
O Poema Ensina a Cair
By Raquel Marinho
Um projecto da autoria de Raquel Marinho.
"Melhor podcast de Arte e Cultura" pelo Podes 2021 - Festival de Podcasts.


Inês Francisco Jacob:"Comovo-me com a vulnerabilidade dos meus amigos. Comovo-me quando alguém me escolhe para me contar um segredo. É um privilégio sermos o amparo de alguém."
Inês Francisco Jacob nasceu em 1992. Tem 3 livros de poesia publicados em Portugal, um deles editado também no Brasil. Licenciou-se em Ciências da Cultura e da Comunicação na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, estagiou numa companhia de teatro, foi repórter de música, fez teatro. Começou a escrever na adolescência, pequenos contos e crónicas. Estreou-se na poesia em 2020 com o livro Sair de Cena, edição Não Edições.
Poemas:
Ana Luísa Amaral, A Voz
Daniel Faria,Pórtico
Djaimilia Pereira de Almeida, Livro da Doença (o que é umapessoa?)
Fiama Hasse Pais Brandão, Pedra em Expansão
António José Forte, Dente por Dente
Sophia de MelloBreyner Andresen, Quando
Manuel Resende, Com que então era isto?
Ana Hatherly, O primeiro acto revolucionário é aprender
Maria Velho da Costa, Revolução
Eugénio de Andrade, Espanta-me que estes olhos durem

Graça Fonseca: "Há uma frase de que eu gosto muito do Daniel Innerarity, filósofo basco que escreve muito sobre democracia, e que diz que a grande ameaça da democracia é a simplicidade."
Acredita que nasceu para a causa coletiva e decidiu estudar Direito porque queria trabalhar em Direitos Humanos.Graça Fonseca, 53 anos, ex Vereadora na Câmara Municipal de Lisboa, Secretária de Estado da Modernização Administrativa e Ministra da Cultura entre 2018 e 2022.
Trouxe para a conversa vários poemas de que gosta, e em quase todos há a ideia de liberdade.

Este Mundo é um Vertep (Antologia de Poesia Ucraniana): "Um dos capítulos deste livro chama-se A Guerra, e é sobre as várias guerras que a Ucrânia já passou e continua a passar"
É a primeira antologia de poesia ucraniana publicada em livro em Portugal, e traduzida directamente do ucraniano.
Chama-se Este Mundo é um Vertep, uma alusão a uma tradição do país, considerada também uma forma de resistência.
Tem poemas que atravessam mais de 100 anos da história da poesia ucraniana. O autor mais antigo nasceu em 1885 e o mais recente em 1987.
Naturalmente, alguns poemas falam de guerra, das várias guerras que o país atravessou, e também da mais recente, que começou a 24 de Fevereiro de 2022.
É uma edição Não Edições, com selecção de Nataliya Tsisar e Ana Martins, e tradução de Ana Martins.
Neste episódio, conversamos com João Concha, editor da Não Edições.

Sérgio Godinho: "Comovem-me com certeza as crianças, o começo da linguagem. Aquela idade de ouro entre os 3 e os 5 anos em que, de repente, brota a linguagem."
O Kerouac, Pela Estrada Fora, foi algo que me deu a volta à cabeça.
– Porquê?Porque, de repente, eu senti uma urgência de ir embora, ir pela estrada fora, e acabei por fazê-lo.
É um dos nomes amiores da cultura portuguesa. Cantor,compositor, letrista, escritor de poesia e ficção, actor, Sérgio Godinho nasceu em 1945, no Porto, cidade onde viveu até aos 20 anos quando, a leitura do livro Pela Estrada Fora, de Jack Kerouac – que lhe foi sugerido por Manuel António Pina – o levou a abandonar o país para começar uma viagem por vários anos, que tem início em Genebra e o leva por muitas outras paragens antes de regressar a Portugal já depois do 25 de Abril de 1974.
A sua já longa carreira profissional inclui muitos sucessos musicais - é reconhecidamente um dos nossos grandes letristas - mas também livros de poesia e de ficção narrativa.
Nesta conversa que atravessa a sua vida, escolhe alguns dos poemas que o acompanham, e algumas das suas letras também.

Leituras com Pedro Mexia: "É uma autora muito singular e que não faz nada parecido com outras coisas de pessoas da geração dela."
No quinto episódio da rubrica Leituras com Pedro Mexia falamos sobre 2 livros, uma vez mais, bastante diferentes.
Lavores de Ana, de Ana Cláudia Santos, edição Companhia das Letras e Castelos Perigosos de Louis-Ferdinand Celine, edição E-Primatur, o primeiro volume da denominada «Trilogia Alemã», que narra cerca os cerca de 8 anos de fuga do autor, depois de ser condenado por traição.
Ao longo da conversa, e como costuma acontecer, muitos outros autores são referidos, o que nos permite guardar pistas para outras leituras: Annie Ernaux; Luísa Costa Gomes, Elena Ferrante, Natalia Ginzburg, Fleur Jaeggy, Curzio Malaparte, Maria Judite de Carvalho, Marcel Proust, Stendhal, Jean-Paul Sartre, Robert Brasillach, Pierre Drieu La Rochelle, Roger Vailland, Marquês de Sade, François Rabelais, Paul Valéry, Mário Cesariny, Fernando Pessoa ou François Mauriac.
O próximo episódio desta rubrica será gravado ao vivo no Templo da Poesia, em Oeiras, no dia 5 de Junho, às 21h. Junte-se a nós.

Teresinha Landeiro:"Eu acho que cantar é mais natural para mim e é aquilo que eu faço todos os dias, diariamente. Mas a escrita é o que me faz sonhar, é aquilo que me faz ter vontade de cantar. "
"Um dos poemas que eu trago aqui, já o cantava na escola, esaiu-me na escola, num teste de Português. - Qual era? ‘A Escada Sem Corrimão’, David Mourão-Ferreira. "
Teresinha Landeiro tem 29 anos, 3 discos, muitos anos passados em casas de fado, uma vida que começou por se fazer em Azeitão e se mudou para Lisboa para acompanhar as guitarras, os fadistas, e os sonhos por cumprir.
Chegou a pensar ser médica, formou-se em gestão, mas adada altura o fado impôs-se.
Ao longo desta conversa, ficamos a conhecer a sua relação precoce com a palavra, com a poesia mas também com o fado; o que pensa disto de ser artista ou de escrever canções. Acompanhamos a sua biografia a partir dos poemas que elege para a conversa.
Poemas:
1 - David Mourão-Ferreira – Escada Sem Corrimão
2 - Sebastião da Gama – Quando eu Nasci
3 - Cecília Meireles – Canção (Naufrágio)
4 - Mário Cesariny – Estação
5 - Fernando Pessoa – Contemplo o lago mudo
6 - Adília Lopes – A propósito de estrelas
7 - Daniel Faria – ‘a criança fecha os olhos no muro’
8 - Mário Quintana – Da felicidade
9 – Mário Quintana – Rua dos Cataventos
10 – Alexandre O’ Neill – Poema pouco original do Medo
11 – Alberto Caeiro – Eu nunca guardei rebanhos(excerto)
12 – Sophia de Mello Breyner – 25 de Abril
13 – Paulo Leminski – um bom poema leva anos

