David Santos, Celebrante - Poesias, Reflexões & Versos

Existem dias que terá contigo apenas você, no silêncio deles escutará unicamente o som de seus pensamentos e os ruídos do ambiente que está. Recordará de todos os momentos felizes, mas, também, daqueles que te derrubaram, olhará as cicatrizes e dirá: Venci!


Talvez, veja feridas novas. Algumas a sangrar, outras a reabrir, mas ao olhar para as que já estão cicatrizadas, perceberá que quase toda dor é passageira. E, mais que as lágrimas, é necessário curar, mesmo que o sal a ser utilizado seja aquele que sai de nossos olhos.


Nesses dias que temos apenas nós mesmos, que os amores e as paixões nos deixaram sozinhos, sozinhas. Sinta as pessoas que estão contigo, aquelas positivas que estão em seu coração, talvez teu Deus ou Deusa. E se alimente das energias que nos dão.


Existem dias que terá apenas você, mas não significa que está sozinha ou sozinho. Viva, para que hajam outros dias que não estará só.

Disse Jesus: Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve. (Mt11,28-30).
A vida é uma caminho que não fazemos sozinhos, mas na companhia de outras pessoas, algumas delas nos deixam por motivos naturais e outras por motivos que desconhecemos. Para nós é impossível conhecer o coração do outro, mas o autor da vida, Deus, tudo sabe e nas palavras de Jesus, nos acolhe em seus braços, como um Pai Misericordioso que aguarda o retorno de seu filho, sem julgamentos.
Não sabemos os motivos que levam algumas pessoas a desejar sua precoce partida, somente Ele que está nos céus que conhece nossos corações, o jugo não cabe a nós, mas ao Senhor da Vida. Quando lembrar da pessoa amada que fez sua travessia, não olhe com tristeza, mas a agradeça pela vida partilhada, faça sua prece costumeira, diga em seu coração.
Meu amigo, minha amiga, prossiga para um caminho de Luz, pois o Pai Misericordioso lhe espera de braços abertos, com jugo suave e lhe preparou um delicioso banquete, parta em paz, que nós encontraremos a paz!
Nós que permanecemos devemos na esperança e na fé compartilhar nossas indignações com o Senhor da Vida, para que ele a luz do Cristo conforte nossos corações e nos conduza em um caminho de paz.

Oremos por nossos irmãos e irmãs que partiram.

Sexta-feira Santa


David Santos


Traído por um beijo, vendido por algumas moedas, preso pelo desejo de seus sacerdotes, torturado pelo império e assassinado frente aos amedrontados olhos dos seus.


Um judeu marginal que dava dignidade aos marginalizados, que trazia à vida os mortos, que manifestava a alegria do viver em suas ceias, até aquela derradeira, onde lavou os pés.


Nem o canto matutino do galo encorajou, em procissão carregou o madeiro de sua cruz, foi de face ao chão e no entardecer foi erguido sobre a cabeça dos homens e das mulheres.


De seu peito jorrou a água da vida e de seus lábios soou o pedido de perdão. Suspira e brutalmente morre o único homem justo, nascido de mulher e divino.


No templo o véu se rasga diante da injustiça e a mansão dos mortos se dobra diante do cordeiro de Deus, da redenção.

Quem dividiu o tempo? Quem fez essa mísera conta que nos limita a segundos, minutos, horas, dias, semanas, meses e anos? Quem ou o que deu aquele estalo que iniciou esse ciclo que despertamos? Quem? O quê?

Tempo, sentido e vivenciado de infinitos modos, mas certeiro a todos(as). Nele experimentamos nosso auge, o findar de muitos e projetamos o nosso. Tempo, amigo e inimigo. Tempo que demarca ciclos. Quantas pessoas nos deixaram esse ano e não completaram a elipse solar? A elas minha prece de que estejam agora em outro tempo, tempo de Eudaimonia.

A nós que, possivelmente, atravessaremos essa viagem em torno da fonte de nossa vida, desejo: mais vida para 2022, que o minguar dessa lua não seja empecilho para nosso florescer, que a Ciência e a Sabedoria vençam as trevas do negacionismo e que haja vida, vida em abundância!

