Toma e Lê - Espiritualidade Agostiniana

Com este episódio de agradecimento encerramos o nosso programa Toma e Lê - Espiritualidade Agostiniana. A todos os que nos acompanharam ficam o nosso agradecimento. Aos que escutarão esses podcasts no futuro, saibam que este projeto nasce do profundo desejo de difundir a espiritualidade de Santo Agostinho em um tempo de distanciamento e dificuldades. Mas em tudo agradecemos a Deus nosso Senhor, louvor a Ele hoje e sempre. Cor Unum in Deo!!!! 

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"Senhor Deus, já que nos destes tudo, dai-nos a paz: a paz do repouso, a paz do sábado, a paz sem ocaso. Pois toda essa ordem belíssima das coisas extraordinariamente boas, uma vez que cumpram sua tarefa, hão de passar. Tiveram sua manhã e sua tarde. [...] Também nós, uma vez realizadas nossas obras, que são também muito boas porque Tu nos as destes, descansaremos em Ti no sábado da vida eterna" Santo Agostinho, Confissões XIII, XXXV, 50-51.

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Somos filhos amados de Deus, fracos e limitados. Porém capazes de Deus, dotados, por Ele, de inteligência e liberdade para escolher, assim somos chamados a sermos colaboradores de Deus. Ser colaboradores da construção de seu reino, mas também colaboradores da ação de Deus no mundo, inclusive em nossa própria vida. Diz Santo Agostinho: "Deus que te criou sem ti, não te salvará sem ti"; assim devemos estar abertos a ação de Deus e também atuar como Ele espera de cada um de nós.

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O apostolado, ou serviço à Igreja é um dos pilares da espiritualidade Agostiniana, pois a Igreja é nossa Mãe que nos gera na fé e nos impulsa a servir-la em todas as pessoas, pois todos somos o Corpo de Cristo. O exemplo maior nos vem do próprio Santo Agostinho, que desejando levar uma vida retirada, junto a seus amigos, para buscar a Deus nos estudos e na vida consagrada, e teve que abrir mão para servir a Igreja como presbítero e posteriormente como bispo. Mas não precisa ser padre, bispo, religioso ou religiosa para poder servir a Igreja, todos os batizados são chamados ao serviço desde as possibilidades de cada estado de vida.

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Diz São Tiago em sua carta que "a fé sem obras é morta", o que nos leva a crer? Que a fé é fruto das obras? Pelo contrário! Uma fé firme em Deus não pode gerar outra coisa que boas obras. O Cristão, a exemplo de Jesus, segue o seu mestre em tudo, no falar, no testemunhar e sobre tudo no agir. Jesus passou pelo mundo fazendo o bem, por isso nossa fé em Jesus, filho de Deus e Deus mesmo que se fez carne, habitou entre nós, pregou o Reino dos Céus, morreu e ressuscitou, deve nos levar a viver como Ele viveu.

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Um dos grandes desafios do homem é conectar-se com Deus, conseguir esse sagrado momento de diálogo entre Criador e criatura, não é um problema de hoje, mas nessa sociedade imediatista e materialista em que vivemos o problema é ainda maior. Como então devemos orar a Deus? Santo Agostnho nos fala que a verdadeira oração é um desejo de Deus que nasce do coração, pois antes das palavras, das fórmulas, dos ritos surge no coração do homem um desejo forte de adorar ao seu Deus, de amar e de ser amado. A oração então é fruto de um cultivo deste desejo interior.

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A esperança é uma virtude cristã que está relacionada com a espera. É esperar em Deus, sua salvação e renovação. Mas a verdadeira esperança não deixa o homem estático, antes bem o leva a caminhar e a buscar um mundo melhor, uma vida mais comprometida, uma sociedade mais justa, uma melhor relação com Deus. Em suma, é também um combustível para a caminhada rumo a nossa Pátria, Deus mesmo,

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Santo Agostinho é conhecido como Doutor da Graça, pois dedicou muito de si para demonstrar como nós não ganhamos a Deus por nossos esforços, isso seria inútil, mas sim é Ele quem nos ganha, Ele quem nos sustenta e nos guia com sua graça. A graça é o favor de Deus que se demonstra em nossas vidas, é a salvação manifestada no amor de Deus pelos homens e que teve seu ápice no sacrifício da Cruz de Cristo, ato de amor e doação.

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Deus se fez homem por um amor incodicional a sua criação, em especial aos homens. Na pessoa de Jesus vemos a nossa humanidade sendo sacramentada na divindade de Deus, é Ele que nos une ao Pai pelo Espírito Santo, assim é o mediador entre Deus e os homens e o faz perfeitamente, pois sendo homem é também Deus.

