Balanço e Fúria
By Rodrigo Corrêa
Balanço e FúriaDec 21, 2022
Ameaça menor – breves notas sobre o punk e a infância com Jonas Dornelles e Zé Ulisses
Under me sleng teng – a vibração do dancehall entre a Jamaica e o Brasil com Ricardo Magrão e Lei Di Dai
Se no início dos anos 60 o processo de libertação do colonialismo britânico implicou na necessidade do desenvolvimento de um gênero musical que representasse a identidade jamaicana, dando origem ao Ska, e nos anos 70, o Roots vem aliado à temáticas que remetiam aos movimentos de libertação da África e de consciência espiritual e política, nos anos 80 o Dancehall retrata uma Jamaica que ginga entre o sexo e a violência, as drogas e os bailes, em um contexto em que há a intensificação do neoliberalismo e a transformação nos processos de produção musical advindos de novas tecnologias.
Considerar essa mistura de elementos nos leva a romper com qualquer purismo, e voltar à história do Dancehall é se deparar com a criatividade e desejo de vida de músicos, Djs e MCs que a partir de samples, riddims e soundsystems criam na música jamaicana aquilo que no baile faz o grave bater forte.
Stranger fruit – a imaginação das mulheres negras no jazz com Nathalia Grilo
Essa conversa que retoma à contrapelo a história do jazz, se desenvolve não só na intenção de demonstrar a presença das mulheres na construção do som e do pensamento, mas também no exercício de trazer à vista o que há de belo e estranho nessas elaborações sonoras e intelectuais, combatendo a ideia de "diva" e "musa" e celebrando o potencial no que há de experimental, no controle das formas de produção, na genialidade e na maneira diversa que essas mulheres criaram sobre o jazz.
Do continente Africano às Américas. De Mary Lou Williams, de Atlanta à Tânia Maria, de São Luís do Maranhão. De Jeane Lee, de Nova York à Emahoy Tsegué-Maryam Guèbrou, de Adis Abeba. Elas estiveram lá e permanecem aqui.
A Vanguarda Paulista Instrumental e o jazz nos primórdios da música independente no Brasil com Renan Ruiz
Nessa conversa com Renan Ruiz, percebemos que a Vanguarda Paulista Instrumental não só foi fundamental para pensarmos a história da música instrumental/jazz no Brasil, como também representou os primórdios das produções musicais independentes durante os anos de chumbo.
O jazz afropindorâmico do Maranhão com Tonny Araújo Jr. e Isaías Alves
Mais do que a capital do reggae no Brasil, a história do Maranhão é marcada também pela produção jazzística que desde os anos 1920 não só se demonstra a partir da aparição de exímios músicos, como também é instrumento para leitura das contradições e lutas presentes entre as classes subalternizadas no Brasil de ontem e hoje.
De Adhemar Corrêa à Tânia Maria, de New Orleans a São Luís, nessa conversa tratamos da potência que transcende e combate qualquer noção de regionalismo, tendo todo sotaque da produção legitimamente maranhense.
Acompanhe Tonny Araújo Jr. (@tonnyaraujojr) e Isaías Alves (@isaiasalvesmusic):
Os negros na história do jazz do Maranhão:
https://agenciatambor.net.br/opiniao/os-negros-na-historia-do-jazz-do-maranhao/
Cultura, música, literatura e jazz no Maranhão:
https://www.youtube.com/live/zKfGRYBwNdA?si=1642xMXvYEJFpP3u
De St. Louis a São Luís: os primeiros vestígios do jazz no Maranhão:
https://www.sobreotatame.com/de-saint-louis-a-sao-luis-os-primeiros-vestigios-do-jazz-no-maranhao/
Escute Isaías Alves:
https://open.spotify.com/intl-pt/artist/1KqNJYcYfLtszc3g1aoCVN
De Baden Powell a Sonic Youth com Kiko Dinucci [Discotecagem Comentada]
Em fevereiro, encontramos @kikodinucci na Intercommunal Music, em uma escuta coletiva/processo de troca que toma seu último disco, “Rastilho”, como referência para desbravar aquilo que compôs suas referências estéticas, poéticas, sonoras e visuais na materialização desse disco.
