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Rasgaí

Rasgaí

By Programa de Pós-Graduação em Demografia | UFRN

O Rasgaí é um podcast que fala sobre ciência. O foco é nos estudos que tratam sobre demografia e população. Episódios curtos, com cerca de 15 minutos, trazem discussões diretas e objetivas sobre essa área de conhecimento. O Rasgaí é vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Demografia (PPGDem) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Produtor/Editor: Ricardo Ojima (twitter: @ricardoojima).

Rasgaí: expressão regional; gíria; verbo usado para pedir que o outro fale algo numa conversa. - Tenho uma coisa para te contar. - Rasgaí!
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#15 | Permanência e desempenho dos alunos cotistas na UFRN: quais diferenças? | Ythalo Hugo da Silva Santos e Luciana Lima

RasgaíFeb 25, 2021

00:00
13:24
T03E13 | Doutorado Sanduíche: uma experiência internacional no meio do doutorado | Leandro Basílio Jr

T03E13 | Doutorado Sanduíche: uma experiência internacional no meio do doutorado | Leandro Basílio Jr

Uma das oportunidades que se abre quando a gente está desenvolvendo uma pesquisa de doutorado é a possibilidade de passar uma temporada fora do país. A Capes, que é a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, um órgão vinculado ao Ministério da Educação, tem um programa de bolsas específico para essa atividade. Esse programa é chamado PDSE “Programa Doutorado Sanduiche no Exterior” e abre anualmente seleção para que pesquisadores que estejam realizando doutorado no Brasil possam passar uma temporada de no mínimo 6 e no máximo 10 meses fora do país.

É uma possibilidade importante para o que se costuma chamar de internacionalização da pesquisa científica brasileira. Contribui para estreitar laços de colaboração científica já existentes entre instituições brasileiras e do exterior ou mesmo criar novas conexões entre os grupos de pesquisa. Mas para além disso, trata-se de uma oportunidade excelente para o processo formativo do doutorando, pois permite experimentar rotinas de pesquisa, estruturas institucionais e, principalmente, novas culturas. O episódio traz uma conversa com o Leandro Basílio Jr., que é doutorando do PPGDem e, no ano passado, concorreu ao edital do PDSE e foi selecionado para passar uma temporada em Lisboa, Portugal. Ele está desenvolvendo sua pesquisa de doutorado no Instituto de Geografia e Ordenamento do Território da Universidade de Lisboa (IGOT) e nos contou como foi o processo de seleção e como está sendo sua experiência.

May 29, 202315:01
T03E12 | Impactos da pandemia no mercado de trabalho do Semiárido Setentrional | Rislene Sousa

T03E12 | Impactos da pandemia no mercado de trabalho do Semiárido Setentrional | Rislene Sousa

A pandemia da Covid-19 trouxe muitos transtornos e perdas irreparáveis, mas também pudemos tirar muitos aprendizados. É preciso refletir sobre esses momentos de crise para poder aprender como se deram suas dinâmicas e, por fim, entender o que podemos fazer para minimizar e melhor responder à futuras crises que virão. Por isso, o Programa de Pós-Graduação em Demografia da UFRN está desenvolvendo um projeto que conta com financiamento de agências de fomento. Um na parceria da FAPERN (Fundação de Amparo e Promoção da Ciência, Tecnologia e Inovação do RN) com a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES); e outro em um edital do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Os dois projetos envolvem docentes e discentes do PPGDem para estudar as dinâmicas demográficas e o impacto da pandemia na região do semiárido setentrional, a porção mais ao norte da região mais seca do Nordeste. O objetivo é avançar na compreensão dos impactos da COVID-19 no acúmulo de condições desfavoráveis na população dessa região que tem taxas de crescimento populacional baixas e com relativa perda de participação na população na região Nordeste. O Semiárido Setentrional apresenta baixos indicadores sociais, econômicos, de saúde, educacionais, entre outros. Fatores como mercado de trabalho, saúde, infraestrutura, migração e mobilidade já se constituíam como desafios para o desenvolvimento regional antes da pandemia e poucos estudos focam no contexto demográfico da região. Assim, o episódio de hoje traz uma pesquisa de mestrado que foi desenvolvida dentro deste recorte de pesquisa. A Rislene Katia de Sousa defendeu sua dissertação de mestrado em 2022 e analisou o contexto do mercado de trabalho antes e depois da pandemia da Covid-19 na região do semiárido setentrional.

Confere os resultados completos da dissertação aqui: "O mercado de trabalho no Semiárido Setentrional na pandemia da COVID-19"

May 21, 202319:60
T03E11 | Maternidade e Ciência | Conversas com Pesquisadoras

T03E11 | Maternidade e Ciência | Conversas com Pesquisadoras

A demografia, enquanto campo de estudos que se debruça sobre a natalidade e fecundidade, tem um olhar crítico, analítico e ao mesmo tempo técnico sobre a maternidade. Faz parte das análises entender as condições e características sociais, econômicas e contextuais da maternidade. Mas o que dizer da relação entre maternidade e carreira acadêmica? Ser pesquisadora e ser mãe são esferas da vida independentes e contraditórias? Somente a poucos anos, a plataforma Lattes, principal sistema de informações e dados de pesquisadores brasileiras, adicionou um campo para o registro de licenças-maternidade. E só este ano, em 2023, a Plataforma Sucupira, usada para inserir os dados da pós-graduação brasileira, passou a incluir afastamentos relacionados a licenças parentais. São conquistas importantes, claro, mas que demonstram como o caminho para o maior equilíbrio de gênero no ambiente acadêmico ainda é longo.

Para contribuir com esse movimento e na esteira desses debates, o Programa de Pós-Graduação em Demografia da UFRN organizou uma roda de conversa com pesquisadoras mães. São docentes, discentes e egressas que experimentam o desafio de ser mães e pesquisadoras ao mesmo tempo. Um momento de trocas de conversas sobre os desafios e perspectivas para a busca de maior equilíbrio nas relações de gênero no ambiente acadêmico, em especial, quando o assunto é a maternidade. A atividade ocorreu nessa sexta-feira, dia 12 de maio de 2023. Portanto, o episódio de hoje do Rasgaí é especial sobre o dia das mães e traz um resumo de como foi esse momento de reflexão a partir dos depoimentos de algumas das participantes.


Para saber mais:

DECRETO Nº 21.366, DE 5 DE MAIO DE 1932, Declarando que o segundo domingo de maio é consagrado às mães.

Mulheres não são melhores em multitarefas. Só trabalham mais

Parentalidade e carreira científica: o impacto não é o mesmo para todos

May 14, 202324:03
T03E10 | Efeitos do Bolsa Família na escolaridade de mães adolescentes no Semiárido | Herick Cidarta Oliveira

T03E10 | Efeitos do Bolsa Família na escolaridade de mães adolescentes no Semiárido | Herick Cidarta Oliveira

Este episódio apresenta os resultados da tese de doutorado do Herick Cidarta Gomes de Oliveira. Ele observou os efeitos do Programa Bolsa Família sobre a defasagem escolar de mães adolescentes utilizando um banco de dados compartilhado pela cooperação do Programa de Pós-Graduação em Demografia da UFRN com o Cidacs/FioCruz-BA. A "Coorte dos 100 milhões de brasileiros" é uma base de dados longitudinal onde as informações não se referem apenas a um momento no tempo, mas acompanha as pessoas através do tempo. No caso da pesquisa do Herick, o evento específico foi a natalidade entre meninas adolescentes e o foco foi analisar como o fato dela já ser beneficiária do Programa Bolsa Família (PBF) poderia afetar o seu desempenho escolar diante da gravidez e a maternidade.

Os resultados mostraram que, para as mães adolescentes que já eram de famílias beneficiárias do PBF, há uma menor incidência de defasagem escolar em comparação com meninas que eram de famílias não beneficiárias e com as mesmas características sociodemográficas. Um efeito protetor do PBF que foi mais relevante para meninas residentes no Semiárido do que aquelas da região Nordeste ou da média do país. Há outras análises e resultados interessantes que o Herick comenta no episódio. Os resultados completos podem ser acessados na tese de doutorado do Herick que está disponível no repositório da UFRN.

May 08, 202317:29
T03E09 | Acidentes de trânsito e consumo de álcool: uma análise demográfica | Emilly Lindolfo

T03E09 | Acidentes de trânsito e consumo de álcool: uma análise demográfica | Emilly Lindolfo

A mortalidade por acidentes de trânsito no Brasil é um fenômeno importante a ser estudado, pois é a segunda causa de morte entre pessoas jovens, perdendo apenas para as mortes por violência. Esse é um tema relevante de pesquisa para diversos campos de conhecimento, entre eles a demografia, uma vez que envolve de forma direta ou indireta os componentes da dinâmica demográfica de modo claro. O primeiro e óbvio fator é a mortalidade. Mas envolve entender também como a população se desloca no espaço e, de forma mais indireta, tem a ver com a mudança na estrutura etária da população decorrente da transição demográfica.

Diante disso, este episódio apresenta os resultados da dissertação de mestrado da Emilly Lindolfo de Souza. Ela desenvolveu a pesquisa sobre os acidentes de trânsito e consumo de álcool nas rodovias federais do Rio Grande do Norte, analisando o período de 2007 a 2019, com dados da Polícia Rodoviária Federal. Com isso, ela obteve um perfil demográfico relacionado à esse tipo de ocorrência e contribui para que ações de políticas públicas possam ser mais focalizadas e efetivas.

May 02, 202316:00
T03E08 | Migração de militares e impacto na ocupação e carreira de cônjuges | Cinthyonara Pereira
Apr 24, 202316:00
T03E07 | O consumo de energia elétrica depende de quando você nasceu? | Victor Hugo Diógenes

T03E07 | O consumo de energia elétrica depende de quando você nasceu? | Victor Hugo Diógenes

Neste episódio conversamos com o autor da primeira tese de doutorado defendida no Programa de Pós-Graduação em Demografia da UFRN. A defesa de tese do Victor Hugo Diógenes ocorreu em novembro de 2022 e tratou sobre um tema bem atual: a relação entre população, meio ambiente e consumo. É muito comum ouvir nas conversas do dia-a-dia, no senso comum, uma percepção simplificada e até ingênua sobre a relação população e meio ambiente. É comum que a discussão sobre o crescimento populacional afetando o meio ambiente, produção de alimentos ou desenvolvimento econômico esbarre numa visão fatalista que recupera o postulado de Thomas Malthus de que é preciso controlar o crescimento populacional para garantir a sobrevivência da humanidade.

Os dados preliminares do Censo Demográfico 2022 já confirmam que o ritmo de crescimento da população brasileira está bem baixo. Outros países do mundo já apresentam taxas de crescimento populacional negativo e o Brasil segue a mesma tendência. É esperado que a população comece a decrescer antes do meio deste século. Mas será que as condições ambientais vão melhorar depois que a população brasileira começar a decrescer? A pesquisa desenvolvida pelo Victor joga um pouco de luz nessa discussão a partir da inclusão da variável consumo na discussão sobre a relação população e meio ambiente. Particularmente, ele analisou se há efeitos diferentes no padrão de consumo de energia elétrica de acordo com a idade das pessoas, da período em que analisamos esse consumo e a coorte de nascimentos das pessoas. Ou seja, nesse último aspecto, analisa-se se o ano que a pessoa nasceu exerce alguma influência no padrão de consumo de energia elétrica.

Para acessar a pesquisa do Victor Hugo Diógenes, clique aqui.

Apr 17, 202315:60
T03E06 | Egressos | Da economia à demografia dos povos indígenas | Anna Karoline Cruz

T03E06 | Egressos | Da economia à demografia dos povos indígenas | Anna Karoline Cruz

É sempre muito dificil escolher os caminhos de investimento em formação. Há uma certa insegurança na escolha de uma pós-graduação stricto sensu, pois é um investimento de tempo e energia de médio e longo prazo. Nem sempre há bolsas de pesquisa suficientes e, mesmo quando existem, os valores nem sempre são suficientes para garantir integralmente a subsistência sem um adicional de alguma economia guardada ou apoio familiar. Em geral a pós-graduação stricto sensu exige dedicação integral e exclusiva e isso o torna quase que inviável para muitas pessoas. Para ajudar nessas escolhas, criamos essa série especial “Egressos” dentro do nosso podcast. O que buscamos nessa série especial é mostrar as trajetórias profissionais dos egressos. Queremos saber o que estão fazendo e o que a formação em demografia contribuiu com a atividade profissional onde atuam hoje. Enfim, uma forma de mostrar caminhos possíveis para tornar a escolha menos solitária.

A conversa deste episódio foi com a Anna Karoline Rocha Cruz. Ela fez o mestrado em demografia na UFRN e depois seguiu para um doutorado na mesma área na Unicamp. Hoje ela é professora universitária no Amazonas e incorpora nas suas aulas o conhecimento que acumulou ao longo da trajetória. Mais que isso, ela transitou entre o campo da economia, sua formação de base, e passou para a demografia estudando os povos indígenas. Um grupo populacional importante e que demanda estudos com essa perspectiva demográfica cada vez mais.

