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O Poema Ensina a Cair

O Poema Ensina a Cair

By Raquel Marinho

Perseguindo a ideia de Lawrence Ferlinghetti - "a poesia é a distância mais curta entre duas pessoas" - esperamos, através das escolhas poéticas dos nossos convidados, ficar mais perto deles e conhecê-los melhor. Usamos o verso de Luiza Neto Jorge “O Poema Ensina a Cair” para dar título a este podcast sobre os poemas da vida dos nossos convidados.
Um projecto da autoria de Raquel Marinho.
"Melhor podcast de Arte e Cultura" pelo Podes 2021 - Festival de Podcasts.
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Fernando Ribeiro

O Poema Ensina a Cair Jul 25, 2022

00:00
01:50:02
Francisco Geraldes (II): "Ele (Charles Bukowski) diz que a poesia é o nosso último reduto de salvação, e eu concordo muito."

Francisco Geraldes (II): "Ele (Charles Bukowski) diz que a poesia é o nosso último reduto de salvação, e eu concordo muito."

Segunda parte do podcast com Francisco Geraldes.


Poemas:

O poema - Herberto Helder

Negro Drama - Racionais

Máscaras de Orfeu, Napoleão Mira

In Memoriam, Ary dos Santos


Livro:

O Peso do Pássaro Morto, Aline Bei, edição Nos

Mar 23, 202442:27
Francisco Geraldes (I): "Quando ouço fado estou em casa, estando em minha casa ou em Abu Dhabi."

Francisco Geraldes (I): "Quando ouço fado estou em casa, estando em minha casa ou em Abu Dhabi."

O nosso convidado de hoje é jogador de futebol, leitor, e autor de um livro de poesia. Francisco de Oliveira Geraldes nasceu em Lisboa a 18 de Abril de 1995, e é actualmente jogador no Joho, na Malásia. Formou-se no Sporting Clube de Portugal, onde esteve quase 18 anos, passou pelo Eintracht de Frankfurt , na Alemanha, e pelo AEK de Atenas, na Grécia. Regressou a Portugal para jogar como médio ofensivo do
Estoril Praia, de onde saiu há poucos meses para Abu Dhabi, e de lá para a Malásia.
Vem ao podcast “O Poema Ensina a Cair” para nos falar dos poemas de que mais gosta, também porque em 2021, publicou um livro de poesia chamado “Cito, Longe, Tarde” com prefácio de Pilar del Rio.

Poemas primeira parte:
Quase – Mário de Sá-Carneiro
David Mourão-Ferreira – Abandono
Poema Sujo – Ferreira Gullar
Poema em Linha Recta – Álvaro de Campos
Operário em Construção – Vinicius de Moraes















Mar 16, 202451:16
Rodrigo Leão (II): "No Frágil, por acaso, conheci o Al Berto. Mas conheci também o Cesariny e o Herberto Helder."

Rodrigo Leão (II): "No Frágil, por acaso, conheci o Al Berto. Mas conheci também o Cesariny e o Herberto Helder."

Segunda parte do podcast com Rodrigo Leão.


Poemas:

Minha cabeça estremece com todo o esquecimento (Herberto Helder)

A Magnólia (Luísa Neto Jorge)

Vivamos-  Dinis Muacho

Ode à Paz- Natália Correia

Escrevo-te- Lúcia Vicente

Livro: O Deserto dos Tártaros, Dino Buzzati, edição Cavalo de Ferro

Mar 09, 202445:50
Rodrigo Leão (I): "Comecei a ouvir poesia dita pelo Villaret em casa dos meus pais."

Rodrigo Leão (I): "Comecei a ouvir poesia dita pelo Villaret em casa dos meus pais."

Rodrigo Leão nasceu em Lisboa, em 1964. É o mais velho de 4 irmãos, todos rapazes, com quem partilhou muitos verões da infância e adolescência na Ericeira, numa casa perto do mar, comprada pelo avô materno, matemático. Foi lá, na Ericeira, que compôs as primeiras ideias para o que viria a ser a Sétima Legião, uma das bandas que nos levaram a conhecê-lo, a que se seguiu a Madredeus.

Hoje em dia, muitos anos depois desses dois projetos musicais, conhecemo-lo pela carreira a solo nacional e internacional, mas também pelas incursões no cinema ou no documentário e, inevitavelmente, pelas muitas colaborações que assina com outros nomes da música, dentro e fora de portas. Estamos aqui para falar das suas escolhas poéticas e, olhando para o seu percurso, percebemos que a poesia anda perto há muito tempo. No ano passado lançou O Homem em Eclipse com Gabriel Gomes e Miguel Borges, para assinalar o centenário de Mário Cesariny, mas o projeto Os Poetas que deu corpo a este disco nasceu em 1997 e contava com também Manuel Hermínio Monteiro, então editor da Assírio & Alvim. Nesse primeiro ano gravaram um disco chamado Entre Nós e as Palavras, onde podíamos escutar as vozes de Al Berto, Mário Cesariny, António Franco Alexandre, Herberto Helder e Luiza Neto Jorge. A música era de Margarida Araújo, Rodrigo Leão e Gabriel Gomes.

Para a conversa no podcast trouxe poemas que decorrem desse convívio antigo com poetas portugueses, mas também algumas surpresas.

Poemas:

Pastelaria - Mário Cesariny

O Navio de Espelhos - Mário Cesariny

Toada de Portalegre - José Régio

O Poeta de Pondichéry - Adília Lopes

No sorriso louco das Mães - Herberto Helder

Mar 02, 202456:54
Susana Moreira Marques (II): "O Daniel Faria levou-me a coisas completamente inesperadas. Se eu fosse crente achava que era qualquer coisa sobrenatural."

Susana Moreira Marques (II): "O Daniel Faria levou-me a coisas completamente inesperadas. Se eu fosse crente achava que era qualquer coisa sobrenatural."

Segunda parte do podcast com a escritora e jornalista Susana Moreira Marques.

Poemas:

- Daniel Faria: “Repito que vivo enclausurado na agilidade de um animal nascido”, de Homens Que São Como Lugares Mal Situados 

- Isabel Meyrelles: Livro do Tigre, poema XXV (em Poesia, Quasi Edições) 

- Rosa Alice Branco: Concerto ao Vivo, poema que começa “Há uma menina antiga nos teus olhos” 

- Mário Cesariny, Autografia 

- Wilfred Owen, Cântico da Juventude Condenada


Livro: Vínculos Ferozes, da Vivian Gornick, tradução de Maria de Fátima Carmo, edição D. Quixote


Feb 24, 202401:18:58
Susana Moreira Marques (I): "A poesia tem essa capacidade de súmula e de ir ao âmago das coisas. "

Susana Moreira Marques (I): "A poesia tem essa capacidade de súmula e de ir ao âmago das coisas. "

Susana Moreira Marques, jornalista e escritora, nasceu em Agosto de 1976. Estudou Comunicação e Cinema, passou pela BBC, Público, Jornal de Negócios, Antena 1, e ganhou vários prémios, incluindo o Prémio de Jornalismo da UNESCO 'Direitos
Humanos e Integração”.
É autora de três livros de não ficção literária, o mais
recente “Lenços Pretos, Chapéus de Palha e Brincos de Ouro”, um relato de viagem que tem como guia “As Mulheres do meu país”, de Maria Lamas, escrito no final dos anos 40 do século passado. Neste ensaio de narrativa autobiográfica, Susana escreve sobre as mulheres que procurou encontrar no Portugal de agora, ao mesmo tempo que buscava as mulheres que Maria Lamas descreveu e fixou no livro “As Mulheres do Meu País”. Mas, simultaneamente, enquanto nos leva por essa demanda, permite que a conheçamos melhor, às suas memórias pessoais e
familiares, às suas reflexões sobre o papel das mulheres, os seus silêncios e omissões, a sua importância como testemunhas silenciosas de uma história colectiva que tantas vezes as votou, e ainda vota, ao anonimato.
Diz, a dada altura deste livro, que é uma mulher que escuta. Mais à frente, uma mulher que lê. Conta-nos também que como tantas outras mulheres, está, de certa maneira, à janela, e à espera.
Poemas:
Adrienne Rich:
North American Time, tradução de Maria Irene Ramalho e Mónica Andrade (edição cotovia)
Anne Carson: A Beleza do Marido - poema XXI - tradução de Tatiana Faia (edição não-edições)
Philip Larkin: An Arundel Tomb, tradução de Vasco Gato
Elizabeth Bishop: Uma Arte - Geografia III, tradução Maria de Lourdes Guimarães (Relógio d’Água)
Sophia de Mello Breyner: Deriva XIV





















Feb 17, 202401:22:13
Ana Paula Tavares (II): "Digamos que foi nestes Cantares de Salomão que eu encontrei muitas maneiras de falar do amor"

Ana Paula Tavares (II): "Digamos que foi nestes Cantares de Salomão que eu encontrei muitas maneiras de falar do amor"

Segunda parte da conversa com a poeta, cronista e historiadora angolana Ana Paula Tavares.