A Discotecagem Comentada é uma atividade que visa promover um espaço de encontro, audição e troca sobre obras e expressões que incorporam em sua forma diferentes tipos de luta, experimentos, invenções e alternativas para os meios de produção, de criação e de vida.
Captação e edição por @igorsouzadbk
Jazz is dead – o encontro entre a música brasileira e a estadunidense [DISCOTECAGEM COMENTADA]
No dia 5 de abril, na @intercommunalmusic, a Discotecagem Comentada teve o músico e produtor Adrian Younge (EUA) como convidado, em uma celebração mediada por @marialuizabr que atravessou sua formação enquanto pesquisador musical e suas produções, de Ghostface Killah à Marcos Valle.
Adrian é um dos fundadores da gravadora Jazz Is Dead, na qual, junto com Ali Shaheed Muhammad (A Tribe Called Quest), produz álbuns com músicos consagrados do jazz. Entre nomes como Roy Ayers, Lonnie Liston Smith, Jean Carne, Doug Carn, Gary Bartz, os brasileiros Marcos Valle e a banda Azymuth estão no catálogo.
Em breve o @jazzisdead chegará ao Brasil com um evento histórico, reunindo alguns dos principais nomes de nossa música em uma experiência de festa e formação.
Fiquem atentos!
Sigam @jazzisdead/@adrianyounge, acompanhem as pesquisas de @marialuizabr e visite a @intercommunalmusic, responsável pelas pontes e abrigando essas atividades valiosas.
Antes que junho acabe – as reverberações político-estéticas das revoltas de 2013 com Mayara Vivian e Ordinária Hit
Em junho de 2023, as revoltas de junho de 2013 completam 10 anos, e se debruçar sobre este momento sem considerar pelo menos 10 anos antes e as composições artísticas e contraculturais que se somaram aos movimentos sociais e autônomos em diversas lutas anticapitalistas, que iam de manifestações contra o G8 até mobilizações pela tarifa zero, é um erro.
Nessa conversa não relembramos apenas dos grupos, coletivos, bandas, festivais e canções que se associaram no começo dessas lutas e da formação do Movimento Passe Livre, mas também especulamos sobre os desdobramentos dessas lutas protagonizadas pela juventude que tinha no exercício das novas linguagens, da música, da tecnologia e da prática autônoma, formas de se fazer política e de se infiltrar nas brechas do poder.
Beat pro Rick Bonadio chorar – a música eletrônica entre o funk e o forrózin com Gg Albuquerque
A música eletrônica legitimamente brasileira é aquela que radicaliza sua forma em espaços próprios, dispensando os centros, as grandes gravadoras e produtores tradicionais, para se dar em experimentos diversos que são desdobramentos do funk, do forró e de uma linguagem absolutamente sintonizada com o que interessa aos seus criadores e público.
São as batidas de funk com texturas estranhas, agudos extremos ou formados só por graves, é o forrózin se materializando de forma 100% eletrônica, é a interação mais ampla com outras plataformas como o TikTok, o instagram e com o "viral".
Nessa conversa, Gg Albuquerque nos apresenta a conjunção que compõe a forma livre da música eletrônica brasileira contemporânea que faz o Rick Bonadio chorar.
Espaços dissonantes – a política sonora da música experimental contemporânea no Brasil com Aline Vieira e Yuri Bruscky
Uma conversa que visita coisas entre Brigada do Ódio e Jocy de Oliveira.
Aline Vieira e Yuri Bruscky pesquisam, pensam e fazem ruído. Tem no experimento desse espaço que aqui chamamos amplamente de "música experimental" um lugar composto não só de crítica estética, mas também de crítica política, não só da expressão sonora, mas também de performance e de desafio em relação aos procedimentos da criação disso que atravessa tanto as perspectivas da academia, quanto das artes, tanto as vertentes do punk, quanto da música eletrônica.
Masterização por @igorsouzadbk / Edição por @transfonico
A palavra como jogo – entre a crônica, o pixo e o rap com Rodrigo Ogi
A palavra é trânsito, e nessa conversa com Rodrigo Ogi somos apresentados ao percurso que compõe sua expressão como alguém da escrita em constante interlocução com a rua.
Das histórias da avó às audições dos discos da Clara Nunes com a mãe, do começo da pixação em 1995 às madrugadas dedicadas ao hip-hop nos primórdios da internet no começo dos anos 2000, de Ndee Naldinho à Quinto Andar... essa conversa foi acima de tudo sobre palavra, forma e linguagem.