Luiza Mussnich: 'A poesia usa das mesmas palavras que a gente usa para comprar pão, para falar com cachorro, para pedir um copo de água, mas ao mesmo tempo ela tem uma outra espessura.'
"Eu acho que ser poeta ou não ser poeta não tem a ver só com escrever versos ou não. Acho que tem a ver com uma maneira de a gente estar no mundo, de a gente se relacionar com o mundo."
Luiza Mussnich nasceu no Rio de Janeiro, em 1991. É mestre em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio e autora dos livros de poesia “Todo o resto é muito cedo” (Bazar do Tempo, 2024) ; “Tudo coisa da nossa cabeça” (7Letras, 2021) e “Lágrimas não caem no espaço” (7Letras, 2018). Tem poemas publicados em suplementos literários como o jornal Rascunho e o caderno Pensar do jornal Estado de Minas. Colaborou para as revistas Piauí, 451 e Vogue Brasil.
Aproveitámos uma visita sua a Lisboa para gravar este podcast, e foi um belo encontro, uma vez que só nos conhecíamos virtualmente.
Luiza trouxe 10 poemas para a conversa, que listamos abaixo, e mais umas surpresas curtas, a que chamou 'bónus', e que deixamos para o final da conversa.
Poemas:
1 – Cristina Peri Rossi, A Paixão
2 – Vinicius de Moraes, Poética
3 - Laura Wittner, ‘vão meus filhos uns metros à frente’
4 – Mary Oliver, ‘Mistérios, sim’
5 – Laura Erber, ‘eu também quero sentar ao teu lado atrásdas cortinas fechadas’
6 - Anne Stevenson, O casamento
7 – Álvaro de Campos/ Fernando Pessoa, Poema em linha recta8 – Julio Cortázar, O Futuro
9 – Paulo Leminski, ‘os dentes afiados da vida’
10 – Carlos Drummond de Andrade, Poema de sete faces

J. P. Simões: "Se por um lado a poesia sempre foi uma coisa que esteve presente, e com carinho, por outro lado para mim também é uma espécie de buraco negro."
"Há em muitos poemas do Pessoa um certo descontentamento por as palavras não terem sido aquela coisa mágica. Então, não sei se de algum modo eu não apanhei essa doença pessoana de miúdo."
Cantor, compositor, letrista, contista e dramaturgo, JP simões nasceu em Coimbra, em 1970. Para usar as suas palavras, cresceu enfiado nos seus “redemoinhos interiores”, sempre com uma “sensação de desajuste”.
Ao longo desta conversa conta como, com o passar dos anos, percebeu que esse desajuste - tendo sido um período difícil - é também o lugar onde foi buscar inspiração para algumas das coisas que lhe trazem felicidade, como fazer canções.
Estudou Ciências da Comunicação e é mestre emTeoria da Literatura pela Universidade de Lisboa (FLUL). Integrou os Pop Dell’Arte, os Belle Chase Hotel, um álbum do Quinteto Tati, antes de iniciar, em 2007, uma discografia em nome próprio com o álbum “1970” – o ano do seu nascimento.
Mais recentemente fez um disco que é uma homenagem a José Mário Branco, cantor que descobriu aos 12 anosquando escutou pela primeira vez o tema Inquietação. Poemas:
Fernando Pessoa – Qualquer música
Mário de Sá-Carneiro – Cinco horas
Alexandre O’ Neill – Um Adeus Português
Herberto Helder – Lugar Lugares (Os Passos em Volta)
Konstantinos Kavafis – À espera dos bárbaros
Konstantinos Kavafis – Intelecto
Livro:
J. D. Salinger – À espera no centeio

Leituras com Pedro Mexia: "Agora, na verdade, não estamos a voltar ao campo, estamos a dizer-lhe adeus definitivamente."
Neste novo episódio da rubrica 'Leituras com Pedro Mexia' , gravado ao vivo no Templo da Poesia, em Oeiras, o ponto de partida para a conversa são 2 livros bastante diferentes: ABC da Leitura, de Ezra Pound, publicado originalmente em 1934, agora disponível para os leitores portugueses numa edição da Maldoror, e Adeus, Campos Felizes, Antologia do Campo na Poesia Portuguesa do Século XIII ao Século XXI, seleção e ensaio de Rui Lage.
Como costuma acontecer, a partir desas duas sugestões, a conversa convoca muitos outros autores e referências, como, por exemplo Aquilino Ribeiro, Miguel Torga, Gil Vicente, Eça de Queiroz, Bernardim Ribeiro, Sá de Miranda, Luís deCamões, Cesário Verde, Camilo Pessanha, Fernando Pessoa, Teixeira de Pascoaes, A. M. Pires Cabral, Ferreira de Castro, Camilo Castelo Branco, Rui Knopfli, Andreia C. Faria, Armando Silva Carvalho, Nuno Júdice, Rui Pires Cabral, José Miguel Silva, T. S. Eliot, W. B. Yeats, Baudelaire, Dante, Shakespeare, Lord Byron, Gavin Douglas, Geoffrey Chaucer, Confúcio e Homero, Ovídio, Catulo e Propércio, Dante, Villon,Voltaire, Stendhal, Gustave Flaubert, Arthur Rimbaud. Sapho, William Wordsworth, Wallace Stevens, W. H. Auden, Ernest Hemingway, Graham Greene, Franz Kafka, Robert Musil, Óssip Mandelstam, Rainer Maria Rilke, Alfred Tennyson, Novalis, Friedrich Hölderlin, Almeida Garrett, Konstantínos Kaváfis, Sophia de Mello Breyner Andersen, Paul Éluard, Herberto Helder, Machado de Assis ou Harold Bloom.

Amalia Bautista: "Provavelmente, a poesia é uma forma de indulgência para comigo também, de conseguir ser um pouco mais carinhosa comigo."
Amalia Bautista é poeta e jornalista. Licenciada em Ciências da Informação, publicou o primeiro livro de poesia pouco tempo depois de ter começado a trabalhar como jornalista na área da Ciência. Amplamente traduzida e publicada em Portugal, e, podemos dizer, muito gostada, estudou jornalismo porque, conta, tinha mais jeito para escrever do que para fazer outras coisas, e acreditava que não teriaoutras possibilidades para ganhar a vida. No trabalho com a linguagem não acredita, no entanto, que o jornalismo e a poesia tenham muita relação. Nesta conversa para a qual escolhe alguns poemas de que gosta muito, incluindo um português, fala-nos das três feridas referidas pelo poeta Miguel Hernández num poema - o amor, a morte e a vida - , explicando que não lhe ocorrem muitas mais coisas fora desses três conceitos que impulsionem a criação.
Poemas:
Desamor - Rosário Castellanos
Volta até mim no silêncio da noite – Nuno Júdice
Soneto XXXVII - Garcilaso de la Vega
Vietnam - Wisława Szymborska
Herido de Amor - Federico García Lorca
Soneto CXXVI - Lope de Vega

Ana Maria Magalhães: "O mundo real é muito mais rico do que a ficção. Se neste momento em Portugal estiverem 10 escritores a escrever estão 10 milhões de pessoas a viver a sua vida."
É uma das escritoras mais reconhecidas em Portugal, senão pelo público dito adulto, certamente pelos mais jovens. Ana Maria Magalhães, uma das autoras da colecção Uma Aventura, nasceu em Lisboa, em Abril de 1946.
O contacto com a poesia faz-se primeiro em casa, numa família grande e sempre com muita gente por perto, porque a mãe não só contava histórias aos 5 filhos como lhes dizia e lia poemas. Começou a ler aos 7 anos, e tornou-se desde cedo uma leitora voraz. A família dizia que iria ser escritora, mas Ana Maria Magalhães começou por ser professora. Desse período guarda inúmeras recordações que partilha nesta conversa.
Quer ser recordada em primeiro lugar como uma boa pessoa, depois, naturalmente, como uma das autoras desse sucesso literário infanto-juvenil que vendeu mais de 9 milhões de cópias: "Eu escrevi quase 200 livros mas sou autora da colecção Uma Aventura e é assim que gostaria de ser recordada, e espero que seja."
Poemas
Luís de Camões – Amor é fogo que arde sem se ver
Cesário Verde – De Tarde
Gonçalves Dias – Canção do Exílio
João Roiz de Castelo-Branco - Cantiga partindo-se
Sophia de Mello Breyner Andresen – Deriva VIII
António Gedeão – Pedra Filosofal
Carlos Drummond de Andrade – Quadrilha
Manuel Bandeira – Vou-me embora pra Pasárgada
Fernando Pessoa – D. Dinis (Mensagem)