Feliz Ano Novo!

São os votos de: David Santos

Não se ocupe d'outro daquela imagem alheia que te destelha. Olhos de alter-egos desvelam imagens e imagens são refletidas de distorcidas maneiras, não dependem de ti, mas de algo fora de ti.
Há também a sua percepção que, as vezes, te distorce. Imagem é parâmetro não é absoluto, o estar no mundo não é absoluto, algumas vezes é absurdo, outras vezes, encontro de pontos de vista.
Ocupe-se de ti que na silenciosa e abrupta solidão se sustente, cuide e console. Permita apenas que suas lágrimas resfriem o calor de seu brilho, mas nunca que ele se apague por um mero ponto de vista alheio, mas suba nele e veja de mais alto e se for necessário mudar de rumo, mude e nunca olhe para trás com imagem de lamento.
Não precisa esquecer d'outro, pois o risco de dar o mergulho de Narciso é absoluto e assim padecerá na própria imagem. Das suas, das dele, das dela reflita e siga o conselho de Delfos: Conhece a ti mesmo!

Uma rosa tem uma beleza tão singular que não cabe em si, salta e nos rouba o olhar. Preenche a alma, reitera aquele pequeno espaço vazio que teima em permanecer em nós. Sua delicadeza é um sinal de alerta, pois é guardada por pequenos espinhos que não exitam em tirar um pouco de nosso sangue, talvez, não de má fé, mas por cuidado. A imagem da rosa nos acompanha no despertar do amor e no findar de todos os amores, seja nas mãos postas para recebê-la, as mãos postas ao peito para levá-la.
À paixão remete o amante, a amante a imagem da rosa. Ela é um atrativo tão grande que não percebemos, ao início, o quão grande podem ser as sequelas de seus pequenos espinhos, mas, talvez, não haja amor sem paixão, sem essa beleza que salta e nos rouba a alma.
Já o amor não é a simples resistência aos males da paixão, não pode ser considerado resiliência, mas compreensão. Compreensão de que o outro, de que nós, por mais belos, por mais belas, que sejamos, possuímos arestas que podem ferir. Passamos por fases, por podas, por florações, mudamos.
Mais que a manifestação do Belo, o amor é uma ação ao encontro d’outro, a nós. É uma forma de reconhecimento e acolhimento. É o compromisso que tenho para comigo que me leva ao compromisso com quem me furtou o olhar. Uma rosa tem uma beleza tão singular que nos leva a amar.

Disse o Poeta:
"Minha terra tem palmeiras onde canta o sabiá."
Nessa terra tem pessoas que votam em quem as quer matar.
De minha janela imagino a polícia o negrinho alvejar.
A criança sem escola, sem internet a distância estudar.
Na urna tem um "homi" que o Brasil quer piorar.

Com mentiras está a frente, por elas quer governar.
Com mentiras está a frente, por elas quer governar.

Nem as cores de nossa bandeira soube ele respeitar.
Para uma vermelha, branca e azul continência soube dar.
Minh'alma lacrimeja sangue ao pensar em imaginar.
Um povo a beira da miséria que pelo voto quer suicidar.
Filhos e filhas da Pátria Amada, cuidado! para os poetas não matar.

Com mentiras está a frente, por elas quer governar.
Com mentiras está a frente, por elas quer governar.


Nossa terra não terá palmeiras, nem sabiá a cantar.
Povo pobre, povo rico vamos ver até sangrar.
Quanta gente pelas ruas e calçadas irão morar
Esse povo que Não Teme a Própria Morte pelo voto quer suicidar.

Com mentiras está a frente, por elas quer governar.
Com mentiras está a frente, por elas quer governar.

