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CASA 34, RICK RODRIGUES

CASA 34, RICK RODRIGUES

By Rick Rodrigues

Casa 34 é a nova exposição do artista plástico Rick Rodrigues na OÁ Galeria Arte Contemporânea, em Vitória (ES).

A mostra apresenta bordados sobre diversos suportes, fotografias, objetos do cotidiano, miniaturas e fragmentos da casa, pequenas instalações com brinquedos e um vídeo. O conjunto de obras começou a ser produzido em 2016, quando a residência dos avós paternos do artista foi demolida.

Projeto contemplado pelo Edital 34/2019 - SELEÇÃO DE PROJETOS CULTURAIS SETORIAIS DE ARTES VISUAIS REALIZADOS NO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO DA SECULT/ES, desenvolvido com recursos do FUNCULTURA.
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Era uma vez uma casa de número 34 (Parte II). Projeto "Casa 34" de Rick Rodrigues.

CASA 34, RICK RODRIGUESAug 06, 2021

00:00
05:20
"Casa 34" de Rick Rodrigues

"Casa 34" de Rick Rodrigues

No último episódio do projeto "Casa 34", o artista Rick Rodrigues narra um pouco da poesia que compõe a série referente a casa dos seus avós paternos, Dona Maria Roza e Seu Esmeraldo Rodrigues.

Projeto “Casa 34” foi contemplado pelo Edital 34/2019 - SELEÇÃO DE PROJETOS CULTURAIS SETORIAIS DE ARTES VISUAIS REALIZADOS NO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO DA SECULT/ES, desenvolvido com recursos do FUNCULTURA.

Exposição realizada na OÁ Galeria - Arte Contemporânea, Vitória/ES, de 13 de julho a 10 de setembro de 2021. 

Fotografia: Bruno Coelho - S / Still Fotografia

Voz: Rick Rodrigues

Áudio retirado do vídeo oficial da exposição.  
Vídeo: https://bityli.com/8ppkf 

Sep 02, 202105:36
Era uma vez uma casa de número 34 (Parte II). Projeto "Casa 34" de Rick Rodrigues.

Era uma vez uma casa de número 34 (Parte II). Projeto "Casa 34" de Rick Rodrigues.

No episódio da semana, Pérola Gonçalves lê a segunda parte do texto escrito por Almerinda Lopes para o catálogo da exposição “Casa 34”.

“Especialista em gravura, tanto por sua praxe criativa quanto por ser pesquisador, o artista tem se dedicado em seu projeto poético mais efetivamente a inventar cenas e cenários em que predominam os objetos miniaturizados e os delicados bordados. Estes são executados com linhas coloridas sobre fitas de cetim, fronhas, almofadas, lenços, sacolas plásticas, cartões antigos, fotografias e peneiras. Embora o artista relate a existência de bordadeiras em sua família, aprendeu a bordar observando o irmão mais velho a costurar pedaços de couro para a confecção de arreios e de outros utensílios necessários à lida diária no sítio familiar. Anos mais tarde, esses exercícios até então descompromissados, realizados com agulha e linha, seriam canalizados para a elaboração de suas imagens poéticas em forma de pássaros, árvores, flores, nomes de objetos e de pessoas, retratos, além da planta baixa e da fachada dessa mesma casa, adornada com delicados vasos de flores. Não raramente, os bordados repetem inúmeras vezes um mesmo elemento visual, como os referidos vasos de flores ou uma simples sequência de flores estilizadas, numa referência ao jardim da avó e também ao quintal da casa, onde havia uma frondosa e imponente goiabeira, que servia de suporte ao balanço em que Rick Rodrigues e outras crianças da família brincavam. Mas, num exercício sinestésico, o artista diz ainda sentir o odor e o sabor das goiabas que colhia na árvore. É como se todas as lembranças da casa permanecessem enraizadas no inconsciente do jovem artista, em cujo projeto poético vai desvelando e apresentando aos seus potenciais interlocutores fragmentos dessa memória íntima a cada nova exposição que realiza. O diálogo com essas imagens despertará a consciência imaginante do interlocutor, fazendo com que ele rememore e evoque lembranças e vivências de sua própria história, porque é a vida que se revela nessas imagens em sua plenitude poética.".”¹

Projeto “Casa 34” foi contemplado pelo Edital 34/2019 - SELEÇÃO DE PROJETOS CULTURAIS SETORIAIS DE ARTES VISUAIS REALIZADOS NO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO DA SECULT/ES, desenvolvido com recursos do FUNCULTURA.

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¹ LOPES, Almerinda. Era uma vez uma casa de número 34. Exposição Casa 34, Rick Rodrigues. Texto do catálogo: Vitória, junho/2021.