Mia Tomé: "Na verdade, o meu desejo para a vida é poder infinita cavalgar. "
Actriz, amante de rádio e de poesia, Mia Tomé deu voz aoprojecto Natália, uma homenagem a Natália Correia por ocasião do centenário da autora e, mais recentemente, a Emily Dickinson com o novo álbum “Há um Herbário no Deserto”. Nasceu em maio de 1994, fez a Escola Superior de Teatro e Cinema e depois o Lee Strasberg Theatre and Film Institute, em Nova Iorque, com uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian.
Gosta da voz, de dizer as palavras, mas também deouvir e dar palco a outros. Poemas:
1 – Mário Cesariny, Autografia
2 – Emily Dickinson, Pudesse eu Infinita Cavalgar, traduçãode Ana Luísa Amaral
3 – Emily Dickinsom, Uma Dama Vermelha, tradução de AnaLuísa Amaral
4 - Natália Correia, X Eu Não Sou Deste Mundo
5 – Joana Espadinha, Ficar (Tema escrito por JoanaEspadinha, interpretado por Carminho)
6 – Conceição Lima, Mátria
7 – Rui Reininho, Quem
8 – Ana Paula Tavares, Quantas Coisas do Amor
9 – Teresa Muge, Havemos de nos Ver Outra Vez, temainterpretado por Camané
10 - Miguel Torga, Lírica

Leituras com Pedro Mexia: "Acho que é muito importante ler os poetas antigos, aqueles em que há um estranhamento da linguagem."
Georges Perec e Francisco Sá de Miranda são os dois autores escolhidos por Pedro Mexia para o terceiro episódio desta rubrica com sugestões de leitura.
Francisco Sá de Miranda nasceu em Coimbra, em 1481. Viveu em Itália entre 1521 e 1526, e trouxe de lá os géneros, as estrofes e metros da “medida nova”: as canções, as cartas, as éclogas italianas, as elegias, o decassílabo, o terceto, o soneto.
Pedro Mexia seleccionou alguns poemas de Sá de Miranda para o livro "Sá de Miranda, Antologia Inquieta", edição Opera Omnia, e destacou também a obra completa do autor editada pela Assírio & Alvim.
Georges Perec foi um destacado romancista, cineasta e ensaísta francês. Depois de estudos de Sociologia e História na Sorbonne, estreou-se com As Coisas, em 1965. O êxito A Vida – Modo de Usar (Prémio Medicis 1978) fê-lo dedicar-se exclusivamente à literatura. Em 1967, passou a integrar o OuLiPo, de Raymond Queneau, em nome da experimentação e da procura de novas formas literárias.
O livro As Coisas foi recentemente publicado em Portugal, numa edição da Antígona com tradução de Luís Leitão.
A partir dele, conversamos sobre a sociedade do consumo, o movimento OuLiPo, a forma como a literatura pode reflectir a sociedade e os movimentos sociais. Como costuma acontecer, a conversa visita muitos outros autores que, de uma forma ou de outra, dialogam com os que Pedro Mexia escolheu.
São referidos neste episódio: Alain Robbe-Grillet, Nathalie Sarraute, Michel Butor, Claude Simon, Samuel Beckett, Graham Greene , JamesJoyce, Joe Brainard, José Cardoso Pires, Roland Barthes , Pierre Bourdieu, Raymond Queneau, Italo Calvino, Jorge Luis Borges, Gil Vicente, William Shakespeare, Luís de Camões, Herberto Helder, Paul Celan , Catulo, Padre António Vieira, Ruy Belo, Alexandre O’ Neill, Jorge de Sena, Johann Wolfgang von Goethe, Friedrich Hölderlin, Friedrich Nietzsche, Dante Alighieri, Camilo Castelo Branco, StefanZweig.

Helder Macedo: "Se se é o mais fraco tem de se dar o primeiro soco."
Ensaísta, romancista, poeta, professor, Helder Macedo nasceu nasceu a 30 de novembro de 1935, em Krugersdorp, na África doSul. Passou a infância em Moçambique e regressou a Lisboa com 12 anos, tendo mais tarde frequentado a Faculdade de Direito de Lisboa. Reside em Londres, onde foi Camões Professor of Portuguese e é Emeritus Professor no King’s College. Foi professor visitante em várias universidades, entre as quais Harvard, Universidade Federal do Rio de Janeiro, École des Hautes Études en Sciences Sociales e Universidade de Santiago de Compostela.
Em Portugal, foi secretário de Estado da Cultura no governo de Maria de Lourdes Pintasilgo. Em 2024 foi distinguido com o Prémio Vasco Graça Moura-Cidadania Cultural.Acaba de lançar o livro de poesia "Corpos da Memória", edição Caminho.
Nesta conversa, percorremos a sua biografia através da sua relação com a palavra. Primeiro, nos poemas que a mãe lhe lia ainda na infância ou os que começou a escrever ainda com 9 ou 10 anos; depois na descoberta da poesia de Mário de Sá-Carneiro através da sugestão de um explicador de matemática, para de seguida integrar do Grupo do Café Gelo onde, conta, aprendeu a recusa.
Através das escolhas que elege para o podcast, trazemos para a conversa alguns dos seus autores, aqueles que estudou, investigou e sobre quem escreveu ao longo da vida. Camões, Sá de Miranda, Bernardim Ribeiro, são alguns exemplos.

João Paulo Esteves da Silva II: "Comove-me o som de certos pianos Steinway."
Nesta segunda parte do podcast com o pianista, compositor, poeta e tradutor João Paulo Esteves da Silva continuamos a conversar sobre alguns dos poemas de que mais gosta. Os seis poemas que integram este episódio foram traduzidos por João Paulo para a ocasião. Muito agradecemos esse cuidado.
Poemas:
1 - Renée Rivet- Borac, Os Velhos
2 - Dalia Ravikovitch, Três ou quatro ciclâmenes
3 - Mordechai Geldman, Sozinho também esta manhã
4 - Carlos Marzal, OXALATO DE CÁLCIO (CAC2O4)
5 - Fredrick Seidel,80. Em Cap Ferrat
6 – Fredrick Seidel, França Agora

João Paulo Esteves da Silva I: "Um bom poema para mim é um poema que tem de correr esse risco de causar escândalo. "
João Paulo Esteves da Silva nasceu em 1961. É filho de mãe pianista, pai filósofo, e neto de dois pianistas pelo lado materno.
É professor da Escola Superior de Música de Lisboa na licenciatura em Jazz desde 2009, a par de uma carreira com muitos anos onde cabem inúmeras colaborações, em concertos e discos, com músicos nacionais e estrangeiros, e uma crescente aproximação e diálogo entre a música e outras artes, como a fotografia, o cinema ou o teatro para onde traduziu, por exemplo, Samuel Becket, August Strindberg, William Shakespeare ou Pier Paolo Pasolini.
Com os anos, vem também ganhando espaço o lugar da poesia, tanto como poeta como tradutor. Publicou até ao dia de hoje 11 livros, e traduziu vários autores como, por exemplo, Baudelaire, Valéry, Paul Celan ou Ingeborg Bachman. Além do francês, traduz do hebraico, inglês e castelhano.