Apr 10, 202310:56
T03E05 | Interseccionalidade de gênero e raça no sucesso dos emigrantes nordestinos | Demétrius Monteiro
Apr 02, 202316:30
T03E04 | Demografia aplicada ao conhecimento na gestão pública: impactos da pandemia no município de Mossoró (RN)

T03E04 | Demografia aplicada ao conhecimento na gestão pública: impactos da pandemia no município de Mossoró (RN)

O episódio 4 da terceira temporada apresenta um resumo dos primeiros resultados de um projeto desenvolvido pelo Programa de Pós-Graduação em Demografia da UFRN em parceria com diversas instituições de pesquisa, a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) e a Prefeitura Municipal de Mossoró (RN). O projeto tem como objetivo subsidiar ações de qualificação, planejamento e informação para a gestão pública municipal a partir de uma perspectiva interdisciplinar em Mossoró na direção de entender os impactos diretos e indiretos da pandemia da Covid-19 no município. Vai além, buscando realizar uma análise prospectiva e de futuro para o planejamento de ações voltadas à melhoria das condições de saúde e qualidade de vida no município.

A pesquisa que teve início no segundo semestre de 2022, encontra-se em fase de análise dos resultados preliminares, mas ainda está em desenvolvimento a partir da coleta de informações essenciais sobre o sistema de saúde e dos trabalhadores e suas condições. Neste episódio conversamos com Marcos Gonzaga e Flávio Freire, ambos docentes do PPGDem e coordenadores de dimensões estruturantes do projeto. Além disso, também conversamos com o Diretor Executivo de Planejamento da Secretaria Municipal de Saúde de Mossoró, Richardson Grangeiro, que tem sido o contato de articulação das ações do projeto pela Prefeitura Municipal de Mossoró. Para saber mais sobre as divulgações anteriores e futuras do projeto, consulte o nosso site (demografiaufrn.net).

Mar 26, 202333:60
T03E03 | Queda dos nascimentos e características das mulheres no Nordeste | Denise Pimentel

T03E03 | Queda dos nascimentos e características das mulheres no Nordeste | Denise Pimentel

O episódio traz uma conversa com Denise Pimentel. Ela defendeu a dissertação de mestrado em demografia na UFRN e a pesquisa fez uma caracterização do comportamento reprodutivo na Região Nordeste em um contexto de baixa fecundidade. A pesquisa da Denise teve como objetivo analisar como se deu essa queda dos nascimentos considerando as diversas características das mulheres nordestinas com base nos dados dos censos demográficos de 2000 e 2010.

A dissertação completa está disponível para download no repositório institucional da UFRN e pode ser acessada pelo link abaixo:

https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/26167

Mar 19, 202320:60
T03E02 | Mobilidade de estudantes com deficiência e educação inclusiva no Nordeste | Angela Almeida
Mar 12, 202317:59
T03E01 | Egressos | "A demografia amplia os horizontes da pesquisa em humanidades" | Tiago Nascimento

T03E01 | Egressos | "A demografia amplia os horizontes da pesquisa em humanidades" | Tiago Nascimento

Em 2023 daremos continuidade aos episódios tradicionais sobre resultados de pesquisa e também à série de conversas com nossos ex-alunos. Colegas pesquisadores que passaram pela nossa pós-graduação e hoje já estão em outras atividades profissionais. E, neste primeiro episódio da terceira temporada, conversamos com o Tiago Nascimento. Tiago concluiu o mestrado em demografia na UFRN em 2015 e vamos saber o que ele anda fazendo, por onde esteve desde que saiu daqui e quais as lembranças que guarda da sua experiência aqui no PPGDem. Coloca seu fone e ouça nosso podcast. Você pode saber mais sobre o Programa de Pós-Graduação em Demografia na nossa página (www.demografiaufrn.net) ou acompanhar tudo que tem de novidade na área através das nossas redes sociais. Estamos no Facebook, Twitter e Instagram no @ppgdem e também no Youtube no canal /demografiaufrn. Confere lá.
Mar 06, 202312:57
T02E09 | Série Egressos | "O mestrado foi um período agradável da minha vida" | William Mendonça

T02E09 | Série Egressos | "O mestrado foi um período agradável da minha vida" | William Mendonça

A formação em nível de pós-graduação muitas vezes confunde, pois há algumas modalidades diferentes com algumas características particulares. É muito comum ouvir as pessoas falando: “fiz uma pós” ou “vou fazer uma pós”, mas nem sempre se trata da mesma coisa. A pós-graduação é um nível de formação que, claro, exige que vc tenha feito uma graduação anteriormente. Isso é o que há de comum, mas depois podemos ter a pós-graduação lato senso e a pós-graduação stricto senso.

O primeiro é o que costumamos chamar de especialização e tem um caráter prático-profissional e busca promover a especialização técnica ou treinamento nas partes de que se compõe um ramo profissional ou científico. Tem duração mínima de 360 horas, ao final do curso o aluno obterá certificado e não diploma. A pós-graduação stricto sensu compreende programas de mestrado e doutorado e ao final do curso o aluno obterá grau acadêmico e diploma. Diferentemente das especializações, os cursos de mestrado e doutorado tem um caráter regular dentro das instituições de ensino, ou seja, precisam ter turmas com ingresso regular.

Na rotina da formação na pós-graduação stricto sensu o discente passa por disciplinas formativas e depois desenvolve outras habilidades, como docência e pesquisa. Ao final do processo de formação, para obter o título, o aluno precisa defender uma dissertação, no caso do mestrado, e uma tese no caso do doutorado. E os prazos regulares são de 2 e 4 anos, respectivamente. Muitas vezes pode ser um processo de formação árduo e extenuante devido aos elevados níveis de exigência e prazos, mas nem sempre é assim. Depende do contexto e do ambiente que se constrói.

No episódio 9 da segunda temporada do Rasgaí, conversamos com o William Mendonça de Lima que concluiu seu mestrado em 2015 aqui na Pós-Graduação em Demografia da UFRN e depois seguiu e já concluiu o doutorado também em demografia na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Ele contou pra gente como foi a sua experiência e nos deu um exemplo de como podemos ajustar qualidade e rigor na produção científica e acadêmica sem necessariamente sermos reféns dessa cobrança. Para ele, o mestrado foi um período agradável da vida.


Créditos:

Produção, edição e apresentação: Ricardo Ojima (PPGDem/UFRN)

Trilha sonora:

Robo-Western by Kevin MacLeod

Link: https://incompetech.filmmusic.io/song/4298-robo-western

License: http://creativecommons.org/licenses/by/4.0/

Perspectives by Kevin MacLeod

Link: https://incompetech.filmmusic.io/song/4207-perspectives

License: https://filmmusic.io/standard-license

May 19, 202218:20
T02E08 | Migração e os dados do Censo 2017 no Moçambique | Mussagy Ibraimo

T02E08 | Migração e os dados do Censo 2017 no Moçambique | Mussagy Ibraimo

Os três componentes da dinâmica demográfica são: nascimentos, mortes e migrações. Cada um tem a sua complexidade para ser estudado e cada um apresenta interfaces com teorias e contextos socioeconômicos distintos, o que induz a formação do demógrafo para uma abordagem interdisciplinar. Embora a migração seja um fenômeno muito popular, pois quase toda pessoa conhece ou tem uma história de trajetória migratória para contar, do ponto de vista do estudo científico há elementos técnicos que dificultam sua análise. Um dos aspectos que o diferem dos nascimentos e das mortes é que ele pode acontecer mais de uma vez na trajetória de um mesmo indivíduo. Além disso, a forma de se mensurar e estimar a migração de modo direto depende de se poder perguntar para as pessoas sobre as etapas migratórias da sua vida. Por isso, em grande medida, os Censos Demográficos são fontes de dados importantes para o estudo dos volumes, fluxos e características da migração.

Mas os censos ocorrem em intervalos de tempo muito distantes. Além disso, os quesitos (ou perguntas) que são feitas para se captar a migração dependem da memória das pessoas entrevistadas, da sobrevivência das pessoas que migraram no intervalo entre um censo e outro e da precisão dos entrevistadores em registrar as informações. Mais que isso, o próprio conceito do que é ser migrante precisa ser definido claramente. Apesar de parecer óbvio, definir quem é migrante depende de alguns recortes. É preciso considerar mudança de residência habitual, limites político-administrativos, tempo de residência, entre outros.

Uma análise da qualidade das informações sobre migração num censo demográfico foi desenvolvida pela dissertação de mestrado do Mussagy Ibraimo. Ele concluiu o mestrado em demografia aqui na UFRN em 2022 com a pesquisa: “Dinâmica migratória e avaliação dos quesitos censitários sobre migrações internas e internacionais em Moçambique: uma análise a partir do censo 2017”. Mussagy trabalha no Instituto Nacional Estatística (INE) de Moçambique e é por isso que sua pesquisa se debruça sobre os dados do Censo Demográfico moçambicano. Mas ele não fez apenas uma análise da qualidade dos dados mas, tendo feito isso, analisou aspectos gerais dos fluxos e o perfil dos movimentos migratórios no país. Identificou os principais destinos, as características dos migrantes e o perfil da seletividade nos contextos das províncias. 


Créditos:

Produção, edição e apresentação: Ricardo Ojima (PPGDem/UFRN)

Trilha sonora:

Robo-Western by Kevin MacLeod

Link: https://incompetech.filmmusic.io/song/4298-robo-western

License: http://creativecommons.org/licenses/by/4.0/

Perspectives by Kevin MacLeod

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License: https://filmmusic.io/standard-license

May 12, 202223:44
T02E07 | A violência em Natal antes e durante a pandemia da Covid-19 | Pedro Henrique Freitas

T02E07 | A violência em Natal antes e durante a pandemia da Covid-19 | Pedro Henrique Freitas

A violência é um campo de estudos de indiscutível relevância social. Normalmente o número de homicídios é usado como indicador para analisar a evolução da violência ao longo do tempo. No Brasil, entre 1990 e 2017, o número de homicídios passou de 32 mil para mais de 65 mil, segundo os dados disponíveis no Atlas da Violência gerido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) com a colaboração do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). Mas é preciso olhar os dados de modo mais detalhado para entender melhor a sua dinâmica.

As mortes violentas ocorrem de modo seletivo. Mais da metade dos homicídios que ocorreram no ano de 2017 foram de homens entre 15 e 29 anos. E do total de homicídios de 2017, mais de 70% foram de homens negros. Além disso, eles não ocorrem de forma uniforme no território. O risco de homicídio, portanto, depende de características sociodemográficas e socioespaciais. É por essas e outras razões que o estudo da violência pode ser entendido como um tema demográfico. Analisar a violência, os homicídios e as causas violentas a partir de um olhar demográfico ajuda a entender essas especificidades e isso pode contribuir para melhorar as ações e políticas de segurança pública. Otimizar os investimentos em segurança para que se focalizem nos públicos e contextos nos quais o evento contém maior risco de ocorrer.

E foi esse o desafio de pesquisa proposto pela pesquisa de mestrado do Pedro Henrique Freitas. Ele defendeu sua dissertação em demografia no Programa de Pós-Graduação em Demografia da UFRN em 2021 e analisou a violência no município de Natal a partir das perspectivas demográficas e socioespaciais. E ele adicionou um elemento contextual que, dado o momento em que a pesquisa foi desenvolvida, não poderia faltar. O impacto e a influência que a pandemia de Covid-19 pode ter tido nesses indicadores. O arquivo completo da dissertação "Violência no município de Natal/RN em 2019 e 2020: uma abordagem espacial e demográfica sobre as mortes violentas com foco nos efeitos decorrentes da pandemia da COVID-19" contém gráficos e cartogramas que ajudam a compreender a diversidade do fenômeno no caso do município de Natal (RN).


Créditos:

Produção, edição e apresentação: Ricardo Ojima (PPGDem/UFRN)

Trilha sonora:

Robo-Western by Kevin MacLeod

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License: http://creativecommons.org/licenses/by/4.0/

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May 05, 202217:14
T02E06 | Quem são as mulheres que não querem ter filhos? | Clícia Clementino

T02E06 | Quem são as mulheres que não querem ter filhos? | Clícia Clementino

O episódio de hoje é sobre um tema que vez ou outra aparece nas conversas informais e povoam o imaginário das pessoas no senso comum. Estamos falando da queda da natalidade, ou seja, a redução do número de nascimentos. É mais comum ouvir a expressão: “queda da natalidade”, mas na verdade estamos falando da queda na taxa de natalidade. A taxa de natalidade é uma medida que calcula a quantidade de bebês nascidos em um determinado ano e divide esse número pelo total de pessoas daquela população naquele mesmo ano. Mas há outra expressão que se ouve também: a queda da fecundidade. Essa medida é um pouco diferente e representa o número médio de filhos tidos pelas mulheres em idade reprodutiva daquele ano.

O que os dados mostram ao longo do tempo é que a fecundidade vem caindo de modo consistente no Brasil. No passado ela já esteve na faixa de 6 filhos por mulher e já está abaixo de 2 há algum tempo. Mas nas conversas informais ainda é difícil crer nesses números, pois na observação das pessoas, parece ser contraditório ter uma taxa tão baixa de filhos por mulher se, por exemplo, você conhece ou viu uma reportagem mostrando a vida de mulheres que têm 4 ou 5 filhos.