O caos como princípio – os cruzamentos entre a ética punk e a cosmovisão Baniwa com Denilson Baniwa
No fim dos anos 90, uma fita K7 com algumas músicas de bandas punks sem identificação chega às mãos de jovens do interior do Amazonas, mais especificamente no território do povo Baniwa. Denilson é um desses jovens arrebatado pelo conteúdo da fita que imediatamente criava uma identificação entre a visão de seu povo e a lírica apresentada por aquelas bandas.
O caos, geralmente rechaçado pelos valores ocidentais/judaico-cristãos, é um elemento considerado tanto pelos Baniwa quanto pelos punks em sua composição de sua visão de mundo, e talvez essa seja uma das principais razões para especularmos uma vida permeada pela busca de reconhecimento, justiça e dignidade tendo o enfrentamento na arte como plataforma.
Denilson Baniwa é artista plástico e nessa conversa nos conta um pouco sobre sua juventude que teve o punk como um dos atravessamentos que foram fundamentais em sua formação.
Desafiar a tristeza/reativar o desejo – música e potencial político no Brasil pós-Bolsonaro com Rodrigo Lima
Se a virada do milênio prometia a possibilidade de outro mundo à uma juventude que, para além da prática política, experimentava outras formas que questionavam a estrutura do poder, da cultura e da comunicação tendo a música como vetor, nos anos 2010 esse horizonte começa a nublar e as mobilizações políticas e estéticas à esquerda sofrem um revés que culmina na ascensão da extrema-direita no Brasil.
2023 começa com desafios imensos, que mistura a necessidade de superar a nostalgia, de reorganizar os desejos de encontro/mobilização/criação e de combater da direita que não tão cedo voltará para o esgoto.
Nessa conversa com Rodrigo Lima visitamos algumas obras de sua banda, o Dead Fish, e como os atravessamentos políticos refletiram na sua escrita e na organização das cenas, coletivos, selos, artistas e da indústria fonográfica.
Masterização por Igor Souza/@mitrarecs
Arte de Flávio Grão
Free Jazz contra o ruído colonial com Rômulo Alexis e Du Kiddy
O Free Jazz enquanto expressão não só significou a extrapolação dos parâmetros musicais do jazz, mas também trouxe consigo um repertório político e simbólico que se relacionariam profundamente com dimensões materiais de outros campos – interagindo, contribuindo, compondo e incorporando em sua forma os processos das lutas da população negra estadunidense e africana.
Nesse episódio encontramos Rômulo Alexis e Du Kiddy para conversar sobre os resquícios coloniais que habitam a escuta e a prática musical ocidentalizada – estética e politicamente – e sobre aqueles e aquelas que dedicaram e dedicam sua vida à criação de uma arte cheia de potência contra o esvaziamento imposto pela dinâmica colonial.
Albert Ayler, Art Ensemble of Chicago, John Coltrane, Ornette Coleman, Pharoah Sanders e vários outros passaram por aqui.
Vivos na cidade – o punk e as mobilizações pelo passe livre no começo dos anos 2000 com Rodrigo Lopes de Barros
Como aproximar o punk das mobilizações que historicamente lutaram e lutam pelo direito à cidade? Podemos especular a influência das produções dos anos 60 próximas aos situacionistas e a crítica ao urbanismo moderno, podemos especular a influência dos happenings do Provos, grupo holandês que tinha a cidade como palco para ações de desvio e ocupação tensionando a relação entre o público, o privado e as autoridades, e de forma mais crua, até pensar em como o ganguismo redesenhou a geografia da cidade partindo de uma outra configuração de fronteira.
Olhar pra tudo isso significa olhar para o deslocamento da periferia ao centro. É sobre o fato de pagar para ir ao trabalho, à escola, aos shows e às manifestações, e no Brasil, no começo dos anos 2000, uma geração que já pertencia a uma tradição do punk bastante inclinada às mobilizações de rua, se encontra nas organizações de luta pelo passe livre, juntos de outros movimentos sociais, partidos e coletivos.