Poemas:
Cantares de Salomão 5:2-8:14 (Nova Versão Internacional)
Adélia Prado - Com Licença Poética
Warsan Shire - Casa, tradução de Laura Assis
Ama Ata Aidoo - Para uma Saia de Seda ao Sol
Conceição Lima - O País de Akendenguê

Livro:
Chinua Achebe, Quando Tudo se Desmorona; Tradução: Eugénia Antunes e Paulo Rêgo, edição Mercado de Letras

Feb 10, 202401:00:10
Ana Paula Tavares (I): "Há dias em que há um poema que nos faz a vida"

Ana Paula Tavares (I): "Há dias em que há um poema que nos faz a vida"

Na poesia assina Paula Tavares, em tudo o que escreve que não sejam poemas conhecemo-la como Ana Paula Tavares. Poeta, cronista, historiadora angolana a viver em Portugal desde os anos 90, nasceu na província do Huíla, Sul de Angola, em 1952.
Licenciou-se em História, doutorou-se em antropologia da História pela Universidade Nova de Lisboa, tendo obtido o grau de Mestre em Literaturas Brasileiras e Literaturas Africanas de Língua Portuguesa pela Universidade de Lisboa.
Publicou o primeiro livro de poesia, Ritos de Passagem, aos 30 anos. Agora, 40 anos depois, acaba de reunir a poesia no livro Poesia Reunida seguido de Água Selvagem, edição Caminho.
O seu trabalho poético relaciona-se intimamente com a oralidade do seu país, e explica que não sabendo as línguas que ouviu na infância continua a procurar aquilo que seria essa fonte primordial.
Escolheu para o podcast um livro de não poesia e os 10 poemas de que mais gosta. Alguns, precisamente, remontam a esse universo da tradição oral.

Poemas (Parte I)
Luiza Neto Jorge - O Poema Ensina a Cair
A epopeia de Gilgamesh (Tradução de Pedro Tamen)
Eugénio de Andrade, Ode a Guillaume Apollinaire
Ruy Duarte de Carvalho, A terra que te ofereço
Manoel de Barros, o Livro Sobre Nada














Feb 03, 202401:09:39
Isaque Ferreira (II): "A poesia é um transportador de vocabulário inacreditável"

Isaque Ferreira (II): "A poesia é um transportador de vocabulário inacreditável"

Segunda parte da conversa com Isaque Ferreira, leitor de poesia, programador cultural e bibliófilo.

Poemas:
Álvaro de Campos – Tabacaria
Bernardo Soares – Cruz na porta da tabacaria
Filipa Leal – Hoje também os carros dançam
Alberto Pimenta – Carta a uma iniciante
Joaquim Castro Caldas – Dos poetas

Livro de não poesia: Leonora Carrington, O Leite dos Sonhos











Jan 27, 202440:39
Isaque Ferreira (I): "Realmente a minha moeda de câmbio é a poesia"

Isaque Ferreira (I): "Realmente a minha moeda de câmbio é a poesia"

Isaque Ferreira nasceu no Porto em 1974. É leitor de poesia,
programador cultural e bibliófilo. Leitor habitual das Quintas de Leitura, no Porto, diz, na verdade, poesia em todo o lado e escutá-lo é um deleite, como terão oportunidade de confirmar nesta conversa.
Das suas experiências públicas de leitura e eventos que
organiza à volta das palavras dos poetas fazem parte locais como Famalicão, Paredes de Coura (onde programou o festival Realizar Poesia), Póvoa de Varzim, Matosinhos, Vila Nova de Gaia ou Figueira da Foz.
Diz com muita naturalidade que a poesia é a sua vida,
e será talvez por isso que guarda preciosas edições e histórias com poetas
portugueses

Poemas:
Mário Cesariny – Pastelaria
João Habitualmente – Cipreste
Adília Lopes – Vieram contar a luz
Herberto Helder – Poema IV de As Musas Cegas
Rafaela Jacinto – Procissão














Jan 20, 202401:22:23
Jorge Palma (II): "O Cohen é outro que é capaz de me comover"

Jorge Palma (II): "O Cohen é outro que é capaz de me comover"

Segunda parte do podcast com Jorge Palma, um dos maiores compositores e letristas portugueses.


Poemas:

Herberto Helder - conto de "Os Passos em Volta

Al Berto - Acordar Tarde

Lawrence Ferlinghetti - Os Elevadores de Lisboa (dedicado a Jorge Palma)

Sérgio Godinho - A Noite Passada

Natália correia - Queixa das Jovens Almas Censuradas

Jan 13, 202401:06:06
Jorge Palma (I): “A liberdade é um valor máximo para mim"

Jorge Palma (I): “A liberdade é um valor máximo para mim"

O nosso convidado de hoje é um dos maiores músicos portugueses. Letrista exímio, compositor multifacetado, um homem que aos 73 anos de idade continua a ver-se como um amador de música, que gosta simultaneamente de se divertir e – muito importante – de pensar. Jorge Manuel de Abreu Palma nasceu a 4 de junho de 1950. Começou a estudar piano aos 6 anos, ao mesmo tempo que aprendia a ler e a escrever. Dos clássicos Bach, Mozart ou Beethoven, passa para outros ambientes musicais e horizontes quando, já a estudar no Liceu Camões, frequenta uma taberna em frente à escola onde havia uma jukebox, e onde escutou, por exemplo, Beatles ou Rolling Stones. Percebeu que o queria era Rock & Roll e, nas suas palavras, mandou o piano e a música clássica às urtigas. Haveria de regressar. Viveu em Copenhaga, em casa de amigos, aquando da revolução de Abril, em Paris, a tocar nas ruas, por exemplo com uma guitarra emprestada por Marine Myriam, ao mesmo tempo que estudava as letras de Brell ou Léo Ferré. Tocou também nas ruas de Lisboa, numa esquina da Rua das Portas de Santo Antão, o que lhe valeu algumas visitas à esquadra de polícia mais próxima. Viveu numa pensão chamada Ninho das Águias, porque gostou do nome quando o leu nas Páginas Amarelas. São muitos anos de carreira, de um percurso musical e artístico longo, que atravessa gerações e corações.
Jan 06, 202401:09:17
O Poema Ensina a Cair em 2023

O Poema Ensina a Cair em 2023

Neste episódio de balanço do ano de 2023, recupero algumas
das respostas e leituras de poesia dos convidados.
Uma pergunta que costumo fazer-lhes, sabendo tratar-se de
algo que não terá resposta, prende-se com a utilidade da poesia.
Os convidados deste ano, que escolheram 10 poemas de que gostam muito para a conversa comigo são:
Pedro Cabrita Reis, Tó Trips, Lídia Jorge, Tatiana Faia, Rui Zink, Maria João, Frei Bento Domingues, Carminho, Guilhermina Gomes, Manel Cruz, Rafael Gallo, Nuno Costa Santos, Ana Vidigal, João Taborda da Gama, Rita Taborda Duarte, Miguel Guilherme, João Concha, Ana Rita Bessa, Filipe Raposo e Carlos Ascenso André.
Há ainda episódios que não estando neste balanço fazem parte do ano de 2023, nos quais os convidados vêm apenas para conversar sobre um livro ou responder brevemente a algumas perguntas, como é o caso de 9 poetas brasileiros que tive oportunidade de conhecer numa viagem a São Paulo.







Dec 30, 202358:46
Carlos Ascenso André - “A literatura é uma forma de combater”

Carlos Ascenso André - “A literatura é uma forma de combater”

Carlos Ascenso André - "A literatura é uma forma de combater"
Professor, poeta, ensaísta e tradutor, Carlos Ascenso André
nasceu em Monte Real – Leiria, em 1953. Foi professor de línguas e literaturas clássicas da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, onde se doutorou em 1990 em Literatura Latina.
Tem uma longa carreira dedicada ao estudo e à tradução de literatura latina – seja a da época clássica (Cícero, Virgílio, Ovídio, Séneca), seja a do Renascimento e dos estudos camonianos.
É autor de quase 30 livros, três dos quais de poemas. Em todo o trabalho que vem desenvolvendo há 2 temas que lhe têm merecido particular atenção: a literatura e o exílio, por um lado e a poética do amor por outro.
Quando pensamos nos projetos de tradução que assinou, temos de destacar, talvez, a Eneida, de Vergílio, em edição bilingue (latim e português), ou A Arte de Amar, de Ovídio, também em
edição bilingue, mas podemos dar vários outros exemplos como Horácio ou Tibulo.