Fotografia: Bruno Coelho - S / Still Fotografia

Edição de áudio: Rick Rodrigues

Leitura: Pérola Gonçalves

Aug 06, 202105:20
Era uma vez uma casa de número 34 (Parte I). Projeto "Casa 34" de Rick Rodrigues.

Era uma vez uma casa de número 34 (Parte I). Projeto "Casa 34" de Rick Rodrigues.

No episódio da semana, Pérola Gonçalves lê a primeira parte do texto escrito por Almerinda Lopes para o catálogo da exposição “Casa 34”.

“A demolição dessa casa ocorrida em 2016 tornou-se, a partir de então, o estímulo gerador do projeto poético do jovem artista capixaba Rick Rodrigues, que a cada nova exposição apresenta ao espectador um jorro de imagens/referências das memórias desse ambiente topofílico. Essa casa de número 34, que se localizava no centro do pequeno município de João Neiva, interior do Espírito Santo, era para o artista o lugar dos sonhos e dos afetos, uma vez que ali residiu por muitos anos o casal Maria Roza e Esmeraldo Rodrigues, seus avós paternos, e onde Rick passou a infância e grande parte da juventude. Foi com grande emoção e impacto que o jovem se deparou com os escombros da casa avoenga numa de suas idas à terra natal, da qual se afastou temporariamente para estudar na capital. Depois de concluir os estudos, voltou a residir na cidade, onde também mantém ativo seu ateliê, o que torna muito presente a memória da casa, como se visse ali soterrada grande parte de sua história e memória afetiva. Como um arqueólogo, que remove a terra e as camadas do tempo em busca de recuperar o que sobrou do passado, para melhor conhecê-lo e preservá-lo, Rick iria revirar impulsiva e intuitivamente os escombros à procura de objetos, fotografias, documentos, e outros vestígios da memória da antiga residência e daqueles que a habitaram, referências essas que eram também significativas para sua própria existência. À medida que remexia os escombros, as lembranças da vivência na casa surgiam como emanações, e a cada achado emergiam novos sentimentos e recordações de fatos, experiências, pessoas, afetos..”¹

Projeto “Casa 34” foi contemplado pelo Edital 34/2019 - SELEÇÃO DE PROJETOS CULTURAIS SETORIAIS DE ARTES VISUAIS REALIZADOS NO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO DA SECULT/ES, desenvolvido com recursos do FUNCULTURA.

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¹ LOPES, Almerinda. Era uma vez uma casa de número 34. Exposição Casa 34, Rick Rodrigues. Texto do catálogo: Vitória, junho/2021.

Fotografia: Bruno Coelho - S / Still Fotografia

Edição de áudio: Rick Rodrigues

Leitura: Pérola Gonçalves

Jul 31, 202106:53
Carta a quem não leu, 2017. Projeto "Casa 34" de Rick Rodrigues.

Carta a quem não leu, 2017. Projeto "Casa 34" de Rick Rodrigues.

No episódio da semana, apresentamos a obra “Carta a quem não leu” (2017). Na voz da remetente e prima do artista, Marina Rodrigues, desvelamos o conteúdo bordado sobre a fita de voil.

Segundo Almerinda Lopes “Dois outros elementos merecem atenção especial na exposição do artista: uma gaiola de madeira, onde não há nenhum pássaro aprisionado, e a chave original da casa. Dentro da gaiola, é possível desvelar miniaturas de louças e, principalmente, um emaranhado de fitas de cetim, sobre as quais é possível ler alguns nomes próprios e fragmentos de um texto, que embora não se desvele na íntegra ao espectador, foi inteiramente bordado pelo artista, juntamente com signos diversos evocados pelo teor da carta. O texto é o teor da correspondência enviada, em 1977, por uma prima da Espanha ao pai do artista, Paulo Rodrigues, falecido em 2010, sem que tivesse lido ou tomado conhecimento da existência dessa carta, enviada para a Casa 34, pois nunca fora entregue ao destinatário por quem a recebeu: um tio de Rick, que foi também o último ocupante da casa. Essa carta, ainda lacrada – escrita e postada muito antes da existência do próprio artista - foi recuperada e finalmente lida em 2014 pelo filho do destinatário, quando a casa foi desocupada. Ao bordar o conteúdo dessa missiva nas fitas de cetim e aprisioná-las na gaiola, de modo que o espectador só tenha acesso a fragmentos do texto, o artista não permite que a intimidade do outro, que permaneceu inviolada no envelope lacrado por quase quarenta anos, seja desvelada por inteiro. Nomeando a obra de Carta a quem não leu, Rick Rodrigues atenta tanto para os possíveis segredos que não possam ser revelados, pois só dizem respeito a quem deles deveria tomar conhecimento, como confirma que os limites da memória não têm começo nem fim, nem se manifestam por completo, sem interrupções ou apagamentos. Surgem como emanações tênues, nem sempre previsíveis ou organizadas, como incompletudes ou imagens informes, às quais o artista procura dar forma.”¹