Djaimilia Pereira de Almeida: Nunca poderia fazer critica literária porque eu só gosto de falar das coisas de que gosto. E não tenho paciência nenhuma para ser justa."
Djaimilia Pereira de Almeida publicou o primeiro livro Esse Cabelo, em 2014, e desde então mais 13. Os seus livros e ensaios receberam vários prémios, incluindo o Prémio Oceanos e o Grande Prémio de Romance e Novela APE/DGLAB 2024, e estão traduzidos em dez línguas.Nesta conversa, a partir de alguns dos poemas de que mais gosta, ficamos a saber, por exemplo, que já muito pequena escrevia poemas que depois mostrava na escola e ao avô, que na adolescência não só lia muita poesia como chegou a bordar uns versos de Alberto Caeiro na bata da disciplina de Técnicas Laboratoriais de Biologia, que chegou a roubar a página de um livro de Herberto Helder da Biblioteca da Universidade, tal era a necessidade de trazer consigo aquele poema.
São muitas as reflexões que surgem no decorrer desta conversa, e muitas as pistas para conhecer melhor esta autora que nasceu em Angola, em 1982, se mudou para Portugal aos 3 anos e encontra na escrita não apenas uma forma de fazer as pazes consigo mas também uma forma de tentar constituir o lugar de onde possa ter vindo, a sua própria família, ascendência e até herança.
Poemas:
1 - Manuel Gusmão, A Velocidade da Luz
2 - Herberto Helder – Tríptico (excerto)
3 - Sá de Miranda – Comigo me desavim
4 - Angélica Freitas – Rilke Shake
5 - José Luiz Tavares – Pela mão de Cesário
6 - Álvaro de Campos – Notas sobre Tavira

Leituras com Pedro Mexia: "A Djaimilia é ao nível da frase. É, digamos assim, na tradição portuguesa recente, o que é por exemplo alguém como a Maria Velho da Costa."
No segundo episódio da rubrica Leituras com Pedro Mexia, conversamos sobre Djaimilia Pereira de Almeida e Dylan Thomas.
A partir da obra "Livro da Doença", edição Relógio D' Água, falamos de outros livros da autora e de outros autores.
Na conversa sobre Dylan Thomas, partimos do livro "Eu Vi o Tempo Assassinar-me, uma antologia", com tradução de Frederico Pedreira e edição Assírio & Alvim.
Neste episódio, e porque hoje é Dia de São Valentim, lemos alguns poemas de amor de poetas nacionais e estrangeiros.
São muitos os autores e as referências que aparecem nesta conversa, a propósito das escolhas de Pedro Mexia.
Rui Knopfli, Annie Ernaux, Michel Houellebecq, Fiódor Dostoiévski, Vladimir Nabokov, Philip K. Dick, Maria Velho da Costa , T. S. Eliot, W. H. Auden, Philip Larkin, Ted Huges, Sylvia Plath, Pablo Neruda, Charles Baudelaire, Arthur Rimbaud, W. B. Yeats, José Régio, James Joyce, João Guimarães Rosa, Wallace Stevens, Ezra Pound, Federico García Lorca, FriedrichHölderlin, Friedrich Nietzsche, Luís de Camões, Alexandre O’ Neill, Paul Éluard, António Ramos Rosa, Mario Vargas Llosa, Francesco Petrarca, Dante Alighieri, Edgar Allan Poe, William Carlos Williams

Inês Fonseca Santos II: "A arte não nos salva, mas é o mais próximo que temos disso. "
Na segunda parte da conversa com Inês Fonseca Santos, trazemos para a mesa poetas contemporâneos, e várias reflexões sobre o que se vai fazendo na poesia em Portugal.
O papel da arte e o tempo, este tempo tão acelerado em que vivemos, são outros dos vários temas abordados a partir das escolhas poéticas da nossa convidada.
Poemas segunda parte:
Luís Quintais, VII (Riscava a palavra dor no quadro negro)
Rita Taborda Duarte, Fechado para balanço
Tatiana Faia, Ganhar Balanço
Raquel Nobre Guerra, Frutos de Verniz
João Paulo Cotrim, monstro, eu?
Livro:
Um Dia na Vida de Abed Salama, Nathan Thrall. Tradução de Sara Veiga, edição Zigurate.

Inês Fonseca Santos I: "Não nos resta outra coisa senão tentar a aproximação possível, usar a palavra como uma sonda."
Ainda antes de começar a ler, ouvia as palavras dos autores lidas em voz alta pelos avós. A avó lia-lhe ficção, o avô poesia. Alguns dos versos da sua vida serão estes de Álvaro de Campos: Come chocolates, pequena/ Come chocolates! / Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates./
Precisamente, Inês Fonseca Santos, escritora e jornalista, é viciada em chocolates desde criança e o avô, que lhe lia o poema Tabacaria, também lhe dava chocolates às escondidas dos pais.
Licenciou-se em Direito pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, mas encontrou encontrou o ambiente certo para se sentir em casa quando fez o mestrado em Literatura Portuguesa Moderna e Contemporânea na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde estudou a obra de Manuel António Pina para fazer a tese de mestrado, poeta e jornalista de quem se tornou muito próxima.
Publicou vários livros de poesia e de literatura infantojuvenil, e gosta de privilegiar o contacto com a infância e o tal espanto inicial que vamos perdendo à medida que crescemos.
Poemas primeira parte:
José Fonseca Santos, Angola
Miguel Torga, Astúcia
Álvaro de Campos, Fernando Pessoa, Tabacaria
Manuel António Pina, Passagem
António Franco Alexandre, [Vi Roma arder, e neros vários]

Gregório Duvivier: "Eu acredito que a poesia precisa estar onde o povo está."
Gregório Duvivier nasceu no Rio de Janeiro, em 1986. Actor de teatro e cinema, escritor, poeta, humorista, criador com outros amigos do fenómeno A Porta dos Fundos, licenciou-se em Letras, talvez por ser antes de qualquer coisa um enamorado das palavras e das suas possibilidades.
Esteve recentemente em Portugal, um país onde se sente em casa e sobre o qual já escreveu até poemas, para mais uma peça de teatro chamada O Céu da Língua.
Neste episódio, conversamos sobre alguns dos poemas de que mais gosta, e sobre os assuntos que eles sugerem. O amor, o humor, a palavra, a poesia.
Poemas:
Vinicius de Moraes – Soneto da Fidelidade
Eugénio de Andrade – Adeus
Fabricio Corsaletti – Teu Nome
João Cabral de Melo Neto – Galo tecendo a manhã
Bruna Beber – quanto tempo falta para a gente se ver hoje

Leituras com Pedro Mexia:"O Herbert é um europeu de corpo e alma, não apenas pelas certezas mas também pelas dúvidas."
Nesta nova rubrica do podcast "O Poema Ensina a Cair", Raquel Marinho recebe Pedro Mexia uma vez por mês para conhecer e conversar sobre as suas sugestões de leitura.
Neste primeiro episódio conversamos sobre Fleur Jaeggy, autora suíça que escreve em italiano e sobre Zbigniew Herbert, poeta polaco.
Fleur Jaeggy (n. Julho 1940) tem 2 livros publicados em Portugal pela editora Alfaguara - Felizes Anos de Castigo e Viagem no Proleterka , ambos traduzidos por Ana Cláudia Santos.
A poesia de Zbigniew Herbert (1924-1998) foi publicada recentemente no livro Poesia Quase Toda, editado pela Cavalo de Ferro, com tradução de Teresa Fernandes Swiatkiewwicz.
Ao logo desta conversa, e a partir dos autores escolhidos por Pedro Mexia, são mencionados vários outros autores.
Evelyn Waugh
Robert Walser
Saul Bellow
Truman Capote
Karl Ove Knausgård
Heinrich von Kleist
Franz Kafka
Ingeborg Bachmann
Machado de Assis
Fernando Pessoa
Wislawa Szymborska
Czesław Miłosz
Milan Kundera
Michel de Montaigne
Osip Mandelstam
Nadejda Mandelstam
Joseph Brodsky
Baruch Espinosa
T. S. Eliot
Rainer Maria Rilke
William Shakespeare
Harold Bloom