Poemas:
Horácio (séc. I AC) - Melhor vida terás, ó Licínio, se o alto mar
Ovídio (séc I) - Heroides, "carta de Dido a Eneias"
Catulo (séc. I aC) - Odeio e amo. Por que assim faço, perguntarás, talvez.
Pero Meogo (séc. XIII) - Levou-se a louçana, levou-se a velida
Luís de Camões - Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades
Manuel Alegre - Querida Sophia: como os índios do seu poema
Eugénio de Andrade - Arte dos Versos
Ary dos Santos - Poeta castrado, não!
Sophia de Melo Breyner - Camões e a Tença
Miguel Torga - Orfeu Rebelde
Carlos André - Prisão de Lüshung

Dec 23, 202301:46:27
A Festa Acabou - 91 Haikus Finais

A Festa Acabou - 91 Haikus Finais

"A Festa Acabou - 91 Haikus Finais" chegou às livrarias há pouco tempo. Trata-se de um livro de haikus, escritos por monges e poetas japoneses nas imediações da morte. É um projecto do poeta e tradutor Ricardo Marques, convidado deste podcast para nos falar do livro, mas também da "impossível" e sempre inacabada tarefa de traduzir os poemas dos autores de que mais gosta.

Ricardo Marques nasceu em 1983. Vem traduzindo vários autores a partir do inglês, onde se incluem, por exemplo, Billy Collins, Anne Carson e Patti Smith.

Rui Zink nasceu em 1961. É escritor, professor e também ilustrador. Já foi um dos convidados deste podcast para nos falar dos poemas da sua vida.

Os 91 haikus que compõem este livro foram recolhidos do livro "Japanese Death Poems", com selecção e tradução de Yoel Hoffmann.


Dec 13, 202326:34
Filipe Raposo

Filipe Raposo

Filipe Raposo é pianista, compositor e orquestrador. Iniciou
os seus estudos de piano no Conservatório Nacional de Lisboa, e fez depois o mestrado em Piano Jazz Performance no Royal College of Music, em Estocolmo, e foi bolseiro da Royal Music Academy of Stockholm. É licenciado em Composição pela
Escola Superior de Música de Lisboa.
Colabora regularmente como compositor em Cinema e Teatro. Fez, por exemplo, a música original do documentário “um corpo que dança – ballet Gulbenkian 1965-2005” de Marco Martins. Como compositor, orquestrador e pianista tem colaborado com
inúmeras orquestras europeias, a solo ou com diferentes formações em festivais internacionais.
Em Portugal, trabalhou com nomes tão sonantes quanto Sérgio Godinho, José Mário Branco, Camané, Vitorino, Jorge Palma ou Rita Maria, com quem desenvolveu vários projetos.

Desde 2004 que colabora com a Cinemateca Portuguesa como pianista residente no acompanhamento de filmes mudos. Editou vários discos em nome próprio, o último dos quais chamado Obsidiana, em 2022.
Vem conversar comigo sobre os poemas da sua vida, o que significa, conversar sobre as inquietações e inquietudes, a errância associada à procura, condições absolutamente fundamentais – nas suas palavras – a quem faz da criação um modo de vida e de estar.

Poemas:
1. Entre o deserto e o deserto , António Ramos Rosa
2. Uma manhã no golfo de Corinto, António Patrício
3. Quem à janela , Amélia Muge
4. Gramática do olhar , Ana Luísa Amaral
5. Estrela do Vinho, Li Bai (VIII D.C. China)
6. Fragmentos , Anacreonte (VI A.C. Grécia)
7. Sabedoria , Al Mutahmid
8. Que saudável é por as mãos a fazer coisas, João Pedro GrabatoDias
9. A Tentação, Hélia Correia
10. Sono de Ser, Fernando Pessoa



























































































Dec 08, 202301:44:11
Ana Rita Bessa

Ana Rita Bessa

Ana Rita Bessa nasceu a 27 de agosto de 1973. É economista de formação, mãe de 3 filhos e católica. O seu percurso profissional inclui mais de 25 anos em empresas mas terá sido a passagem pelo parlamento, no grupo parlamentar do CDS a convite de Paulo Portas, que lhe deu maior visibilidade pública.

É atualmente CEO do grupo Leya, empresa onde trabalhou antes de experimentar a política, na área da educação. Disse, em entrevistas anteriores, que mais do que uma paixão a educação é uma inquietação, e disse também que quem esteve na política fica sempre com uma certa adrenalina, um interesse permanente.

Gosta de ler ficção literária e ensaio na linha da história, e disse numa outra entrevista, que o esculpir da palavra que encontra na literatura é uma coisa que às vezes até a comove.

Poemas:

- Chamo-Te porque tudo está ainda no princípio, Sophia de Mello Breyner Andresen - Amar , Carlos Drummond de Andrade - Foi Deus, Alberto Janes - Ela Canta, Pobre Ceifeira, Fernando Pessoa - Ainda não é o fim nem o princípio do mundo, Manuel António Pina

- Guia de conceitos básicos, Nuno Júdice

- Poema, Manoel de Barros - Procissão, António Lopes Ribeiro

- Amigo, Alexandre O’Neill

Nov 25, 202301:56:28
João Concha

João Concha

João Concha nasceu em Évora, em 1980, e vive em Lisboa desde os dezoito anos.
Licenciou-se em Arquitectura, estudou artes visuais e ilustração. A prática do desenho e da pintura começou, na verdade, antes dos 10 anos, ainda na sua cidade natal, onde todas as semanas aprendia com a pintora e professora Teodolinda Pascoal. Para si, o desenho é, também, observação e respiração.
Enquanto ilustrador colaborou regularmente com fanzines, periódicos e várias editoras.
Tem exposto individual e colectivamente. Está particularmente interessado no gesto, na imperfeição e no erro.
Foi editor da Revista INÚTIL, com Ana Lacerda e Maria Quintans, publicação de escrita e imagem que teve o seu último número publicado em 2012.
Fundou depois a não (edições), projecto que em 2023 assinala os 10 anos de existência e do qual é editor. Dedica-se à publicação de poesia e procura pensar-fazer a multiplicidade ‘em aberto’ que esse campo literário significa, acolhendo o diálogo entre
formas textuais e visuais, em edições demoradas… Experimentação, cumplicidade e incerteza fazem parte da não-agenda e dos processos de trabalho, que sempre começam
e recomeçam na leitura.

POEMAS:
Fernando Pessoa, Conselho
João Guimarães Rosa, A Menina de Lá
Ana Hatherly, O Vermelho por Dentro
Ruy Belo, Oh as casas as casas as casas
Ana Cristina César, "Trilha sonora ao fundo..."
António Gancho, Epicentro
Waly Salomão, Fábrica do Poema
Manoel de Barros, poema 11 de "Biografia do Orvalho"
Adília Lopes, O Enterro
Susana Araújo, Programa de Estabilidade e Crescimento


Nov 15, 202301:58:29
Miguel Guilherme "cada poema é um mundo em si"

Miguel Guilherme "cada poema é um mundo em si"

Miguel Guilherme nasceu em Lisboa, em 1958. Conhecemo-lo do teatro, cinema e televisão há muitos anos.
Actor e encenador começou, no entanto, por estudar antropologia, antes de experimentar a representação no Teatro na Comuna para nunca mais a deixar. Anos mais tarde, voltaria a tentar estudar História de Arte porque, acredita que “a história é a
ciência humana mais viva que existe”.
A sua relação com a poesia não é constante. Confessa, aliás, que tem muita coisa para descobrir, mas começou precocemente quando leu um livro de Bocage que havia lá em casa, pelos 12 anos. Muitos anos mais tarde viria a assumir esse personagem
na série de televisão com o mesmo, Bocage, exibida em 2006.