Esse episódio é dedicado ao punk e ao Movimento Passe Livre e celebra o livro de Rodrigo Lopes de Barros, "Distortion and Subversion Punk Rock Music and the Protests for Free Public Transportation in Brazil (1996–2011)", publicado esse ano pela Liverpool University Press.
Sistas grrrl’s riot – narrativa de mulheres negras no punk rock com Daisy Serena
O que há no percurso que conecta percepções de mulheres negras envolvidas com o punk, com suas diferenças de espaço e tempo, geografia e geração, entre o centro e a periferia da economia, da produção cultural e intelectual?
Nessa conversa, Daisy Serena nos traz um tanto de sua vida em um exercício que aproxima a pedagogia contida nas práticas e elaborações de Lélia Gonzalez, Bulimia, bell hooks, Bikini Kill, zine Gunk, Sistas grrrl’s riot e tudo mais que couber na ideia de uma vida desenhada em uma conversa de 50 minutos sobre raça, gênero, classe e punk rock.
As ambiguidades políticas e estéticas do metal na periferia do capitalismo com Felipe Nizuma e Pedro Poney
Ouça e descubra como ela começa com Black Sabbath, passa por Mutantes, Rock da Mortalha, ditadura militar no Brasil, Dorsal Atlântica, Chakal, Sepultura, América Latina, Violator, Blasthrash, jornadas de junho de 2013, o assédio do Bolsonarismo sobre a juventude, a decadência do rock, o fenômeno do metaleiro reacionário, neoliberalismo e a atomização da juventude/dos sujeitos, Marx, Walter Benjamin, Milton Santos e até Kant e Fukuyama!
Masterizado por @igordbk/@mitrarecs
A ética da pirataria – desvio, expropriação e o tráfico de cultura com Leonardo Foletto
Desvio, expropriação, cópia, roubo… são muitas as formas de qualificar a prática da pirataria. Uma prática que hoje talvez tenha perdido o sentido, mas que há muito tempo exerce a função de descentralizar e redistribuir cultura.
Dos piratas do séc. XV às práticas da collage surrealista ou détournement situacionista, das rádios livres na Itália dos anos 70 às rádios piratas do Brasil dos anos 90, do boom da internet e da popularização das práticas de difusão de conteúdo que burla o direito à propriedade intelectual ao revés centralizador dos monopólios de streaming.
Uma conversa com @leofoletto sobre tudo isso e algo mais.
Clubber de quebrada – raça, classe e território na música eletrônica de São Paulo com Felinto e Mafalda
Depois de mais de um mês sem episódios, voltamos!
Na companhia de Felinto e Mafalda, cruzamos as experiências e as produções das quebradas através da música eletrônica. Experiências e produções que consideram o trânsito, que abarcam as complexidades das sociabilidades, das disputas de território, da criação de espaços, do mundo que existe entre a zona sul, norte, leste e oeste até o centro.
Do Madame Satã ao Sound Factory, do miami bass ao house, das tretas às assimilações. Dedicado a todo clubber de quebrada, cybermano, poperô, lagartixa ou jangueiro.
Punky reggae party - quando a comunidade jamaicana encontra a juventude britânica com Bruno Lancelotti e Felix Barreira
Ao fim da segunda guerra mundial, a Inglaterra, apesar de vitoriosa, se vê na necessidade de reerguer suas estruturas estremecidas pelos quase 20 anos de conflito entre os países Aliados e os do Eixo. Para sua reconstrução, mão de obra indiana, paquistanesa e caribenha foi incorporada a partir de facilitações nos processos de integração dos imigrantes à sociedade britânica. Com esses imigrantes, veio a cultura, e dessa integração entre os imigrantes e os ingleses, revelam-se novos dilemas nas relações entre a juventude.
Podemos dizer que as experiências musicais e sociais, experimentadas em solo britânico, mais intensas, vivas, criativas e conflitantes se deram no período de 1950 à 1980? Acho que sim.
Um episódio sobre Desmond Dekker, Laurel Aitken, The Clash, Trojan Records, Blue Beat, Don Letts, 2 Tone Records, Lee Perry, Rock Against Racism e algo mais.
Episódio masterizado por Igor Souza, do estúdio Mitra.
