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Programa Ficha Técnica

Programa Ficha Técnica

By Programa Ficha Técnica

Discos que marcaram a música popular brasileira, álbuns que marcaram as últimas décadas. Opiniões, informações e curiosidades... Ficha Técnica! Criação/produção/apresentação: Larissa Campos e Raul Fortes.
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Programa Ficha Técnica | 21 | Acústico MTV Cidade Negra

Programa Ficha TécnicaDec 01, 2019

00:00
26:52
Programa Ficha Técnica | 21 | Acústico MTV Cidade Negra

Programa Ficha Técnica | 21 | Acústico MTV Cidade Negra

Em sua vigésima primeira edição, o Programa Ficha Técnica traz como tema o disco "Acústico MTV", da banda Cidade Negra.

Criação/produção/apresentação: Larissa Campos/Raul Fortes

Edição: Luciano Campbell

Dec 01, 201926:52
Programa Ficha Técnica | 20 | Lado B, Lado A (O Rappa)

Programa Ficha Técnica | 20 | Lado B, Lado A (O Rappa)

Em sua vigésima edição, o programa Ficha Técnica apresenta informações e canções do disco "Lado B, lado A", da banda O Rappa.

Criação, produção e apresentação: Larissa Campos/Raul Fortes

Edição: Luciano Campbell

Nov 17, 201934:04
Programa Ficha Técnica | 19 | Com você meu mundo ficaria completo (Cássia Eller)

Programa Ficha Técnica | 19 | Com você meu mundo ficaria completo (Cássia Eller)

O tema da décima nona edição do Programa Ficha Técnica é o disco "Com você meu mundo ficaria completo", da Cássia Eller. A produção do disco é do cantor Nando Reis.

Criação/produção/apresentação: Larissa Campos

Edição: Luciano Campbell

Nov 07, 201933:13
Programa Ficha Técnica | 18 | Os Afro-Sambas (Vinicius Moraes e Baden Powell)

Programa Ficha Técnica | 18 | Os Afro-Sambas (Vinicius Moraes e Baden Powell)

A décima oitava edição do Programa Ficha Técnica tem como tema o disco "Os Afro-Sambas", de Vinicius de Moraes e Baden Powell.

Produção/Criação/Apresentação: Larissa Campos/Raul Fortes

Edição: Luciano Campbell

Oct 25, 201934:36
Programa Ficha Técnica | 17 | Nó na orelha (Criolo)

Programa Ficha Técnica | 17 | Nó na orelha (Criolo)

A décima sétima edição do Programa Ficha Técnica traz uma análise sobre o disco "Nó na orelha", do rapper Criolo.

Produção/criação/apresentação: Larissa Campos e Raul Fortes

Edição: Luciano Campbell


Como descobri Criolo

Acho que demorei para conhecer o rapper Criolo, assim como deve ter acontecido com várias pessoas. Mas a ocasião em que o conheci ficou gravada na minha memória.

Faz um tempo que adquiri o hábito de pesquisar bandas e cantores novos. Isso se transformou em uma rotina na minha vida. Volta e meia faço uso do “Radar de novidades” do Spotify e outros canais e neles encontro algumas pérolas.

Cheguei até Criolo num desses trabalhos de busca musical. O ano era 2011 e, ao navegar pelo Youtube, encontrei uma versão diferente da música “Cálice”, composta por Chico Buarque e Gilberto Gil.

A versão, que me arrebatou imediatamente, começava em tom de provocação: “Como ir pro trabalho sem levar um tiro, voltar pra casa sem levar um tiro”. Mas além das indagações sobre violência urbana, outros trechos da versão me deixaram reflexiva.

“Os saraus tiveram que invadir os botecos, pois biblioteca não era lugar de poesia. Biblioteca tinha que ter silêncio e uma gente que se acha assim muito sabida”. Nesses versos, a mensagem clara de que é preciso democratizar a cultura, o conhecimento, afinal, eles podem salvar almas.

A versão de “Cálice” escrita por Criolo é um hino da favela, da periferia e dos perigos que seus moradores enfrentam. Pensando nisso, Criolo canta: “Pai, afasta de mim a biqueira, afasta de mim as biate, afasta de mim a cocaine, pois na quebrada escorre sangue, pai”.