Poemas:

Bocage “ Meu ser evaporei na lida insana…” “ Já Bocage não sou…”

Fernando Pessoa
“ Vive, dizes no presente… “

Álvaro de Campos
“ Ao volante do Chevrolet pela estrada de Sintra …”

Ricardo Reis Os Jogadores De Xadrez

David Mourão Ferreira
Ternura

Sofia de Mello Breyner. O Jardim

Manuel António Pina Neste preciso tempo, neste preciso lugar
Insónia

Adília Lopes A Salada Com Molho Cor-de-Rosa




















Nov 15, 202301:52:48
Rita Taborda Duarte

Rita Taborda Duarte

Rita Taborda Duarte nasceu em Lisboa, em 1973. Estreou-se na poesia em 1998 com “Poética Breve”, publicado na Black Sun Editores, mas começou a escrever poemas muito cedo, a escrever e a decorar. Licenciada em Línguas e Literaturas
Modernas, com um mestrado em Teoria da Literatura, é docente na Escola Superior de Comunicação Social.
Poeta, crítica e professora, já este ano publicou a poesia reunida
na Imprensa Nacional com um volume chamado Não Desfazendo, mas tem também um longo percurso na literatura infanto-juvenil.











Nov 15, 202301:57:01
Alice Sant´Anna, Inês Campos, Leonardo Gandolfi, Mar Becker, Marília Garcia, Natália Agra, Michaela Schmaedel, Salma Soria e Tarso de Melo

Alice Sant´Anna, Inês Campos, Leonardo Gandolfi, Mar Becker, Marília Garcia, Natália Agra, Michaela Schmaedel, Salma Soria e Tarso de Melo

Nesta emissão do podcast viajamos até a São Paulo, Brasil,
para conhecer melhor 9 poetas brasileiros contemporâneos: Alice Sant´Anna, Inês Campos, Leonardo Gandolfi, Mar Becker, Marília Garcia, Natália Agra, Michaela Schmaedel, Salma Soria e Tarso de Melo.
As breves entrevistas que se seguem foram realizadas no
âmbito de uma leitura conjunta de poesia brasileira e portuguesa, num espaço chamado A Casinha dos Círculos de Leitura, em São Paulo. Foi lá que nos encontrámos e nos conhecemos pessoalmente e que, antes e depois do encontro com o público, gravámos estas pequenas conversas.







Nov 15, 202301:15:02
Miguel Martins

Miguel Martins

Miguel Martins nasceu em Lisboa, em 1969. O primeiro poema
publicado apareceu em 1991, num jornal da Ilha Terceira que já não existe chamado “A União”. Para essa primeira publicação contribuiu o poeta Emanuel Félix, uma das escolhas que nos traz hoje.
O primeiro livro de poesia, uma plaquete chamada “Seis Poemas para uma Morte”, chega 4 anos depois, em 1995, e, desde então, não parou de publicar e de traduzir, assim como de se envolver em muitos projectos relacionados com a poesia, mas também a música ou a escrita de letras de canções.







Nov 15, 202301:28:29
Juan Gabriel Vásquez

Juan Gabriel Vásquez

Juan Gabriel Vásquez nasceu em Bogotá, Colômbia, em 1973. Estudou Literatura na Sorbonne, em Paris e fez de Barcelona a sua casa por mais de uma década. Os seus livros estão publicados em 30 idiomas e mais de 40 países, com extraordinário êxito da crítica e do público. Venceu por duas vezes o Premio Nacional de Periodismo Simón Bolívar pelo seu trabalho jornalístico. No ano de 2012 foi-lhe atribuído em Paris o prémio Roger Caillois pelo conjunto da sua obra, prémio anteriormente consagrado a autores como Mario Vargas Llosa, Carlos Fuentes, Chico Buarque, Milton Hatoum e Roberto Bolaño.

Vem ao podcast "O Poema Ensina a Cair" conversar sobre o seu primeiro livro de poesia, que foi editado em Espanha em 2022, chamado Cuaderno de Septiembre".

Nov 15, 202321:35
João Taborda da Gama

João Taborda da Gama

João Taborda da Gama nasceu a 18 de fevereiro de 1977. Sócio fundador de uma sociedade de advogados, advogado especializado no direito das substâncias controladas, professor de direito fiscal na Universidade Católica Portuguesa, comentador político. Foi consultor do Presidente da República e Secretário de Estado da Administração Local.

É filho único e pai de 6 filhos. Crente, não sabemos se praticante, converteu-se ao catolicismo já adulto, depois de ler uma bíblia em inglês que havia em casa dos pais. Fala da experiência religiosa como uma interpelação interna permanente, uma busca em que as respostas vêm de dentro, não de fora e, no limite, podem até não vir.

Considera que a arte é o verdadeiro portal para o transcendental, porque abre portas para a beleza, e que essas portas são fundamentais para aliviar o nosso sofrimento e simultaneamente nos mostrar que as coisas podem ser melhores.

Jul 30, 202302:00:10
Luís Filipe Castro Mendes

Luís Filipe Castro Mendes

Luís Filipe Castro Mendes nasceu em Idanha-a-Nova, em 1950. Devido à profissão do pai, que era juiz, passou a infância e a adolescência a saltar de lugar e por isso viveu em Idanha-a-Nova, Angra do Heroísmo, Lisboa, Ilha de S. Jorge, Redondo, Chaves e Leiria. Entre 1965 e 1967, portanto, entre os 15 e os 17 anos, foi colaborador do jornal Diário de Lisboa-Juvenil. Poderíamos pensar que estudaria jornalismo ou literatura, mas acabaria por se licenciar em Direito, na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, em 1974. A partir de 1975 deu início a uma carreira diplomática longa que, uma vez mais, o levaria a uma vida sem geografia fixa. Rio de Janeiro, Luanda, Paris, Budapeste ou Nova Deli, são alguns dos locais onde viveu e trabalhou.

Em simultâneo com a carreira diplomática publicou poesia, muitos livros, alguns reconhecidos com prémios literários. Publicou também ficção e ensaio. Já este ano saiu pela editora labirinto “Um Estranho Animal de Duas Cabeças – o Escritor Diplomata”, um livro que reúne escritos sobre poesia e poetas, assim como a apresentação da sua poesia pelo próprio autor.

Foi Ministro da Cultura de 2016 a 2018. É cronista do Diário de Notícias. Recentemente escreveu numa das crónicas “a poesia abre janelas para o que nos transcende, mas não nos desvia da atenção permanente ao mundo em que vivemos.”

Jul 16, 202301:43:08
Ana Vidigal

Ana Vidigal

Ana Vidigal nasceu em Lisboa, em 1960. Formou-se em Pintura na Escola Superior de Belas Artes e foi bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian.
É conhecida a sua propensão para o arquivo de tudo o que possa ser útil para o trabalho, mas também, eventualmente, para a memória – a pessoal e familiar e a da história. Papéis, cartas, tecidos, fotografias, filmes, desenhos infantis, e mais e mais.
Expôs dezenas de vezes individual e colectivamente, e usou tanto frases suas como de outras pessoas para dar título às mostras. Damos alguns exemplos: “conheço o amor de ouvir falar”, “tenha sempre um plano b”, “A Ana, o Nuno e o meu filho Egas”, esta última uma frase recorrente da mãe.
Cresceu numa família conservadora e diz que aos 13 anos, quando se deu o 25 de Abril, percebeu que afinal poderia vir a ser aquilo que quisesse, porque a expectativa geral em relação ao papel das mulheres se alterou com a chegada da liberdade, e foi nessa altura que percebeu que não teria de contrariar os ventos para pôr em prática o seu sonho de ser pintora.
Começou a pintar cedo, e tem isso em comum com uma das avós. A leitura de poesia chegou na adolescência por causa de uma professora e de uma explicadora de Português. Também gosta de ficção e talvez a sua escritora de eleição seja Clarice Lispector, autora que conheceu aos 22 anos numa viagem de autocarro de Vitória para o Rio de Janeiro, no Brasil. Explica que com Clarice Lispector e o livro “uma aprendizagem ou o livro dos prazeres” aprendeu a não perder o momento. 

Jul 02, 202302:04:09
Nuno Costa Santos

Nuno Costa Santos

Nuno Costa Santos nasceu em 1974 e é escritor e argumentista. Cresceu nos Açores, de onde saiu aos 18 anos, para regressar aos 45 "como um marinheiro que volta a casa", podemos dizer agora que acabámos de ler o seu mais recente livro.

Tem trabalhado em vários géneros: romance, poesia, biografia, crónica e peças de teatro. No audiovisual, fez parte da equipa de programas como “Zapping” ou “Os Contemporâneos”, participou, como argumentista, no filme "Discos Perdidos" e nos documentários biográficos "Ruy Belo, Era uma Vez", “Rui Knopfli: I am really the underground” e “J.H. Santos Barros – Fazer Versos Dói”.