Isso acontece por estarmos falando de médias e se conhecemos mulheres que tem 4 ou 5 filhos, esquecemos que existem muitas mulheres sem filhos. E essa quantidade de mulheres sem filhos vem aumentando ao longo do tempo. Esse foi o tema da dissertação de mestrado da Clicia Clementino. Ela defendeu seu mestrado no PPGDem em 2021 com a pesquisa: “Eu não quero ser mãe assim como muitas mulheres”. Ela analisou o perfil das mulheres que não tem e não querem ter filhos para entender quais são as características que mais influenciam nessa decisão. Ela também traz uma discussão que contextualiza o debate brasileiro no contexto internacional e como essa temática vem sendo abordada pela literatura científica internacionalmente. 


Créditos:

Produção, edição e apresentação: Ricardo Ojima (PPGDem/UFRN)

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Robo-Western by Kevin MacLeod

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Apr 29, 202218:22
T02E05 | Série Egressos | "A demografia me deu lentes para enxergar o mundo de forma diferente" | Gracineide Pereira

T02E05 | Série Egressos | "A demografia me deu lentes para enxergar o mundo de forma diferente" | Gracineide Pereira

Intercalado com os episódios tradicionais de conversas sobre resultados de pesquisas, a série “Egressos” busca evidenciar os prazeres e desafios que se colocam na caminhada na formação. É importante para um programa de pós-graduação acompanhar os egressos e saber como foi a experiência. Fazemos isso regularmente a partir de pesquisas de acompanhamento, mas no caso do podcast a ideia é ser mais informal, falar dos "causos", dos momentos de dificuldade e do que foi superado. No primeiro episódio dessa série, conversamos com o estatístico de formação, Josivan Justino. Hoje ele já concluiu seu doutorado em bioinformática e é professor universitário na Universidade Federal de Rondônia. Quase sempre as histórias mostram superações e conquistas, mas tentamos não romantizar a trajetória, pois sabemos que nem tudo são flores e que as barreiras de entrada e pedras no caminho são inúmeras.

No episódio de hoje, conversamos com uma egressa que também é da primeira turma e que defendeu sua dissertação de mestrado em 2013. A convidada do Rasgaí é Gracineide Pereira que desenvolveu a pesquisa intitulada “Afinal, quantos éramos? Um estudo da mortalidade pretérita na Freguesia da Gloriosa Sant'Anna” usando dados populacionais do século 19. Historiadora formada pela UFRN, depois de concluir seu mestrado no PPGDem, seguiu para Portugal para desenvolver pesquisa de doutorado (com bolsa da Capes) na Universidade do Minho, que é referência na pesquisa sobre demografia histórica e história da população. Gracineide falou sobre os desafios de sair da zona de conforto, como essas dificuldades foram enfrentadas e como foi importante esse aprendizado para a sua formação pessoal e profissional. Ela falou também como essa trajetória no nosso mestrado ajudou na sua passagem pelo doutorado em Portugal e como ajuda ela até hoje.


Créditos:

Produção, edição e apresentação: Ricardo Ojima (PPGDem/UFRN)

Trilha sonora:

Robo-Western by Kevin MacLeod

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License: http://creativecommons.org/licenses/by/4.0/

Perspectives by Kevin MacLeod

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Apr 21, 202220:44
T02E04 | Autoanálise das dissertações: dados e perfil das pesquisas | Alex Alcebíades Souza

T02E04 | Autoanálise das dissertações: dados e perfil das pesquisas | Alex Alcebíades Souza

A conversa de hoje é sobre a pesquisa do Alex Alcebíades Souza, que defendeu sua dissertação de mestrado em 2021 com o título: “Relações entre dados e estudos populacionais no Brasil: um estudo de caso do PPGDEM, de 2013 a 2020”. A pesquisa fez uma investigação de autoanálise, uma análise crítica da produção acumulada de dissertações defendidas no PPGDem nos seus primeiros anos. Embora, o mestrado tenha iniciado suas atividades em 2011, o início do período analisado foi 2013, pois o mestrado dura 2 anos e as primeiras titulações ocorreram em 2013. O Alex analisou dados das 72 dissertações defendidas nesse período em termos das características dos discentes-pesquisadores e dos seus trabalhos. O que os resultados mostram a partir do banco de dados organizado pelo Alex é a convergência das pesquisas na direção da missão institucional e social do PPGDem. Além disso, joga luz sobre o perfil diversificado dos discentes e egressos aqui formados.

Apr 14, 202235:49
T02E03 | Impacto das variações demográficas sobre a pensão por morte | Michelly Vieira

T02E03 | Impacto das variações demográficas sobre a pensão por morte | Michelly Vieira

O tema do episódio é o impacto das mudanças demográficas brasileiras sobre os benefícios de pensão por morte e mostra a sinergia existente entre a demografia e as ciências atuariais. Com o processo de envelhecimento em curso no país, as relações entre os grupos de idade e perfis populacionais impactam na relação dos contribuintes e beneficiários do sistema de seguridade social no Brasil. No caso da pensão por morte, é óbvio que mudanças no padrão de mortalidade terão efeito, mas mais do que isso, a natalidade, os arranjos familiares e os padrões de nupcialidade também mudaram e apresentam impactos em diversas políticas sociais e benefícios. Não seria diferente no caso das pensões do Regime Geral de Previdência Social.

O episódio conversou com a egressa do Programa de Pós-Graduação em Demografia da UFRN, Michelly Vieira, que defendeu sua dissertação sobre esse tema: o impacto financeiro sobre as pensões por morte no regime geral de previdência social considerando as mudanças demográficas brasileiras. A dissertação completa da Michelly pode ser acessada aqui: "Pensões por morte no Brasil: uma análise do impacto financeiro considerando variações demográficas sobre a pensão por morte do Regime Geral de Previdência Social". Os resultados da análise e das simulações feitas para o futuro das variáveis demográficas na pesquisa são relevantes para o planejamento das políticas sociais.


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Apr 07, 202218:07
T02E02 | Fuga de cérebros entre as regiões brasileiras | Jaine Pereira

T02E02 | Fuga de cérebros entre as regiões brasileiras | Jaine Pereira

Um importante característica na análise das migrações (internacionais ou internas) são as questões educacionais. E um dos termos usados nessa discussão é a "fuga de cérebros". Leva em conta a divergência entre a capacidade de absorver mão de obra qualificada em uma região em detrimento de outra que a recebe. Ou seja, uma região forma pessoas qualificadas, mas perde essas pessoas para outra região. Isso faz com que a região receptora tenha um ganho médio na qualificação, sem que tenha feito grandes investimentos educacionais. E essa transfusão de pessoas acaba tendo efeitos importantes no desenvolvimento humano e regional. O impacto da migração, portanto, pode ocorrer mesmo que a diferença entre chegadas e saídas seja zero no saldo final.

Este episódio 2 da segunda temporada do Rasgaí é com a doutoranda em demografia na UFRN, Jaine Pereira. Ela apresenta resultados da sua dissertação de mestrado defendida em 2021 aqui no PPGDem. Ela analisou a qualificação educacional e a inserção laboral dos migrantes inter-regionais no mercado de trabalho brasileiro no período de 2005 e 2015. Entre outros aspectos, ela destaca que o cenário econômico do período analisado refletiu uma maior mobilidade de pessoas qualificadas pelo país. Mas que, apesar disso, o perfil educacional dos migrantes reproduz as desigualdades sociais da sociedade em geral.

Acesse a dissertação completa da Jaine no repositório da UFRN


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Mar 31, 202220:22
T02E01 | Série Egressos | A Universidade como elemento transformador na vida das pessoas | Josivan Justino

T02E01 | Série Egressos | A Universidade como elemento transformador na vida das pessoas | Josivan Justino

O primeiro episódio da segunda temporada do Rasgaí (T02E01) marca a estreia da série "Egressos". Ao longo do ano teremos conversas com ex-alunos contando sua trajetória, aprendizados e experiências e como a passagem pelo programa de pós-graduação em Demografia da UFRN contribuiu com a sua jornada. Ou seja, tem um roteiro um pouco diferente dos demais episódios, onde conversamos com pesquisadores sobre as pesquisas propriamente ditas. O professor Josivan Justino é professor no campus de Ji-Paraná da Universidade Federal de Rondônia e é o único demógrafo da Universidade. Lotado no Departamento de Matemática e Estatística, ele desenvolve atividades interdisciplinares e ano passado organizou um evento que introduziu os temas demográficos nas atividades de ensino, pesquisa e extensão da UNIR. Josivan se graduou em Estatística na UFRN e foi concluiu seu mestrado em demografia no PPGDem/UFRN em 2013. Hoje, já doutor em Bioinformática pela UFRN, ele conta um pouco da sua trajetória e suas experiências. Foi um relato emocionante que, como ele mesmo afirma, mostra como a Universidade Pública tem um papel de transformar vidas e realizar os sonhos das pessoas.


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Mar 24, 202215:12
#45 | Diferenciais na mortalidade da população livre e escravizada entre 1772 e 1872 | Dario Scott

#45 | Diferenciais na mortalidade da população livre e escravizada entre 1772 e 1872 | Dario Scott

Todos os anos a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) realiza uma premiação para destacar as principais pesquisas de doutorado produzidas no país. Já são mais de 15 anos de premiações que levam em consideração as indicações de comissões julgadoras de diversas áreas de conhecimento. A Capes divulgou, no dia 3 de setembro de 2021 o Prêmio Capes de Tese deste ano, outorgando o resultado das melhores teses de doutorado defendidas em 2020. O episódio 45 do Rasgaí conversou com o autor da pesquisa que recebeu menção honrosa na edição mais recente do prêmio na área de Planejamento Urbano e Regional e Demografia. A pesquisa tratou da mortalidade, causas de morte e a esperança de vida da população num passado mais distante.

A demografia histórica já foi tema do nosso podcast no episódio 42, quando conversamos com Maisa Cunha sobre as particularidades e características dessa subárea da demografia. O episódio 45 de hoje, abordou uma pesquisa que analisou dados de registros realizados pela igreja católica entre 1772 e 1872 na região que hoje podemos chamar de Porto Alegre para, entre outras coisas, obter estimativas do perfil da mortalidade e a expectativa de vida ao nascer na população livre e também na população escrava. O autor da pesquisa é o Dario Scott. Ele é matemático e demógrafo. Defendeu sua tese de doutorado em 2020 com o título: “Livres e escravos: população e mortalidade na Madre de Deus de Porto Alegre (1772-1872)”, no programa de pós-graduação em demografia da UNICAMP e recebeu menção honrosa da edição de 2021 do Prêmio Capes de Teses. Dario também destacou o desenvolvimento do software NACAOB (clique aqui para saber mais). O NACAOB foi desenvolvido originalmente na década de 1990 e ao longo dos anos foi sendo aprimorado até ser hoje um sistema que permite a integração de bancos de dados de forma simples e colaborativa. Hoje ele é usado por diversos pesquisadores da área de demografia histórica no Brasil.


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Sep 23, 202126:11
#44 | Afeganistão: Demografia, Sistemas de Informação e Contexto Político-Social | Vanessa Ferreira

#44 | Afeganistão: Demografia, Sistemas de Informação e Contexto Político-Social | Vanessa Ferreira

O episódio 44 do Rasgaí conversou com Vanessa Ferreira sobre a demografia, o contexto político-social e o sistema de informações do Afeganistão. Vanessa é economista e demógrafa e defendeu sua tese de doutorado em 2021 com o título: “Demografia do Afeganistão: presente e futuro de treze províncias selecionadas”, pouco antes dos acontecimentos recentes da retomada do controle Talibã no país.


Recentemente, o Afeganistão voltou aos noticiários nacionais e internacionais devido ao conflito político institucional do país. Após os atentados às Torres Gêmeas em Nova York, em 2001, a ofensiva norte-americana contra os grupos terroristas envolvidos assumiu destaque e o Afeganistão foi afetado diretamente por isso, pois o governo local estaria diretamente ligado ao grupo fundamentalista Al-Qaeda, liderado por Osama Bin Laden, que assumiu a autoria dos ataques aos Estados Unidos. Assim, ainda em 2001, os Estados Unidos derrubaria o regime Talibã e permaneceu no país por 20 anos. Entretanto, nos anos recentes, a gradativa retirada das tropas norte americanas acabou abrindo espaço para a retomada do controle do regime Talibã e, em 2021 (data marcada para saída oficial dos Estados Unidos), o grupo finalmente recuperou o controle total do país.


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Sep 16, 202126:08
#43 | Como popularizar a demografia no contexto de outros campos disciplinares | Ednelson Dota

#43 | Como popularizar a demografia no contexto de outros campos disciplinares | Ednelson Dota

No episódio dessa semana, conversamos com o geógrafo e demógrafo, Ednelson Dota. Ele é professor da Universidade Federal do Espirito Santo e vem trabalhando com o projeto de extensão “Os perfis sociais dos fluxos migratórios no Espírito Santo” que tem entre seus objetivos divulgar e tornar acessível aos gestores públicos links de textos, artigos, revistas e bancos de dados sobre fenômenos demográficos importantes para compreensão das transformações na dinâmica populacional. Além de um blog, o projeto dispõe de um perfil no Instagram e produzem diversos materiais de divulgação que sintetizam conceitos e indicadores demográficos para popularizar informações sobre a área de demografia e estudos populacionais.