"Minha terra tinha palmeiras onde cantava o sabiá"
"As aves gorjeavam, nosso céu cinzento está"
"Nossas várzeas secaram, flores não nascem lá"
"Nosso povo desencontra mais prazer por lá"

David Santos




Conheci uma mulher, incrível mulher

Enquanto uns se deitavam, ela em pé

Não pelo seu querer, mas pelo fazer

Conheci essa mulher, incrível mulher


Seu nome nunca ouvi dizer, seu rosto

Ele sim eu posso ver. Ver em quem?

Na mulher ao lado, na de traz

Na que luta, que vive, que lutou, que viveu


Na marginalizada, na agilizada, na que ri

Conheci e conheço uma mulher, bem aqui

Nesse Mundo que crio, neste que me cria

Mulheres tornadas mulheres, que se criam


Construído Homem, perdi aquela mulher

Que habita no meu íntimo eu, feminino eu

Junto a mulher que conheço, me conheço

E no caminhar, desperto em mim Ela.

A Cruz Sagrada seja a minha luz, não seja o dragão o meu guia. Retira-te, Satanás! Nunca me aconselhes coisas vãs. É mau o que tu me ofereces, bebe tu mesmo o teu veneno! Amém!

Vendo Minh’alma!

Vendo minh’alma, sim a vendo!
Diante de tanta dor, de tanta ceifa, a vendo!
Meu corpo até colocaria no prego, penduraria
Porém corpos são materiais, não duraria

A alma sim, tem valor, a vendo!
Dela vem toda vontade e todo desejo
Fonte de um quiasma que não vejo
Vendo minha alma, sim a vendo!

Vendo a vida como está, a vendo!
Não é por mal, apenas quero que vá
Não veem como as coisas estão por cá
Digo uma única coisa, a vendo!

Espera, quero me escutar: Vendo minha alma, a vendo!
Não, como posso pendurar meu sopro, o que está havendo?
A fonte do desejo e da vontade não tem valor
Não, não vendo minh’alma, vendo meu amor!

Esse sim pode ser comprado: Qual é seu valor?
Não pode ser pago em dinheiro, mas em calor!
Calor da reciprocidade, da cumplicidade: é amor!
Vendo o valor da minh’alma não a vendo, vendo amor!

Noite
David Santos


Noite serena, noite nublada e noite fresca
Traga com tua sombra a brisa que refresca
Venha contigo o sono, o repouso, o descanso
Venha contigo o livrar, o que me deixa manso

Divindade que me trás aconchego
Não permita que o mal roube meu sossego
Que teus guardas vigiem e eu não tenha medo
Meus lábios e minha alma oram teu credo

Credo silêncio, creio olhar, creio amar
Que hoje e nunca me tirem o gosto do amar
Que eu possa com meus olhos contemplar
O puro, o doce, o teu terno olhar

Noite querida vem comigo descansar
Vem comigo Quero te amar
Em teu sereno ventre adentrar
Para ver nascer o belo amanhecer

Pense: o que causa te alegria? O que te causa angústia?
Todos os dias fazemos, na maior parte das vezes, as mesmas coisas, nos ocupamos dos mesmos problemas, muitas vezes, não damos conta de reter aquilo que nos anima e enviar para bem longe aquilo que nos tira o ânimo de viver.
Nossa vida é constituída de uma mesmice. O mesmo amor, a mesma dor,..., as mesmas notícias e o "velho novo" que se revela no cotidiano. É inseguro mudar, mais fácil é permanecer, e às vezes, padecer.
Se por mais longa que seja, nossa vida é breve, por qual motivo viver o mesmo se esse mesmo nos desanima.
Mudar, reconstruir, reanimar, reconstituir: Pode parecer difícil, mas é extremamente necessário para que possamos viver e viver com alegria. Não precisamos nos destituir do habitual, mas necessitamos fazer dele o novo.
Primeiro temos que nos desfazer de tudo que nos causa angústia, principalmente das situações e das pessoas que não dependem de nós, para cultivarmos em nosso jardim existencial o que nos alegra, o que nos edifica, o que nos motiva a viver e assim Florescer em nossa existência o novo que nos traz à vida, que nos revela amores ainda não vividos.