A personagem melancómico, que, nas suas palavras, criou para “encontrar um conforto na abstracção urbana”, teve diversas consagrações – do livro à rádio. Assina colaborações em diferentes jornais e revistas. É um dos fundadores da produtora Alga Viva, com sede nos Açores, dirige a revista literária Grotta e o Encontro Arquipélago de Escritores.

Em 2023, lançou o livro “Como um Marinheiro eu Partirei, Uma Viagem com Jaques Brel”, que abre com o poema "You are welcome to Elsinore", de Mário Cesariny.

Jun 18, 202301:53:35
Rafael Gallo

Rafael Gallo

Rafael Gallo nasceu em São Paulo, no Brasil, em 1981. Começou por desejar ser desenhador. Na adolescência decidiu por outro caminho e formou-se em música pela Universidade Estadual de São Paulo, fez um mestrado em meios e processos audiovisuais, e estudos na área de música para cinema. A dada altura, por volta dos 30 anos, abandonou a carreira musical para se dedicar à escrita. Esta opção acabaria por se revelar difícil de manter sem apoios e, por essa razão, para conseguir pagar as contas, viu-se obrigado a encontrar um emprego. Trabalhou no Tribunal de Justiça e descreve essa experiência como “um choque muito grande”, um estranhamento enorme”, “um trabalho burocrático sem graça”.

Podemos talvez dizer que o livro "Dor Fantasma", que acabaria por vencer o prémio José Saramago em 2022, nasce desse estranhamento e do que ele fez ao nosso convidado. A personagem principal de Dor Fantasma, Rómulo Castelo, é um pianista que a dada altura da vida vê uma das mãos amputadas na sequência de um acidente. Rafael Gallo ter-se-á visto amputado da sua natureza artística quando ficou fechado numa repartição a fazer um trabalho burocrático, mas desse estado de espírito nasceu "Dor Fantasma", e depois o reconhecimento com o Prémio Saramago, e com esta distinção uma espécie de um novo ser humano, renascido.

Autor de ficção e de conto, já arriscou também escrever poesia, mas não crê ser ainda um grande poeta.


Jun 04, 202301:46:20
Manel Cruz

Manel Cruz

Manel Cruz nasceu em 1974, em São João da Madeira. Conhecemo-lo devido aos vários projetos musicais que abraçou e fundou, mas a veia artística do nosso convidado começou por manifestar-se através do desenho, e muito prematuramente. Explica que em casa sempre se valorizou e priorizou a importância da arte, e foi isso que lhe permitiu encarar o desenho como uma extensão da sua vida durante muito tempo, de tal modo que não se lembra de não desenhar. Foi assim até arriscar outra forma de expressão artística e nos oferecer a todos vários projetos musicais, onde se inclui esse marco da música portuguesa chamado Ornatos Violeta. Além da música interessam-lhe as várias formas de expressão artística, e mais recentemente, além da composição, das letras e da ilustração, tem arriscado escrever poesia.






May 21, 202301:54:47
Guilhermina Gomes

Guilhermina Gomes

A nossa convidada de hoje é a editora Guilhermina Gomes, nome que associamos desde logo à edição do Círculo de Leitores, mas também ao catálogo da Temas e Debates. História, ensaio, literatura tradicional, ciência, política, filosofia, neurociência, psicologia ou arte, são alguns dos temas a que se vem dedicando ao longo de quase 40 anos, na esperança de que os livros que publica acabem por encontrar os seus leitores.

A condição de leitora será, nas suas palavras, a sua parte mais importante, e também uma das mais precoces. Nasceu em 1952, no Seixal, Foros de Amora, numa família de contadores de histórias, lendas e fábulas. O pai coleccionava lendas que o jornal “O Século” organizava em cadernetas, a avó e o avô contavam histórias em família. Quis o destino que padecesse de várias doenças que as crianças têm – uma ou duas por ano - e que, portanto, durante a infância ficasse de cama várias temporadas. Horas aproveitadas a ler e a escutar as histórias que lhe contavam. Disse numa entrevista “era tanta história, tanta viagem, que eu, obviamente, tinha de ficar uma grande leitora”.

No catálogo que publicou contam-se obras muito importantes da cultura portuguesa, "História de Portugal", de José Mattoso é um exemplo, mas também a obra completa de Padre António Vieira (em 30 volumes), ou os "Contos de Grimm".

May 08, 202301:54:21
Carminho

Carminho

Conhecemo-la por Carminho mas chama-se Maria do Carmo Rebelo de Andrade, e nasceu em 1984. Logo aos 2 anos de idade, e segundo as suas palavras, começou a falar e a cantar. Filha da conceituada fadista Teresa Siqueira, cresceu entre canções e guitarras, noites de fado em casa a que podia assistir de pijama e ao colo do pai, e até se estreou a cantar em público aos 12 anos no Coliseu dos Recreios, mas a primeira vez que escolheu o que queria
ser quando fosse grande decidiu ir estudar marketing e publicidade. Terminou o curso, percebeu que não era bem aquilo, e foi dar a volta ao mundo ao longo de 1 ano. Dessa viagem grande vem a decisão de mudar o seu destino . Estava dentro do avião de regresso a Lisboa quando decidiu que queria cantar, arriscar cantar, e foi o melhor que fez.
Estreou-se com o disco "Fado", em 2009. Passaram 14 anos e acaba de lançar o sexto chamado “Portuguesa”. Pelo caminho, vários trabalhos de consolidação de um talento português, sim, mas sem medo de abrir horizontes além-fronteiras.











Apr 24, 202302:07:01
Frei Bento Domingues

Frei Bento Domingues

Chama-se Basílio de Jesus Gonçalves Domingues, nasceu em 1934 em Travassos, Terras do Bouro, mas em 1953 tomou o nome de Frei Bento Domingues, quando entrou para Ordem dos Pregadores ou frades dominicanos. Estudou Filosofia em Fátima e Teologia em Salamanca, Toulouse e Roma. Na infância fazia sermões às ovelhas com quem partilhava os montes e o eco dos penedos. Disse em entrevistas anteriores que viveu sempre no espanto, e é muito bonita e poética uma pergunta que já fazia nos primeiros anos de vida: “como é que as pessoas ainda não tocaram o céu?”.
Aos 13 anos decidiu que o caminho seria o do serviço aos outros através da religião por causa de um padre brasileiro a viver em França que estava de férias em Portugal, e que fazia pregações cheias de parábolas sobre as pessoas do campo mas, sobretudo, cheias de alegria. Uma proposta diferente da que o nosso convidado conhecia, já que cresceu num ambiente em que predominava a religião do medo.
O medo é precisamente aquilo que Frei Bento Domingues recusa na relação de qualquer ser humano com Deus ou com a religião e será essa uma das suas bandeiras. Volto a citá-lo quando diz “eu não admito que se assuste ninguém. Para mim a religião é a alegria.”









Apr 08, 202301:47:55
A. M. Pires Cabral

A. M. Pires Cabral

António Manuel Pires Cabral nasceu em Chacim, Macedo de Cavaleiros, em 1941. Foi lá que fez a instrução primária, para depois frequentar em Coimbra o curso complementar dos liceus e, de seguida, a Faculdade de Letras, onde se licenciou em Filologia Germânica.

Foi professor em Macedo de Cavaleiros, Bragança, Porto, Torre de Moncorvo, mas viria a mudar-se para Vila Real depois da revolução de 1974, e foi essa a cidade onde ficou até hoje, e onde estamos hoje. Fala de Vila Real de Trás os Montes como a terra a quem deve tudo, e também, talvez a poesia que vem escrevendo, desde que publicou o primeiro livro quando tinha 33 anos.

Além do ensino, A. M. Pires Cabral, nome usado para assinar os livros, trabalhou no Pelouro da Cultura de Vila Real e no Grémio Literário da mesma cidade. A par destas atividades, escreveu e publicou muitos livros de poesia, romance, conto e teatro, e foi responsável por um dicionário de regionalismos de trás os montes e alto douro, um projeto que leva muitos anos de trabalho e que o enche de orgulho. Além dos muitos prémios literários, do seu percurso destaca-se também a organização das Jornadas Camilianas. Disse-me, numa ocasião em que conversámos há uns anos, que a poesia serve para apaziguar sem anestesiar.

