato, impostos pela enorme ansiedade e incertezas que cercam a pandemia. Ao final, vocês verão, a conversa cobriu o que pretendia e foi muito além. Tivemos um depoimento de impacto, recheado de boas histórias, como devem ser as melhores narrativas. Kalil é um inovador muito além de seu tempo e de nossa geografia. É um cientista de classe mundial que, se não nos deu a certeza sobre a vacina, nos deu esperança nesse front e, também, nos renovou a crença de que o Brasil feito por profissionais dessa grandeza tem tudo para dar certo.

May 28, 202001:00:15
#16 - Vamos falar de Infodemia?

#16 - Vamos falar de Infodemia?

INFODEMIA é um neologismo e tomara que nunca tivesse existido. Infelizmente, nenhum outro termo define melhor esses tempos duros em que a humanidade sofre o ataque de um vírus que dizima milhares de vidas e aniquila a economia mundial e, ao mesmo tempo, é fustigada por governantes com agenda genocida que fomentam o desprezo à ciência e a desinformação deliberada às custas de vidas que poderiam ser salvas.

Sob o manto da liberdade de opinião pela qual democratas deram a vida, os que desprezam a democracia industrializaram as fake news como uma arma tóxica tornada de uso cotidiano. Segundo a Folha de S.Paulo (20/05), notícias falsas sobre a covid-19 encontradas no Youtube  são 3 vezes mais numerosas do que notícias verdadeiras, aí incluídas as do Ministério e de todo o sistema público de saúde. O maestro dessa orquestra tétrica todos sabemos quem é.

Conversam sobre o tema Natália Leal, Sérgio Lüdtke e Daniel Bramatti.

May 23, 202001:12:60
#15 - Conversa com Steven Rehen

#15 - Conversa com Steven Rehen

Nesse episódio você vai conhecer um enorme talento da ciência brasileira, Stevens Rehen. Um talento que produz ciência de ponta e está engajado em produzir mais. O Stevens foi quem descobriu a conexão do Zika com a microcefalia, um feito de repercussão mundial com mais de 500 citações na Science. 

Nesse momento de pandemia, o Stevens, como fez antes, está mobilizando talentos para colaborar em diferentes esforços para atenuar os impactos e colocar o Brasil no pelotão da frente na ciência. 

Não é desafio simples considerando o enorme descaso oficial com a ciência. Mas o Stevens não é pessimista e fala que, mesmo com a adversidades, é possível avançar e criar oportunidades. Stevens é um comunicador experiente e competente na divulgação da ciência para leigos educados como é nossa audiência. Você vai confirmar. 

May 14, 202001:00:03
#14 - Conversa com Gen. Paulo Chagas

#14 - Conversa com Gen. Paulo Chagas

Tamanha é a conexão da pandemia com as sucessivas crises institucionais no Brasil, que eu não poderia deixar de falar com um general capaz de explicar como, afinal, as Forças Armadas se comportarão nos próximos momentos. 

O General Paulo Chagas é um cavalariano. Um sujeito equilibrado e bem informado que chegou a apoiar Bolsonaro, mas desembarcou quando esse começou a colocar os pés pelas mãos. 

Sem spoiler, entrei com medo de farejar golpe e saí seguro de que o atual Presidente errará o cálculo se imagina contar com as FA.

May 09, 202001:00:35
#13 - Conversa com Dr. Paulo Saldiva

#13 - Conversa com Dr. Paulo Saldiva

O Dr. Paulo Saldiva, patologista e professor titular da USP, é reconhecido pelo que sabe e, sobretudo, por tudo que já fez. Enquanto a maioria dos médicos tratam indivíduos, Saldiva escolheu tratar da saúde da sociedade. 

Nessa hora em todos nos vemos fragilizados pelo risco “igualitário” do novo vírus, profissionais como o Dr. Saldiva se erguem em meio aos comuns, como paladinos que não fazem questão de ser. Nós é que precisamos deles. Muito. 

Nosso convidado tem uma vida investigando as correlações entre o ambiente em que vivemos e nossa saúde. Ou melhor, sobre como construímos o progresso e, ao mesmo tempo, minamos a saúde de nossos filhos e netos. 

Até que uma pandemia nos esfrega na cara o que isso significa. Agora, desde o front da pandemia, com a inventiva de sempre, o Dr. Saldiva coordena autópsias que geram um banco de bio-informações que transforma os dados sobre os efeitos do coronavírus nas vítimas fatais em conhecimento que vai evitar outras fatalidades. Nesse episódio do SpinCast ele fala sobre isso e muito mais.

May 07, 202001:03:38