Depois de assistir o vídeo com a versão de Cálice, comecei imediatamente a procurar outros trabalhos de Criolo e sigo acompanhando o rapper. Além do trabalho musical expressivo que desenvolve, Criolo também não foge das discussões e posicionamentos políticos, bastante importantes nos trabalhos mais recentes do cantor, como Boca de lobo e Etérea.

Hoje, ao lembrar da primeira vez em que ouvi a versão de Criolo para Cálice, lembrei de imediato de um verso em que o rapper fala “Me chamo Criolo, o meu berço é o rap, mas não existe fronteira pra minha poesia, pai”. De fato, Criolo permanece fiel às origens, mas o trabalho dele se expande, cresce e ultrapassa mais e mais fronteiras.

Oct 18, 201939:38
Programa Ficha Técnica | 16 | O tempo não para (Cazuza)

Programa Ficha Técnica | 16 | O tempo não para (Cazuza)

A décima sexta edição do Programa "Ficha Técnica" tem como tema o disco "O tempo não para", do cantor Cazuza. 

Criação/produção/apresentação: Larissa Campos e Raul Fortes

Edição: Luciano Campbell



Oct 16, 201932:09
Programa Ficha Técnica | 15 | À flor da pele (Ney Matogrosso e Raphael Rabello)

Programa Ficha Técnica | 15 | À flor da pele (Ney Matogrosso e Raphael Rabello)


A décima quinta edição do Programa Ficha Técnica tem como tema o disco "À flor da pele", de Ney Matogrosso e Raphael Rabello. 

Criação/Produção/apresentação: Larissa Campos e Raul Fortes

Edição: Luciano Campbell



Oct 06, 201942:21
Programa Ficha Técnica | 14 | Tribalistas (2002)

Programa Ficha Técnica | 14 | Tribalistas (2002)


A décima quarta edição do Programa Ficha Técnica tem como tema o disco "Tribalistas", de 2002.

Criação/produção/apresentação: Larissa Campos e Raul Fortes

Edição: Luciano Campbell


Mi casa, su casa

As batidas na porta eram certeiras. Ninguém batia daquele jeito. Ela já conhecia até mesmo o jeito como ele chegava, manso, quieto, sem anúncios. Sempre preparava algo para recebê-lo e, mesmo que ele não quisesse comer, ela insistia. Havia sempre um suco ou chá para acompanhar.

Com aquelas visitas, no meio da tarde, ela sentia a vida mais leve, mas não era apenas isso. Sentia também um carinho, um cuidado e a vontade de dividir o tempo (precioso tempo) com aquela pessoa que, no fundo, ela nem conhecia direito. Ou será que conhecia?

Quando ele vinha, o tempo sempre corria mais rápido. No entanto, independente do tempo disponível, havia sempre aquela sensação de paz, de entrega e tudo o que acontecia era acompanhado pelos doces passos da naturalidade. 

Fosse num domingo à noite ou numa atribulada tarde de quarta-feira, algumas coisas sempre estavam presentes. Entre elas, o cheiro de lavanda francesa e as batidas fortes, aceleradas, do coração dela. Saber que ele estava a caminho já era motivo de alegria, mas não adiantava: quando ele batia à porta, o coração pulava no peito.

O sonho dela era que, um dia, ele viesse para dormir, passar a noite, ficar mais tempo, sem se preocupar com o tempo. A vontade dela era tê-lo mais perto e, isso, ela nunca escondeu. Mas havia situações, impedimentos, fatores, ponderações que tornavam aquele sonho muito distante. Impossível?

Um dia ele avisou que viria mas, provavelmente, não seria para dormir. Mesmo assim, ela ficou feliz. Providenciou algo para comerem, colocou umas bebidas para gelar e arrumou o apartamento, enquanto ouvia “Passe em casa”, dos Tribalistas.

Esperou durante toda a noite. Ele não apareceu. Quando o sono chegou, a encontrou impaciente e aflita, para combinar com a música que ela tanto havia escutado aquele dia. Caminhou até a cama e dormiu pesado, triste, mas resiliente.

Na madrugada, enquanto ela dormia, ele chegou. Tinha uma cópia da chave e entrou com cuidado, sem fazer barulho. Tomou água gelada, tirou os sapatos, apagou as luzes e deitou ao lado dela, que nem mesmo se mexeu. Dormia um sono profundo.

Ele a abraçou. Sentiu a paz que o corpo dela emanava, a sensibilidade, a tranquilidade. Porém, ele também sentiu o cansaço daquele corpo, a angústia e, sobretudo, a esperança de quem passou tanto tempo à espera daquele amor. 