Remetente/destinatário – discos, zines e amizades nas correspondências dos anos 90 com Douglas Utescher (Ugra Press)
As correspondências via carta nos anos 80 e 90 foram talvez a única forma dessa geração se corresponder, a mais barata e acessível, mas ao mesmo tempo, foi a principal plataforma para o exercício da escrita e da leitura, do esforço de entender e se fazer entendido, de responder a uma outra temporalidade que está longe de pertencer a lógica do imediato e do simultâneo.
Douglas Utescher se apropriou dessa prática por boa parte da sua vida e refinou suas percepções estéticas, políticas, músicas e literárias através dela.
Sub e Grito Suburbano – coletâneas como documento, memória e comunidade com Clemente Nascimento
Dentre os discos mais importantes do punk nacional, dois são coletâneas. Coletâneas frutos da mobilização de duas bandas que abrem mão de lançar um disco individual, como o Cólera (no caso do Sub) e Olho Seco (no caso do Grito Suburbano), para incluir outras bandas no registro. Aqui temos o primeiro registro daqueles que tiveram a forma independente como método e como princípio, daqueles que tinham na sua negação a sua atividade.
Sub, Grito Suburbano, O Começo do Fim Mundo, Ataque Sonoro, coletâneas gravadas na casa dos amigos que tinham os discos, cartas e fitas trocadas entre punks da Vila Carolina, do meio-oeste dos Estados Unidos ou de algum lugar da Finlândia no começo dos anos 80.
A conversa com Clemente Nascimento é sobre isso.
Black dada nihilismus – a imaginação radical de Amiri Baraka com Nathália Grilo
Amiri Baraka enquanto vivo buscou ser livre até que finalmente fosse. Caminhou junto de Allen Ginsberg, Jack Kerouac e Ted Joans nos inferninhos de Greenwich Village, em Nova York. Conheceu a Cuba em seu processo inicial pós-revolução e volta para casa transformado. Radicaliza sua forma política e estética a partir do nacionalismo negro durante mobilizações pelos direitos civis nos anos 60. Assume o marxismo-leninismo sob o contexto dos movimentos de libertação do terceiro mundo nos anos 70. Fundou editoras, construiu periódicos, lançou discos e levou um tapa na cara do Charles Mingus que não gostou de algum escrito seu sobre Jazz de vanguarda.
Tudo isso sob o som e companhia de alguns nomes como Archie Shepp, Albert Ayler, Cecil Taylor, Sun Ra e inúmeros outros...
Desculpem a descrição bagunçada. A vida de Amiri Baraka foi grandiosa.
Interiorano e ambicioso – entre a vontade de dominar o mundo e a vida sem herança com Diego Max
Diego Max é produtor musical e artista gráfico de Assis, velho oeste paulistano, e desde o começo dos anos 2000 orienta seus afetos criativos a partir da necessidade da descoberta das brechas para se criar um lugar, seja em um apartamento apertado no centro de São Paulo ou na COHAB em sua cidade natal.
Um episódio dedicado aos interioranos e ambiciosos, sem herança, muitas vezes precarizados e cansados por esse mundo que ainda não nos venceu.
Mark Fisher – entre a melancolia da música britânica e da crise do capitalismo
Amauri Gonzo nos fala sobre como Mark Fisher costura em seu pensamento referências que vão de Joy Division, Tricky à Jacques Derrida e Fredric Jameson.
Use o cupom #BalancoEFuria20 e compre os livros do Mark Fisher com 20% de desconto no site da @autonomialiteraria.
Cumbia madre del pueblo – latinoamerica em festa e luta com Pablo Fidel (La Delio Valdez), Pensanuvem (Macumbia) e Gui Miranda (Boxe Vila Anglo)
Do norte do México ao sul da Argentina, a cumbia mobiliza os corpos para se movimentar em sua direção.
Cumbia é sobre amores perdidos, ganhados, festas, ódio à polícia, mas também sobre identidade latinoamericana, auto organização e mobilização coletiva.
Aqui conversamos com Pablo Fidel, membro da importantíssima banda de cumbia argentina La Delio Valdez, que não é só grande pela qualidade musical, mas também pela forma cooperativa de funcionamento baseada nas experiências das fábricas argentinas recuperadas pelos operários no começo dos anos 2000, Pensanuvem, que há 10 anos nos aproxima da linguagem cumbiera e de nossos vizinhos latinoamericanos e Guilherme Miranda, que tem sua vida cruzada pela paisagem argentina, do boxe ao futebol, do punk a cumbia.