No Brasil existem poucos centros de formação e pesquisa diretamente ligados aos estudos de população e demografia. Embora seja um campo interdisciplinar e dentro do contexto das ciências humanas e sociais aplicadas, nem sempre é de conhecimento geral que existe uma formação específica na área. Considerando os dados da Plataforma Lattes, entre 2010 e 2019, quase dobrou em relação á década anterior a quantidade de registros que se referiam a titulações na área de demografia ou titulações diversas que tinham demografia como área principal de pesquisa declarada pelo pesquisador. 132 registros na Plataforma Lattes declaram que a demografia é a área principal de pesquisa, sendo que metade desses registros são de pesquisadores titulados em um dos quatro Programas de Pós-Graduação na área de demografia no Brasil. A outra metade tem titulação de pós-graduação em áreas das mais diversas, como saúde pública, ciências sociais, geografia, economia, história, entre outros.

É uma área onde a formação específica é recente no país. O primeiro programa de pós-graduação na área data de 1985, o segundo e o terceiro foram criados na década de 90. Um em 1993 e outro em 1998. Sendo o último criado em 2011. Mas com a ampliação da formação de mestres e doutores na área de demografia a partir dos anos 2000 e a fixação, sobretudo de doutores, em universidades de todo o país nessa mesma década, hoje temos uma maior disseminação desse campo de conhecimento. São demógrafos espalhados em diversas instituições de ensino e pesquisa, lotados em cursos e departamentos das mais diversas áreas. Com isso, reforça-se o caráter da interdisciplinaridade da área e, de certa forma, se constitui como um grande desafio para estes pesquisadores em encontrar seu espaço de atuação enfrentando as barreiras disciplinares que, muitas vezes, se colocam nas estruturas institucionais mais tradicionais. 

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Sep 10, 202118:13
#42 | O que é demografia histórica e o que estuda? | Maisa Faleiros da Cunha

#42 | O que é demografia histórica e o que estuda? | Maisa Faleiros da Cunha

A demografia ainda é um campo científico pouco conhecido. Em parte, isso se deve ao fato de ser um campo de constituição recente. Existe certo consenso de que a demografia trata do estudo estatístico das populações humanas, com maior ênfase nos conjuntos de pessoas do que nos indivíduos. Parece contraditório, mas há efeitos que são percebidos de modo estrutural onde as análises podem ser feitas a partir do conjunto dos indivíduos, mas não necessariamente na escala individual. É o que se denomina falácia ecológica: interpretar análises na escala agregada como se fossem possíveis de ser representações de relações entre os indivíduos que compõem o grupo.

Mas como podemos saber o que se passava com a população antes da existência de dados de censos demográficos, dos bancos de dados e dos sistemas de informação? Muito mais do que saber a quantidade de pessoas que existiam no passado, como saber o comportamento das variáveis demográficas, natalidade, mortalidade, causas de morte, etc. de sociedades do passado? O episódio de hoje do Rasgaí falou sobre o campo de estudos da demografia histórica com a cientista social e demógrafa, Maisa Faleiros da Cunha. Ela é pesquisadora e atual coordenadora do Núcleo de Estudos de População “Elza Berquó”, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Maisa também já foi coordenadora do grupo de trabalho “População e História” da Associação Brasileira de Estudos Populacionais, onde vcs podem encontrar mais detalhes sobre a produção dessa interessante área de estudos.

O campo de estudos da demografia histórica é muito amplo e é uma oportunidade para pesquisadores que associem abordagens metodológicas quantitativas àquelas tradicionais da história e ciências sociais, em geral. Fica o convite para quem tiver interesse em saber mais sobre essa área, conhecer as produções do GT População e História da Associação Brasileira de Estudos Populacionais e também há um capítulo inteiro dedicado a esse tema dentro do livro de Métodos Demográficos que trouxemos aqui no Rasgaí no episódio 36. Aqui no Programa de Pós-Graduação em Demografia da UFRN já tivemos algumas pesquisas nessa área e podem ser encontradas no nosso site.

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Sep 02, 202116:51
#41 | Determinantes socioeconômicos da ausência de informação de escolaridade no registro de óbito | Walter Pedro Silva Jr

#41 | Determinantes socioeconômicos da ausência de informação de escolaridade no registro de óbito | Walter Pedro Silva Jr

O episódio 41 do Rasgaí conversou com Walter Pedro Silva Jr, estatístico e egresso do mestrado em demografia da UFRN. Ele é um dos autores do artigo que foi publicado na Revista Latinoamericana de População, no volume 15, número 29 de 2021 e desenvolveu uma avaliação da qualidade da informação de escolaridade nos registros do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM). Os links com o artigo completo e a dissertação do Walter podem ser acessados nos links abaixo. Os dados sobre mortalidade no Brasil nunca tiveram tanta evidência como agora. Com a pandemia da Covid-19 as informações de saúde nunca tiveram tanta evidência no debate público, mas é importante ressaltar que temos um dos melhores e mais organizados sistemas de informação sobre mortalidade do mundo. Claro que há problemas e pontos fundamentais que ainda precisam ser melhorados e aperfeiçoados, mas na comparação com outros países, o Brasil tem uma plataforma abrangente e com cobertura nacional de acesso aberto e público.

O SIM é um sistema de vigilância epidemiológica nacional, cujo objetivo é captar e organizar os dados sobre os óbitos do país e fornecer informações sobre mortalidade para todas as instâncias do sistema de saúde. O sistema foi criado em 1975 a partir da organização dos sistemas estaduais que já faziam esse levantamento de forma isolada e não padronizada. Mas o grande salto qualitativo do sistema ocorreu com a criação do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), em 1991, quando passaram a ser desenvolvidos sistemas de informação e suporte tecnológico especificamente voltados para o planejamento em saúde.

Os dados registrados no SIM são oriundos da Declaração de Óbito (DO) emitida por um profissional médico e que são compilados em um banco de dados. Essa declaração é padronizada nacionalmente e contém um conjunto amplo de informações sobre a causa da morte, perfil socioeconômico e demográfico do falecido, entre outros. Tais informações são fundamentais para um diagnóstico do sistema de saúde e, principalmente, para o planejamento de ações e desenho de políticas públicas. Apesar da grande melhoria do SIM ao longo dos anos, ainda há algumas informações que têm menor qualidade. As informações socioeconômicas das pessoas que faleceram ainda não são completas e uma delas é a informação sobre a escolaridade. Sabe-se que o grau de escolaridade tem forte associação com a mortalidade e as causas de morte, mas sem essas informações, pouco podemos avançar.

Entender melhor a relação entre mortalidade e características socioeconômicas é muito importante, pois reafirma a dimensão social da saúde. No caso da Covid-19, por exemplo, muitos estudos indicam que a mortalidade foi maior entre a população de mais baixa renda, sendo um fator explicativo mais importante do que a existência de condições de saúde pré-existentes. Isso nos leva a perceber que reduzir as desigualdades, a pobreza ou ampliar o acesso à educação vai além de uma questão social, pois pode ser uma questão de vida ou morte.

Acesse o artigo completo

Acesse a dissertação completa

Acesse o repositório dos dados abertos no Github

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Aug 26, 202118:54
#40 | Programa Bolsa Família e número de filhos das famílias: uma abordagem de coorte | Camila Soares

#40 | Programa Bolsa Família e número de filhos das famílias: uma abordagem de coorte | Camila Soares

Neste mês de agosto de 2021 o Governo Federal encaminhou proposta de Medida Provisória para o Congresso Nacional com o objetivo de criar o Programa Auxílio Brasil em substituição ao Programa Bolsa Família. A MP mantém as condicionalidades para transferência de renda às famílias de baixa renda, entretanto, adiciona novos auxílios. Em artigo recente na revista Piauí, os pesquisadores Leticia Bartholo, Rogério Veiga e Rogério Barbosa argumentam que essas adições tendem a concorrer com o objetivo principal da política de redução da pobreza e retomar um desenho de programa fragmentado e, principalmente, com sobreposição de benefícios. A análise dos pesquisadores destaca a necessidade de aperfeiçoar o Programa Bolsa Família, mas que essa medida provisória não parece conseguir atingir esse objetivo.

Diante dessa retomada de discussões sobre o Bolsa Família, o Rasgaí trata de um dos pontos que, ainda hoje, é pauta de conversas no senso comum. Não é incomum ainda hoje ver as pessoas se questionando se a vinculação do benefício ao número de filhos das famílias induz maior natalidade. O Bolsa Família é um dos programas de transferência de renda mais estudados no mundo. Não apenas pelo seu êxito na redução da pobreza, mas também pela disponibilidade de dados e informações que ao longo dos anos foram sendo organizados. Assim, são muitos os estudos que já buscaram analisar essa relação entre o benefício da transferência de renda e o número de filhos das famílias. O episódio de hoje vai tratar de um desses estudos, publicado recentemente na revista Comparative Population Studies.

Para falar sobre o artigo, convidamos a Camila Ferreira Soares que é doutoranda em demografia na Unicamp e defendeu sua dissertação em demografia, sob orientação do docente Everton Lima, na mesma instituição. Este é o episódio 40 do podcast do Programa de Pós-Graduação em Demografia da UFRN. O podcast vai ao ar toda semana com episódios inéditos sobre temas relacionados aos estudos de população, demografia e outros tópicos sobre ciência. Trazemos resultados de pesquisas e de projetos de extensão e não apenas de produções vinculadas ao nosso programa de pós-graduação, pois temos como objetivo contribuir para a disseminação e popularização do campo de conhecimento entre o público brasileiro. Para acessar o artigo completo, basta clicar no link abaixo. Também é possível acessar a dissertação de mestrado da Camila, que deu origem ao artigo.

The Association between Conditional Cash Transfer Programmes and Cohort Fertility: Evidence from Brazil

Política de transferência de renda e fecundidade de coorte : o caso do Bolsa Família

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Aug 20, 202117:19
#39 | Projeção da demanda por servidores públicos municipais até 2030: mudança demográfica e reforma administrativa | Elaine Gama dos Santos

#39 | Projeção da demanda por servidores públicos municipais até 2030: mudança demográfica e reforma administrativa | Elaine Gama dos Santos

A conversa do episódio 39 do Rasgaí é com Elaine Cristina Gama dos Santos. Ela é graduada em ciências atuariais, mestre em demografia e defendeu sua dissertação de mestrado no PPGDem em maio de 2021. A pesquisa discutiu a demanda de contratação de servidores públicos municipais a partir de uma projeção da necessidade demográfica até o ano de 2030. Entre os resultados, Elaine mostra que as principais categorias de servidores municipais são aquelas ligadas à saúde e educação. Se por um lado as projeções apontam para uma redução da demanda por profissionais da educação no futuro, por outro, crescerá a necessidade de profissionais de saúde. Como serviços essenciais, garantidos pela Constituição Federal de 1988, entender o comportamento da dinâmica demográfica dos servidores e do perfil da demanda para esses serviços é estratégico. A pesquisa da Elaine se baseou em diversas fontes de informação e contou com o suporte do Sadeprev.

O Sadeprev é resultado de um projeto de extensão desenvolvido pela docente do PPGDem, Cristiane Corrêa, e trata-se de um Simulador Atuarial-demográfico de Regimes Próprios de Previdência Social que foi desenvolvido na linguagem de programação R e tem como objetivo ajudar os gestores públicos municipais a gerenciar os planos previdenciários municipais. Conforme a descrição contida no site do Sadeprev, “ele utiliza microssimulação para prever os valores totais de benefícios e contribuições pagas por cada participantes do plano previdenciário em cada um dos próximos 75 anos. A partir dessa previsão é feita uma análise atuarial e financeira sobre a situação do RPPS”. O acesso ao Sadeprev é livre gratuíto e aberto.

A pesquisa da Elaine se contextualiza no debate que vem sendo realizado no Congresso Federal sobre a reforma administrativa. A Proposta de Emenda à Constituição (PEC 32/20) foi enviada pelo executivo federal para tramitação no Congresso em setembro de 2020 e propõe mudanças importantes nos regimes de contratação dos servidores públicos, caso seja aprovada da forma que está. Um dos pontos mais polêmicos é a definição, por lei posterior, das carreiras típicas de Estado. A classificação dessas carreiras seria o princípio orientador para a forma de contratação. Ou seja, dentre as carreiras que forem classificadas como “típicas de Estado”, as contratações continuarão a ser por prazo indeterminado. Para as que ficarem de fora, os contratos poderão ser feitos de modo simplificado e, portanto, sem concurso público. E passarão a ser por prazo determinado e temporário.

O debate segue em curso no segundo semestre de 2021, tendo possível tramitação nos próximos meses. A sua aprovação e a forma final do texto impactaria em todos os níveis da federação. A PEC da reforma administrativa que está em debate deixa aberta a discussão, por exemplo, se  professores e profissionais de saúde continuarão sendo consideradas carreiras típicas de Estado. Como isso será definido em regramento futuro, o planejamento futuro também ficará comprometido. Se passarem a ser contratados de modo temporário, tais serviços sofrerão transformações importantes. Acompanhemos de perto esse debate, pois essa reforma não afetará apenas os servidores públicos, mas trará importantes mudanças na forma como são prestados os serviços públicos garantidos na Constituição. É fundamental pensar qual o modelo de serviço público que desejamos e qual precisamos.