Sep 27, 201931:17
Programa Ficha Técnica | 13 | Somos som (Karola Nunes)

Programa Ficha Técnica | 13 | Somos som (Karola Nunes)

Na décima terceira edição, o programa Ficha Técnica apresenta o álbum "Somos som",  da cantora mato-grossense Karola Nunes.

Criação/produção/apresentação: Larissa Campos e Raul Fortes

Edição: Luciano Campbell


Sep 20, 201928:24
Programa Ficha Técnica | 12 | Rap é compromisso

Programa Ficha Técnica | 12 | Rap é compromisso

A décima segunda edição do Programa Ficha Técnica tem como tema o disco "Rap é compromisso", do rapper Sabotage.

Criação/produção/apresentação: Larissa Campos e Raul Fortes

Edição: Luciano Campbell

Acesse: www.instagram.com/programafichatecnica



Não vão sabotar nossos sonhos!

Larissa Campos/Raul Fortes

Se você não conhece a história e a obra do rapper Sabotage, eu sugiro que tire um tempo para fazer isso. Existem textos, documentários, reportagens e muitos outros materiais que estão disponíveis a partir de uma simples pesquisa no Google. Mas eu sugiro um pouco mais: tire um tempo para ouvir Sabotage.

O que você ganha com isso? Um novo olhar, uma nova perspectiva. Nas rimas que escreveu, o rapper sempre apresentou a realidade sem rodeios, sem meias palavras. Ele encontrou ressonância nas vidas de tantas pessoas que, inseridas na mesma realidade que ele, não encontravam alguém que levasse a voz da favela para o mundo, para além da favela.

Apesar de ter vivido apenas 29 anos, Sabotage fez muito pelo rap nacional. E não poderia ser diferente, afinal, o rap era o compromisso dele. O que mais impressiona na história de Sabotage é, justamente, ele não ter deixado que a realidade na qual estava inserido acabasse com os sonhos que trazia consigo.

Sabotage nunca escondeu as experiências que teve no mundo do crime e não cabe a nenhum de nós fazer qualquer tipo de julgamento. Mas cabe destacar que, mesmo diante de condições pouco favoráveis, ele não se calou e fez de si próprio um instrumento para dar voz a muitas pessoas.

Por meio do rap, ele conseguiu transformar sua realidade, deixando um legado de “responsa”, que permanece sendo estudado e apreciado. É uma pena que ele tenha partido tão jovem. Quem olha para a atual situação política do Brasil com um mínimo de clareza e lucidez, sabe muito bem o quanto rappers como Sabotage são necessários em momentos como o que estamos vivendo.

Mesmo diante de fatores como a fome, a pobreza, o crime, a violência, Sabotage não esqueceu o compromisso com o rap e, consequentemente, o compromisso com ele mesmo. Revisitar a história de vida desse grande rapper brasileiro é repensar os nossos próprios sonhos, as coisas que gostaríamos de fazer, mas deixamos de lado.

As desculpas sempre existirão. Os afazeres e a rotina sempre caminharão ao nosso lado. Mas até quando nós vamos sabotar os nossos próprios sonhos?

Sep 16, 201939:37
Programa Ficha Técnica | 11 | Tim Maia (1970)

Programa Ficha Técnica | 11 | Tim Maia (1970)

A décima primeira edição do Programa Ficha Técnica tem como tema o disco "Tim Maia", de 1970.

Criação/produção/apresentação: Larissa Campos e Raul Fortes

Edição: Luciano Campbell

Acesse: www.instagram.com/programafichatecnica


Primaverou!

Larissa Campos/Raul Fortes

Setembro chegou e, toda vez que ele chega, uma mesma palavra invade o pensamento de muitas pessoas: primavera! Na teoria, aquela estação bonita, em que as flores invadem os cenários e embelezam as cidades. Mas não é assim em todos os lugares.

Em algumas regiões do Brasil, os meses que antecedem a chegada da primavera são marcados pela seca e pelas altas temperaturas. Nessas localidades, quando a estação das flores começa, ainda traz consigo longos dias de seca e calor.

No Centro-Oeste brasileiro, por exemplo, haja ar-condicionado, umidificador e banho de cachoeira para dar conta dos dias de secura. E, partindo desse princípio, algumas pessoas poderiam até pensar que, aqueles que vivem nessas regiões, não teriam tanto a comemorar com a chegada da primavera.