Observamos

David Santos

Observamos, participamos, discutimos
Discutimos assuntos que nunca vimos
Falamos daquela mulher que não é mulher
Falamos daquele homem que parece mulher

Julgamos, julgamos, julgamos, não amamos
Não amamos a pessoa que se joga a frente
Não amamos a pessoa que nos mostra os dentes
Deixamos de amar, pois apenas julgamos

João nasceu homem, maria nasceu mulher
Não vimos como João aprendeu a ser
Não vimos como Maria aprendeu a ser
Um aprendeu a ser homem e outro mulher

Condicionados a viver sob a pena de aprender
A pena de aprender a ser homem e mulher
Não vimos como morreu João, nem Maria viver
Se foram felizes e se encontraram seu ser

Apenas observamos essa matança, essa intolerância
Reprimidos pela maneira que lidamos conosco, sem observância
Que homem não sou, muito menos mulher, sou humano
Profundo, superficial, ideal, real e surreal humano.

Finados.

Algumas pessoas recordam neste dia daquelas que não percebiam quando estavam presentes em suas vidas e lamentam suas ausências, outras recordam e agradecem pela alegria de terem vivido juntas até o último segundo.
Nesta brevidade que nomeamos de vida aprendemos que o não estar d'outro em determinados momentos é uma realidade e que o nosso estar no mundo ainda é real.
Quantas pessoas enterramos vivas em nosso cotidiano? Quantas vezes destruímos o melhor de nós mesmos em nome daquilo que não nos edifica?
Aos perceptiveis e aos que não foram perceptiveis, nossa gratidão. Vocês nos ensinaram e nos ensinam que a vida é um breve estar no tempo. Uma brevidade que deve ser experienciada no seu eu mais profundo.
Recorde nesse dia daqueles que já se foram, daquelas pessoas que já fizeram a travessia para o Inomeavel. Não leve somente flores, velas, incensos e oferendas aos seus epitáfios. Leve o mais puro de ti, respire e diga no seu mais íntimo.
Gratidão!
Gratidão!
Gratidão!

Não há dignidade em olhar para trás com o intuito de lamentar e de se colocar em um tempo que não nos pertence. O passado é apenas uma referência daquilo que fizemos, do que não somos , do que não seremos e das decisões que tomamos.
Não há dignidade em retroceder e em olhar para um tempo que não nos pertence. Viver consiste em seguir para Novos Horizontes, traçar trajetos desconhecidos,..., e encontrar na existência, nossa essência.
O caminho, para frente pode ser longo ou pode ser curto, o tempo de sua duração não depende exclusivamente de nós, mas caminhos são feitos para serem transpassados por nossos passos. No caminhar encontramos obstáculos, também encontramos belas paisagens e refrescantes Fontes. Descobrimos a solidão e partilhamos companhias agradáveis.
Cada caminho, é um caminho, não há uma receita mágica, não há sentido único, apenas existem traçados que nos conduzem a víveres, a um estar no tempo e no espaço.
Olhe para trás com sabedoria, pois teu passado é a chave para o teu futuro. Futuro escrito exclusivamente no teu presente, assim viva, viva e viva, pois nossa vida é única, não há outra: sorria, alegre-se e ame-se.

Caminhe a vida é plena de belezas!

Salmos 23

1 O SENHOR é o meu pastor, nada me faltará.
2 Deitar-me faz em verdes pastos, guia-me mansamente a águas tranqüilas.
3 Refrigera a minha alma; guia-me pelas veredas da justiça, por amor do seu nome.
4 Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam.
5 Preparas uma mesa perante mim na presença dos meus inimigos, unges a minha cabeça com óleo, o meu cálice transborda.
6 Certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei na casa do Senhor por longos dias.

Salve!