O Desembarque das Ondas, Antologia para Ingmar Bergman
Chama-se "O Desembarque das Ondas, Antologia para Ingmar Bergman", e é o resultado de um desafio da poeta Raquel Nobre Guerra a 72 autores portugueses para escreverem a partir da obra do cineasta sueco.
A edição é da Livraria Linha de Sombra, situada na Cinemateca Portuguesa, onde decorreu o lançamento em meados do passado mês de Dezembro; o prefácio de Luís Miguel Oliveira e o posfácio de Joana Matos Frias.
Estivemos lá. Conversámos com a antologiadora e alguns dos autores.

Júlio Resende (II):"Acho que uma das razões pelas quais faço música tem que ver com sentir que é a coisa que eu melhor faço para os outros."
Segunda parte da conversa com o músico e compositor Júlio Resende.
De Jorge de Sena a Mary Oliver, aproveitamos os poemas que escolheu para continuar a conversa sobre aquilo que o inquieta e o move, que tanto pode ser a poesia, como a ideia de servir os outros através da música.
Poemas Segunda parte
Jorge de Sena – nasceu-te um filho
Mary Oliver – O homem que tem muitas respostas
David Budbill – Os três objectivos
Bob King – Geologia

Júlio Resende (I):"Estudar música não é só tocar piano. A leitura faz muita música dentro de mim."
Júlio Resende tem 42 anos, é um dos pianistas e compositores portugueses mais conceituados e reconhecidos.
Nesta primeira parte do podcast, e à boleia dos poemas que trouxe, conta da sua relação precoce com a música e o futebol - os primeiros amores - mas também da importância que a filosofia e a leitura têm no seu processo de criação e composição.
Poemas primeira parte:
Gonçalo M. Tavares – As Panelas
Gonçalo M. Tavares – O Adultério
Alexander Search - Was it just a kiss? Was it more than this?
Alberto Caeiro/ Fernando Pessoa – O meu olhar é nítido como um girassol.
Vinicius de Moraes – Soneto da Fidelidade
Amalia Bautista – Ao fim

José Tolentino Mendonça: "Para dizer o silencio de Deus talvez a poesia seja o radar, a sonda mais adequada."
José Tolentino Mendonça, poeta, sacerdote, professor universitário, teólogo, nasceu na Ilha da Madeira, em 1965, mas mudou-se para Angola quando tinha apenas 1 ano, onde viveu até aos 9. Já em Portugal, em 1976, entrou para o seminário pelos 11 anos de idade. Foi lá que tomou contacto com os livros, através de duas bibliotecas enormes que lhe permitiram tornar-se um leitor omnívoro e, simultaneamente, um adolescente que se apropria do mundo através das leituras. Foi também no seminário, ainda na adolescência, que escreveu os primeiros poemas.
Estudou Ciências Bíblicas em Roma e vive no Vaticano, onde estamos, desde 2018, onde ficou responsável pela Biblioteca Apostólica e pelo Arquivo Secreto do Vaticano. Depois de ter sido nomeado Cardeal, em 2019, foi escolhido pelo Papa Francisco como Prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação da Santa Sé.
Publica poesia e ensaio regularmente. A Vida em Nós (Aforismos), edição Quetzal e O Centro da Terra, Assírio & Alvim, são os mais recentes livros publicados em Portugal.
Poemas:
1 - O Cântico dos Cânticos (Bíblia)
2 - Cântico Espiritual - São João da Cruz
3 - Canto XLV - Ezra Pound
4 – Marinha- Arthur Rimbaud
5 - Em Roma buscas Roma, ó peregrino! – Francisco de Quevedo
6 - Campo di Fiori - Czeslaw Milosz
7 - Míris: Aelxandria, 340 d.C - Konstantinos Kavafis
8 - Orla Marítima - Ruy Belo
9 - Não sei como dizer-te - Herberto Helder
10 - Arte Poética - Adília Lopes
11 - Missa das Dez - Adélia Prado
12 - O Verão Partiu - Arsenii Tarkovskij

José Luís Peixoto: "O primeiro texto que eu alguma vez publiquei foi um poema, também num espaço destinado a jovens, mas que existia no Jornal de Letras. Chamava-se Prova dos Novos. "
Episódio gravado ao vivo no Festival Utopia, em Braga.
José Luís Peixoto nasceu em Galveias, Alentejo, em 1974. Um lugar, o seu lugar, onde, como disse numa entrevista, “o céu é maior”; onde criou uma banda de música pesada com os amigos da adolescência chamada Hipocondríacos; onde começou a ler, os livros que o Sr. Dinis trazia mensalmente numa carrinha Citroen, que estacionava em frente à cooperativa, no terreiro da povoação.
Aos 18 anos mudou-se para Lisboa, para estudar Línguas e Literaturas Modernas, variante inglês e alemão, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova. A mesma universidade que lhe atribuiu recentemente o Prémio Alumni, na categoria de Humanidades.
É um dos autores portugueses contemporâneos de maior destaque, com obra ficcional e poética estudada em diversas universidades nacionais e estrangeiras, e traduzida em muitos idiomas.
É também amplamente premiado mas temos, talvez, de destacar o prémio literário José Saramago, em 2001, com o romance Nenhum Olhar.
Poemas
Joaquim Cardoso Dias – O Vento
Margarida Vale de Gato – Primeira Canção da Planície
Paulo Lourenço – Quantas rosas são precisas para matar um homem
José Mário Silva – Décimo quinto andar
e. e. cummings – Uma vez que sentir é primeiro, tradução de José Luís Peixoto
Lucille Clifton – desejos para os meus filhos, tradução de José Luís Peixoto
Mark Strand – Manual da Nova Poesia, tradução de José Luís Peixoto
Hal Sirowitz - A separação é difícil, Timing, Esta noite não, tradução de José Luís Peixoto

Fernando Alves (II): "A poesia serve para fazer perguntas, para nos espantarmos. Serve para sentir o mundo, perceber o mundo para lá de compêndios onde tudo esteja muito arrumado."
Segunda parte da conversa com o jornalista, "tipo da rádio", Fernando Alves.
Os poemas são o chão de onde saímos para outros voos, onde nos cruzamos, por exemplo, com o verso de Manoel de Barros "poesia é voar fora da asa". E falamos desse voo da poesia, mas também, por exemplo, do voo da borboleta amarela do conto de Rubem Braga, ou do encontro de Fernando Alves com Agostinho da Silva num café, ou da casa onde viveu Sá de Miranda.
São muitos os apeadeiros por onde nos guia Fernando Alves, e muitas as possibilidades para a partir desta conversa sair daqui, do Spotify, à descoberta de outros mundos e lugares possíveis.
Poemas:
Ana Luisa Amaral - Que escada de Jacob? in Entre dois rios e outras noites
Wislawa Szymborska, Alguns gostam de poesia
Sophia de Mello Breyner Andresen, A conquista de Cacela, in Livro Sexto
Manoel de Barros, Uma didática da invenção, in O Livro das Ignorãças
Manuel António Pina, Junto à Água, in Um sítio onde pousar a cabeça

Fernando Alves lê Manuel António Pina
O jornalista Fernando Alves lê Manuel António Pina, um dos poetas que escolheu trazer para o podcast.

