Trajetórias

          Dandara Lima é estudante e uma jovem de 20 anos.. Cresceu em uma fazenda em São Gonçalo, em Paraipaba. Teve uma infância complicada com pai alcoólatra, dependente químico e violento. Aos oito anos foi diagnosticada com câncer de pulmão. Precisou mudar-se para Fortaleza em busca de tratamento e durante quatro anos lutou pela sua vida. Após estar curada, Dandara conheceu se introduziu na comunidade Ballroom, um grupo que foi essencial para sua aceitação como mulher trans.

           Dani Cardoso é escritora e uma jovem de 26 anos. Aos seis meses de idade foi diagnosticada com paralisia cerebral, que atingiu sua coordenação motora e voz. Criada por uma mãe solteira com a ajuda da avó, ao longo de sua trajetória Dani enfrentou várias lutas. Ao adentrar na universidade, enfrentou desafios para garantir acessibilidade das aulas no campus; preconceitos de desconhecidos e conhecidos por subestimarem sua inteligência e capacidade; e a diversidade, ao mostrar que seus problemas neurológicos é apenas uma característica dela e que isso não a define, nem muito menos, a limita.

         Edu é cantor e compositor, um jovem de 24 anos. Filho do meio, sempre se sentiu deslocado dentro da família, e por conta disso, seus vínculos na infância eram mais fortes com amigos. Aos treze anos, entrou para o mundo da música. Durante sua adolescência Edu tocou flauta, violão e entrou para diversos grupos artísticos, mas se afastou por não ser incentivado pela família. Mesmo apaixonado por música, optou por uma escolha mais “segura” na hora de ingressar na faculdade, mas seus pés e voz nunca desistiram de ir em busca do seu lado artístico.

         Brenda Gomes é skatista e uma jovem de 22 anos. Foi adotada assim que nasceu, pois sua mãe biológica não tinha condições de criá-la. Sua mãe adotiva tinha perdido o bebê na gestação e foi naquele momento que suas histórias se cruzaram. Seu pai adotivo decidiu não registrá-la em cartório, mas com o tempo vínculos foram criados e eles eram inseparáveis. Aos doze anos, Brenda perdeu seu pai para um câncer no fígado. Durante esse momento tão delicado em sua vida, entrou para o mundo das manobras, achando uma maneira de seguir novamente. Já envolvida, sentia falta de meninas ocupando espaços no skate e a partir dessa necessidade viabilizou iniciativas em sua comunidade para integrar as garotas no skate feminino.

       Taiuan Alves é estudante e um jovem de 21 anos que cresceu na periferia de Fortaleza, mas tem origem em família indígena. Um garoto introvertido desde criança, sofreu bullying na infância e adolescência por o considerarem diferente, o que o levou a desenvolver depressão e ansiedade. Com a ajuda de um grupo de acolhimento para jovens, onde passou a compartilhar sua experiência, Taiuan se assumiu gay e a partir disso, conseguiu se abrir sobre seus sentimentos para o mundo.

         Kew Adjane é professora de dança e uma jovem de 24 anos. Apaixonada por dança desde os quatro anos por influência de sua irmã, conheceu a realidade da profissão muito cedo. Nasceu em Fortaleza, mas mudou-se para Quixadá devido desentendimentos por parte de seu pai no bairro em que moravam. Lá, iniciou as aulas de dança e durante a adolescência até criou sua própria companhia. Aos vinte e um, quando decidiu voltar para Fortaleza em busca de oportunidades na área, descobriu que estava grávida. Mesmo no auge de sua carreira, decidiu ter o bebê, mas decidiu também que iria continuar correndo atrás dos mesmos objetivos e que nunca iria abrir a boca para dizer que não conseguiria por ser uma mãe jovem.

          Antônio Neri é estudante e um jovem de 20 anos. Cresceu na periferia de Fortaleza ao lado de quatro irmãos e uma mulher, sua mãe. Sempre estudou em escola pública e mesmo com as greves escolares e o ensino de baixa qualidade, procurou estudar por fora para conseguir se sobressair. Deixou de sair com amigos, e até de ir em eventos importantes para se manter dedicado a obter uma vaga em uma universidade. Mesmo com pais analfabetos, nunca desistiu de trilhar uma história diferente e mudar a visão do seu território.

        Matias é o nome fictício de um jovem de 24 anos que escolheu não se identificar. Morador da periferia de Fortaleza, foi uma criança com poucos amigos, que mal saia de casa e estudava em escola particular. No ensino fundamental precisou estudar em escola pública e foi aí que conheceu outra realidade. Conseguiu seu primeiro emprego em uma farmácia, onde teve seu primeiro contato com o uso de medicamentos. Logo em seguida, se envolveu com o mundo do tráfico de drogas e não demorou muito para ser preso. Após cinco meses na prisão, decidiu largar o mundo do crime e repensar sobre sua vida, tentando aos poucos se inserir novamente dentro de sua comunidade.

Em cumprimento à legislação eleitoral (LEI N° 9.504/1997- ARTIGO 73), os podcasts da Rede Cuca ficarão desativados. Não se preocupe: a gente retorna em breve.