David Santos

Tudo tiraram de nós, tiraram os bens, aquele sentimento que não soubemos cultivar, o amor, tiraram, mas não fomos e não foram capazes de tirar o bem mais precioso.
Quantas vezes diante d'um Outro, de outra realidade, nos prostramos e com uma fé que não chega ao tamanho da menor partícula ainda não vista do átomo,imploramos: Me ajude!
Para mim, eram todas faces de mulheres brancas, mulheres negras e mulheres nativas. Eram rostos de Marias, manifestação pura da Ruah Divina, as pessoas que me acolheram e que me acolhem.
Ao caminharmos para sorte de Jó, oráculos dizem: Perderá tudo!
Mesmo na profundeza do mar no estômago de um ser marinho, uma coisa nos é preservada. A vida!
É ela o dom maior que nos possibilita do nada se tornar algo, de reerguer e de ressurgir das profundezas. É caminho de uma realidade melhor.
Nossas armas são as armas de uma criança sadia: a alma pura, um coração que sabe perdoar e a infinita capacidade de sonhar.

Salve, Salve a criança, Salve as crianças, Salve Maria, Salve as Marias!

Abandonada
novembro 10, 2017

David Santos


Fui totalmente pisada, arrasada
Fui pessoa que apenas usada
Levei você a tantos lugares
E a mim não lançava olhares
Mirava para frente, para o mar
E quando nele entrava me tirava a par
Usou-me, me usou, com crueldade
Lançou sobre mim o peso da obesidade
Ao campo, à praia e ao mar
Foi lá sem mesmo me olhar
Algumas vezes nem me lavou
Jogou-me ao lado e em casa entrou
Sou chinelo, sou sandália, calçado sou
No fim de minha vida lançado sou
Não a existência, já perdi minha essência
Jogado, jogada, ao lixo, lançada a demência
Levei vocês a tantos lugares, e o que ganhei
Nem um recado no hall de entrada ganhei
Nem um mero obrigado, obrigada, não sei
Teu peso carreguei com gosto, te amei
Suas marcas, suas marcas, comigo levarei

Vento
David Santos

A vida é como o vento
Quando suave passa e refresca
Dura bom tempo e da paz
Refresca a alma e alivia

Quando é forte pode destruir
Dura pouco tempo e pode matar
Derruba folhas quebra galhos
Desarmoniza o lugar

Seja brisa, seja tempestade
A vida como conheço acaba
Se é vento dura bom tempo
Se é raio logo passa

Brisa; vento; raio; tempestade
Que não falte entre nós: cumplicidade
Que a vida nos traga reciprocidade
Enquanto mergulhamos na felicidade

Buscamos a Felicidade, alguns a todo custo, até em detrimento D”Outro. Percebemos, no caminhar que a vida, às vezes, não é um caminho suave e de fardo leve, no pesar, o jugo que nos amarra aos nossos julgos é pesado, difícil de carregar.
Depositamos na vida dores e angústias que não deveríamos carregar, mas carregamos, de modo voluntário ou involuntário. O que fazer com esses fardos que pesam nosso jugo e sufocam nossa respiração existencial?
Na história da humanidade um homem um dia disse: “O meu jugo é suave e o meu fardo é leve” (Mt 11,30). Talvez a receita da Eudaimonia seja o coração manso e humilde, semelhante ao cordis desse homem e de tantos outros homens e mulheres que semearam o amor e a paz pelo mundo.
Juízos temos, não há animal humano que seja livre deles, porém quem se desvela diante de nós não pode ser contido em nossos conceitos, muitos menos nós nos conceitos desse Outro.
Reflitamos sobre nosso jugo e sobre nossos fardos. Até que ponto nossos juízos são responsáveis pelo peso de nossos fardos? Como esse peso pressiona meu jugo e me sufoca?
Como exercício de libertação, escreva todos os “julgos”, que considera negativos em um papel, reflita sobre o peso deles em sua vida, veja quais dependem de ti e quais não dependem de ti.
Aqueles que não dependem de ti queime e jogue suas cinzas para bem longe, já os que dependem de ti, reflita: Por que os faço tão pesados? Retire de sua vida o peso do julgo que faz com que teu jugo te sufoque.

Instagram: @pedavidsantos

Evangelho de Jesus Cristo Segundo Marcos

O amor!