Fernando Alves (I):"Fui talvez o tipo que na rádio mais leu o Ruy belo. Às vezes até invento esta ideia: o Ruy Belo secretamente escreveu para uma rádio qualquer que existia na cabeça dele."
Habituámo-nos a ouvi-lo na rádio, todas as manhãs, reflectir sobre o mundo à nossa volta, o que vem e não vem nas notícias.
Fernando Alves, 70 aos, começou por escutar a “magia da rádio” ainda adolescente no Rádio Clube de Benguela, em Angola. Já em Portugal, esteve mais de uma década na RDP - Antena 1, antes de ajudar a fundar a cooperativa de onde haveria de nascer a TSF. Aos microfones dessa rádio, e ao longo de 35 anos, fez tudo menos relatos de futebol. É dele a frase “até ao fim da rua, até ao fim do mundo", que encerra uma espécie de tratado sobre uma certa visão do jornalismo.
De regresso à Antena 1, assina agora uma crónica diária, de segunda a sexta, chamada “Os Dias que Correm”.
Tem uma relação precoce com os livros iniciada ainda em Angola, quando era adolescente, e uma admiração por alguns autores que veio a conhecer já em Portugal nos muitos caminhos da rádio. Herberto Helder é um deles, mas também, por exemplo, Fernando Assis Pacheco ou António José Forte.
Nesta primeira parte do podcast, conversamos sobre alguns dos poemas de que mais gosta e sobre os poetas, os seus mestres. Conta-nos que pode visitar de propósito um lugar por causa de um poema, ou até ler um livro de ficção nos locais onde a narrativa decorre.
Para Fernando Alves, que não sabe poemas de cor mas tem inúmeros versos que o acompanham pelos dias, os poetas são uma espécie de feiticeiros e "a poesia é como comer um cacho de uvas todos os dias, vais ali depenicar. Deixa-me ir ali depenicar um poema".
Nesta primeira parte, depenicamos 5 poemas:
Ruy Belo – Morte da Água
Herberto Helder – Fonte – No sorriso louco das mães
Daniel Faria – Sabes, leitor, que estamos ambos na mesma página
António José Forte – Dia a Dia Amante do Poeta
Jorge de Sena – Soneto do Envelhecer

Aline Bei lê Manoel de Barros
A escritora brasileira Aline Bei escolheu um poema de Manoel da Barros para a conversa no podcast. Quando conversamos sobre esta escolha, destaca o verso "perdoai mas eu preciso ser Outros".
Vê esta leitura tão bonita e escuta o episódio para saber por que razão gosta da poesia de Manoel de Barros.

Aline Bei:"Eu acho que o poema nos educa a tudo o que é nosso. O poema nos ensina a ser quem somos, sem a necessidade de uma metamorfose acelerada. "
Aline Bei nasceu em São Paulo, em 1987. É formada em letras e em artes cénicas, foi actriz, e estreou-se na literatura em 2017 com o romance O Peso do Pássaro Morto, vencedor do prémio São Paulo de Literatura e do prémio Toca. O segundo livro, Pequena Coreografia do Adeus, foi finalista do Prémio Jabuti. Ambos os romances têm ou terão adaptações para teatro e cinema, e isso não será alheio ao facto de a nossa convidada considerar que são três as forças a norteiam desde o início: a poesia, a dramaturgia e a oralidade.
Numa entrevista recente contou que de vez em quando há um grande pássaro que sobrevoa o seu texto e que nunca pousa, e que esse pássaro é a poesia.

Carlos Fiolhais (II):"Temos de mudar de vida para manter a vida"
Na segunda parte da conversa com o físico Carlos Fiolhais, conversamos sobre 5 poemas e um livro, o Cosmos de Carl Sagan: "o Cosmos é um livro muito interessante e interessa a todos porque trata de tudo. O que é o universo, o cosmos? É tudo o que existe, existiu e existirá."
Poemas:
Jorge de Sena – Homenagem a Francisco Sanches
Vitorino Nemésio – ADN
Álvaro de Campos/ Fernando Pessoa – Ode Triunfal
Antero de Quental – Evolução
Luís de Camões - Canto V de Os Lusíadas (excerto)

Carlos Fiolhais (I):". Poesia e ciência são ambas dimensões humanas, são as duas actividades humanas."
Físico, professor, antigo director da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, criador do Centro de Ciência Viva Rómulo e do Centro de Física Computacional da Universidade de Coimbra, onde instalou o maior computador português para cálculo científico (Centopeia).
Carlos Fiolhais, 68 anos, nasceu em Lisboa, foi baptizado no Mosteiro dos Jerónimos e em criança, porque cresceu no bairro da Ajuda, brincava no jardim da Praça do Império e na Rosa dos Ventos, já andava ali a pisar o mundo todo.
Acredita que descobrir é das coisas mais humanas que há, e foi talvez por isso que estudou física – queria percorrer o caminho da aventura da ciência.
Coimbra primeiro, depois doutoramento na Alemanha, e desde então a tal aventura de conhecer, partilhar conhecimento, com os alunos da faculdade mas também com o público. Podemos dizer que é um divulgador de ciência, mas também um entusiasta dessa divulgação.
Poemas primeira parte:
Adília Lopes – Memórias das Infâncias
Jorge Sousa Braga – Poema de Amor
Eugénio Lisboa – Kepler
Alexandre O’ Neill – Aos vindouros se os houver
António Gedeão – Poema Para Galileu

Luísa Freire: "Escrever poesia é um recolhimento para fora."
Luísa Freire nasceu em Castelo Branco, em 1933. É licenciada em Filologia Germânica e mestre em Literaturas Comparadas pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade de Lisboa, a mesma onde integrou o Instituto de Estudos sobre o Modernismo, e onde investigou a obra pessoana, sobretudo a poesia inglesa de Fernando Pessoa, que publicou e traduziu. Publicou este ano Atravessar o Frio, o primeiro de 2 volumes de poesia inédita, pela Assírio & Alvim.
Considera que escrever poesia é uma forma de se conhecer melhor, de pensar as coisas, e sente-se "absolutamente filha de Álvaro de Campos", heterónimo de Fernando Pessoa.
Além de continuar a escrever poesia, continua a pintar. Para Luísa Freira "a poesia é uma forma de poema" e quando pinta sente que está a escrever.
Poemas:
Álvaro de Campos/ Fernando Pessoa: Não estou pensando em nada
Bashô: Nada a sugerir
Buson: De pé, em silêncio –
Issa Kobayashi: Floresce a ameixeira:
Shiki: Aqui e ali
Sophia de Mello Breyner Andresen: Movimento
António Ramos Rosa: As palavras dizem os arcos do mar
Eugénio de Andrade: No teu ombro respiro
Albano Martins: Crepúsculo de Agosto
Carlos de Oliveira: Espaço/ para caírem/ gotas de água
Fernando Guimarães: Vens de longe. Mais perto de ti encontras
Pedro Tamen: Suspendo a mão entre o A e o B,
Gastão Cruz: Variação