Projeto “Casa 34” foi contemplado pelo Edital 34/2019 - SELEÇÃO DE PROJETOS CULTURAIS SETORIAIS DE ARTES VISUAIS REALIZADOS NO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO DA SECULT/ES, desenvolvido com recursos do FUNCULTURA.

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¹ LOPES, Almerinda. Era uma vez uma casa de número 34. Exposição Casa 34, Rick Rodrigues. Texto do catálogo: Vitória, junho/2021.

Fotografia: Bruno Coelho - S/Still Fotografia

Edição de áudio: Rick Rodrigues

Leitura: Marina Rodrigues

Jul 23, 202101:57
Entre! Projeto "Casa 34" de Rick Rodrigues.

Entre! Projeto "Casa 34" de Rick Rodrigues.

No 1º episódio do projeto “Casa 34”, Dani Nogueira apresenta o texto de sua autoria sobre a exposição.
“Tem mais presença em mim o que me falta.”
O livro sobre nada (Manoel de Barros)
“Entre.
A chave da casa está próxima à porta da galeria e, talvez, tão presente como ela está a sua sombra. Coexistência.
Em casa 34, os trabalhos expostos parecem surgir a partir da projeção da infância do artista no espaço, como se esta fosse um elemento que se encontra frente à luz da lembrança.
Nada de ruínas aparece na exposição, nem mesmo a poeira que pairou em julho de 2016 no centro de João Neiva/ES, quando a casa de número 34, pertencentes aos avós paternos do artista e, posteriormente, ao seu tio Djalma, foi posta abaixo.
Da residência só restou o terreno, a metragem que abrigava as vivências dos familiares, os cômodos, o quintal e o desconhecido. Porém, Rick Rodrigues a deixa vívida, organiza todos os signos de sua memória de forma que o ambiente familiar se misture às paredes de um outro espaço tão íntimo seu, a galeria, numa mescla que levanta a possibilidade de inúmeras narrativas e processos de identificação no outro.
A memória pessoal se desvela e é exposta com suas lacunas preenchidas pelo ato imaginativo ou, até mesmo, com o vazio, o não recordado ou o vivido.
Tudo parte do ato de lembrar e no que se permite criar. São bordados sobre lenços e fitas, casa reconstruída em fachada e planta-baixa, miniaturas, objetos presentes oriundos da conciliação de traços de memórias fiéis e da imaginação de uma criança que ainda reside dentro do artista.
A casa não pôde ser totalmente explorada, porém são trazidas fortes memórias de detalhes apreendidos por um olhar curioso que percorreu alguns de seus cômodos, como também particularidades do quintal, das brincadeiras e dos momentos em que os pés não tocavam o chão devido ao vai e vem no “pé de balanço”.
Citando versos de O apanhador de desperdícios do poeta Manoel de Barros, Rick parece ter sido “aparelhado para gostar de passarinhos”. Como um pássaro maduro que alça voos para novos ares, parece reconstruir um lar-ninho a partir das memórias, galhos, que trouxe da sua vida, unindo-os com outros, referências encontradas pelos caminhos percorridos até então.
Assim como a linha e a agulha, que na união de um ponto a outro, fazem surgir árvores, pássaros, paredes, janelas e palavras, a expografia pensada pelo artista para Casa 34 delineia uma casa, forma um todo. Assemelha-se a muitos de seus desenhos bordados pela forma em que os signos da memória são apresentados em uma organização e diálogo com o fundo brancos dos lenços.
Nesta casa, resiliente, ressignificada, podemos habitar por um momento, bem como tecer tramas com nossas próprias vivências. É-nos dada a linha do verso.”¹
Projeto “Casa 34” foi contemplado pelo Edital 34/2019 - SELEÇÃO DE PROJETOS CULTURAIS SETORIAIS DE ARTES VISUAIS REALIZADOS NO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO DA SECULT/ES, desenvolvido com recursos do FUNCULTURA.
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¹ NOGUEIRA, Dani. Apresentação. Exposição Casa 34, Rick Rodrigues. Texto de apresentação: Vitória, 2018.
Fotografia: Bruno Coelho - S/Still Fotografia
Edição de áudio: Dani Nogueira e Rick Rodrigues
Jul 16, 202103:49