David Santos

Olho e sinto, o teu cheiro, o teu gosto, o teu sabor
Recordo a todo instante, da tua face, do teu labor
Reflito e penso: É amor? É ele que quero?
No repente me vem, amor não é o Eros!

Eros, quanto encantamento e desejo me desperta.
Virará tu um dia aquela bela Philia, que me aperta.
Aperta forte em teus braços e diz, fica eu cuido de ti.
Agradecerei, retribuirei teu abraço, cuidarei de mim e de ti.

O Ágape, a ti Eros e a ti Philia, poderá ser um ideal
Ideal inatingível, pois ele é Puro, Divino e Real
Tão real, mas tão real, que o tangenciamos
E o vivenciamos na pessoa e nas pessoas que amamos

Hora Eros, hora Philia, hora tocamos o Ágape
Tocar e sentir essa energia Divina do Amor
Nos liberta de qualquer vestígio de dor
Vem amor, me toca amor, nos toca Ágape

Salmos 13

1 Até quando te esquecerás de mim, SENHOR? Para sempre? Até quando esconderás de mim o teu rosto?
2 Até quando consultarei com a minha alma, tendo tristeza no meu coração cada dia? Até quando se exaltará sobre mim o meu inimigo?
3 Atende-me, ouve-me, ó Senhor meu Deus; ilumina os meus olhos para que eu não adormeça na morte;
4 Para que o meu inimigo não diga: Prevaleci contra ele; e os meus adversários não se alegrem, vindo eu a vacilar.
5 Mas eu confio na tua benignidade; na tua salvação se alegrará o meu coração.
6 Cantarei ao Senhor, porquanto me tem feito muito bem.

A Vidente

Era um entardecer comum. Eu estava dirigindo e peguei duas passageiras que falavam de uma tal benzedeira. Eu atormentado por meus problemas que queriam roubar-me de mim, perguntei quem era, se cobrava e onde eu à encontrava. Deixei as passageiras no metrô retornei.
Estacionei meu carro e adentrei naquele beco, no final dele um portão, o nome da vidente gravado em uma placa, algumas velas acesas e no fundo aquela senhora que já me avisaram que não era católica.
Eu Peregrino me deparei diante dela que me acolheu e de cara me disse: Como viveste até agora sem parada na vida? nunca teve alguma!
Com seus banhos levou de mim aquela dor que me acompanhava há décadas, à dor de não ter onde parar, de buscar um sentido em tudo e não encontrar um sentido em nada, quem sou, para vocês o narrador, o Padre.

Sobre o amor

Já ouvi muito dizer
Palavras, regras à fazer
Falam sobre o amor
Alguém sabe o que é o amor?

Não o poético o platônico
Não o cômico o onírico
Quero saber desse amor
Desse amor que se vive com ardor

Sobre o amor, sobre o amor
Nada à falar tenho sobre ele
Sobre o amor, sobre o amor
Viver na carne basta ele.

David Santos
@pedavidsantos

“Pai é quem cuida!” ou pai é quem ama? Assim como há uma diversidade de filhos existe uma diversidade de pais. Uns trazem “paz” e os que somente jogaram a semente distanciam as pequenas vidas da paz. O reconhecimento da paternidade não vem do solo que germinou a semente, mas da vida que realiza suas capacidades.
Hoje é uma data comercial, nossa paternidade não se resume a ela. Nossa paternidade está contida no cotidiano, no levantar e no deitar que resume nossa busca pela felicidade dos nossos, das nossas.
Pai, pense em quem lhe proporcionou esse belo aprendizado e dentro de sua fé, faça uma prece para as vidas que cuida, que ama e sorria! Não há gratidão maior, independente de nossos erros ou acertos, do que conhecer o amor de um filho, de uma filha.

Feliz dia dos pais!
David Santos
@pedavidsantos

Ser aquela mosca, que fora de mim vê o que eu não posso ver.

Ser aquele corpo, que sob ou abaixo do meu encontra seu gozo.

Estar presente no momento exato que falam de mim e falar de mim.