Mar 27, 202301:22:11
Maria João

Maria João

Conhecemo-la pelos dois nomes próprios, Maria João. Chama-se Maria João Monteiro Grancha, nasceu em Lisboa, em 1956. É filha de pai português e mãe moçambicana. Da primeira infância guarda recortes de África, onde passava as férias, e as alcunhas da escola, pelo facto de ser “gordinha”, ter cabelo encrespado, e de usar óculos. Uma das alcunhas era Gungunhana, e defendia-se dessas agressões com o corpo – “um murro aqui um pontapé ali”.
A resistência da infância aos abusos verbais dos colegas deu lugar a uma rebeldia adolescente, que a levou a ser expulsa ou convidada a sair de 5 colégios. Disse em várias entrevistas, referindo-se às dores de cabeça que provocava em casa: “minha pobre mãe”. A mesma mãe, que decidiu tentar o desporto para aquietar a filha. Primeiro natação, depois Yoga, Judo e Karaté, e só depois Aikido – que acabou por revelar-se transformador. Além de lhe trazer disciplina, valeu-lhe um cinturão negro, muito orgulho, e uma outra perspectiva sobre o que é ter regras e fazer simultaneamente conquistas. Além disso, reconhece, ajuda-a a cantar, porque trabalha o diafragma.
Nunca lhe ocorreu fazer da voz o instrumento da sua profissão. Um dia, num balneário de uma escola de natação, começou a cantar com uma colega cantora de ópera chamada Cândida, e teve noção da sua amplitude vocal. Uns anos mais tarde, aos 26 anos, entrou para a escola do Hot, e a partir daí o percurso de Maria João é o que sabemos. Muitos discos, muitos palcos em Portugal e fora, diferentes ambientes musicais, sempre a mesma liberdade e a mesma vontade de experimentar e improvisar.
Mar 13, 202301:31:51
Leituras: Diego Doncel

Leituras: Diego Doncel

Leitura de um poema de Diego Doncel por Raquel Marinho.
Música de João Paulo Esteves da Silva.
Livro: Em Nenhum Paraíso, tradução e introdução de Joaquim Manuel Magalhães, edição Averno
Mar 09, 202307:51
Rui Zink

Rui Zink

Rui Zink nasceu em Lisboa, em 1961, e cresceu na zona do Martim Moniz. Foi a partir dali que começou a conhecer o mundo e disse numa entrevista que os locais são as nossas âncoras e que, portanto, uma das suas ancoras está associada ao início do país. Conhecemo-lo sobretudo como escritor, mas é muitas outras coisas: professor universitário, dramaturgo, comentador, colaborador de jornais e revistas, argumentista de BD – escreveu, de resto, a primeira tese de doutoramento sobre Banda Desenhada em Portugal. Queria ser escritor desde os 16 anos, e aos 18 escreveu o primeiro romance. Chamava-se Maionese Fatal, nunca foi publicado. Em 1986 publicou o primeiro livro, Hotel Lusitano, “uma sensação magnífica, de embriaguez". Uma das suas palavras preferidas é a palavra “atenção”, e disse em entrevistas anteriores que o seu método criativo é, precisamente, estar o mais possível atento. Mas, na opinião de Rui Zink, para escrever é preciso mais do que isso, nomeadamente ler e ler muito. Volto a citá-lo: “Um escritor que não tenha uma biblioteca dentro da cabeça, obviamente que é meio escritor apenas”. Tem muitos livros publicados, de ficção, banda desenhada, ensaio, crónica, teatro e ópera, e vários prémios literários, entre os quais o Prémio PEN Club Português de Novelística pela novela Dádiva divina, em 2004. Disse, há alguns anos, numa mesa das Correntes d´Escrita da Póvoa de Varzim, uma frase que me parece um bom pontapé de saída para esta conversa: "Brincar é a religião suprema, a forma mais séria de viver."

Feb 27, 202301:47:00
Tatiana Faia

Tatiana Faia

Tatiana Faia nasceu a 30 de Junho de 1986, e vive e trabalha em Oxford há uma década. É autora de um livro de contos e 5 de poesia. O mais recente, Adriano, edição Não Edições.
Classicista por opção e, arriscaria eu dizer, também paixão, é doutorada em Literatura Grega Antiga com uma tese sobre a Ilíada de Homero. Ensinou literatura lusófona na Universidade de Cambridge e, intermitentemente, estudou teatro grego e Kavafis em Atenas.
A tradução é outra das suas ocupações – de resto, teve a gentileza de traduzir também para esta conversa. Traduziu Homero, Fílon de Alexandria, Anne Carson e Herman Melville.
É uma das editoras da revista Enfermaria 6 ao lado de João Coles, José Pedro Moreira e Victor Gonçalves, um projecto onde encontramos amiúde traduções de poesia, reflexões e textos sobre livros, e que faz também edição.
Quando pensamos na geografia de Tatiana Faia pensamos no Reino Unido, onde escolheu viver, mas também em Itália e na Grécia, países a que regressa sempre, seja fisicamente seja nas leituras.
Em 2019 venceu o Prémio Pen de Poesia com “Um Quarto em Atenas”, edição Tinta da China.
Acredita que a poesia deveria fazer parte da educação de toda a gente.
Feb 13, 202301:53:05
Lídia Jorge

Lídia Jorge

Lídia Jorge nasceu em Junho de 1946, em Boliqueime. Cresceu numa casa onde as pessoas gostavam de ler e de contar histórias em família: ambos os exemplos terão contribuído para se tornar escritora. 

Licenciou-se em Filologia Românica, um curso superior apenas possível devido a uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian. Nas palavras de Lídia, esta oportunidade foi tão importante que construiu a sua vida.

Estreou-se a publicar em 1980 com o romance “O Dia dos Prodígios”, já depois de regressar de África, onde passou alguns anos a leccionar. Precisou de muito tempo para assimilar esta experiência, de ver matar e morrer, da condição humana desprovida de valores fundamentais, da desinteligência.

Desde esse primeiro livro, publicou muitos outros, de romance, conto e poesia, e foi amplamente premiada em Portugal e no estrangeiro.

Acaba de lançar Misericórdia, um livro que responde “sim” a um pedido de sua mãe, que morreu em 2020 numa instituição de solidariedade social no Algarve, vítima de covid 19.

Jan 30, 202301:44:43
Tó Trips

Tó Trips

Conhecemo-lo por Tó Trips, mas chama-se António Manuel Antunes. Nasceu em Lisboa, em 1966, e passou a infância entre o bairro de Benfica, em Lisboa, e a Covilhã, terra da mãe, local eleito para as férias grandes. O primeiro contacto com a guitarra foi lá, quando experimentou sacar as notas de Smoke on the Water, dos Deep Purple, de uma guitarra emprestada por um tio. Depois, pela adolescência, começou a frequentar o Rock Rendez-Vous e o Johnny Guitar. Disse numa entrevista que foi para a música para ver os outros tocar e, de facto, começa aí, nesse contacto a sua ligação às bandas. E dizemos bandas no plural porque foram várias. Os Dead Combo são o projecto mais conhecido e internacional, que criou ao lado de Pedro Gonçalves, mas também os Lulu Blind, e muitas outras.

Antes de se dedicar exclusivamente à música, trabalhou em publicidade durante 10 anos. Foi nesse contexto que aprendeu, com um director criativo finlandês, uma das frases que gosta de guardar: “criativos não são as pessoas que têm as ideias, criativos são aqueles que as fazem.”

E Tó Trips faz, mesmo que esse verbo “fazer” seja sinónimo de correr riscos. Um dia, trabalhava ainda em publicidade, leu uma entrevista do Paulo Pedro Gonçalves, dos Heróis do Mar, na qual ele dizia que as pessoas não se deviam arrepender e deviam sempre arriscar. Leu aquilo, despediu-se do emprego, largou os Lulu Blind, largou a namorada, e fez um reset para poder tornar-se freelancer e dedicar-se mais ao seu instrumento.

Jan 16, 202301:38:12
Pedro Cabrita Reis

Pedro Cabrita Reis

Pedro Cabrita Reis nasceu em Lisboa, em 1956, cresceu em Lisboa, no bairro de Campo de Ourique, mas renasceu no Algarve, na serra que escolheu para as pausas da vida em Lisboa, e onde quer ficar quando morrer, debaixo de uma alfarrobeira e junto ao seu primeiro cão.

Artista total, com reconhecimento nacional e internacional, vê-se como um construtor – disse numa conferência que a espinha dorsal ou o território do seu trabalho está preso ao acto da construção -, e, por isso, alguém que reivindica para si a designação de homo faber, que faz, faz, faz.