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Afastar-se do caminho da Verdade e praticar o mal, isso é o pecado. Mas ele vai além da dimensão espiritual, ele corrói as relações humanas e atinge com maldade a história do mundo, é só olhar para as desigualdades, a guerra, os conflitos, a discriminação... Para curar tão grande ferida, quem melhor que o grande médico de nossa alma, o próprio Criador?

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Já pensou se amássemos todas as coisas na mesma intensidade? Por exemplo, seria estranho amar o meu pai com a mesma força que eu amo minha escova de dentes. Meio difícil não é? Pois é muito claro que existe uma ordem dos amores (ordo amoris), devemos amar mais o que é mais digno de amor e amar menos o que é menos digno do nosso amor. Mas as vezes bagunçamos essa ordem e isso nos causa um problemão. Temos que lembrar sempre que de Deus surge essa ordem e o amor por si mesmo.

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"Façamos o homem à nossa imagem e semelhança" Gn 1, 26. Somos imagem e semelhança de Deus, foi desejo dEle que o homem, criatura, fosse o reflexo da Beleza, o Criador, que é eterna e imutável. Somos belos, pois tudo o que Deus criou é bom, porém o homem no mau uso de sua liberdade se afasta de Deus e, pelo pecado, vai ficando feio e deformado. É necessário viver na dignidade de filhos de Deus para refletirmos a sua beleza, para transmitirmos a formosura da eternidade.

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"Buscai primeiro o Reino de Deus e sua justiça, e todo o demais vos será acrecentado" Mt 6, 33. A justiça Cristã é buscar fazer a vontade de Deus em nossa vida e na sociedade, dando a cada um e a cada situação a resolução que lhe é de direito. Buscar a justiça dos céus nem sempre é a justiça entendida pelos homens, nem muito menos um fim que agrade a todos, mas sim buscar soluções coerentes com a proposta do Reino de Deus anunciado por Nosso Senhor Jesus Cristo.

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"Quem para no caminho retrocede. Ele te espera"; "É melhor se arrastar no Caminho que correr fora dele". Com estas duas frases de Santo Agostinho podemos ver a importância da perseverança na caminhada rumo ao Céu. Cada um tem um ritmo e Deus não abandona a ninguém, todos andamos rumo à Pátria, rumo a Deus e não importa quando chegaremos, importa chegar e para chegar importa caminhar. 

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A riqueza é melhor que a pobreza? A pobreza é melhor que a riqueza? A questão vai muito além disto. A pobreza desejável é a espiritual, onde o homem é desprendido da necessidade de possuir para ser ou não feliz. A verdadeira riqueza é Deus mesmo, assim o homem deve usar de suas condições para realizar a vontade de Deus, que é o amor a Ele e ao próximo. O que nos cabe é combater a pobreza material como um mal que prejudica a vida dos irmãos, bem como uma riqueza avarenta que põe os bens acima de Deus e da dignidade dos demais.

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"No equilíbrio está a perfeição", este é um ensinamento muito recorrente nos pensadores clássicos. Mas seria essa uma frase 'clichê'? E a moderação, até que ponto pode ser atrativa? São questionamentos que nos levam a pensar no desregramento de vida que leva a nossa sociedade. Vem refletir conosco!

"Que eu me aconheça a mim mesmo para que eu te conheça Senhor!!!". O verdadeiro autoconhecimento é o que nos leva a conhecer a nossa Verdade, que somos filhos de Deus muito amados, mas que também somos frágeis e pecadores, O autoconhecimento nos leva a saber quais são as coisas que nos afastam de Deus e assim estarmos atentos quanto a força das tentações em nossas vidas. Conhecer-nos é conhecer a Deus que nos espera em nosso interior!

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"Senhor tu nos fizestes para Ti e o nosso coração estará inquieto até que descanse em Ti", esse é o grito do homem que Santo Agostinho imortalizou na primeira página de suas Confissões. O homem é um peregrino por excelência, caminha sempre e isso se demonstra em sua natureza, inteligência, mas também deve se demonstrar na vida de fé.

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O amor é um peso? Claro! Mas não um peso de carga ou dificuldade, mas sim o peso da medida, o peso que faz as coisas se direcionarem para o lugar que lhes é próprio. "Meu amor é meu peso [...], cada quem se transforma no que ama" são palavras de Santo Agostinho que nos convidam a amar aquilo que dignifica a nossa pessoa e a nos afastar de tudo aquilo que nos rouba a dignidade de filhos de Deus. Nascemos para as coisas boas, eternas e belas.

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Primeiro programa desta série que apresenta os aspectos fundamentais da espiritualidade de Santo Agostinho. 

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