Mas não é nada disso! Nesses casos, a chegada da primavera é um fôlego, uma ponta de esperança que renasce e se instala no peito dos que viveram dias tão sofridos, com suor intenso brotando no corpo, baixa umidade no ar e garganta seca em boa parte do dia.

Quando a primavera chega, as pessoas começam a pensar que as chuvas não vão demorar, que logo o céu vai se abrir para as gotas descerem e banharem a todos que aqui esperam, sedentos e necessitados. A esperança de chuva deixa o clima mais leve, os sorrisos mais fáceis e faz brotar a certeza de que dias mais bonitos virão, com céu mais azul, menos fumaça e o cheiro gostoso da terra molhada. Esse cheiro é uma espécie de perfume para quem vive em regiões de clima seco e quente.

Os efeitos da primavera são tão importantes que ela virou verbo: primaverar! Segundo alguns dicionários, é o ato de desfrutar, de aproveitar essa estação do ano. Em breve ela começará e este texto é um simples convite para viver os dias que virão com mais intensidade, mais esperança e leveza.

É hora de primaverar em todos os sentidos da vida! É hora de regar, fazer brotar os sonhos e viver os dias com um colorido diferente. Os dias estão nebulosos, é verdade. A fumaça no céu quase não nos deixa ver o sol, mas em breve os parques estarão mais verdes, a chuva chegará intensa, as flores aparecerão e, como na música do Tim Maia, você encherá a boca para dizer que “hoje o céu está tão lindo!”.

Sep 16, 201927:31
Programa Ficha Técnica | 10 | Minas (Milton Nascimento)

Programa Ficha Técnica | 10 | Minas (Milton Nascimento)

A décima edição do Programa Ficha Técnica tem como tema o disco "Minas", de Milton Nascimento. 

Criação/produção/apresentação: Larissa Campos e Raul Fortes

Edição: Luciano Campbell

Acesse: www.instagram.com/programafichatecnica


Sobre Milton Nascimento e canções de ninar

Larissa Campos/Raul Fortes

Era um sábado de calor e a turma não demorou para decidir que o destino daquela tarde seria um bar, no centro da cidade. Para um dia quente como aquele, nada melhor do que a cerveja gelada e o papo com os amigos. Foram todos para o bar, animados e descontraídos. Pouca roupa, corpos suados e sorrisos abertos. A roda cresceu rapidamente, em poucos minutos já eram mais de dez pessoas. Uma delas era Maria Olívia, que estava grávida e se revezava entre água e suco de laranja.

Maria era cantora, tinha uma voz suave e profundamente agradável. Quando ela cantava, a criança chutava forte dentro dela. Naquela tarde quente, numa mesa de bar, presenciei um momento sublime de conexão entre uma mãe e a criança que ainda nem havia nascido. Curiosa, perguntei o que a criança mais gostava de ouvir. Sem pensar muito, Maria respondeu: Milton Nascimento! E continuou explicando que, todas as vezes em que ela cantava Milton, a reação do bebê era diferenciada. “Primeiro ele se movimenta bastante, chuta e depois fica quietinho, sossegado”, disse a jovem, explicando que, quando ela era criança, sua mãe costumava cantar Milton antes do sono chegar.

Enquanto todos nós, naquela mesa, já estávamos um pouco alterados pelo efeito do álcool, Maria nos brindou com sua voz doce e cantou Ponta de Areia. Com os olhos fechados, eu escutava aquela voz e tinha a impressão de estar em outra dimensão. Enquanto ela cantava, puxou rapidamente minha mão para que eu sentisse os chutes do bebê e aquilo me emocionou.

Quando Maria terminou de cantar, parecia que todos em volta dela estavam hipnotizados. “O bebê sossegou. Deve ter dormido”, ela brincou. Um dos amigos que estava na roda disse o quanto estava encantado com aquela voz e por presenciar o momento de conexão entre a mãe e a criança. Vários elogios se seguiram e Maria agradeceu dizendo apenas: “Agradeçam Milton Nascimento! Certamente o autor das minhas canções de ninar favoritas”.

Sep 16, 201930:12
Programa Ficha Técnica | 09 | Fruto proibido (Rita Lee)

Programa Ficha Técnica | 09 | Fruto proibido (Rita Lee)

A nona edição do Programa Ficha Técnica tem como tema o álbum "Fruto proibido", de Rita Lee e banda Tutti Frutti. 