E faz pintura, desenho, escultura, fotografia, instalações, num trabalho sobre a matéria que põe várias artes a dialogar em simultâneo, onde a base será sempre a curiosidade - nas suas palavras “provavelmente, a ferramenta mais poderosa do artista” -, e uma busca permanente pelo momento primordial, uma vez que acredita que “a criação de uma obra de arte é também uma necessidade intensa e profunda (…) de descobrir uma origem.”

Jan 02, 202301:45:54
Aldina Duarte

Aldina Duarte

Aldina Duarte nasceu em Lisboa, em 1967. Quando era pequena, durante um período de tempo, quis ser escritora. Leitora precoce, começou por acreditar que o que lia nos livros era tudo verdade e existia, até descobrir que havia uma coisa chamada imaginação, e foi dessa revelação que nasceu a vontade de escrever. Cito-a numa entrevista já antiga: “Foi a única profissão que quis ter; se afinal se pode inventar o mundo e a vida como queremos…”.
Foi residente durante 25 anos numa das mais reconhecidas casas de fado de Lisboa, o Sr. Vinho, sob direcção artística de Maria da Fé. Estreou-se a cantar para os outros no teatro da Comuna, em 1994, quando organizava as Noites do Fado com o também fadista e ex marido Camané, e uma letra de Manuela de Freitas chamada “Antes de Quê”, que nunca mais deixou de cantar.
Tem com a música e a literatura uma relação de amor, e explica que ambas podiam salvá-la. Diz que a profissão de fadista a obriga a estar em contacto com os seus sentimentos diariamente, e que tudo o que acontece na sua vida interfere com os seus fados, assim como tudo o que acontece nos seus fados interfere com a sua vida. Neste sentido “ser fadista é uma arte que se confunde com a vida (…) vivemos entre o abismo e o céu”.
Dec 19, 202201:56:17
Vasco Gato

Vasco Gato

Vasco Gato nasceu em 1978 e lançou o primeiro livro de poesia no ano 2000, na Assírio & Alvim. Publicou, desde então, mais de 20 títulos, a maioria de poesia, mas também um romance, um texto para teatro, um poema integrado num objecto fílmico e um texto para um espectáculo multidisciplinar. Quase tão precoce como a estreia na poesia, é a actividade de tradução, do inglês, mas também do espanhol e italiano. Desde 2002 e até agora, traduziu mais de 35 títulos, onde encontramos, por exemplo, Javier Marias, Edgar Allan Poe, Virginia Woolf, Charles Bukowski, Juan Gabriel Vásquez, Manuel Vilas ou Nick Cave. Bom aluno desde sempre, em parte devido à particular atenção nas aulas pelo facto de ser introvertido, estudou um ano de Economia e depois mudou para Filosofia. Desistiu de Economia porque o curso “não tinha nada de expressivo, de pessoal” – são palavras suas – e acabou por deixar cair também o curso de Filosofia porque havia uma orientação para formar professores, e Vasco Gato não queria leccionar. Nos primeiros anos de vida, ter-lhe-á passado pela cabeça ser jogador de futebol, mas a verdade é que nunca teve uma ideia muito clara sobre o que queria ser quando crescesse, e também nunca partilhou da ideia de que a vida tinha de ser planeada, sobretudo com vista a delinear uma carreira.
Dec 05, 202201:41:25
Ricardo Ribeiro

Ricardo Ribeiro

Ricardo Ribeiro nasceu na maternidade Alfredo da Costa em Lisboa, em Agosto de 1981, mas considera que realmente nasceu no bairro onde disse a primeira palavra, o bairro da Ajuda. Era nesse bairro que procurava as tabernas para escutar o que os velhos diziam, e foi também lá que se estreou a cantar ao vivo, no Grupo Desportivo "A Académica da Ajuda", quando tinha apenas 12 anos. Das colectividades para as casas de fado, das casas de fado para os discos e para um reconhecimento que assenta no fado, mas onde também cabem outros ambientes musicais. Em 2019 lançou o álbum Respeitosa Mente, em colaboração com João Paulo Esteves da Silva e Jarrod Cagwin, um disco de “canções e poesia” que dá voz às palavras de poetas e que apareceu, como explicou numa entrevista devido a “uma necessidade [que vinha] de uma determinada vida interior poética, musical e artística.”
É essa vida interior poética que vamos tentar hoje conhecer melhor, através dos poemas que nos traz e que, nalguns casos, já foram cantados por si. Mas antes de iniciarmos a conversa, podemos ainda dizer que Ricardo Ribeiro foi uma criança tímida, que os primeiros contactos com a música lhe chegaram pela voz da mãe que cantava em casa, e pelo gira-discos da tia, a pessoa que o inscreveu para cantar em público pela primeira vez numa colectividade da Ajuda de que já falámos e com quem ia para os fados quando vinha a casa nos fins de semana dos tempos do colégio interno, que tem várias alcunhas e uma delas é uma delas é o Ricarábe por causa do gosto pela cultura árabe, e que chegou a pensar seguir o caminho sacerdotal porque encontrava conforto na mensagem religiosa mas um padre muito importante na sua formação ter-lhe-á dito “A tua missão também é do divino, mas não é aqui, é na música”.
Nov 14, 202201:36:16
Ondjaki

Ondjaki

O nosso convidado de hoje define-se como prosador, às vezes poeta. Conhecemo-lo há muitos anos pelo nome de Ondjaki, que significa “aquele que enfrenta desafios” ou “guerreiro” na língua umbundo, mas o nome que lhe deram à nascença é Ndalu de Almeida. Nasceu em Angola, Luanda, em 1977, numa família de contadores de histórias. É licenciado em Sociologia e doutorado em Estudos Africanos, membro da União dos Escritores Angolanos, e publicou o primeiro livro "Actu Sanguineu" aos 23 anos.
A sua obra mereceu várias distinções em diversos países, o Prémio Saramago ou o Prémio de Conto da APE são 2 exemplos.
Diz que a escrita é a sua casa e que sai para outros ambientes, como as artes plásticas ou o cinema, como quem faz excursões ou incursões para voltar sempre aos livros. Escreve romance, conto e poesia, e quando, um dia, numa livraria, lhe fizeram notar essa diferença respondeu que é a mesma coisa, e passo a citá-lo: ainda estou a contar histórias quando estou a escrever poesia, estou sempre a contar histórias, mesmo em silêncio.” Escreve porque gosta de partilhar, aprender e espalhar histórias, e também porque acredita que a escrita pode ser um acto de alguma intervenção social útil.
Acaba de lançar um livro de contos que é também uma curta-metragem que escreveu e realizou. Filme e livro chamam-se "Vou mudar a cozinha", e a curta-metragem foi apresentada no festival de cinema internacional de Roterdão.
Oct 31, 202201:44:56
Mário Laginha

Mário Laginha

Mário Laginha nasceu em Lisboa, em 1960. Pianista, compositor, curioso praticante de vários ambientes musicais onde o jazz ocupa um lugar de destaque mas onde cabe também a música clássica, o cinema e o teatro, recebeu um piano de presente quando tinha apenas 5 anos, mas foi mais tarde, por volta dos 18 anos, que decidiu dedicar-se a sério ao estudo do instrumento. Aconteceu-lhe uma espécie de epifania quando viu, numa televisão ainda a preto e branco, um concerto a solo de Keith Jarrett. Disse numa entrevista a propósito desse encontro que nunca tinha ouvido tocar piano assim, não sabia que música era aquela, que tinha ficado absolutamente fascinado. No dia a seguir, começou a estudar piano a sério, 8 ou 9 horas por dia. Interrompia o estudo apenas para almoçar e jantar, e era o pai que tinha de lhe dizer para parar de estudar quando, às 10 da noite, batia 3 vezes na parede do quarto ao lado como quem diz “já chega, são horas de dormir”. Da sua longa carreira destacam-se as prolíficas colaborações com Maria João, Bernardo Sassetti e Pedro Burmester, mas também o Trio Mário Laginha, com o contrabaixista Bernardo Moreira e o baterista Alexandre Frazão, ou o Novo Trio, com Bernardo Moreira e a guitarra portuguesa de Miguel Amaral, além do Quinteto de Jazz de Lisboa, o Sexteto de Jazz de Lisboa, e até um Decateto na Gulbenkian…entre muitos outros projectos com músicos nacionais e estrangeiros.
Adepto da diversidade, experimentou por várias vezes musicar poesia, e tem explorado noutras ocasiões a relação entre a literatura e a música. Um dos exemplos é o álbum "Jangada", inspirado no livro “Jangada de Pedra” de José Saramago, onde consta o tema Desquiet inspirado no Livro do Desassossego.
Oct 17, 202201:52:33
Inês Lourenço