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Aug 12, 202116:00
#38 | Perfil da mobilidade pendular inter e intramunicipal: quem são e pra onde vão os trabalhadores? | João Gomes da Silva

#38 | Perfil da mobilidade pendular inter e intramunicipal: quem são e pra onde vão os trabalhadores? | João Gomes da Silva

A vida nas grandes cidades sempre foi marcada por uma intensa mobilidade das pessoas. A industrialização e a urbanização foram processos simultâneos que modificaram radicalmente os nossos modos de vida. Mas com ao longo do século 20, muita coisa mudou. Primeiro, essa industrialização teve um aspecto concentrador e impulsionou o que se convencionou chamar de “êxodo rural”. Grandes volumes de pessoas migraram das áreas rurais para as áreas urbanas na busca por empregos industriais e todo o conjunto de serviços e urbanidades associados. Mas na segunda metade do século 20, os modos de produção sofrem transformações aceleradas e um processo de desconcentração começa a mostrar os seus sinais.

No que se refere aos fluxos populacionais, no Brasil, o final do século passado já mostra um processo de urbanização avançado, com a população predominantemente urbana. Os fluxos rural-urbano perdem sua importância e novos processos começam a se mostrar mais relevantes. Os fluxos migratórios de longa distância, particularmente do Nordeste para o Sudeste começam a diminuir o seu ímpeto (apesar de ainda serem muito importantes). Nesse contexto, ganha espaço a migração urbana-urbana, os fluxos de média e curta distância e os fluxos de mobilidade cotidiana para trabalho entre municípios diferentes. Esse último é o tema do episódio de hoje: a mobilidade pendular.

Mas o que é mobilidade pendular? Ela se diferencia da migração, pois migrar envolve a necessidade de mudança de endereço entre recortes político-administrativos distintos. No caso da mobilidade pendular, o deslocamento é justamente aquele onde a pessoa mora em uma cidade, mas vai cotidianamente (ou com frequência regular: a cada dois dias, semanalmente, etc) trabalhar em outro município. Há na literatura algumas referências ao termo migração pendular. Entretanto, conceitualmente, o mais correto seria mobilidade pendular ou pendularidade. Mas independentemente do termo usado, o que sabemos é que esses deslocamentos são importantes para o planejamento urbano, regional e para as demandas de serviços. Pense no exemplo de uma região metropolitana e no intenso fluxo de pessoas decorrente da integração funcional dos espaços dentro da metrópole. Precisa-se dimensionar os transportes públicos entre dois ou mais municípios, parte dos serviços de educação e saúde são compartilhados, compras, etc. Enfim, quando essa mobilidade é intensa, tudo precisaria ser pensado integradamente e de modo intermunicipal. As regiões metropolitanas foram criadas, entre outras coisas, por essa razão. Mas será que esses movimentos são exclusividades de regiões metropolitanas? Como e quais são as tendências desses movimentos pendulares nos últimos anos?

Para falar sobre isso, o episódio 38 do Rasgaí conversou com o economista e mestre em demografia e atualmente doutorando do Programa de Pós-Graduação em Demografia da UFRN, o João Gomes da Silva. Ele defendeu sua dissertação de mestrado aqui no PPGDem com uma pesquisa sobre essas questões e, derivado da sua pesquisa, acaba de publicar o artigo: “Perfil da mobilidade laboral inter e intramunicipal no Brasil nos anos de 2000 e 2010” (clique no título para acessar o artigo completo).

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Aug 06, 202116:41
#37 | Mobilidade intergeracional das filhas de trabalhadoras domésticas no Brasil | Priscila Souza

#37 | Mobilidade intergeracional das filhas de trabalhadoras domésticas no Brasil | Priscila Souza

Quem nunca ouviu a frase: hoje posso dar ao meu filho aquilo que eu não pude ter? O desejo da maioria das pessoas é conseguir ter uma melhora na sua condição socioeconômica, obviamente. Mas principalmente conseguir obter avanços de status socioeconômico de uma geração para outra. Ou seja, numa espécie de retrospectiva familiar, entre uma geração e outra, observar que a geração dos filhos teve melhorias em relação aos seus pais. Os estudos, em geral, chamam isso de mobilidade social intergeracional e analisam como as desigualdades sociais observadas em uma geração são ou não reproduzidas na geração dos filhos. Esse tema de pesquisa é mais importante ainda quando se vive em um país de grandes desigualdades, como o Brasil. Assim, entender as suas características ajudam a romper com esse ciclo de reprodução, onde muitas vezes os jovens têm suas opções de escolha limitadas pela trajetória familiar.

Para falar sobre esse tema, conversamos com Priscila Souza. Ela defendeu sua dissertação de mestrado no Programa de Pós-Graduação em Demografia da UFRN com uma pesquisa sobre a mobilidade intergeracional com o recorte específico das filhas de trabalhadoras domésticas no Brasil. Essa categoria ocupacional é uma das mais importantes em termos sociais e de volume entre as mulheres brasileiras e ao longo do tempo apresentou importantes transformações nas garantias trabalhistas, na ascensão social e na forma como a ocupação era percebida pela sociedade. Priscila é economista de formação e está atualmente fazendo doutorado aqui no PPGDem.

Romper com o ciclo de pobreza de modo individual é uma exceção. É fundamental que políticas públicas contribuam para que seja mais viável para o jovem não ter seu destino definido pela condição social em que nasceu. Claro que há casos de superação individual que até podem servir como inspiração para outras pessoas, mas para a maioria das pessoas trata-se quase de um destino. A pesquisa de mestrado da Priscila evidencia a importância de políticas sociais para ajudar a romper com essas desigualdades. A reprodução das desigualdades de uma geração para a outra é, de fato, um dos grandes desafios para a nossa sociedade.

Acesse aqui a dissertação completa


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Jul 29, 202119:33
#36 | Livro de Métodos Demográficos em língua portuguesa: conversa com Ralph Hakkert

#36 | Livro de Métodos Demográficos em língua portuguesa: conversa com Ralph Hakkert

O episódio 36 do Rasgaí traz uma conversa sobre o livro “Métodos Demográficos: uma visão desde os países de língua portuguesa”. O livro foi lançado recentemente pela Editora Blucher no catálogo de produções Open Access. Com mais de mil páginas, é um livro completo que foca em métodos demográficos. Mas não é um livro apenas técnico, ele traz discussões e contextualizações que contribuem para qualquer pessoa interessada no tema se aproximar dessa área de conhecimento. E pra ser melhor ainda, o livro está disponível em formato aberto e pode ser baixado gratuitamente no site da editora. É uma leitura muito útil para estudantes e pesquisadores interessados desde a área de ciências humanas e sociais aplicadas até ciências exatas e da saúde. 

Para falar sobre o livro, convidamos o demógrafo Ralph Hakkert. Aposentado pelo Fundo de População das Nações Unidas, hoje ele atua como consultor independente em diversos projetos internacionais e tem importante experiência em estudos e análises demográficas nos países falantes da língua portuguesa, dentre outras. Holandês radicado no Brasil, Hakkert liderou a iniciativa da produção deste livro e ao longo dos últimos 4 anos coordenou as contribuições de diversos pesquisadores de todo o país e também internacionais, deu unidade ao corpo do texto e finalizou a obra que acaba de ser publicada. Diversos docentes do Programa de Pós-Graduação em Demografia da UFRN participaram dessa iniciativa e contribuíram para sua execução ativamente. Como explicado por Hakkert no podcast, o livro não explicita as autorias do seu conjunto ou de seus capítulos, pois trata-se de uma obra coletiva efetivamente feita a muitas mãos.

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Jul 22, 202128:12
#35 | População e desenvolvimento: impactos multidimensionais da covid-19 no Brasil | Vinicius Monteiro

#35 | População e desenvolvimento: impactos multidimensionais da covid-19 no Brasil | Vinicius Monteiro

O Dia Mundial da População foi instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 11 de julho de 1987, quando a população do planeta atingiu a marca de 5 bilhões de pessoas. Atualmente a estimativa da população mundial é de que estejamos perto de 7,8 milhões de habitantes. Apesar desse crescimento, sabe-se que os dados apontam para uma desaceleração no seu ritmo justificado pela também acelerada queda nas taxas de natalidade em todo o mundo. A transição demográfica, marcada pela redução das taxas de mortalidade e natalidade provocaram um período de acelerado crescimento populacional no passado, pois a mortalidade caiu mais rápido e antes da natalidade. Hoje, na maioria dos países, as taxas de natalidade vem caindo e convergem para uma estabilização do ritmo de crescimento populacional. No caso brasileiro, a estimativa mais recente do IBGE projeta para a década de 2040 o ponto de inflexão, quando o crescimento populacional tenderá a ser negativo.
A pandemia da Covid-19 trouxe impactos importantes em diversas dimensões da vida cotidiana. Entre elas, espera-se também impactos nesses indicadores demográficos. Para além do óbvio aumento da mortalidade causado pelo novo coronavírus, espera-se também impactos na natalidade. Como vimos no episódio 3 do Rasgaí e também temos visto em estudos em diversos países, espera-se também uma redução nas taxas de natalidade. Entretanto, para além dessas duas dimensões da dinâmica demográfica, outras dimensões e aspectos sociais, políticos e econômicos que afetam a agenda de população e desenvolvimento precisam ser considerados. A data em alusão à população mundial no dia 11 de julho, portanto, serve para nos convidar à reflexão à essas dimensões que extrapolam a mera avaliação do quantitativo populacional.
O episódio 35 do Rasgaí conversou com Vinicius Monteiro. Ele é oficial de Programa para População e Desenvolvimento do Fundo de População das Nações Unidas no Brasil. E é responsável pelas agendas de População e Desenvolvimento e a Cooperação Sul-Sul dentro da agência da ONU que, no Brasil, foi inaugurado em 1985, em Brasília, com o objetivo de intensificar as relações já existentes com o Brasil, especialmente por meio da cooperação da área de saúde reprodutiva. Vinicius é economista e demógrafo e falou conosco sobre o livro (em formato de e-book) lançado neste dia 12/07/2021 pelo Fundo de População das Nações Unidas no Brasil em parceria com a Associação Brasileira de Estudos Populacionais (ABEP). O livro intitulado “População e Desenvolvimento em Debate: impactos multidimensionais da pandemia da Covid-19 no Brasil” é uma coletânea de 21 textos que evidencia o acirramento das desigualdades no acesso à renda, serviços básicos e direitos. Está disponível em formato digital e pode ser acessado gratuitamente aqui.
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Jul 15, 202113:48
#34 | O projeto "Galinhos: Território Seguro e Sustentável": uma iniciativa inovadora para o turismo no RN

#34 | O projeto "Galinhos: Território Seguro e Sustentável": uma iniciativa inovadora para o turismo no RN

Um dos setores econômicos mais afetados pela pandemia da Covid-19 no Brasil e, particularmente na região Nordeste, foi o de turismo. As medidas de restrição à mobilidade necessárias à redução do ritmo de contágio do novo coronavírus limitaram a manutenção das atividades econômicas relacionadas ao turismo, como por exemplo, o setor hoteleiro e pousadas, restaurantes e, principalmente, um conjunto amplo de serviços como guias, vendedores ambulantes, barqueiros, bugueiros, etc. Muitos destes atuam na economia informal e sobre esses trabalhadores são maiores ainda as vulnerabilidades. Com a perspectiva de avanço sistemático da vacinação contra a covid-19, o retorno das atividades turísticas já se vislumbra. Entretanto, não será uma tarefa simples e imediata. A retomada será gradual, pois mesmo com a vacinação avançando, o vírus continua circulando. Nesse sentido, hoje vamos falar sobre o projeto “Projeto Galinhos Território Seguro e Sustentável”. Uma iniciativa do governo estadual do Rio Grande do Norte em parceria com a UFRN e outros setores da sociedade. Entre os participantes pela UFRN, o Programa de Pós-Graduação em Demografia da UFRN marca presença.

O episódio 34 do Rasgaí conversou com a docente do PPGDem, Luciana Lima. Ela participa do projeto “Galinhos Território Seguro e Sustentável” e esteve no início de julho de 2021 no município de Galinhos (RN) para apresentar e discutir detalhes do projeto para a sociedade e para os setores do poder público local. Trata-se de uma iniciativa importante, pois vai além da mera proposição de protocolos sanitários para o retorno gradual das atividades econômicas ligadas ao turismo. É um projeto interdisciplinar e multissetorial que visa articular diversas dimensões socioeconômicas da localidade no sentido de enfrentar as vulnerabilidades que já existiam antes da pandemia. O projeto parece ser uma oportunidade de retomar as atividades turísticas de modo programado e sustentado e ao mesmo tempo sair dessa pandemia em condições melhores do que existiam antes.

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Jul 08, 202119:01
#33 | Perfil do feminicídio e da violência contra a mulher no Rio Grande do Norte | Kelly Matos

#33 | Perfil do feminicídio e da violência contra a mulher no Rio Grande do Norte | Kelly Matos

O episódio #33 do Rasgaí conversou com a pesquisadora Kelly Christina da Silva Matos. Ela é estatística e defendeu sua dissertação em demografia na UFRN em março de 2021. O tema da pesquisa foi sobre as mortes violentas femininas ocorridas no estado do Rio Grande do Norte no período de 2011 a 2020. Os dados são da parceria do PPGDem com a Rede e Instituto Óbvio (o Observatório da Violência do RN) e permite uma análise detalhada desse tipo de criminalidade ao longo do período. A dissertação foi orientada pela docente do PPGDem, Jordana Cristina de Jesus que, juntamente com outros pesquisadores, integram o Óbvio. Você pode acessar a dissertação completa no repositório institucional da UFRN clicando AQUI.