Criação/produção/apresentação: Larissa Campos e Raul Fortes

Edição: Luciano Campbell

Acesse: www.instagram.com/programafichatecnica


Rita é rock

(Larissa Campos e Raul Fortes)

Os “Doces Bárbaros” cantaram que “uma menina loira ia vir de uma cidade industrial, de bicicleta, de bermuda, mutante, bonita, solta, decidida, cheia de vida, etc e tal, cantando o yê, yê, yê...” Eles falavam de Rita Lee, uma cantora que é a cara do rock brasileiro.

Além dessa canção, chamada “Quando”, Rita também é citada em Sampa, de Caetano Veloso, como a mais completa tradução da cidade de São Paulo.

Rita é rock, Rita é São Paulo, Rita é a mulher que escreveu seu nome na história do Rock’n Roll brasileiro e que tem servido de inspiração para muitos outros artistas. Por isso falar de Rita Lee não é tarefa fácil.

O que mais impressiona nela é, da fato, o seu lado mutante. Durante toda a carreira, ela nunca fugiu dos desafios, mesmo que o desafio fosse gravar um disco com versões de músicas dos Beatles. Alguns poderiam tremer nas bases, mas a Rita não.

Se a atuação dela na música já representa um incentivo e uma referência para tantas mulheres, não significa que ela devesse parar por aí. A cantora sempre usou a música para promover reflexão, fazer críticas sociais, homenagear outras mulheres. E fez isso brilhantemente em canções como Luz del fuego e Pagu.

Pagu virou um hino, lembrando o ouvinte que “só quem já morreu na fogueira sabe o que é ser carvão”. Com essa música, Rita reforça a importância da luta feminina por igualdade e reconhecimento de direitos.

A história de Rita Lee se confunde com a história do Rock no Brasil. De 1966 a 1972, Rita integrou a banda “Mutantes”, ao lado de Arnaldo Baptista e Sérgio Dias. Depois de 1972, a banda seguiu sem Rita e, por tabela, sem a mesma representatividade.

Os Mutantes foram pioneiros quando se fala em misturar rock a ritmos e estilos brasileiros. Por isso o trabalho da banda foi tão importante. Eles abriram as portas para bandas como Novos Baianos, da qual já falamos no programa.

Mesmo após os Mutantes, Rita Lee manteve-se firme no propósito de viver a música, de dar ao rock uma cara mais brasileira e fez de seu nome um verdadeiro sinônimo para a experiência roqueira no Brasil. Vida longa ao percurso encantador de Rita Lee na música!

Sep 16, 201925:19
Programa Ficha Técnica | 08 | O último romântico (Lulu Santos)

Programa Ficha Técnica | 08 | O último romântico (Lulu Santos)

A oitava edição do programa Ficha Técnica apresenta o álbum "Último romântico", de Lulu Santos.

Criação/produção/apresentação: Larissa Campos e Raul Fortes

Edição: Luciano Campbell

Acesse: www.instagram.com/programafichatecnica


Tudo passa

(Larissa Campos)

Recentemente, ao entrar numa padaria, encontrei uma pessoa que há muito tempo não via. Uma mulher que, em outros tempos, fez parte da minha família e com quem convivi bastante durante a infância.

Conversamos um pouco e eu senti uma alegria enorme de vê-la ali, com o filho mais novo. Num determinado momento da conversa, ela apontou o menino, que comia um sanduíche, e disse: Tudo passa!, o que repetiu pouco tempo depois.

Fazia tempo que eu não me sentia tão comovida com um encontro, a ponto de pensar nele durante alguns dias e até escrever sobre ele, como estou fazendo agora.

Aquela mulher, que eu encontrei na padaria, sofreu um golpe muito pesado da vida. Perdeu um filho, e não deve haver dor pior que essa. E perdê-lo, em decorrência de um acidente, fez com que ela precisasse lidar com muitos sentimentos, principalmente a culpa.

Eu a conheci naquele momento da vida dela e tinha a sensação de que ela seria, para sempre, a personificação do sofrimento. Mas a vida é boa e nada dura para sempre, inclusive as piores dores.

Encontrá-la na padaria, depois de tantos anos, com o filho mais novo, reacendeu em mim o sentimento de esperança. Ao dizer que “Tudo passa”, ela trazia um sorriso no rosto e sensação de leveza. E todas essas sensações chegaram até mim a partir daquelas palavras, daquele abraço e do sorriso aberto.