Inês Lourenço

Inês Lourenço nasceu em casa, na freguesia portuense de Santo Ildefonso, Porto, em 1942. Licenciada em Línguas e Literaturas Modernas pela Universidade do Porto, curso que só terminou depois de casar e de ter sido mãe, referiu em entrevistas anteriores que gosta de escrever desde criança – já na escola primária se destacava quando se recitavam poemas ou faziam composições –, mas que não tinha necessariamente o sonho de ser escritora. Tinha, sim, e são estas palavras suas, uma coisa “quase biológica”, uma necessidade de escrever que se mantém até hoje. Numa entrevista realizada há poucos anos contou-me que se não escrever se sente mal porque a sua emocionalidade precisa de escape.
Na infância, começou por decorar poemas, por exemplo de Antero de Quental ou de Bocage (era prática comum do ensino de português incentivar as crianças a decorar poesia), para depois arriscar escrever numa máquina Underwood oferecida pelo pai. Já na adolescência escreveu para jornais estudantis, mas só publicou o primeiro livro aos 35 anos. Entre poesia e microficções, é autora de quase 20 títulos. Foi responsável pela revista Hífen, uma publicação na qual colaboraram nomes incontornáveis da poesia portuguesa do Século XX. Ao longo das suas 13 edições, a revista Hífen publicou cerca de 160 poetas.
Acredita que “a poesia tem de sabotar o lugar comum”.
Oct 03, 202201:41:29
Salvador Sobral

Salvador Sobral

Salvador Sobral nasceu em Lisboa, a 28 de Dezembro de 1989. Inscreveu-se no curso de Psicologia porque gosta de pessoas e queria tentar percebê-las. A motivação para a música está perto desta: tocar os outros. De resto, música e psicologia acabaram por se cruzar quando, no terceiro ano do curso e a fazer Erasmus em Maiorca, apresentou um trabalho sobre uma canção de Bob Dylan – Blowing in the wind – para a cadeira de psicologia da arte. Foi esse cruzamento que o fez passar na cadeira. Ainda em Maiorca, acumulava as aulas de psicologia com os concertos ao vivo em bares e restaurantes, e foi aí que veio a conhecer um dos seus cúmplices musicais até aos dias de hoje: Leonardo Aldrey, músico e produtor venezuelano. Algures por esta altura, abandona a ideia de ser psicólogo e dedica-se exclusivamente à música.
Como todos sabemos tão bem, venceu o Festival da Canção e depois o da Eurovisão em 2017, mas antes de chegar a este reconhecimento e fama repentinos, lançou um disco chamado “Excuse Me” e, ainda antes, participou em concursos de talentos musicais de televisão.
Além de Maiorca em Erasmus, viveu nos Estados Unidos e em Barcelona, onde estudou Jazz durante 2 anos. Confessa-se um BEN, sigla usada para designar beto em negação, e uma pessoa, sem filtros e romântica. Por falar em romantismo, casou em 2018 com Jenna Thiam, uma actriz belga e a única mulher para quem não teve de cantar durante a fase da sedução, anterior ao namoro. Disse numa entrevista, e passo a citar: “sou casado, não sei se ela é minha mulher, ela é minha namorada”.
Sep 19, 202201:34:56
Fernando Cabral Martins

Fernando Cabral Martins

Fernando Cabral Martins nasceu em Mangualde a 4 de Fevereiro de 1950. Ficcionista, ensaísta e crítico, é doutorado em Literatura Portuguesa com uma tese sobre Mário de Sá-Carneiro. Professor na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, tem colaboração literária dispersa, quer de ensaio quer de ficção, desde 1965. Foi crítico de cinema em jornais e revistas entre 1972 e 1994, é colaborador de livros sobre cinema português, e mantém o blogue “Havemos de ir ao Cinema” onde escreve sobretudo sobre cinema, mas não só.
Entre os autores que estudou e trabalhou encontram-se nomes muito importantes das letras portuguesas e familiares a tantos de nós: Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro, Almada Negreiros, Alexandre O´Neill, Cesário Verde, Luísa Neto Jorge, Mário Cesariny, entre outros.
Sep 05, 202201:59:35
Fernando Ribeiro

Fernando Ribeiro

Fernando Ribeiro nasceu em 1974, na Brandoa, bairro da Amadora, cenário que viria a servir de cenário para um romance publicado no ano passado chamado "Bairro sem Saída". Estudou filosofia e, se não tivesse feito carreira na música, gostaria de ter sido professor de filosofia do ensino secundário. Leitor precoce, direciona o gosto da escrita para as letras das canções dos Moonspell, banda que completa 30 anos este ano, mas também para os livros que vai publicando, onde se inclui a poesia e os contos, além da prosa. Em 1989, com 15 anos, formou os Morbid God, banda que mais tarde, em 1992, mudaria o nome para Moonspell, apontada como uma das mais internacionais bandas portuguesas e conhecida em todo o mundo na área alternativa e do metal, com milhares de discos vendidos.
É conhecido como metaleiro-filósofo, por causa da ligação forte à filosofia e, de facto, encontra relações entre os dois universos: "há muitas relações, por exemplo, com a literatura. Houve sempre uma relação óbvia com autores como [Charles] Baudelaire e [Samuel Taylor] Coleridge – há mesmo aquele épico dos Iron Maiden, "The Rime of the Ancient Mariner". Há bandas que trabalharam William Blake, nós trabalhámos Marquês de Sade, Mário Cesariny e Fernando Pessoa. O impacto do homem que luta contra o seu destino é um tema muito caro ao "heavy metal", pelo menos àquele de que eu gosto."
Não é por acaso que cita poetas quando fala da música. Além de uma declarada relação com a história - e especificamente a história de Portugal que encontramos, por exemplo, no álbum 1755 -, os Moonspell trabalham as palavras dos poetas É disso exemplo a canção Opium, inspirada em Álvaro de Campos, heterónimo de Fernando Pessoa, mas há muitos outros exemplos onde constam nomes como Mário Cesariny, José Luís Peixoto ou Miguel Torga.
Vive em Alcobaça, com Sónia Tavares, vocalista dos The Gift, de quem tem um filho chamado Fausto.
Jul 25, 202201:50:02
Daniel Sampaio

Daniel Sampaio

Daniel Sampaio nasceu em Lisboa a 8 de setembro de 1946. Viveu em Sintra até aos 15 anos, numa casa que lhe permitia essa liberdade de brincar todos os dias no jardim. Foi educado segundo um princípio do pai, Arnaldo Sampaio, conhecido médico da região: liberdade e responsabilidade. O mesmo pai que foi Director Geral de Saúde, que concebeu o Plano Nacional de Vacinação, e que contribuiu para a criação dos Centros de Saúde.
Aos 16 anos, a família, que também integrava a mãe Fernanda Bensaúde Branco e o irmão Jorge Sampaio (que viria a ser Presidente da República), muda-se para Campolide, em Lisboa. Por essa altura, e já no Liceu Pedro Nunes, o nosso convidado, que era existencialista e lia em francês Sartre e Camus, teve de escolher que área queria estudar. Ponderou Letras. Foi a filosofia que o levou à psiquiatria.
A longa carreira na saúde mental teve início em 1964, quando fez 18 anos, e foi estudar Medicina para o Hospital de Santa Maria, onde viria a formar-se pela Universidade de Lisboa em 1970. O doutoramento na especialidade de psiquiatria veio em 1986.
Publicou dezenas de livros, sobretudo sobre a adolescência e os seus problemas. E recebeu duas condecorações, dos Presidentes da República Aníbal cavaco Silva e Marcelo Rebelo de Sousa.
Já este ano, integrou a Comissão para o Estudo dos Abusos Sexuais na Igreja Católica Portuguesa.
Casado com Maria José Cabeçadas Ataíde Ferreira desde 1970, tem 3 filhos e 7 netos. Disse numa entrevista que ter construído uma família coesa com 3 gerações é a sua maior conquista.
Gosta de gatos - teve um gato chamado Jimmy, que o acompanhou desde bebé até aos seus 18 anos –, de ouvir música (o compositor favorito é Mozart), de ver futebol, e de ler.
O maior medo de Daniel Sampaio é o medo da morte, e disse numa outra entrevista que gostaria de morrer a dormir. A pessoa que mais admira é Barack Obama, na ficção é D. Quixote.
Quando lhe perguntaram se sabia um verso de cor citou Camões e o poema que começa com o verso "Sete anos de pastor Jacob servia Labão pai de Raquel serrana bela".
Jul 11, 202255:40