Carlos Vaz Marques (II):"O Cesariny é uma figura que teve importância na minha imaginação, na relação com a poesia, ao ponto de eu ter tido um cão chamado Cesariny."
Segunda parte da conversa com Carlos Vaz Marques, jornalista, editor e tradutor.
Conversamos sobre alguns dos poemas de que mais gosta, e reflectimos sobre os que os poemas sugerem. Por exemplo, a ideia de cair ou não "verticalmente no vício" de que fala Mário Cesariny, ou a ideia de entrar ou não resignado "nessa noite tranquila", de que nos fala Dylan Thomas.
Para livro de não poesia, o nosso convidado escolheu o Livro do Desassossego, e até sugeriu uma espécie de jogo que cada um de nós pode fazer on-line, para criar a sua própria edição deste livro de Fernando Pessoa.
Poemas segunda parte:
Camilo Pessanha - Singra o navio
Álvaro de Campos - Olha, Daisy, quando eu morrer
Cesário Verde – De Tarde
Mário Cesariny – Pastelaria
Não Entres Resignado Nessa Noite Tranquila, de Dylan Thomas (tradução de Carlos Vaz Marques)
Livro:
Livro do Desassossego

Carlos Vaz Marques (I): "A poesia está no início. Eu acho que a seguir aos livros de aventuras da infância, aquilo que me motivou durante mais tempo na adolescência foi descobrir poetas e poesia."
Carlos Vaz Marques, 60 anos, vem dizendo que ganha a vida a fazer perguntas, mas hoje em dia, além de jornalista, é também editor e tradutor.
Estudou Línguas e Literaturas Modernas, foi professor durante 2 anos, trabalhou na Rádio universidade Tejo, no JL, no semanário O Jornal, e na TSF durante muitos anos, rádio onde criou esse espaço de entrevistas chamado Pessoal e Transmissível, o programa de comentário cujo nome está impedido de dizer e que permanece até hoje, e um programa diário de sugestões de leitura chamado Livro do Dia.
Na primeira parte desta conversa, dá-nos conta de alguns dos poemas de que mais gosta, do primeiro encontro com a poesia através das palavras do avô materno que sabia o Canto IX dos Lusíadas de cor, das primeiras leituras de ficção com os livros de Enid Blyton, da forma curiosa que escolheu para se relacionar com o mundo: "Há duas formas de nos relacionarmos com o mundo. Uma é esperar que o mundo venha ter connosco, outra é irmos ao encontro do mundo. E no meu caso, até pelo treino de jornalista, sempre fujo muito de me centrar muito em mim próprio."
Poemas primeira parte:
1: Luís de Camões – Sete anos de pastor Jacob servia Labão
2: Ruy Belo – Algumas proposições sobre pássaros que o poeta remata com uma referência ao coração
3: Jorge de Sena – Carta a meus filhos sobre os fuzilamentos de Goya
4: Alberto Caeiro, Poema VIII, O Guardador de Rebanhos
5: Herberto Helder – Li algures que os gregos, A faca Não Corta o Fogo

Mia Couto: "Eu não vejo a poesia como um género literário, acho que a poesia é uma forma de olhar o mundo, é uma sensibilidade, é uma forma de perder fronteira"
Escritor, poeta, filho de poeta, biólogo, um dos nomes maiores da literatura escrita em português, Mia Couto acaba de lançar o livro A Cegueira do Rio, edição Caminho. Sobre o livro, deixou aos futuros leitores esta mensagem escrita à mão numa livraria de Lisboa: “uma visita ao fim da escrita, esse lugar onde os rios já são fronteira e nos ensinam a sermos pontes para chegar aos outros”, fim de citação.
Neste podcast conversamos sobre o novo romance, mas também sobre poesia , essa forma de perder fronteira que Mia Couto considera ser necessário recuperar.
É escritor de romances mas também poeta e é assim que se assume antes de qualquer coisa, "isso não sai de mim de maneira nenhuma".

Zeferino Coelho (II):"A poesia teve um papel muitíssimo importante na luta anti-fascista."
Segunda parte do podcast com Zeferino Coelho, lendário editor português, um dos fundadores da Caminho e editor de José Saramago, sobre quem conversamos longamente.
A luta anti-fascista é outro dos temas desta segunda parte, assim como a poesia como instrumento de resistência ao regime do Estado Novo. Por exemplo quando um poema de Alexandre O’ Neill dito por Mário Viegas num protesto de estudantes, fez os presentes ficarem no lugar em vez de fugirem à polícia, como queriam inicialmente.
Poemas segunda parte:
Ricardo Reis – Para ser grande sê inteiro
Ricardo Reis – Tirem-me os deuses
Mário Cesariny – You are welcome to Elsinore
Miguel Torga – Dies Irae
Carlos de Oliveira - Acusam-me de mágoa e desalento
Manuel Bandeira – Vou-me embora para Pasargada
Livro:
Ensaio sobre a Cegueira, José Saramago

Zeferino Coelho (I): "A nossa hipótese de sobrevivermos ao quotidiano é através da poesia."
Foi o editor de José Saramago, o único Nobel português de Literatura, e ainda hoje tem orgulho quando se lhe referem assim. Zeferino Coelho, 79 anos, nasceu em Paredes, uma pequena vila do distrito do Porto, em 1945. Filho mais velho de 5 irmãos, foi criado pelo avô, o que terá contribuído para poder estudar e fazer um percurso escolar que o levaria primeiro a Guimarães e depois, no ano lectivo de 62-63, à recém-criada Faculdade de Letras da universidade do Porto, para tirar o curso de Filosofia.
Só na adolescência se consolida como leitor, e deve-o à biblioteca itinerante da Fundação Calouste Gulbenkian, que visitava Paredes quinzenalmente. A entrada na Faculdade trar-lhe-ia o admirável mundo novo da luta antifascista, a ousadia da troca de ideias em cafés do Porto, como o Piolho. Acabaria por aderir ao PCP aos 20 anos, partido onde trabalhou de 72 a 76. Passou pela editora Inova, entes de ajudar a criar a Caminho, onde se mantém até hoje. Foi ele que decidiu publicar o livro Levantado do Chão, de José Saramago, que havia sido recusado antes por outras editoras, e esse facto, marcou a sua vida e a da editora. Poemas primeira parte
Sophia de Mello Breyner Andresen – Arte poética 2
Sophia de Mello Breyner Andresen – Senhora da Rocha
Sophia de Mello Breyner Andresen – Crepúsculo dos Deuses
D. Dinis – Ai flores, ai flores do verde pino
João Roiz de Castelo Branco – Cantiga partindo-se
Luís de Camões – Babel e Sião
Antero de Quental – A um crucifixo

Dia Mundial do Professor - Leitura de poema de João Miguel Fernandes Jorge
No Dia Mundial do Professor, Raquel Marinho partilha a leitura de um poema de João Miguel Fernandes Jorge chamado "Durante um Exercício de Filosofia" publicado no livro Antologia dos Poemas, edição Relógio D´Água.