Apesar de todo sofrimento, a vida deu outras chances àquela mulher. Entre outras coisas, a vida deu a ela um outro filho, para amar, cuidar e viver o amor. Ela já não carrega o semblante cansado, arrasado, de quem deseja desistir de tudo.

No dia em que encontrei aquela mulher, eu ouvi Como uma onda, do Lulu Santos, e a música fez ainda mais sentido. A gente até sabe que “Tudo passa, tudo sempre passará”, mas algumas situações da vida podem nos fazer esquecer disso.

A beleza está, realmente, em aceitar que “tudo muda o tempo todo no mundo” e saber viver com as mudanças. Não há como prever, não há como voltar no tempo, mas “há tanta vida lá fora, aqui dentro, sempre, como uma onda no mar”.

Sep 16, 201932:33
Programa Ficha Técnica | 07 | Geraldo Azevedo - A luz do solo

Programa Ficha Técnica | 07 | Geraldo Azevedo - A luz do solo

A sétima edição do programa Ficha Técnica traz informações e curiosidades sobre o disco Geraldo Azevedo - A luz do solo. 

Criação/produção/apresentação: Larissa Campos e Raul Fortes

Edição: Luciano Campbell

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O cheiro dela
(Larissa Campos e Raul Fortes)

Ele ainda se lembrava perfeitamente da primeira vez em que a viu. E não havia como esquecer, porque assim que ela entrou no restaurante, entrou também um cheiro de frescor, um cheiro de flor de laranjeira. De imediato, ele abordou o amigo que estava ao lado.

Está sentindo esse cheiro gostoso?
Cheiro de que?, retrucou o amigo.
De flor de laranjeira! Não acredito que não está sentindo!

Anos depois ele lembraria da cena e teria a certeza de que aquele perfume realmente não era para o amigo. Era um odor exclusivo, algo que foi mandado especialmente para que ele prestasse atenção naquela moça bonita que, como na música do Geraldo Azevedo, cheirava ao botão de laranjeira.

A moça sentou-se numa mesa um pouco distante e permaneceu sozinha durante todo o tempo. O amigo teve que ir embora, mas ele ficou, porque já havia criado um plano para se aproximar daquela jovem. Pediu uma caneta ao garçom e escreveu um trecho da música do Geraldo em um guardanapo, falando sobre o cheiro feminino que o deixou encantado. Quase desistiu de mandar o bilhete a ela, porque julgou-se atrevido demais e temeu que ela se sentisse constrangida. Mas sentia no peito que não deveria desperdiçar aquela chance.

Quando o garçom entregou a pequena carta a ela, o coração dele batia forte, doido e ele sentiu vontade de sair correndo dali. Vontade que se desfez quando ela sorriu, ainda olhando para o papel. Em seguida, a moça levantou a cabeça e os olhos dela encontraram os olhos dele, numa sequência de fatos que não poderia ser mais perfeita.

Ali começava uma história, por conta de um perfume que ele sentiu e que ninguém mais sentira. Muitas vezes, ele colocava a música do Geraldo para tocar. Eles tiravam do lugar os móveis do pequeno apartamento e dançavam colados. Na cama, ele sempre sentia aquele cheiro feminino, que era só dela, não havia outro igual.

Viveram aquela história com toda a intensidade que ela merecia, da maneira mais inteira que puderam viver, mas tiveram que seguir separados depois de um tempo, cada um no seu caminho.

Ontem, quando ele entrou no mercado público da cidade, um movimento diferente chamou sua atenção. Um grupo distribuía mudas de árvores frutíferas. Ele se aproximou e foi surpreendido por um rapaz que rapidamente colocou uma muda em suas mãos. A muda era de laranjeira e o cheiro não demorou para tomar conta dele. Aceitou a muda, levou-a para casa e plantou-a no quintal. Volta e meia, quando passa perto dela, ele sente a energia nostálgica daquele encontro do passado. Às vezes fecha os olhos e mergulha, inebriado, no perfume da laranjeira. Viaja nas lembranças daquela moça bonita, por quem se apaixonou perdidamente na juventude e dançou colado ao som do Geraldo.