No mês de março de 2021 o Rasgaí abordou, em 4 episódios, temas relacionados à desigualdade de gênero em alusão ao Dia Internacional da Mulher. O quarto episódio da série foi sobre o feminicídio na região Nordeste (Rasgai 19), com a convidada Karina Cardoso Meira. Trata-se de um tema da maior relevância, então, vamos retomar esse debate hoje. Como vimos, o feminicídio ocorre quando a motivação do homicídio está relacionado à violência sexual, o menosprezo pela condição feminina, a discriminação de gênero, etc. E, no caso brasileiro, é considerado crime hediondo desde 2015.

A violência contra a mulher é um problema social complexo e não deve ser tratado apenas a partir de uma política de segurança pública. É urgente proteger as mulheres vítimas de violência, mas talvez não baste construir mecanismos de repressão. O ideal mesmo seria disseminar o reconhecimento de que essa situação é resultado de aspectos que são relativizados pela sociedade. Como destacado pela Kelly, enquanto nossa sociedade minimizar e rebaixar o papel da mulher em relação ao do homem, tais desigualdades tendem a reproduzir um comportamento violento contra elas.

Este ano o Supremo Tribunal Federal decidiu por unanimidade que viola a constituição a utilização da argumentação de legitima defesa da honra na argumentação de defesa em crimes de violência contra a mulher e o feminicídio. Surpreende que até outro dia era permitido a um homem que matou sua companheira justificar tal ato por ter tentado proteger a sua honra e dignidade, por suposta traição, por exemplo. Ou seja, fazendo com que fosse transferida à vítima a culpa pela sua morte ou agressão. Enfim, o uso dessa argumentação absurda era válida até 2021, mas mostra o quão naturalizado é a cultura de violência contra a mulher.

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Jul 01, 202115:47
#32 | Urbanização extensiva na Amazônia: uma abordagem demográfica e espacial | Julia Côrtes

#32 | Urbanização extensiva na Amazônia: uma abordagem demográfica e espacial | Julia Côrtes

Quando pensamos na Amazônia, a imagem que nos vem à cabeça é imediatamente uma grande floresta tropical e, principalmente, as ações de desmatamento que vem sendo alvo de diversas tensões ao longo da história. Na contramão do que era esperado, o posicionamento do governo federal parece ter resgatado o lema do desenvolvimento a qualquer custo de décadas atrás. Assim, mecanismos legais de proteção ambiental e a estrutura institucional voltada para a preservação estão sob forte ameaça. O desafio de combinar desenvolvimento econômico e sustentabilidade é enorme, mas justamente por isso, deve ser uma preocupação constante do poder público e de toda a sociedade.

Diante disso, faz-se importante também desmistificar algumas ideias sobre a Amazônia para melhor refletir sobre esses processos em curso. Uma delas é a percepção de que se trata de um grande vazio demográfico. E outra é que não há urbanização na Amazônia. Bertha Becker, grande geógrafa e pesquisadora da Amazônia por décadas, se referia a ela como: Floresta Urbanizada. Afinal, o percentual de população que vive em área classificadas como urbanas na Amazônia era, segundo os dados do Censo Demográfico 2010, de mais de 70%. Ou seja, na Amazônia Legal, 7 em cada 10 pessoas vive em áreas urbanas.

Alguns pesquisadores argumentam que o urbano na Amazônia não é tão urbano assim. Dizem que se tratam de vilas rurais que não podem ser comparadas ao urbano de outras regiões do país. Mas isso importa pouco, pois a urbanização não se trata apenas das construções e das casas, mas também da difusão de valores e de uma racionalidade de uso da terra. Ou seja, tem a ver com o modo de vida. Aí, nessa abordagem, o urbano extrapola o limite físico da cidade. Trata-se de uma urbanização extensiva. Para saber mais sobre isso, o episódio #32 do Rasgaí conversou com a Julia Côrtes, que publicou um artigo resultado da sua tese de doutorado em demografia na Unicamp na Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais, no volume 22, em 2020. Julia é engenheira agrônoma e tem seu mestrado e doutorado em demografia e atualmente é pesquisadora colaboradora do Laboratório de Urbanização e Mudança no Uso e Cobertura da Terra (FCA/UNICAMP).

Jun 24, 202117:05
#31 | Situação dos migrantes e refugiados nos países da América do Sul durante a pandemia | Gisela Zapata

#31 | Situação dos migrantes e refugiados nos países da América do Sul durante a pandemia | Gisela Zapata

No episódio #31 do Rasgaí nossa convidada é a Gisela Zapata. Ela é professora do Programa de Pós-Graduação em Demografia da Universidade Federal de Minas Gerais e integra um grupo de pesquisa (CAMINAR) que foi criado em 2020 para estudar os impactos da pandemia da Covid-19 na dinâmica da mobilidade populacional e no bem-estar das populações migrantes, deslocados e refugiados. A conversa neste episódio se concentrou no artigo de autoria de Gisela e Victoria Prieto Rosas no Bulletin of Latin America Research que fez uma análise comparativa da situação desses grupos populacionais em 6 países da américa do sul.

É considerado um movimento migratório todo deslocamento voluntário de residência habitual quando o mesmo ocorre entre diferentes limites político-administrativos. Entretanto, há movimentos populacionais que não são voluntários. O deslocamento forçado praticamente dobrou na última década. Segundo os dados mais recentes da Agência da ONU para refugiados (o ACNUR), 1% da humanidade foi afetada por esse tipo de situação, sendo que 40% dessas milhares de pessoas são crianças. O ACNUR mantém um monitoramento do número de refugiados, deslocados internos, retornados, solicitantes de refúgio e pessoas apátridas.

Não bastasse ser um grupo populacional invisível para a maior parte da sociedade, muitas vezes também são invisíveis ao Estado. Agora, imagine passar por uma pandemia nessa condição? Somando-se à uma parte expressiva da sociedade que tbm é invisível, mas além disso, fora do seu contexto social, cultural e familiar. Se as desigualdades sociais já condicionam formas de enfrentamento diferentes da pandemia de uma forma geral, imagine passar por isso numa situação de refugio ou de deslocamento forçado. Se o acesso à saúde já é diferenciado por camadas sociais, imagine para o migrante que tem dificuldades culturais, sociais, de idioma e ainda sendo discriminado num país diferente do seu. Enfim, vale a pena saber mais sobre esse tema.

Jun 17, 202122:44
#30 | Dispersão e fragmentação urbana com dados da grade estatística de população | José Diego Alves e Alvaro D'Antona

#30 | Dispersão e fragmentação urbana com dados da grade estatística de população | José Diego Alves e Alvaro D'Antona

As questões urbanas no Brasil sempre foram alvo de intenso debate. Sobretudo a partir da metade do século 20, quando o país experimentou um importante fluxo de movimentos migratórios das áreas rurais para áreas urbanas. O que foi chamado por muitos autores como êxodo rural, moldou um padrão de urbanização excludente e associado a um processo de marginalização da população. Com isso, estigmatizou-se o papel do migrante no contexto desse processo de transição para uma sociedade urbana. Do ponto de vista da estrutura urbana e da dinâmica populacional, portanto, entender as idiossincrasias e características das cidades e regiões urbanizadas no Brasil é fundamental para compreender a sociedade. Mas com a diminuição do ímpeto da migração rural-urbana e a redução do ritmo de crescimento populacional, como está o processo de urbanização contemporâneo? Como as cidades médias e pequenas se encaixam nesse contexto?

No episódio 30 do Rasgaí, conversamos com José Diego Gobbo Alves e Alvaro D’Antona. O José Diego é geógrafo e doutorando em Ambiente e Sociedade na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e o Álvaro é economista, antropólogo e demógrafo, professor da Faculdade de Ciências Aplicadas da Unicamp e está vinculado aos programas de pós-graduação em Demografia e no mestrado Interdisciplinar em Ciências Humanas e Sociais Aplicadas. Falamos sobre o artigo que eles publicaram na Revista Brasileira de Cartografia em 2020 com o título: “Dispersão e fragmentação urbana: uma análise espacial com base na distribuição da população”. O texto apresentou uma metodologia baseada em métricas da distribuição espacial da população em uma grade estatística regular a partir dos dados do Censo Demográfico, potencializando o uso de dados demográficos de acesso público e gratuitos para o estudo dos processos contemporâneos da urbanização.

É possível saber mais sobre o tema também no e-book gratuito "Dispersão Urbana e Mobilidade Populacional: implicações para o planejamento urbano e regional".

Jun 10, 202118:57
#29 | População idosa e a Covid-19 em países da América Latina | José Vilton Costa

#29 | População idosa e a Covid-19 em países da América Latina | José Vilton Costa

No final de maio de 2021 foi divulgado que o Brasil sediaria emergencialmente a Copa América deste ano. A competição estava prevista para ocorrer pela primeira vez com dois países sede: Colômbia e Argentina. Entretanto, a Colômbia cancelou sua participação por conta da onda de protestos e tensão social e, logo em seguida, a Argentina também comunicou sua decisão de não sediar a competição por conta da evolução da pandemia. A América do Sul é a região mais afetada pela pandemia atualmente e os países do cone sul, Argentina, Brasil, Chile e Uruguai lideram o número de casos por milhão de habitantes. Mas que aspectos sociais, políticos e demográficos estão relacionados à essa situação na região? Como foi o enfrentamento da pandemia em países da América do Sul? Particularmente entre os idosos, grupo mais vulnerável, como evoluiu a pandemia nesses países?

Para entender algumas das questões sobre a evolução da pandemia na região, o episódio# 29 do Rasgaí conversou com o docente do programa de pós-graduação em demografia da UFRN, o estatístico e demógrafo, José Vilton Costa. Ele publicou juntamente com pesquisadores de diversos países (entre eles também o docente do PPGDem Flavio Henrique Freire) um artigo na Revista Latinoamericana de População (Relap). O artigo “Las personas mayores frente al COVID-19: tendencias demográficas y acciones políticas” foi publicado em abril de 2021, mas se baseou em dados da pandemia do início do segundo semestre de 2020 para analisar e comparar a Argentina, Brasil, Chile, Colombia, Ecuador, México y Uruguay. Também foram utilizados dados da Espanha neste mesmo período, o que serviu de parâmetro importante para as comparações. O artigo teve como objetivo analisar a tendência de casos e óbitos confirmados por Covid-19 na região com particular atenção aos grupos idosos (que em espanhol são as “personas mayores” contidas no título do artigo). O artigo se baseou em uma análise de tendências demográficas e das ações políticas implementadas nos países.

Jun 03, 202118:39
#28 | Avaliação da Pós-Graduação: quais itens impactaram na quadrienal 2013-2016 | César Augusto Marques

#28 | Avaliação da Pós-Graduação: quais itens impactaram na quadrienal 2013-2016 | César Augusto Marques

O episódio #28 do Rasgaí conversou com o professor e pesquisador da Escola Nacional de Ciências Estatísticas (ENCE/IBGE), o demógrafo Cesar Augusto Marques. Ele desenvolveu, junto a outras pesquisadoras, um estudo (acesse aqui) analisando os dados do ciclo de avaliação de 2013 a 2016 da pós-graduação brasileira. É importante ressaltar que os critérios de avaliação usados no ciclo 2013-2016 são substancialmente diferentes do atual, que avaliará o ciclo 2017-2020. Entre outras mudanças, por exemplo, a ficha que avaliava antes 5 dimensões, agora será baseada em 3 dimensões e os critérios buscam tornar a avaliação mais qualitativa na direção de valorizar os impactos e contribuições da produção científica dos programas de pós-graduação. Mesmo assim, é importante entender os processos passados para analisar o atual e o futuro.

A história da pós-graduação no Brasil remete à primeira metade do século 20. Um marco fundamental para sua institucionalização e organização foi a criação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), em 1951, através do decreto nº 29.741, de 11 de julho 1951. O mesmo decreto estipulou um prazo para que a Comissão apontasse o formato da estrutura organizacional da entidade, deixando claro que a autonomia burocrática da agência foi um princípio original e que, em grande medida, confere até hoje o seu prestígio enquanto instituição de estado. Em 1965, o Parecer 977 de Newton Sucupira institucionaliza a conceituação que fundamentaria a pós-graduação brasileira. Com isso, institui-se as práticas e processos uniformizados para o que seria ratificado no Plano Nacional de Pós-Graduação na década de 70 e a criação do Sistema Nacional de Avaliação da Pós-Graduação, em 1976.

Hoje o sistema de pós-graduação está organizado em 49 áreas de avaliação que se organizam dentro dos colégios de "Ciências da Vida", "Humanidades" e "Ciências exatas, tecnológica e multidisciplinar". Segundo a pesquisa desenvolvida por Cesar e colegas, os  resultados  do  último  processo  avaliativo  indicaram  que  o crescimento no número de cursos foi acompanhado pela manutenção da qualidade. 63,8% tiveram   suas   notas   mantidas,   27,9% aumentaram as notas e apenas 8,3% apresentaram queda. Os itens que mais tiveram impacto nas variações de nota foram "Produção Intelectual" e "Corpo Discente, Teses e Dissertações". No ciclo avaliativo 2013-2016, a dimensão de "Inserção Social" teve pouca interação com as alterações de nota e, portanto, justifica-se as mudanças em relação ao ciclo avaliativo 2017-2020. Além disso, o artigo destaca algumas diferenças em cada um das áreas/colégios. Enfim, confira o episódio #28 e acesse o artigo completo para obter mais detalhes.