Milhanas (II): "A coisa que mais me comove é o silencio numa multidão, uma multidão em silencio."
Nesta segunda parte da conversa com Milhanas, continuamos a conversar sobre os poemas de que mais gosta e, mais uma vez, partimos da poesia para conversar sobre os temas que interessam, inquietam, preocupam mas também motivam e movem a nossa convidada.
Poemas:
Carlos Drummond de Andrade - Os ombros suportam o mundo
Carlos Drummond de Andrade - Congresso internacional do medo
Almeida Santos - Se tardas amor, não venhas
Natália dos Anjos - Rezando pedi por ti
Álvaro Duarte Simões - Barro divino

Milhanas (I): "A poesia transforma-se à medida que eu me transformo, e isso é quase uma atitude egoísta. É egoísta porque o meu amor pela poesia é sobre mim."
Chama-se Milhanas, tem 22 anos, e estreou-se na cena musical portuguesa em 2023 com o disco De Sombra a Sombra. A ligação à poesia, conta-nos, deve-se a uma professora de Literatura do secundário que lhe permitiu uma interpretação mais livre dos poemas, contrariando a análise teórica e pragmática que conhecia até essa altura.Desde a adolescência que leva a cabo uma espécie de diálogo com os poemas que vai lendo: quando gosta e se sente tocada pelas palavras de um poeta, escreve de volta em resposta e diálogo que o que acabou de ler. De vez em quando, essas respostas podem ser letras de canções, na maioria das vezes ficam na gaveta.
Gostaria, um dia, de fazer um disco que incluísse em todas as canções um verso de um poema de que gosta. Já experimentou esse modelo neste primeiro trabalho usando estas palavras de António Barahona no refrão: "que Deus te pague o silêncio que me deste"
Neste podcast, conversamos sobre este percurso de proximidade com a palavra escrita, a que lê e a que vai experimentando, sobre música, sobre a importância da arte na sociedade actual.
Poemas:
Alexandre O' Neill - Um Adeus Português
Fausto - O que a vida me deu
Maria do Rosário Pedreira - Ainda bem que não morri de todas as vezes
José Saramago - Não me peçam razões
Daniel Faria - Estranho é o sono que não te devolve

Milhanas lê Maria do Rosário Pedreira
A cantora e compositora Milhanas é a próxima convidada do podcast "O Poema Ensina a Cair.
Maria do Rosário Pedreira é uma das suas escolhas.
Hoje, a partir das 20h.

Rosa Maria Martelo (II):"A Fiama descreve essa sensação de que é possível que a natureza nos aponte o nosso lugar e aquilo que somos, que nos diga o que somos."
Nesta segunda parte do podcast com a professora catedrática de Literatura Rosa Maria Martelo, continuamos a conversa sobre alguns dos poemas de que mais gosta, que incluem autores como Luiza Neto Jorge, Fiama Hasse Pais Brandão, Wallace Stevens, Mário Cesariny e Herberto Helder.
Conversamos também longamente sobre o livro Finisterra, de Carlos de Oliveira, autor sobre quem Rosa Maria Martelo fez a tese de doutoramento com a tese Carlos de Oliveira e a Referência em Poesia.

Rosa Maria Martelo (I):"As pessoas que sabem como é que se produz sentido têm sentido crítico, e é muito mais difícil manipulá-las. Por isso é que as Humanidades são importantes."
Rosa Maria Martelo nasceu em Vila Nova de Gaia, em 1957. É professora catedrática aposentada da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e investigadora integrada do Instituto de Literatura Comparada Margarida Losa. Doutorada em Literatura Portuguesa com a tese Carlos de Oliveira e a Referência em Poesia, tem-se debruçado particularmente sobre a Literatura Portuguesa Moderna e Contemporânea, as Poéticas do Século XX e a Literatura Comparada, como domínios de investigação.
Neste podcast conversamos sobre alguns dos poemas de que mais gosta e um livro de ficção.
Através destas escolhas, ficamos a conhecer melhor a relação da nossa convidada com a palavra, que é precoce, e, por exemplo, a importância que atribui ao estudo das Humanidades no tempo em que vivemos: "Quando as pessoas aprenderam a analisar um poema de Camilo Pessanha bem, e perceberam como é que ele funciona, são muito mais difíceis de enganar, por exemplo pela propaganda política, pela manipulação. As pessoas que sabem como é que se produz sentido, têm sentido crítico e é muito mais difícil manipulá-las. Por isso é que as Humanidades são importantes. No tempo em que vivemos é muito importante que as Humanidades cumpram o seu papel, desempenhem o seu papel na sociedade em que estamos, porque é por aí que nós conseguimos criar espírito crítico."
Poemas primeira parte:
Poetry - Marianne Moore
O céu, a terra, o vento sossegado - Luís de Camões, Rimas
Manhãs Brumosas - Cesário Verde, O Livro de Cesário Verde
Vénus II - Camilo Pessanha, Clepsidra
Ode Marítima - Fernando Pessoa/ Álvaro de Campos

Lena D'Água: "O meu pai trouxe a música à minha vida porque trazia discos quando ia com a Selecção. Trazia-me discos lá de fora, discos que não havia cá."
A voz dela acompanhou várias geraçõese marcou indelevelmente a história do rock português. Lena D’ Água, 68 anos, está, uma vez mais, de volta com o disco Tropical Glaciar, autoria de Pedro da Silva Martins, assim como o anterior Desalmadamente, de 2019.
Poemas:
Tu sabes- Lena D'Água
Paz poeta e pombas – Zeca Afonso
É ao mar que eu pertenço – José Fanha
O que a vida me deu – Fausto
Essa Mulher – Ana Terra
Eu não me entendo – José Luís Gordo
O Negócio (para Marc Chagall) – José Fanha
Agostinho da Silva – Somente o traço que ficou no céu importa agora
O Nosso Livro – Florbela Espanca

Poetas ao Domicílio - Maratona de Leitura da Sertã
Em 2023, a Maratona de Leitura da Sertã iniciou a actividade Poetas ao Domicílio, organizada pela Associação Cultural Casa de Gigante, de Miguel-Manso, e pel' O Poema Ensina a Cair, de Raquel Marinho.
Ao longo de 3 dias, 9 poetas visitaram vários domicílios, leram poesia, conversaram com quem os quis perto, escutaram histórias deste e doutro tempo.
Estiveram presentes André Tecedeiro, Francisca Camelo, João Paulo Esteves da Silva, Margarida Vale de Gato, Raquel Serejo Martins, Ricardo Marques, Rita Taborda Duarte e Vasco Gato.

Maria Antónia Oliveira - Alexandre O' Neill, Uma Biografia Literária
Maria Antónia Oliveira, biógrafa, autora do livro Alexandre O' Neill, Uma Biografia Literária, segunda edição revista e aumentada, edição Assírio & Alvim, é a convidada de Raquel Marinho para uma conversa sobre a vida e a obra do poeta português que morreu neste dia, 21 de Agosto, em 1986. Nas palavras da biógrafa, O' Neill era fascinado pela banalidade e pelo lugar comum e não gostava de pessoas demasiado conscientes da sua importância. Sobre ele, Baptista Bastos disse "parecia um miúdo com um berlinde na mão".

Catarina Gomes - "Um Dedo Borrado de Tinta"
Catarina Gomes nasceu em Lisboa, em 1975. É autorade quatro livros de não-ficção e do romance Terrinhas, vencedor do Prémio Revelação Agustina Bessa-Luís. Foi jornalista do Público durante quase 20 anos, tendo recebido alguns dos prémios nacionais mais importantes da área, como o Gazeta. Foi duas vezes finalista do Prémio de Jornalismo Gabriel García Marquez e recebeu o Prémio Internacional de Jornalismo Rei de Espanha. O seu mais recente livro chama-se “Um Dedo Borrado de Tinta – Histórias de quem não pôde aprender a ler”, edição Fundação Francisco Manuel dos Santos.
Nele, ficamos a conhecer Horácio Bernardo Rocha, IsabelFortuna, Conceição Cameira, Maria José Ferreira, Emília de Jesus Mota e Olívia do Nascimento Almeida. Homens e mulheres que não puderam aprender a ler, e quenasceram numa aldeia do distrito da Guarda chamada Casteleiro onde, em 2011, mais de 40% dos habitantes com mais de 10 anos eram analfabetos.
O ensino era um privilégio para alguns, poucos, esimultaneamente um lugar de medo. Conhecemos, neste livro, ditados como “pelo sangue entra a letra”, que nos dá uma ideia de como os castigos físicos e psicológicos eram prática comum, ou ainda, um outro, que nos revela como se privilegiava o trabalho em detrimento da aprendizagem: “o saber não dá pão”.