Sep 16, 201930:56
Programa Ficha Técnica | 06 | Da lama ao caos

Programa Ficha Técnica | 06 | Da lama ao caos

Em sua sexta edição, o programa Ficha Técnica tem como tema o disco "Da lama ao caos", da Nação Zumbi. 

Criação/produção/apresentação: Larissa Campos e Raul Fortes

Edição: Luciano Campbell

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Música também é luta

(Larissa Campos e Raul Fortes)

Quando Chico Science e a Nação Zumbi lançaram “Da lama ao caos”, em 1994, não imaginavam a relevância que esse trabalho teria para a música brasileira. O disco consolidou um movimento artístico que ficou conhecido como Manguebeat. Do ponto de vista musical, a ideia era misturar ritmos regionais, como o maracatu, ao rock, hip hop, música eletrônica e outros estilos.

Desse caldeirão, nasceram bandas como a Nação Zumbi, Mundo Livre S/A, Sheik Tosado e Mestre Ambrósio, que se dedicaram a modernizar o passado a partir da música, como Chico Science declarou no “Monólogo ao pé do ouvido”, faixa de abertura do disco.

A relevância do Manguebeat vai muito além da diversidade rítmica. O nome do movimento se refere ao mangue, um ecossistema típico da costa do nordeste brasileiro, e beat, palavra inglesa que significa batida. Ou seja, é a batida do Mangue.

Nas letras das músicas, o movimento se fortaleceu como um grito do homem do mangue, abandonado econômica e socialmente. As canções abriram espaço para falar das desigualdades sociais do Recife e de outras cidades do Nordeste.

Mas além de falar dos problemas, os músicos também convidavam as pessoas para agir. O próprio movimento era uma forma de ação coletiva. Na faixa “Monólogo ao pé do ouvido”, Chico Science diz que o homem coletivo sente necessidade de lutar. Foi a necessidade de lutar que levou esse coletivo de artistas nordestinos a se organizar, usando a arte para chamar a atenção do público e provocar reflexões.

Organizados, eles conseguiram ultrapassar fronteiras e deixaram o nome marcado na história da música brasileira. Dessa forma, puderam comprovar, na prática, que quando nos organizamos podemos desorganizar o sistema e colaborar para que mudanças efetivas possam acontecer na sociedade.

Viva chico science! Viva a nação zumbi! Viva o Manguebeat!

Sep 16, 201928:04
Programa Ficha Técnica | 05 | Alucinação (Belchior)

Programa Ficha Técnica | 05 | Alucinação (Belchior)

A quinta edição do programa Ficha Técnica traz uma análise sobre o disco "Alucinação", de Belchior.

Criação/produção/apresentação: Larissa Campos e Raul Fortes

Edição: Luciano Campbell

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Quero ser Belchior

(Larissa Campos e Raul Fortes)

Em 2009, o Programa Fantástico, da Rede Globo, veiculou uma matéria sobre o sumiço do cantor belchior. Segundo a reportagem, problemas financeiros, familiares e o descontentamento com a carreira teriam levado o músico a viver na reclusão e a deixar o Brasil por um tempo. A equipe da televisão encontrou o cantor numa cidade do Uruguai.

Belchior simplesmente havia deixado tudo no Brasil e partido para uma pequena cidade, onde os vizinhos nem mesmo sabiam quem ele era. Um dos carros do cantor foi abandonado no estacionamento do aeroporto de Congonhas, em São Paulo, e o flat onde ele morava passou anos de portas fechadas.

Me lembro de ter assistido a reportagem e ficar pensando como alguém como o Belchior, considerado um dos grandes nomes da nossa música, podia ser capaz de tomar um chá de sumiço daqueles, deixando tudo para trás. Mas analisando a trajetória dele e as próprias músicas, nem é tão complicado entender as motivações.

Belchior cansou. E quem não cansa? E quem não tem os seus momentos de estopim, com vontade de largar tudo, sair de casa e não voltar mais? Algo muito comum, eu diria, principalmente nos dias de hoje, quando a ficha cai e você percebe que, no escritório em que trabalha e fica rico, quanto mais você multiplica, mais diminui o teu amor.

Percebendo que já não era tão moço, nem tão são, nem tão salvo e forte, Belchior encontrou na reclusão uma forma sincera de viver os dias que ainda lhe restavam. E teve coragem de colocar o plano em ação. Na época, o sumiço pareceu estranho. No fundo, eu acho que a gente tem é inveja do Belchior, da coragem de romper com tudo, com todos, sem ligar para a imagem que estava posta, construída e precisava ser alimentada para atender fãs, mídia, família, etc, etc e etc.