Ver o jazz – as capas de disco e a fotografia do jazz americano (50-70) com Ricardo Magrão
A fotografia e as capas dos discos de jazz foram potentes o suficiente para forjar no imaginário de seu público uma forma que torna impossível seu não reconhecimento. Uma forma capaz de atingir a síntese mais refinada do que significa beleza e radicalidade, simplicidade e complexidade.
Uma conversa com Ricardo Magrão que cruza a trajetória de nomes como Francis Wolff, Reid Miles, Blue Note, Prestige, Atlantic, Black Jazz e outras mais.
O pós-punk paulistano nos anos 80 – entre a vanguarda estética e a vanguarda política com Miguel Barella e Alex Antunes
Os últimos anos da ditadura no Brasil foram permeados por um espírito do tempo que soprava um vento que trazia como novidade política e artística movimentações que iam do trotskismo da LIBELU ao som do Gang of Four, das intervenções do grupo Viajou Sem Passaporte aos encontros no Madame Satã, da necessidade de romper com a complexificação proposta pelo rock progressivo a vontade expandir com o minimalismo que compõe o pós-punk.
Esse é um passeio de 77 a 85 com Miguel Barella e Alex Antunes.
Nossa pátria é o mundo inteiro, nossa lei é a liberdade – entre o internacionalismo do punk e do futebol com Mandioca
Das partidas que aconteciam entre uma banda e outra no galpão do Jabaquara, durante as Verduradas, para a formação de um time punk, à esquerda e antifascista que criou conexões com times da mesma dimensão em outros países da Europa e da América do Sul.
Uma conversa sobre punk, torcidas organizadas, futebol de várzea, outras formas de se formar um time e se organizar uma partida, movimentos autônomos, antifascismo e sobre o que estamos fazendo e o que podemos fazer de nossas vidas.
Dos Racionais MC's aos Paiter Suruí – canções e lutas por terra e liberdade com Txai Suruí
No começo desse mês de novembro, em Glasgow, na Escócia, aconteceu a COP 26, Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, e a representante do Brasil nessa conferência foi a ativista indígena Txai Suruí, que além apresentar as demandas de seu povo, denunciar as iniciativas de um governo devastador e alertar o mundo sobre o massacre de indígenas que acontece em solo brasileiro, trouxe em seu discurso referências que iam dos zapatistas aos Racionais MC's.
Uma conversa sobre luta, terra, território e também sobre rap.
Punks, skins e socialistas – as virtudes e contradições dos movimentos de juventude nos anos 80 com Mao
O processo de redemocratização do Brasil, Desmond Dekker, as greves operárias do ABC no fim dos anos 70, a convergência estético-política da origem operária dos punks e skinheads, as contradições e as virtudes que compõem a prática de cada um, a fundação do PT, a coletânea Strenght Thru Oi!, a retomada das mobilizações dos movimentos sociais, Redskins… os que moram do outro lado do muro nunca vão saber o que se passa no subúrbio.
Uma conversa sobre punks, skins e socialismo com o professor Mao.
1 por amor, 2 por dinheiro – pelo direito de viver do que se faz com Sistah Chilli
1 por amor, 2 por dinheiro é sobre descobrir, pesquisar e fazer som com e sem grana.
Uma conversa com Sistah Chilli.
Do cinza ao sol – o desembarque do grime londrino em solo brasileiro com Antconstantino
O cruzamento do dancehall, drum & bass, jungle, ragga e rap nas ruas de Londres no começo dos anos 2000 fez com que uma nova expressão musical à margem, impulsionada pelas rádios piratas e sound systems, se desenvolvesse. O Grime é a síntese dessa mistura no som e da crueza da vida vivida na lírica. Este episódio com Antconstantino percorre o caminho que rememora a trajetória do gênero em seu início até respingar no Drill quando inspira os estadunidenses e no funk, quando chega ao Brasil.
Sob este asfalto, existe terra – quando o punk encontra a causa indígena com Andreza Poitena e Josimas Ramos
A articulação do punk com movimentos de resistência dos mais diversos sempre foi notável. Da causa palestina aos direitos dos animais, de movimentos de ocupação ao direito à cidade... enquanto mobilização estético/político/cultural, é um movimento que historicamente foi capaz de assimilar as demandas de seu tempo e se por ombro a ombro com aqueles protagonizavam a luta, e com a causa dos povos originários não seria diferente.