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May 27, 202120:04
#27 | Entendendo as desigualdades: o Observatório das Desigualdades da UFRN | Mariana Mazzinni

#27 | Entendendo as desigualdades: o Observatório das Desigualdades da UFRN | Mariana Mazzinni

A desigualdade é um conceito complexo e deve ser entendido a partir das suas diversas manifestações e a partir de uma perspectiva interdisciplinar. Em uma sociedade como a nossa, marcada por inúmeros processos históricos que conduziram para ampliação de desigualdades, compreendê-las é mais relevante ainda. Não há sociedade justa sem que as desigualdades sejam enfrentadas e isso passa por um desafio coletivo e constante. Assim, todos os esforços precisam ser empreendidos e, principalmente, divulgados. O episódio 27 do Rasgai conversou com Mariana Mazzini, docente do Departamento de Administração Pública e Gestão Social que coordena o Observatório das Desigualdades da UFRN. Trata-se de uma iniciativa da qual o PPGDem faz parte e que busca compreender, analisar e produzir conhecimento a partir de uma perspectiva integrada, interdisciplinar e participativa as desigualdades brasileiras.

Apesar dos desafios orçamentários que passam a universidade pública brasileira, são inúmeras as contribuições que ficaram mais evidentes ainda nesse período de pandemia. A integração entre ensino, pesquisa e extensão é fundamental para que as atribuições das universidades públicas sejam compreendidas em toda a sua amplitude. São cíclicos os momentos em que a universidade passa por momentos difíceis e temos certeza que superaremos mais esse, pois mesmo nesse contexto abundam iniciativas colaborativas, interinstitucionais e com grande retorno social.

Site: https://ccsa.ufrn.br/portal/?page_id=11940

Youtube: https://www.youtube.com/channel/UCo0ft6UR_R-gdNydeR_ZtLw

Facebook: https://www.facebook.com/observadesigualdades

Instagram: https://www.instagram.com/observadesigualdades

Inscrições e mais informações concurso de podcast: https://www.even3.com.br/concursopodcast2021/ (inscrições) https://www.youtube.com/watch?v=Z0zmh86tGgA&list=PLhkrFd57-VQCupNMgLn0YmoO211TzEXHo&index=6

Inscrições 2a edição do Conversatório Descomplicando Gênero Link para inscrição: https://bityli.com/conversatorio Para saber mais: observadesigualdadesufrn@gmail.com

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May 20, 202121:33
#26 | Quem são os estudantes internacionais no Brasil? | Karenine Lago

#26 | Quem são os estudantes internacionais no Brasil? | Karenine Lago

No episódio #26 do Rasgaí conversamos com a Karenine Oliveira Lago que é graduada em turismo e mestre em demografia pelo Programa de Pós-Graduação em Demografia da UFRN. Ela defendeu em 2020 a dissertação: “Migração internacional com fins de estudo: uma análise contextual do perfil dos estudantes estrangeiros no Brasil no período recente”, sob orientação do docente Wilson Fusco. A migração é a mais complexa das componentes da dinâmica demográfica, pois diferentemente da natalidade e da mortalidade, não tem uma definição única. Depende do recorte espacial privilegiado na análise (por exemplo, se é entre municípios, entre estados, entre países). Assim, em um estudo podemos considerar migrantes aqueles que mudam de um município para outro, mas em outro, desconsideramos esses movimentos, pois nos interessa apenas aqueles que saíram de um país para outro. É também um componente que responde rapidamente ao contexto social e econômico e, se comparado à natalidade e mortalidade, pode mudar de direção e intensidade em um curtíssimo período de tempo. Assim, está também muito sujeito à diretrizes políticas. Como é o caso das políticas de intercâmbio internacional estudantil.

Há quem possa considerar que essa mobilidade não possa ser considerada migração no seu sentido mais restrito, pois haveria uma mudança de local de residência temporária durante o período de realização dos estudos. Entretanto, são fluxos de movimentos de pessoas que constituem redes de importantes aspectos sociais, econômicos e geopolíticos, principalmente quando considerados os fluxos internacionais. Assim, entender essa mobilidade motivada por estudo é uma agenda relevante para pensar a posição do país no contexto internacional. Conforme a pesquisa de Karenine, a China era o terceiro país no ranking de receptores de estudantes internacionais em 2019, mas não figurava entre os 10 principais destinos no início dos anos 2000. Houve uma política intencional de atração de pesquisadores e estudantes que vem mudando as direções e a posição estratégica do país no cenário global também em termos educacionais.

No Brasil, em 2018, o Censo da Educação Superior registrava uma participação muito pequena (0,2%) de estudantes estrangeiros lotados em Instituições de Ensino Superior. 44% deles são provenientes das Américas, com maior incidência nos países da América do Sul. 28% são provenientes dos países da África, com destaque para Angola e Guiné-Bissau. Quando são considerados apenas os estudantes convênio PEC-G, a predominância é de estudantes dos países Africanos (58%). O programa convênio PEC-G é uma forma de ingresso de estudantes estrangeiros em que as inscrições são feitas nas representações diplomáticas brasileiras no país de origem do candidato - países em desenvolvimento com os quais o Brasil mantém acordo educacional visando à formação de recursos humanos. Outras políticas também induziram a atração de estudantes para estrangeiros para o Brasil como, por exemplo, a criação da UNILA e UNILAB. Entretanto, segundo o estudo de Karenine, o país ainda está longe de ser um destino importante para estudantes internacionais.

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May 13, 202118:06
#25 | Na América Latina as mulheres têm mais ou menos filhos do que desejam? | Angelita Alves de Carvalho

#25 | Na América Latina as mulheres têm mais ou menos filhos do que desejam? | Angelita Alves de Carvalho

No imaginário da sociedade, há uma ideia de que a quantidade de nascimentos da população ainda é muito alta e que seria necessário medidas de controle da natalidade para evitar problemas sociais, econômicos e ambientais. Essa ideia é antiga e, em grande medida, está apoiada no argumento de Thomas Malthus que, na virada do século 18 para o 19, propôs uma teoria de população onde a população cresceria em progressão geométrica e a capacidade de produzir alimentos, numa progressão aritmética. Baseado nesse argumento, se não controlássemos o crescimento da população, não haveria futuro possível para o mundo. O que Malthus não previu foi que teríamos avanços tecnológicos para um ganho de produtividade da produção de alimentos e, principalmente, que haveria um processo de transição demográfica. Ou seja, a passagem de altas taxas de mortalidade e natalidade para um segundo momento, com baixas taxas de mortalidade e natalidade. Sendo que no interstício entre esses dois momentos, quando a mortalidade cai primeiro e a natalidade se mantém elevada, haveria um período de crescimento populacional mais intenso. Enfim, existem diversas discussões importantes sobre esse tema e que, com certeza, voltarão a ser discutidos aqui no nosso podcast. Mas considerada essa transição demográfica, uma das perguntas importantes é saber se as mulheres têm tantos filhos quanto desejam?

O episódio #25 do Rasgaí conversou com a pesquisadora e docente da Escola Nacional de Ciências Estatísticas (ENCE/IBGE), Angelita Alves de Carvalho. Ela falou conosco sobre o déficit de fecundidade na América Latina. Entre a década de 1960 e os dias atuais, o número médio de filhos por mulher na região passou de cerca de 6 para menos de 2. Uma queda na fecundidade muito importante em um curto período de tempo se comparado à outras regiões do mundo (aproximadamente metade do tempo que o mesmo processo na Europa, por exemplo). Essa discussão foi feita no artigo “Panorama del déficit de fecundidad en América Latina a partir de dos indicadores”, publicado na revista Notas de Población, em 2020.

Os resultados mostram que existe um déficit da fecundidade na região, ou seja, as mulheres têm menos filhos do que desejam. E isso acontece com maior intensidade em países onde o número médio de filhos por mulher (taxa de fecundidade total) é mais baixa e nos países onde há maiores desigualdades de gênero. O estudo comparou 14 países latinoamericanos que dispunham de pesquisas nacionais com quesitos que perguntavam para as mulheres em idade reprodutiva sobre a sua intenção de ter filhos no futuro e a sua percepção sobre o número ideal de filhos. A partir dessas informações foram construídos dois indicadores para comparar os países em termos do que seria o deficit. Ou seja, a combinação da análise dos dois indicadores, levando em conta a diferença entre o ideal/planejado pelas mulheres e o efetivo número de filhos que as mulheres em idade reprodutiva têm.

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Robo-Western by Kevin MacLeod

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Electro (Sketch) by Kevin MacLeod

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May 06, 202117:35
#24 | A pandemia em Perspectiva Regional: diálogo entre ciência e comunicação | Paiva Rebouças

#24 | A pandemia em Perspectiva Regional: diálogo entre ciência e comunicação | Paiva Rebouças

No episódio #24 do Rasgaí falamos sobre um projeto de extensão do Programa de Pós-Graduação em Demografia da UFRN. Como resultado deste projeto, concorremos e somos selecionados (no final de 2020) ao edital de publicações de e-books da Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Norte (FAPERN) em parceria com a Fundação Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN). O livro reúne 61 textos que foram publicados no âmbito do projeto “Observatório do Nordeste para Análise Sociodemográfica (ONAS)” que, desde 2020, vem desenvolvendo uma série de análises sociodemográficas dentro do contexto da pandemia da Covid-19 com especial atenção aos dados relativos à região Nordeste e o Rio Grande do Norte.

O projeto não teria atingido sucesso se não tivesse contado com o apoio da Agência de Comunicação da UFRN que desde o início apoiou o projeto. Essa parceria foi fundamental para que nosso projeto também pudesse melhorar na direção deste formato de produção textual e o principal interlocutor foi o jornalista Paiva Rebouças, diretor da AGECOM, que falou conosco sobre essa parceria e deu seu depoimento sobre a importância da comunicação científica e o estreitamento da interlocução de cientistas e jornalistas.

A grande maioria dos textos publicados no livro “A pandemia em Perspectiva Regional: Produções do Observatório do Nordeste para Análise Sociodemográfica da Covid-19”, organizado por Marcos Gonzaga, Luciana Lima e Ricardo Ojima, tratam de temas e preocupações regionais. No âmbito do projeto, foram mais do que os 61 textos que selecionamos no e-book e eles podem ser acessados no nosso blog. O livro está organizado em 7 partes, que trataram dos temas: distanciamento social, Infraestrutura e Serviços de Saúde, saúde e mortalidade, qualidade dos dados e informações, Emprego e renda, Educação e Violência. Perpassaram esses temas, discussões de gênero, desigualdade social, pobreza, entre outros. Foram trabalhos coletivos, envolvendo professores e alunos do programa de pós-graduação em demografia, mas também envolveu e reuniu pesquisadores de outros grupos de pesquisa, pós-graduação e instituições no Brasil e fora dele.

Entre os resultados que obtivemos com a criação do ONAS foi uma importante repercussão das nossas análises na imprensa local e regional. Foram mais de 100 reproduções de caráter jornalístico que se basearam nas nossas análises e, dentre elas, mais de 50 entradas em telejornais (reveja na playlist do Youtube) onde os pesquisadores comentaram os resultados e análises em reportagens e entrevistas. Nosso blog recebeu mais de 70 mil visualizações após o início das publicações do ONAS e algumas das nossas análises apoiaram a discussão e tomada de decisão em políticas de enfrentamento à pandemia no estado do Rio Grande do Norte. O ONAS continua em 2021 buscando responder às preocupações sociais com análises de dados e evidências empíricas dentro dos temas que cercam os estudos de população. Fica o convite para quem ainda não passou pelos textos do ONAS no nosso blog e também acessar o e-book no link abaixo.

Download do livro “A pandemia em Perspectiva Regional”


Créditos da trilha sonora:

Robo-Western by Kevin MacLeod

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Apr 29, 202116:32
#23 | Inteligência artificial e demografia aplicadas à saúde materno-infantil | Luciana Correia Alves

#23 | Inteligência artificial e demografia aplicadas à saúde materno-infantil | Luciana Correia Alves

É muito provável que vc já tenha ouvido falar em Inteligência Artificial. Um filme dirigido por Steven Spielberg no ano de 2001 com o título "I.A. - Inteligência Artificial" narra os dramas e dilemas de um menino-robô que foi programado para aprender a amar. Há uma quantidade considerável de filmes que discutem o dilema de máquinas que tomam decisões sozinhas e colocam os humanos em situação delicada. Desde "2001 – Uma Odisséia no Espaço", a franquia "O Exterminador do Futuro" ou a trilogia "Matrix", robôs/máquinas que conseguem aprender povoam o imaginário coletivo. Mas saindo da esfera ficção científica, o aprendizado de máquina (como é chamado), é um campo de estudos que vem ganhando cada vez mais espaço. Não é necessariamente novo, mas em projetos de cooperação interdisciplinar, ganham aplicações cada vez mais relevantes. Não seria interessante utilizar a inteligência artificial a nosso favor para conseguir planejar políticas públicas mais eficientes? Como, por exemplo, reduzir a mortalidade infantil?