De fato, Belchior nunca se preocupou em dar muitas explicações para os seus atos, inclusive para o tal sumiço. Era como se dissesse: vocês já têm o que importa, a minha música e toda a intensidade dela. Não precisam de mim, não precisam de mais nada. Afinal: eu sou apenas o cantor.

Sep 16, 201924:27
Programa Ficha Técnica | 04 | Verde, anil, amarelo, cor-de-rosa e carvão

Programa Ficha Técnica | 04 | Verde, anil, amarelo, cor-de-rosa e carvão

A quarta edição do Programa Ficha Técnica analisa o disco "Verde, anil, amarelo,  cor-de-rosa e carvão", da cantora Marisa Monte.

Criação/produção/apresentação: Larissa Campos e Raul Fortes

Edição: Luciano Campbell

Acesse: www.instagram.com/programafichatecnica


Quando a música é uma prece

(Larissa Campos e Raul Fortes)

A natureza e seus fenômenos sempre foram uma fonte de questionamentos e inspirações para o ser humano. Quantos textos, poesias e canções falam sobre o sol, o vento, as flores, as árvores, a água e todas as suas formas de manifestação na natureza?

“Segue o seco” é mais que uma música. É uma verdadeira crônica. Quando escuto, lembro Vidas secas, lembro Graciliano Ramos, lembro o retirante Fabiano e sua fiel escudeira, a cachorra Baleia. Assim como a escrita de Graciliano, os versos de “Segue o seco” transportam o ouvinte para o sertão e toda a sua secura.

Quem escuta a música, se sente realmente andando pelo chão rachado, sentindo o calor do agreste e o sol quente no rosto. Mais do que isso, quem escuta a música também sente a fé que ela carrega. Essa fé de quem conversa com a natureza, troca umas palavras com a chuva e pergunta se pode subir aos céus para derramá-la.

Essa chuva é uma metáfora divina. Aliás, o que mais seria a natureza do que uma série de demonstrações dessa divindade (ou dessas divindades) nas quais buscamos um pouco de conforto para viver?

E mesmo quem não acredita em divindade alguma e vê a natureza apenas como um conjunto de fenômenos, não pode deixar de perceber que ela nos dá lições diárias. Ela coloca o ser humano no seu devido lugar, como uma simples parte da cadeia. Ela nos mostra o quão diminutos somos, mesmo quando insistimos em nos achar superiores. Na natureza não somos maiores, nem menores, somos parte e precisamos uns dos outros para continuar aqui.

Com dois acordes, “Segue o seco” fala disso e de muito mais, dependendo da sensibilidade de quem escuta a canção. Aliás, diante de tudo isso, nem acho que se trate de uma canção. Eu diria que é uma prece.

Sep 16, 201922:21
Programa Ficha Técnica | 03 | Ventura

Programa Ficha Técnica | 03 | Ventura


A terceira edição do Programa Ficha Técnica traz informações, curiosidades e músicas que fazem parte do disco Ventura, da banda Los Hermanos. Um programa especial, repleto de informações sobre essa banda responsável por verdadeiros hinos. 

Criação/produção/apresentação: Larissa Campos e Raul Fortes

Edição: Luciano Campbell

Jul 05, 201919:14
Programa Ficha Técnica | 02 | A tábua de esmeralda

Programa Ficha Técnica | 02 | A tábua de esmeralda


A segunda edição do programa Ficha Técnica tem como tema o álbum "A tábua de esmeralda", de Jorge Ben Jor. Conheça mais sobre esse disco repleto de referências esotéricas, astrológicas, herméticas, alquímicas, etc. 

Criação/produção/apresentação: Larissa Campos e Raul Fortes

Edição: Luciano Campbell

Jul 05, 201919:34
Programa Ficha Técnica | 01 | Acabou Chorare

Programa Ficha Técnica | 01 | Acabou Chorare


O programa Ficha Técnica tem o objetivo de apresentar ao público informações sobre importantes discos da música brasileira. Na primeira edição, o tema é o álbum "Acabou Chorare", dos Novos Baianos. 

Criação/produção/apresentação: Larissa Campos e Raul Fortes

Edição: Luciano Campbell

Acesse: www.instagram.com/programafichatecnica

Jun 28, 201919:11