DigiLabour
By Rafael Grohmann
DigiLabourOct 28, 2019
Sarah Roberts
Sarah Roberts, professora da University of California, Los Angeles, é uma pioneira na pesquisa sobre o trabalho dos moderadores de conteúdo das mídias sociais. Ela chama atenção especialmente para a moderação realizada por terceirizados de grandes empresas, como Facebook e Google. Foi uma das entrevistadas do filme The Cleaners e lançou em junho o livro Behind the Screen: Content Moderation in the Shadows of Social Media, resultado de oito anos de pesquisa nos Estados Unidos e nas Filipinas. Roberts afirma que a moderação de conteúdo não é algo novo, remontando a algo feito há quatro décadas. Para ela, o novo é a sua escala industrial, sendo um poderoso mecanismo de controle. Como já discutimos na DigiLabour desde o início, é o trabalho humano por trás da chamada “inteligência artificial”. Pessoas que trabalham em lugares como call centers e também em plataformas de microtrabalho como Amazon Mechanical Turk. Passam o dia vendo cerca de 1500 fotos e vídeos para decidir o que manter e o que deletar das plataformas digitais. Para Roberts, o trabalho de moderação comercial de conteúdo reforça a Internet como lugar de controle, vigilância, intervenção e circulação da informação como mercadoria.
Virginia Eubanks
Em Automating Inequality, Virginia Eubanks mostra como a automatização e o uso de algoritmos nos serviços públicos tem reforçado e acelerado desigualdades, com a vigilância e o perfilamento dos pobres. Segundo ela, a automatização dos serviços públicos começou nos anos 1960 nos Estados Unidos e intensificou-se nos últimos anos, criando uma aura de eficiência, objetividade e infalibilidade. Mas, na verdade, isso estaria criando uma versão digital das poorhouses no país, punindo as pessoas por serem pobres. Quais os valores e crenças embutidos nos algoritmos? Como isso tem reforçado as desigualdades? Como confrontar essas lógicas? Eubanks, que é professora de Ciência Política da State University of New York, em Albânia, conversou com DigiLabour sobre esses assuntos presentes em Automating Inequality.
Antonio Casilli
Antonio Casilli, professor da ParisTech, lançou em 2019 o livro En Attendant Les Robots: enquete sur le travail du clic. Em entrevista para DigiLabour, Casilli comenta sua nova pesquisa sobre microtrabalho na França, já com alguns resultados publicados. O autor prefere falar em “plataformização” em vez de “uberização” do trabalho, por envolver diferentes maneiras de extração do valor a partir das distintas plataformas de trabalho digital. Além disso, Casilli comenta alternativas ao cenário do trabalho digital.
Jack Qiu
Jack Linchuan Qiu, professor da Escola de Jornalismo e Comunicação da Chinese University of Hong Kong (CUHK) tem se dedicado a pesquisar o trabalho digital na China. Em 2017, publicou o livro Goodbye iSlave: a manifesto for digital abolition. Em entrevista para DigiLabour, Qiu fala sobre trabalho digital no Sul Global, plataformização e dataficação do trabalho na China, circuitos de trabalho, Shenzen, Tecno e iSlave.
David Beer
David Beer, professor de Sociologia da University of York, Inglaterra, lançou no fim de 2018 o livro The Data Gaze: Capitalism, Power and Perception. Após pesquisa sobre 34 empresas de análise de dados, Beer aborda como o imaginário de dados molda nossa percepção sobre questões como neutralidade, relevância e transparência dos algoritmos e dados. Em outras obras, como Metric Power e Popular Culture and New Media, o autor já tinha trabalhado questões como métricas, circulação de dados e políticas de circulação. Confira entrevista exclusiva com ele!
Judy Wajcman
Judy Wajcman é professora da London School of Economics e tem se dedicado a investigar questões de tecnologia, tempo, gênero e trabalho. Entre seus livros mais famosos, estão TechnoFeminism e Pressed for Time: the acceleration of life in digital capitalism. Wajcman considera a tecnologia como prática sociomaterial, resultado de uma série de decisões concretas tomadas por grupos em tempos e espaços concretos. Da mesma forma, as práticas temporais também são sociomateriais, e a organização social do tempo depende de questões de gênero e classe. Em sua pesquisa mais recente, a partir de entrevistas com engenheiros, Wajcman trata dos calendários digitais como parte de uma racionalidade mais ampla do Vale do Silício de "gestão eficiente do tempo", procurando otimizar a "produtividade" e minimizar o desperdício de tempo". Na entrevista, Judy Wajcman fala sobre esta última investigação e também sobre tópicos que marcaram sua trajetória: tecnologia, aceleração, tempo e trabalho, e como essas questões são atravessadas por relações de gênero.
Mary Gray
Mary Gray é antropóloga e pesquisadora da Microsoft e juntou-se ao cientista da computação Siddharth Suri para investigar os trabalhadores invisíveis por detrás da chamada inteligência artificial no livro Ghost Work: How to Stop Silicon Valley from Building a New Global Underclass.
https://digilabour.com.br/2019/03/06/ghost-work-entrevista-com-mary-l-gray/