No episódio de hoje, vamos conversar sobre inteligência artificial, aprendizado de máquina, demografia e mortalidade neonatal. Conversamos com a fisioterapeuta e demógrafa, Luciana Correia Alves. Ela é professora no programa de pós-graduação em demografia da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e, junto com colegas do Instituto Federal de São Paulo (campus Campinas), desenvolveram o "SaMI - Plataforma Inteligente Voltada à Saúde Materno Infantil". Trata-se de um resultado de projeto que conta com financiamento da Gates Foundation, CNPq e Ministério da Saúde. A iniciativa foi vencedora do desafio Grand Challenges Explorations - Brazil, da Fundação Bill & Melinda Gates, e teve como objetivo desenvolver uma plataforma de suporte à tomada de decisão para políticas públicas voltadas à saúde gestacional baseada em técnicas de visualização de informações e aprendizado de máquina.

Acesse o artigo comentado por Luciana Alves

Créditos da trilha sonora:

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Apr 22, 202120:29
#22 | A Covid-19 e as desigualdades sociais e demográficas nas Regiões Metropolitanas | César Augusto Marques

#22 | A Covid-19 e as desigualdades sociais e demográficas nas Regiões Metropolitanas | César Augusto Marques

A pandemia da Covid-19 escancarou as desigualdades sociais. Trouxe à tona aspectos da nossa sociedade que muitas vezes passavam despercebidos sem um olhar mais atento. Naturalizada, essa desigualdade permanece latente na sociedade e, apesar de estudos científicos darem conta de suas diversas formas de expressão, nem sempre ela é entendida como uma variável importante para dimensionar e planejar políticas públicas. A desigualdade social pode ser medida através de diversos indicadores e um dos mais conhecidos é o índice de Gini. Esse índice foi desenvolvido pelo italiano Conrado Gini para sintetizar a medida de desigualdade em um grupo populacional. O indicador compara a diferença dos rendimentos dos mais pobres com os mais ricos nessa população e resume o resultado em um número que varia de zero a 1. Quanto mais próximo de zero, maior a igualdade. No ranking do Banco Mundial, o Brasil ocupa a nona posição entre as maiores desigualdades medidas pelo índice de Gini. Fica atrás de países como Suriname, Zambia e Moçambique.

O episódio #22 do Rasgai conversa com o pesquisador da Escola Nacional de Ciências Estatísticas (ENCE/IBGE). Cesar Augusto Marques é sociólogo e demógrafo e publicou junto com outros pesquisadores, o artigo “A desigualdade de renda e a pandemia de Covid-19 nas regiões metropolitanas do Brasil” no volume 78 da Revista Brasileira de Estatística. O estudo foi publicado em 2020 e reflete dados da evolução da pandemia nas Regiões Metropolitanas brasileiras na primeira onda, até meados de julho. Com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD-C), Cesar contextualiza que, no Brasil, os 10% mais ricos do país concentraram 43,3% da renda total e 46,9 vezes mais que os 10% mais pobres. Contudo, os valores variam conforme as regiões do país, inclusive entre as áreas metropolitanas, relativamente mais urbanizadas e densas.

Assim, Cesar Marques conversou conosco sobre os resultados da pesquisa que analisou em que medida a desigualdade existente em cada uma das Regiões Metropolitanas (RM) pode ter se relacionado com o comportamento da pandemia. O coeficiente de mortalidade (por 100 mil habitantes) apresentou correlação com a taxa de pobreza relativa e a existência de aglomerados subnormais nas RMs. Enquanto que o coeficiente de incidência (por 100 mil habitantes) foi correlacionado ao menor percentual de idosos e à elevada concentração de renda (considerando os 10% mais ricos em relação aos 10% mais pobres). Na sua análise, a pobreza e a desigualdade social são componentes importantes para entender o agravamento da pandemia no país. Diante da ausência de uma ação coordenada entre os entes federativos, as consequências se tornaram mais graves ainda, pois mecanismos de proteção social precisariam de um esforço articulado e de longo prazo para minimizar tamanhos desafios. Como salientado pelo Cesar, reduzir as desigualdades é um projeto de longo prazo e deve ser um esforço de Estado para tornar nossa sociedade mais resiliente a choques como este que vivemos e outros tantos que virão.

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Apr 15, 202118:17
#21 | Como são feitas as projeções demográficas e quais os desafios para pequenos municípios? | Flavio Freire

#21 | Como são feitas as projeções demográficas e quais os desafios para pequenos municípios? | Flavio Freire

Com a pandemia da Covid-19 vemos diariamente nos telejornais e na internet discussões que envolvem o uso de dados e informações sobre a população. Fala-se de média móvel, porcentagem de casos confirmados pelo total da população, entre tantos outros dados. Enfim, são indicadores para entender como evolui a doença e as sua dinâmica. Mais recentemente, um dos indicadores que vem ganhando destaque é a proporção de pessoas vacinadas. Esse indicador seria o número de pessoas que já foram vacinadas em relação ao total de pessoas daquele país, estado ou município. Para saber o número de pessoas já vacinadas, bastaria fazer o registro bem feito. E é muito importante registrar algumas informações demográficas dessas pessoas, como por exemplo, a idade delas. Afinal, temos uma fila de prioridades e o grupo de prioridades mais importante em termos do número de pessoas são os grupos de idade de pessoas com mais de 60 anos. Mas como saber quantas pessoas acima de 60 anos existem em cada município se a última pesquisa que fez esse levantamento foi o Censo Demográfico em 2010? Para isso precisamos estimar a população a partir de projeções demográficas.

O episódio #21 do Rasgaí conversou com o estatístico e demógrafo Flavio Henrique Miranda de Araujo Freire. Ele é professor do Programa de Pós-Graduação em Demografia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e, com uma equipe de pesquisadores, vem desenvolvendo estudos para obter melhores estimativas e projeções populacionais. A área de demografia possui um arsenal de metodologias para realizar projeções populacionais e um dos desafios é obter bons resultados quando o objetivo é realizar projeções e estimativas para municípios com populações menores e também quando se pretende desagregar a projeção para os grupos de idade da população. Flavio explica os motivos pelos quais existe um efeito que os pequenos números afetam boas projeções e comenta como os estudos que vêm desenvolvendo contribuem para reduzir tais problemas. Ou seja, quando busca-se ter projeções demográficas para a população do país, sem distinguir suas características (como idade e sexo, por exemplo), há relativa segurança nos resultados. Mas quando desagregamos para populações de municípios menores e buscamos saber, por exemplo, a quantidade de pessoas com mais de 60 anos, há maior erro nos resultados.

Assim, no episódio #21, explicamos um pouco como isso funciona e como se pode reduzir esses erros. Os resultados encontrados a partir dessa metodologia se encontra disponível para acesso público no site do Programa de Pós-Graduação em Demografia da UFRN (www.demografiaufrn.net), dentro do Laboratório de Estimativas e Projeções Populacionais (LEPP). Quem tiver interesse ou necessidade pode fazer o download dos dados gratuitamente com as projeções populacionais para cada um dos municípios brasileiros com informações separadas por sexo e grupos de idade ano a ano, até 2030.

Créditos da trilha sonora:

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Apr 08, 202116:57
#20 | Sistemas de Informação Geográfica e dados populacionais para gestão pública | Ricardo Dagnino

#20 | Sistemas de Informação Geográfica e dados populacionais para gestão pública | Ricardo Dagnino

A conversa do episódio #20 do Rasgaí é com o geógrafo e demógrafo, Ricardo Dagnino, docente do campus Litoral da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Ele é o coordenador do Projeto SIG Litoral Norte que, desde 2018, vem desenvolvendo um importante trabalho de sistematizar informações populacionais, ambientais, sociais e econômicas, entre outras, em um sistema integrado que permita o acesso público destas informações. O recorte do projeto é para a região do Litoral Norte do Rio Grande do Sul.


Trata-se de uma iniciativa importante de integração de dados de características populacionais com outras informações, principalmente pelo fato dessas informações serem disponibilizadas de modo público e gratuito. A utilização dessas informações contribuiu para a gestão pública, uma vez que muitas vezes essas informações se encontram dispersas e sem um devido tratamento acabam sendo difíceis de serem incorporadas no planejamento. Destaca-se que, desde o início da pandemia da Covid-19 a equipe direcionou esforços para mapear e analisar a evolução socioespacial das informações epidemiológicas na região e no Rio Grande do Sul.


O acesso às informações públicas são fundamentais para o planejamento e desenho de políticas públicas mais eficazes. Sabemos que, muitas vezes, a grande dificuldade para planejamento e gestão municipal esbarra em limitações de recursos financeiros e de recursos humanos para desenvolver tais estudos. Assim, iniciativas como o Sig Litoral são de muita relevância e colocam em destaque o papel da Universidade Pública dentre tantas outras contribuições que são geradas por elas.


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Apr 01, 202117:13
#19 | Feminicídio na região Nordeste: efeitos temporais das estimativas dos homicídios femininos | Karina Cardoso Meira

#19 | Feminicídio na região Nordeste: efeitos temporais das estimativas dos homicídios femininos | Karina Cardoso Meira

Um dos aspectos mais perversos da desigualdade de gênero é o feminicídio. Mas o que é isso? O feminicídio é o homicídio praticado contra a mulher em decorrência do fato de ela ser mulher ou em decorrência de violência doméstica. Trata-se, portanto, a uma diferença na motivação do crime. Ou seja, quando a motivação desse homicídio está relacionado à violência sexual, o menosprezo pela condição feminina, uma discriminação de gênero, entre outros. O termo foi usado pela primeira vez em 1976 pela socióloga sul-africana Diana Russel em uma conferência em Bruxelas, sendo promulgada lei no Brasil em 2015 que a tipifica como crime hediondo e, portanto, com penas mais altas.

A despeito de avanços ao longo dos últimos anos, ainda há muito a ser feito. No Rio Grande do Norte, ao longo dos últimos dez anos, uma mulher foi vitima de morte violenta a cada 3 dias. No episódio #19 do Rasgaí, último de uma série especial de 4 episódios no mês de março, vamos conversar com a docente do programa de pós-graduação em demografia da UFRN, Karina Cardoso Meira. Ela comentou os resultados de um artigo que ela acaba de publicar na revista Cadernos de Saúde Pública em coautoria com outros pesquisadores. O artigo é intitulado “Efeitos temporais das estimativas de mortalidade corrigidas de homicídios femininos na Região Nordeste do Brasil” e clicando no link você pode acessar todas as informações dos autores.

Enfim, a perspectiva da violência contra a mulher é a mais grave e assertiva, mas como analisado pela pesquisa da Karina, é resultado perverso e cruel de um conjunto de aspectos negativos que afetam a vida das mulheres no nosso dia-a-dia. Precisamos romper com esse ciclo urgentemente. Finalizamos aqui nossa série de 4 episódios especiais sobre o dia internacional da mulher neste mês de março. Mas não se encerram aqui os episódios que discutirão aspectos da desigualdade de gênero a partir de uma abordagem da demografia e estudos populacionais.

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Mar 25, 202117:52
#18 | Diferenciais de acesso e uso de internet entre homens e mulheres no Brasil | Raquel Guimarães

#18 | Diferenciais de acesso e uso de internet entre homens e mulheres no Brasil | Raquel Guimarães

Nesse mês de março de 2021, os episódios do Rasgaí tratarão do tema: desigualdade de gênero em referência ao Dia Internacional da Mulher. Embora hoje as mulheres sejam maioria com acesso ao ensino superior no Brasil, o direito à educação formal é uma conquista relativamente recente. Os registros históricos datam do final do século 19 o ingresso das primeiras mulheres ao nível superior no Brasil, entretanto, ainda estava longe de ser um direito garantido. Foi só em meados de 1960 que começa a crescer a participação de mulheres no ensino superior. Até então, o avanço na educação formal foi reservado à formação no magistério. É interessante que fosse reservado dedicado às mulheres o espaço de ensinar crianças, mas que as mesmas não pudessem exercer outras ocupações. Se você ouviu os episódios #16 e #17 do Rasgaí, perceberá que isso tem grande relação com o fato de que o cuidado com crianças e idosos é culturalmente marcado como uma atividade feminina. Enfim, avançamos nessa agenda, mas apesar das mulheres serem maioria nos cursos superiores no Brasil hoje, ainda enfrentam desigualdades no mercado de trabalho formal e em outras esferas da vida.

No episódio #18 do Rasgaí, vamos conversar com a docente da Universidade Federal do Paraná: a economista e demógrafa, Raquel Guimarães. Ela conversou conosco sobre o artigo recentemente publicado por ela com colegas na Revista de Desenvolvimento Econômico onde se discutiu o viés de gênero no acesso e na intensidade do uso de internet na população em idade ativa brasileira. Para acessar o artigo completo, você pode clicar AQUI. O contexto da pandemia da covid-19 destacou a dependência cada vez maior da nossa sociedade no uso de ferramentas digitais e, principalmente, o acesso à internet. Desde o acesso aos aplicativos de celular para cadastro para acesso ao auxílio emergencial até o uso de internet para acesso à disponibilidade de vagas de emprego, o letramento digital é uma habilidade imprescindível nos dias de hoje. A pesquisa desenvolvida pela Raquel e colegas identificou que mulheres e homens não apresentam diferenciais significativos no acesso à internet. Entretanto, a intensidade do uso sim possui diferenciais importantes. Homens apresentam maior utilização da internet quando comparado com as mulheres, reproduzindo as desigualdades de acesso à informação. Além disso, reproduz-se a desigualdade do uso do tempo das mulheres e homens, como vimos nos episódios anteriores dessa série especial dedicado ao Dia Internacional da Mulher.

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Mar 18, 202112:59