Falar de mim, como um outro eu e assim pontuar todos defeitos meus.

Encontrar comigo na rua e olhar para meus surrados olhos castanhos.

Ver o esbranquiçar de meus cabelos, o nascer de minhas rugas, belas rugas

O desejo de desejar algo que nunca serei ou terei, apenas desejar, amar

O despejo do meu ego, dos egos que dizem que carrego, dos que carrego

No abandono deles, encontrar o ego que não conheço, mas que me revela

O olhar alheio, para que seja meu e assim imerso em mim, me ver sem espelhos

Quieta, vem e rouba

Calada, caminhos ilumina

Sensata, recorda quem sou

Discreta, sem alarde relembra


Rouba a vida que se tem

Ilumina caminhos a se escolher

Recorda quem já se foi um dia

Relembra quem se deve ser


A vida não é sádica

A vida não é cíclica

A vida é continua

Pelos fatos recorda a vida


Silenciosa ela grita

Grita quem se foi, quem se é

Relembra que caminho projetou

Recorda qual é a estrada


No silêncio, na lágrima

Traz de volta o que se foi

Resgata o que foi perdido


Traz novamente sentido

@pedavidsantos

Caminho

Qual é o caminho que percorre? O que está a buscar? Com qual sentido se relaciona?
Em tempos de idas, são muitas questões para uma vida estática. Vida aparentemente estática, mas que se movimenta, pois o ponto de referência dela, não são os caminhantes.
Percorra o caminho tendo ciência das feridas abertas nos pés, nele encontrará seus remédios. Preste atenção por onde anda e encontrará na tua estrada novos sentidos, curas e cicatrização. Relacione-se com os sentidos que a vida lhe oferece e quando eles não pertencerem à ti liberte-os com gratidão.
Caminhe, caminhe e caminhe, mas não se esqueça que o caminho pode não ser o fim e que as imagens que ele lhe oferece são eternas.

David Santos

@pedavidsantos

Pessoas

Pessoas são como o movimento do ar, passam por nossas vidas. Umas como uma brisa suave, algumas como um dia sem brisa e poucas como uma tempestade. Como o movimento do ar, pessoas passam e seguem seu caminho, mas deixam seu frescor e suas marcas.
As que consideramos boas deixam o alívio e as tempestivas deixam o poder do recomeçar ou do seguir, mas um dia seguem seu caminho, como nós também seguimos os nossos. O que importa é que o caminho seja de eudaimonia, da “vulgar felicidade”.
Resta a quem permanece, ter fé e crer que a Fonte Criadora, para alguns Deus, não para de soprar e mesmo nos dias sem brisa, “sem ar”, Ela sopra e nos inspira diante da face daquele Outro a desvelar um novo mistério que pode permanecer ou seguir seu devir.
Seguir, sim, seguir. Nosso desejo de que elas permaneçam é fruto do puro querer e assim como o vento, as pessoas estão além do nosso desejo. Ame agora, ame antes que a tempestade ou a brisa suave siga sua direção.

Paz, Luz e Prosperidade!

David Santos
@pedavidsantos




O vitorioso sufoca o derrotado

O milionário se alimenta do miserável

O banquete precede à fome

O sorriso esconde a lágrima


Devir da sobrevivência, opaca existência

Um caminhar que busca sua essência

Perdido na pura vida da indecência

Conquistas, derrotas sem procedência


Na vida tudo e todo que deixa de servir

Vira descarte, prossegue, para o fim do devir

Não há misericórdia ou condolência

O inútil se perde em sua indecência


Sem lágrima, sem saudade, sem lealdade

Visão dura da vida ou reflexo da realidade

São corpos dóceis e inúteis nas calçadas

São almas lançadas na existência calada


O inútil, a inútil, o ajudante, a ajudante

A plasta que mendiga o pútrefo errante

Existentes, sobreviventes, amantes

Sabem que nenhum dia é como antes

Luz

A poesia.

Homenagem ao Tio Vicente

Reflexão que escrevi no dia do nascimento de meu filho.

Leitura bíblica