Andreza e Josimas, além de voltarem sua vida para construção de espaços para o fortalecimento do anarquismo, do punk, do veganismo e do faça-você-mesmo, também atuam ao lado dos Tupi Guarani com o Vivência na Aldeia.
Do atlântico ao spiritual jazz – corpo, barulho e espiritualidade com Nathália Grilo
Ao cruzar o atlântico rumo às Américas, a diáspora africana levou consigo tantas coisas quanto deixou. A espiritualidade, as formas de sociabilidade e a linguagem desaguavam em suas expressões sagradas e musicais. Do blues ao free jazz, de Amiri Baraka à Kamasi Washington, da relação de John Coltrane com o islã à formação musical dentro da igreja católica de Billie Holiday, a espiritualidade rebelde estava lá.
Hip Hop Rio – as características do desenvolvimento do rap carioca com Marcelo D2
A singularidade do rap carioca sempre foi notável, da lírica às batidas, das influências à personalidade daqueles que o fizeram, são muitos os elementos que marcaram a forma de se fazer rap no Rio de Janeiro nos anos 90 e 2000.
Uma conversa com Marcelo D2 que atravessa os bailes funk dos anos 80, a influência do skate e do punk para o rap e um caminho único que consegue cruzar Sonic Youth e Public Enemy e The Cure e Jovelina Pérola Negra numa mesma ideia de composição.
Jamericans – a razão jamaicana do hip hop estadunidense com SonoTWS
Uma conversa com SonoTWS que atravessa figuras como Count Machuki, U Roy, Kool Herc, Born Jamericans, Pete Rock, InI e algumas outras coisas nesse ensaio livre sobre as relações entre a cultura jamaicana e o hip hop.
Keep the faith – o northern soul e o swing das margens com Lovesteady
KEEP THE FAITH
Testemunha ocular - a fotografia e a música independente na São Paulo dos anos 80 com Rui Mendes
Uma passagem por sua formação na ECA-USP e as bandas de pós-punk que surgem dali, sua relação com parte das bandas punks da periferia, por casas como Napalm e Madame Satã e pela longevidade de um trabalho que registra importantes momentos de bandas como Cólera, Ratos de Porão e Mercenárias, assim como de Racionais Mc's, Tim Maia, Bezerra da Silva e inúmeros outros.
A arte de não vender – entre a música experimental e a política radical com J.P. Caron e Bruno Trochmann
Um episódio sobre os artistas do fracasso e a constituição de comunidades no subsolo da indústria cultural.
Fugazi, Henry Flynt, John Cage, Ben Davis, Adorno, Marx, a cena japonesa e a realização política a partir da organização coletiva se misturam nessa conversa sobre música experimental, noise, free-jazz, punk, arte conceitual e derivados.
Link do texto que baseia o episódio:
https://lavrapalavra.com/2020/06/04/gato-tosco-contra-tigres-de-papel/
Sangue, suor e soul – o Blaxploitation e a música negra norteamericana dos anos 70 com Maria Eduarda
Shaft, Superfly, Sweet Sweetbacks Baaddassss Song, Coffy, Isaac Hayes, Curtis Mayfield, Earth Wind & Fire, crítica a violência policial, subversão dos papéis sociais, violência, humor, crítica ao racismo estrutural, soul, funk, Motown e Stax.
Um episódio sobre a vida do cinema e da música negra norteamericana dos anos 70.
Música de assistir – celebrar documentários com In-Edit Brasil com Maurício Gaia e Andrea Pasquini
O In-Edit é um evento cinematográfico que tem como objetivo fomentar a produção e a difusão de filmes documentários que tenham a música como elemento integrador. Começou em 2002 em Barcelona e desde 2009 acontece no Brasil.
Uma conversa que contempla dos primeiros atravessamentos entre música e produções audiovisuais de Maurício Gaia e Andrea Pasquini (membros da organização e curadores do festival) até a programação e a composição do evento que acontecerá esse ano.
Em 2021, a 13ª edição será realizada online, para todo o Brasil, entre os dias 16 e 27 de junho.
Autodidatismo e as artes plásticas – a música, a imagem e a experimentação material com Alexandre Cruz Sesper
Das capas dos discos do Subhumans e Black Flag as semelhanças com o trabalho de Laurie Rosemberg, do encontro com o Discharge ao encontro com John Heartfield, dos flyers de shows a exposições em galerias, de trabalhos na sala de amigos ao acervo da MAC-USP...
Uma conversa com Sesper que apresenta as influências, recursos e atravessamentos de uma trajetória artística que cruza as ruas e as galerias.
Haverá futuro? – como o punk e a ficção científica especulam o fim do mundo com Acácio Augusto e Wander Wilson
O Começo do Fim do Mundo, No Future, guerra fria, bomba nuclear, ascensão do neoliberalismo, desemprego, alta tecnologia e baixa qualidade de vida, William Burroughs, Blade Runner, anos 80... seriam os punks os maiores anunciadores do apocalipse ou do fim do futuro da segunda metade do séc. XX?
Uma conversa com Acácio Augusto e Wander Wilson.
Ame o boxe, odeie o fascismo – centros autônomos e formação de comunidade através da luta com Breno Macedo e Raphael Piva
Existe um caminho que cruza o boxe com a tradição política socialista das ocupações italianas, com os interesses de Julio Cortázar, Miles Davis e Prince Buster, com a luta pelos direitos civis nos Estados Unidos, com a discussão do jovem anarquista inglês Albert Meltzer com a grande Emma Goldman, com a composição da Frente de Choque do Partido Comunista Brasileiro nos anos 30 contra os fascistas e algumas coisas mais.
Conversa com Breno Macedo e Raphael Piva sobre boxe, autonomia e antifascismo.
Escutem!
Space is the place – espaço, cidade e a cosmologia de Sun Ra com Malu de Barros
Sun Ra é uma potência capaz de redirecionar nosso olhar ao ler o mundo, sua arte nos diz sobre ciência, filosofia, espiritualidade e também pode nos instrumentalizar para realizar uma crítica ao urbanismo, à cidade e ao território, e é sobre isso que Malu de Barros nos fala.
Por entre os rasgos da modernidade – da collage surrealista à colagem punk com Fabiana Gibim e Mário de Alencar
Por entre os rasgos da modernidade revelam-se expressões que no juntar dos cacos do mundo mostram sua potência.
O ato de colar papel sobre uma superfície vem desde a antiguidade e atravessa o mundo em desencanto, a realidade da guerra e a crise da vida no capitalismo. Uma técnica apropriada por artistas de vanguarda, de não-vanguarda, pela contracultura, pelos intelectuais, pelo punk e por quem quis.
Uma conversa sobre pappier colé, assemblagem, collage, colagem com Fabiana Gibim e Mário de Alencar.
Nazi hippies fuck off – da contracultura à direita alternativa com Amauri Gonzo
Quando foi que a direita passou a evocar pautas historicamente defendidas pela esquerda ou oriundas de meios contraculturais? Como se dá esse movimento que esvazia termos e conceitos, subvertendo o sentido para benefício próprio? Seria capaz a direita prosperar produzindo cultura da pior qualidade, como vem fazendo? Haverá futuro? Haverá futuro?
Essas são algumas questões que Amauri Gonzo nos apresenta nessa conversa.
As skateparts e a formação musical – a trilha sonora em primeiro plano com Kamau
Muito antes dos algoritmos ditarem o que você deve ouvir primeiro, os vídeos de skate faziam o serviço de curadoria musical para composição de cada parte, fazendo com que em uma hora de vídeo você passasse por John Coltrane, King Diamond, Nas, Jeru the Damaja, Patife Band, Jackson 5 e Gang of Four.
Kamau no mic.
A pedagogia do cartaz - entre o papel, a forma e a palavra com Camila Rosa
O cartaz é parte essencial das produções oriundas da contracultura. É o espaço em que a arte e a mensagem se realizam, em que há a possibilidade do experimento e de tradução de recortes complexos da história com texto e imagem, ou menos que isso.
Camila Rosa é ilustradora e nessa conversa atravessamos um caminho que visita brevemente suas referências e sua trajetória, dos flyers de shows punks que denunciavam o movimento do mundo às ilustrações de Emory Douglas nas ações dos Panteras Negras.
Escutem!